Vamos lá...
Eu estava a pensar em escrever um texto mais longo com muitos exemplos, mas não me apetece. Por isso nem sequer vou apresentar exemplos óbvios: como o de Gorila génio Koko que faz humor brincando com palavras; ou de chimpazés que usam tecnologia, tem um sentimento de si, e são capazes de permutar palavras e a sua referência (algo que os Golfinhos também sabem fazer); ou de Polvos que resolvem problemas raciocionando (um exemplo de raciocinio não simbólico); ou de macacos que enganam outros usando vocalizações que significam Leopardo, obrigando os outros a subir ás árvores e a perder a comida para o mentiroso., etc.
Vou só apresentar 2 exemplos muito simples: O das abelhas e o de um corvo que atira pedras. Se for dificil entender como estes animais podem agir sem alguma consciência... mais dificil será afirmar que outros animais com cérebros maiores não têm consciência. Basicamente vou tentar inverter o ónus da prova. Ou seja, aqueles que dizem que a consciência é exclusiva do ser humano, vão ter de explicar como certos comportamentos animais são possíveis sem consciência.
O Zoologo Donald Griffin diz que "quando o espectro de alterações é vasto, é provável que a visualização mental consciente, incluindo a antecipação explicita de prováveis raciocínios simples sobre elas, produza melhores resultados do que a reacão irrefletida". E seria extraordinário que a evolução não tivesse dotado muitos animais (talvez a maioria) de algo tão vantajoso como uma consciência.
Mas então o que é a consciência? Para mim, não há definições perfeitas (nem interessam) mas ao que parece consciencia implica um modelo do mundo lá fora (uma espécie de simulação); implica acesso "por dentro" a esse modelo; implica moldar esse modelo a certos objetivos (raciocínio); implica coisas que não são nem inatas nem aprendidas (inserir elementos variáveis na simulação/comportamento inventivo).
Se animais são capazes disto tudo, então dizer que a explicação é a aprendizagem simples (tentativa, erro, reforço) ou a existência de mecanismos inatos não resolve nada.
Alguns invertebrados muito simples, parecem não ter consciência. Os seus comportamentos são taxias. Limitam-se a reagir a estimulos de forma previsivel e repetitiva. Ação-reação é tudo o que sabem fazer. paece que não têm um modelo interno do mundo.
E o que dizer de animais tão pequenos como as abelhas. Apesar de terem um sistema nervoso simples, ainda assim têm uma rede de muitos milhares de neurónios. Poderá essa rede ser suficiente para produzir alguma consciência? As abelhas têm um dom extraordinário. São capazes dec comunicar ao enxame a posição e a distância a que se encontra o alimento (também comnicam a qualidade do alimento), através de uma dança elaborada em que o Sol é usado como referência. Este comportamento não é aprendido mas também não é totalmente inato. Em primeiro lugar é indiscutível que as abelhas devem ter um modelo interno do mundo. Sem isso a comunicação que elas fazem, com o objeto ausente, não seria possível. Esse modelo é, de certa forma uma herança da evolução. Mas as abelhas podem inserir nesse modelo elementos variáveis que lhes interessam (posição, distância e qualidade do alimento). Portanto, é como se, de alguma forma, as abelhas pudessem "ver" um mundo dentro de si mesmas, inserir nesse mundo certas coisas e depois comunicá-las. A comunicação tem o efeito de "inserir" essas coisas na mente de abelhas que nunca viram verdadeiramente tais coisas. E lá vão elas todas contentes até ao alimento. Para mim isto é sinal de consciência. Se não for, alguém é capaz de descrever um mecanismo inato capaz de põr a abelhas a fazerem o que fazem? Ou são capazes de descrever um modelo de aprendizagem por tentativa e erro (que neste exemplo não existe porque as abelhas inserem a informação relevante aos seus objetivos á primeira tentativa)?
Outro exemplo. Este foi testemunhado po Donald Griffin, que decidiu aproximar-se de umninho de corvo. Ao fazer isso despertou a atenção do corvo mãe, que começou a grasnar lá em cima. Em seguida fez 2 voos rasantes para convencer Donald a afastar-se do ninho, mas como Donald era teimoso, o corvo teve de recorrer a outros meios. Começou a pegar em pedras e atiro-as a um surpreso Zoologo.
Para Donal Griffin, o comportamento do corvo foi verdadeiramente intencional e tinha como objetivo afastá-lo do ninho. E para obter o seu objetivo, o corvo manifestou comportamento inventivo ou não típco (que não é inato ou aprendido) e verdadeiramente consciente.
Agora cada um pense o que quiser disto.
