salgueiro escreveu:Apo escreveu:Eu percebo a sal do mesmo jeito que o Dantas. Ela fala aparentemente sobre determinados assuntos com uma certeza muito concreta (especialmente sobre o que ela chama de experiência própria). Isto dá aos leitores certeza proporcional de emitirem seu parecer num debate livre.
Quando digo que eu tenho uma felicidade interna permanente que não se dobra nem perante a uma dor profunda de um diagnóstico sombrio do próprio filho, acho que é aceitável que as pessoas pensem duas coisas:
1. Só pode ser algum tipo de negação ou fé que as coisas não vão ficar realmente pretas.
2. COMO se sabe que ela é assumidamente espírita ( e conhecendo-se as premissas fundamentais da doutrina), imagina-se que isto talvez seja um placebo realmente reconfortante ou moderador do impulso ao desespero terreno da finitude.
Fora as coisas que ela não diz, não declara, ou não responde inteiramente, ou responde de forma nebulosa ou através de clichês cor-de rosa.
Fazer o quê? Talvez pessoalmente uma conversa passasse para outro patamar de interpretação.
Por aqui é assim que parece.
É bem mais simples e já coloquei antes
sal escreveu:Acho que vc não consegue compreender é que as sensações díspares coexistem sempre dentro de nós não é necessário passar por um calvário, uma dor miserável para perceber isso. Mas é escolha nossa alimentar ou não a infelicidade.
Ok voltamos ao ponto zero. Então, só posso pensar mesmo que é negação ou fé.
E sim, muitas vezes é preciso passar por um calvário quando não se consegue compreender os limites de tolerância dos demais seres humanos, que não devem ser julgados pelos nossos, que muitas vezes são fruto apenas de auto-engano, fuga ou fruto de uma criação opressora que faz tudo para tapar as dores com alguma peneira furada.
Não leu nada do que eu postei sobre a diferença entre "alimentar" uma infelicidade ( como se as pessoas fossem todas masoquistas) e sentí-la pura e simplesmente.
Mas é bem simples: quando minha filha está sob risco ou sofrendo, eu não consigo mesmo me considerar feliz naqueles momentos. A dor dela é minha, o medo dela é meu, a vida fica crua e não consigo me sentir tranquila, nem plena de realizações, nem em paz, nem confortável ( requisitos que costumam nos trazer a sensação de "felicidade", entre outros). A tristeza dela me comove, a insegurança dela me traz uma série de questões até irracionais, muitas vezes desconhecidas, mesmo eu tendo já um bom tempo de vida. Posso fingir que estou muito bem ( se der, obviamente e houver necessidade), posso sorrir, posso fazer alguns planos, posso tentar manter meu senso de humor, mas a verdade interna não é esta.
Até porque, na dor, o ser humano se mune de forças para ajudar o próximo, que pode estar em situação pior ou sucumbindo.
Quando um desastre ocorre, me abato porque sou humana. Não me parece muito lógico ou saudável continuar a se sentir "feliz" mediante a observação da infelicidade alheia ou o perigo, o desconhecido, o fato consumado. Estar feliz é estar em um estado fisiológico, metabólico e neurológico relativamente equilibrados. Parece-me estranho ficar assim numa boa quando os demais não estão. Não é possível juntar a dor e o prazer, a não ser hum jogo assumidamente sado-masoquista.
Ou através da sublimação, o que dá pano pra ooooutro tópico.