A religiao nao é a fonte de todo o mal

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o anátema
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Re.: A religiao nao é a fonte de todo o mal

Mensagem por o anátema »

Sakké escreveu:A fé é a arte de nao pensar? Outro espantalho. A ciencia nasceu num clima de pensamento religioso em que que se acreditava num Deus que ditava Leis e permitia a ordem na natureza. Ordem essa que é acessível ao nosso intelecto. Porque nao nsceu a ciencia moderna na China... que era muito avançada???

Acredito que a origem da ciência moderna teve mais a ver com outros aspectos da sociedade do que a religiosidade. "Por que não na China", pode ter duas razões básicas, a primeira, seria mais ou menos a mesma resposta para por que uma dada adaptação supostamente benéfica não apareceu em algum organismo qualquer; porque depende em muito do acaso em sua origem, mesmo para as idéias, bem como vantagens adicionais para sua auto-perpetuação; as idéias ou invenções não surgem e se espalham nos povos tão logo sejam boas, e nem necessariamente algo que imaginemos amplamente útil de fato teria utilidade, ou talvez apelo. Vai ver para as preocupações sociais dos chineses e outros povos, as formas de conhecimento que tinham já eram o bastante, e uma ciência moderna incipiente não teria facilidade em prosperar, mesmo se surgisse independentemente.

Além disso, acredito que na China também houvesse religiosidade, e ainda assim, a ciência moderna não surgiu lá. Mesmo levando em conta a hipótese de que não houvesse esse ponto de se supor um deus que criou uma ordem estudável, isso não significa que seja necessária essa fé específica, ou fé alguma, para o nascimento da ciência moderna; a essência desse germe da ciência na fé é apenas a hipótese inicial dessa ordem que poderia ser estudada, não sendo necessário ter fé que ela foi estabelecida por um deus específico, um deus ou deuses quaisquer, ou por de qualquer outro jeito mais tradicionalmente caracterizável como fé do que uma mera hipótese.

A única grande vantagem que poderia se supor da fé religiosa nesse sentido seria o ímpeto causado pelo "fanatismo", por motivações como ânsia de conhecer a mente de deus, mas mesmo esse ímpeto não tem origem necessariamente apenas em alguma espécie de fé sobrenatural, o ser humano pode ter outras motivações além dessa, outras ambições. Esse interesse pela "mente de deus", por exemplo, poderia ser simplesmente o interesse pelo funcionamento da natureza, mas sem qualquer afirmação de fé quanto aos motivos desse funcionamento, simplesmente o encanto pelo mistério.


[qeuote]Além do mais, nao há ciencia sem paradigmas... que sao ideias aceite apriori e sem as quais nao se pode interrogar a natureza.[/quote]
Bem, aí já é igualar fé a hipótese; para se questinar a natureza tem que se hipotetizar algo, e para que desse questionamento saia algo mesmo esse questionamento tem que partir de alguma coisa assumida como verdadeira mesmo, a alternativa seria algo como niilismo ou solipsismo (sempre me confundo com esses, digo, supor que não se faz a menor idéia de nada, logo não adianta nem tentar investigar qualquer coisa, porque qualquer coisa que se imagine pode estar errada, mesmo que outras observações parecerem confirmar). Mas a diferença que há entre a fé e a hipótese é que a primeira não é testável. Se um paradigma, se uma suposição inicial acaba se mostrando errada, teoricamente o ideal seria eventualmente abandoná-la, sem o apego típico daquilo que se chama mais comumente de fé. Não que não possa eventualmente ocorrer esse apego, mas isso não faz dele algo bom só porque é sobre algo pretensamente científico.


Rasoura de Occan. Conhecem? É uma criaçao de um sacerdote chamado Occan. Mais um exemplo de que a fé é a arte de nao pensar, como diz o Dawkins.

Acho que Dawkins não fala algo como que quem tem fé é incapaz de pensar. Apenas que ao se ter fé, não está se pensando, talvez melhor dizendo, se questionando. E assim o conhecimento não avança. Usar a navalha de Occan não é um ato de fé, ato de fé seria não usar e continuar sem questionar, tendo fé, naquilo que ela "eliminaria".

(pode ser um ato de "fé" se feito sem qualquer análise melhor da coisa em questão, de qualquer modo)



Tal com é um espatalho o que o impio diz, sobre a temível marcha da religiao... e os seus terriveis memes (bota espantalho nisso). Claro que é temivel. Um Rolo da massa nas maos de uma mulher traida é um instrumento Temível. Saké a mais pode resultar em coma alcoólico... um aviao é um perigo enorme... como a Al-qaeda demonstrou. Os automóveis, onde morreram centenas de milhares de pessoas em acidentos sao máquinas genocidas... e sim... a Filosofia, A política e a ciencia também podem ser temíveis.

E tenho dito... :emoticon1:

Mas por que espantalho? :emoticon13:

Vamos ser sintéticos: o que é fé? Assumir algo inquestionadamente? Esse algo não pode incluir coisas nocivas? Pode. Daí não me parece um espantalho assumir que "a marcha da fé", é algo a ser temido.

Vou comparar a sua analogia, ao dizer que "Filosofia, A política e a ciencia também podem ser temíveis"... me utilizando de uma frase do Isaac Asimov:

"Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los."

Agora, passando isso para a fé:

"Se a fé pode criar problemas, não é através de questionarmos nossas idéias pré-concebidas que podemos evitá-los."

Daí acho que podemos ver como a periculosidade potencial da fé é fundamentalmente diferente da periculosidade potencial da ciência, política, filosofia. Enquanto a antítese da ciência não resolve os problemas que dela podem decorrer, o mesmo não é verdade com a fé. Os problemas decorrentes da fé simplesmente se resolveriam não tendo fé, sem qualquer perda significativa.

O pior é que fé é algo tão ruim, que potencialmente ocasionaria problemas até por sua "eliminação", por criar algo como uma dependência psicológica. A "defesa" mais sensata da fé que vejo são os apelos à piedade, sobre o que seriam das pessoas se de repente tivessem como falsas as razões pelas quais sempre consideraram que suas vidas são especiais, ou que não irão se reencontrar com seus entes queridos quando entrarem num plano mágico ou em outras vidas... ou o que as igrejas fariam com tantos recursos se tivessem que se dedicar a algo real... :emoticon12:

Não nego que haja esse problema, mas acho que não faz de maneira alguma a fé - no sentido de preconceito glamurizado - algo bom, a ser mantido, assim como a dependência de drogas não é algo bom apesar de em muitos casos seu uso não poder ser cortado subitamente.
Sem tempo nem paciência para isso.

Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:

www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.

Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution

Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções

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user f.k.a. Cabeção
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Re: Re.: A religiao nao é a fonte de todo o mal

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Kramer escreveu:O que Dawkins te fez, Miguel? Você parece estar numa vendetta pessoal contra ele...



É verdade. Há pouco tempo atrás, quando eu era um dos poucos aqui criticar essas atitudes de Dawkins, o Miguel era um dos mais ferozes e raivosos defensores do cientista.
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Sakké
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Re: Re.: A religiao nao é a fonte de todo o mal

Mensagem por Sakké »

Kramer escreveu:Só fiz uma comparação. Vai dizer que a religião é uma necessidade tão grande assim?


Para mim não é. Mas não me cabe a mim ou a vc definir isso.

Sakké
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Re: Re.: A religiao nao é a fonte de todo o mal

Mensagem por Sakké »

ímpio escreveu: Acredito que a origem da ciência moderna teve mais a ver com outros aspectos da sociedade do que a religiosidade. "Por que não na China", pode ter duas razões básicas, a primeira, seria mais ou menos a mesma resposta para por que uma dada adaptação supostamente benéfica não apareceu em algum organismo qualquer; porque depende em muito do acaso em sua origem, mesmo para as idéias, bem como vantagens adicionais para sua auto-perpetuação; as idéias ou invenções não surgem e se espalham nos povos tão logo sejam boas, e nem necessariamente algo que imaginemos amplamente útil de fato teria utilidade, ou talvez apelo. Vai ver para as preocupações sociais dos chineses e outros povos, as formas de conhecimento que tinham já eram o bastante, e uma ciência moderna incipiente não teria facilidade em prosperar, mesmo se surgisse independentemente.


Ou, como defendem muitos... a ideia de Lei acessivel ao intelecto... que vem da tradição Judaico-Cristâ é a ideia mae da ciência moderna.
E aplicar pensamento Darwinista á cutura é errado. Porque para termos algo parecido com a evolução Darwinista, como Ronald Fisher demonstrou, é necessário algo semelhante a um mecanismo mendeliano de transmissão... no contexto de espécies que não misturem caracteres indiscriminadamente com outras genealogias. Na cultura... as genealogias (por vezes muito distantes e sem relação) misturam-se frequentemente...


impio escreveu:A única grande vantagem que poderia se supor da fé religiosa nesse sentido seria o ímpeto causado pelo "fanatismo", por motivações como ânsia de conhecer a mente de deus, mas mesmo esse ímpeto não tem origem necessariamente apenas em alguma espécie de fé sobrenatural, o ser humano pode ter outras motivações além dessa, outras ambições. Esse interesse pela "mente de deus", por exemplo, poderia ser simplesmente o interesse pelo funcionamento da natureza, mas sem qualquer afirmação de fé quanto aos motivos desse funcionamento, simplesmente o encanto pelo mistério.


Sugeres então querer conhecer a mente de Deus é fanatismo? E eu que pensava que era o oposto. Aceitar o que nos dizem sobre a mente de Deus sem questionar é que é fanatisnmo. Qualquer que seja a motivação... aí não há fanatismo nenhum. O Fanático adora a sua ignorância iluminada...

impio escreveu:Bem, aí já é igualar fé a hipótese; para se questinar a natureza tem que se hipotetizar algo, e para que desse questionamento saia algo mesmo esse questionamento tem que partir de alguma coisa assumida como verdadeira mesmo, a alternativa seria algo como niilismo ou solipsismo (sempre me confundo com esses, digo, supor que não se faz a menor idéia de nada, logo não adianta nem tentar investigar qualquer coisa, porque qualquer coisa que se imagine pode estar errada, mesmo que outras observações parecerem confirmar). Mas a diferença que há entre a fé e a hipótese é que a primeira não é testável. Se um paradigma, se uma suposição inicial acaba se mostrando errada, teoricamente o ideal seria eventualmente abandoná-la, sem o apego típico daquilo que se chama mais comumente de fé. Não que não possa eventualmente ocorrer esse apego, mas isso não faz dele algo bom só porque é sobre algo pretensamente científico.


Talvez tenhas uma ideia errada de fé. Talvez a fé possa ser um paradigma como qualquer outro. E não obriga a que se vá contra a ciência normal. E não confundas hipotese com paradigma. A hipoteses nascem no contexto do paradigma. E como Kuhn demonstrou, quando há no horizonte uma mudança de paradigma... os velhos cientistas apegam-se a eles (o exemplo perfeito é o Lord Kelvin que dizia que a Fisica estava completa e as únicas sombras eram a radiação do corpo negro e outra coisa que não me lembro. Essas 2 sobras originaram a relatividade e a mecânca quantica)...


impio escreveu:Vamos ser sintéticos: o que é fé? Assumir algo inquestionadamente? Esse algo não pode incluir coisas nocivas? Pode. Daí não me parece um espantalho assumir que "a marcha da fé", é algo a ser temido.


Tudo o que tem poder deve ser temido e respeitado. Um ferrari deve ser temido e respeitado... e a estrada onde anda também porque podem existir buracos, ou óleo... e nunca se sabe o que pode surgir pela frente. O mesmo vale para a ciência, para a Política ou para a Filosofia. São coisas com poder. vamos ser sérios... aquilo que não tem força é uma porcaria..




impio escreveu:Vou comparar a sua analogia, ao dizer que "Filosofia, A política e a ciencia também podem ser temíveis"... me utilizando de uma frase do Isaac Asimov:

"Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los.

Agora, passando isso para a fé:

"Se a fé pode criar problemas, não é através de questionarmos nossas idéias pré-concebidas que podemos evitá-los."


O que é uma falácia completa porque parte do principio que o que tem fé é unidimensional. É a única coisa que tem... e não pode pensar para além disso.


impio escreveu:Daí acho que podemos ver como a periculosidade potencial da fé é fundamentalmente diferente da periculosidade potencial da ciência, política, filosofia. Enquanto a antítese da ciência não resolve os problemas que dela podem decorrer, o mesmo não é verdade com a fé. Os problemas decorrentes da fé simplesmente se resolveriam não tendo fé, sem qualquer perda significativa.


Marxismo, Bomba Atómica, Talidomida, CFC's. A tese de que o conhecimento é neutro é uma merda. E simplesmente não ter fé é uma impossibilidade que conduz ao pirronismo (que é uma espécie de curto-circuito do ceticismo) como Hume demosntrou. O que seria aceitável seria tu dizeres mudar a fé... e não acabar com ela. Tal como é aceitável mudar a ciência... ou um método... e não acabar com ela. E a fé é uma coisa... ter um dogma particular é outra. Em sentido geral (que é o que defendo) é inatacável (Bem podes atacar a fé em geral, ou a religião em geral com o teu espantalho preferido. És livre de o fazer. Mas é bom que saibas que ao meu olhos sábios :emoticon16: não és muito diferente daqueles que fazem uma caricatura da evolução para a criticarem melhor).


impio escreveu:O pior é que fé é algo tão ruim, que potencialmente ocasionaria problemas até por sua "eliminação", por criar algo como uma dependência psicológica. A "defesa" mais sensata da fé que vejo são os apelos à piedade, sobre o que seriam das pessoas se de repente tivessem como falsas as razões pelas quais sempre consideraram que suas vidas são especiais, ou que não irão se reencontrar com seus entes queridos quando entrarem num plano mágico ou em outras vidas... ou o que as igrejas fariam com tantos recursos se tivessem que se dedicar a algo real... :emoticon12:


A dependência de que falas é algo que não tem necessáriamente a ver com a fé. Nós temos mecanismos de dependência que podem ser disparados por todo o tipo de estimulos. Pessoas que amam demais podem se autodestruir se forem rejeitadas. Condenarias o amor em geral?

impio escreveu:Não nego que haja esse problema, mas acho que não faz de maneira alguma a fé - no sentido de preconceito glamurizado - algo bom, a ser mantido, assim como a dependência de drogas não é algo bom apesar de em muitos casos seu uso não poder ser cortado subitamente.


Claro... quem fala da fé pode falar de todos os outros sentimentos e emoções... no teu admirável mundo novo. O amor pode ser uma droga... tal como o medo (os viciados da adrenalina)... acabemos com essas coisas e sejamos todos maquinas frias, lógicas, perfeitamente analíticas...
Não queria viver num mundo assim.

Sakké
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Re.: A religiao nao é a fonte de todo o mal

Mensagem por Sakké »

Como já disse o Abmael... há muita gente neste Fórum que parece muito "fora da realidade"... até parece que não Tem vida social.

Nutrem sentimentos estranhos sobre coisas importantes... ódio disfarçado de racionalidade... e criticam com base em generalizações, espantalhos e sei lá mais o quê. Fazem exatamente aquilo que criticam em outros. Tomam a árvore pela floresta e divertem-se assim, julgando-se muito espertos, sensatos ou sábios.

Muita gente aqui raramente muda de opinião... ao contrário de mim que sou um mutante (como todos sabem... por isso não voltem esta critica contra mim... :emoticon16: )

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o anátema
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Re: Re.: A religiao nao é a fonte de todo o mal

Mensagem por o anátema »

Sakké escreveu:
ímpio escreveu: Acredito que a origem da ciência moderna teve mais a ver com outros aspectos da sociedade do que a religiosidade. "Por que não na China", pode ter duas razões básicas, a primeira, seria mais ou menos a mesma resposta para por que uma dada adaptação supostamente benéfica não apareceu em algum organismo qualquer; porque depende em muito do acaso em sua origem, mesmo para as idéias, bem como vantagens adicionais para sua auto-perpetuação; as idéias ou invenções não surgem e se espalham nos povos tão logo sejam boas, e nem necessariamente algo que imaginemos amplamente útil de fato teria utilidade, ou talvez apelo. Vai ver para as preocupações sociais dos chineses e outros povos, as formas de conhecimento que tinham já eram o bastante, e uma ciência moderna incipiente não teria facilidade em prosperar, mesmo se surgisse independentemente.


Ou, como defendem muitos... a ideia de Lei acessivel ao intelecto... que vem da tradição Judaico-Cristâ é a ideia mae da ciência moderna.

Mas não acho que a tradição judaico-cristã tenha intrinsicamente o germe da ciência moderna... aconteceu de ter tido... acho que o que ocorre no caso é a irmã mais jeitosinha da livre-associação, a associação incidental... que tem até uma carinha que lembra um pouco a relação causal... mas se for ver bem não é...



E aplicar pensamento Darwinista á cutura é errado. Porque para termos algo parecido com a evolução Darwinista, como Ronald Fisher demonstrou, é necessário algo semelhante a um mecanismo mendeliano de transmissão... no contexto de espécies que não misturem caracteres indiscriminadamente com outras genealogias. Na cultura... as genealogias (por vezes muito distantes e sem relação) misturam-se frequentemente...

Não acho que estou propondo algo de tão parecido com darwinismo na cultura a ponto de precisar ou implicar algo parecido com espécies mayrianas culturais ...



<insira o nick atual aqui> escreveu:Sugeres então querer conhecer a mente de Deus é fanatismo? E eu que pensava que era o oposto. Aceitar o que nos dizem sobre a mente de Deus sem questionar é que é fanatisnmo. Qualquer que seja a motivação... aí não há fanatismo nenhum. O Fanático adora a sua ignorância iluminada...

Fanatismo talvez não seja a escolha adequada de termo... mas simplesmente "grande motivação", compulsão, talvez...


Talvez tenhas uma ideia errada de fé. Talvez a fé possa ser um paradigma como qualquer outro. E não obriga a que se vá contra a ciência normal. E não confundas hipotese com paradigma. A hipoteses nascem no contexto do paradigma.

A minha "confusão" de hipótese e paradigma, é que acho que um paradigma, científico, é construído (ao menos muitas vezes) por um monte de hipóteses menores... consideradas suficientemente testadas... não algo totalmente arbitrário... e então, uma outra hipótese adicional simplesmente toma esse conjunto de hipóteses aparentemente corretas como um ponto de partida.

Daí um paradigma científico não está no mesmo patamar de um paradigma poli ou monoteísta, ou algo assim. Não são coisas com o mesmo embasamento, a menos que se seja muito relativista.

Acho que ao mesmo tempo já coloquei porque acho que um paradigma de fé não poderia ser um paradigma como qualquer outro... se o primeiro é algo praticamente arbitrário e não questionado... tem valor científico incomparavelmente menor que um paradigma construído cientificamente.
impio escreveu:Vou comparar a sua analogia, ao dizer que "Filosofia, A política e a ciencia também podem ser temíveis"... me utilizando de uma frase do Isaac Asimov:

"Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los.

Agora, passando isso para a fé:

"Se a fé pode criar problemas, não é através de questionarmos nossas idéias pré-concebidas que podemos evitá-los."


O que é uma falácia completa porque parte do principio que o que tem fé é unidimensional. É a única coisa que tem... e não pode pensar para além disso.


Não estou inferindo qualquer coisa sobre alguém que tem fé, essa analogia só diz respeito a fé como "método".

Algumas pessoas poderiam de fato resolver os problemas provenientes da fé com contestação, com abandono da fé, admito. Mas isso não diz nada quanto a fé ser em algo útil, apenas confirma que para resolver problemas vindos da fé, o modo é negar a fé... então qual a vantagem de se ter fé, afinal?

Inclusive porque se for se ter uma "fé" que se mantém apenas quando não diante de evidências contrárias, (o tipo de fé que tornaria fácil resolver problemas oriundos dela mesma) não se está tendo fé no sentido típico do termo, apenas se chamando isso de fé.

impio escreveu:Daí acho que podemos ver como a periculosidade potencial da fé é fundamentalmente diferente da periculosidade potencial da ciência, política, filosofia. Enquanto a antítese da ciência não resolve os problemas que dela podem decorrer, o mesmo não é verdade com a fé. Os problemas decorrentes da fé simplesmente se resolveriam não tendo fé, sem qualquer perda significativa.


Marxismo, Bomba Atómica, Talidomida, CFC's. A tese de que o conhecimento é neutro é uma merda.


O conhecimento pode não ser neutro, no sentido de que certo conhecimento pode ser potencialmente danoso, mas persiste que simplesmente se "adotar a ignorância" não resolve os problemas que vêm do conhecimento, muito menos da ignorância. Os problemas provenientes do CFC, por exemplo, só podem ser evitados se forem conhecidos...


E simplesmente não ter fé é uma impossibilidade que conduz ao pirronismo (que é uma espécie de curto-circuito do ceticismo) como Hume demosntrou.


Acho que isso se fosse colocado como "fé" alguma coisa quese supusesse que não se pudesse saber levando em consideração hipóteses meio solipsistas ou super-relativistas, niilistas, algo assim. Aí dizer que "eu sou eu", seria uma afirmação de "fé". Mas acho que isso é esticar demais o conceito de fé até algo diferente do que se costuma defender pelo termo.



O que seria aceitável seria tu dizeres mudar a fé... e não acabar com ela. Tal como é aceitável mudar a ciência... ou um método... e não acabar com ela.
E a fé é uma coisa... ter um dogma particular é outra. Em sentido geral (que é o que defendo) é inatacável (Bem podes atacar a fé em geral, ou a religião em geral com o teu espantalho preferido. És livre de o fazer. Mas é bom que saibas que ao meu olhos sábios :emoticon16: não és muito diferente daqueles que fazem uma caricatura da evolução para a criticarem melhor).

Bem... realmente, aí entram problemas da definição dos termos... vejo fé, religião e dogma como coisas indissociaveis... fé é o "método" de conhecimento pelo qual se tem um dogma, em torno do qual qual o corpo de uma relgião se constroi.

Não me vejo fazendo espantalhos... por essas definições.... se fé é a sustentação de um suposto conhecimento incontestadamente, se um dogma é um suposto conhecimento sustentado por fé... é muito estranho se questionar apenas os dogmas e não a fé. Porque obviamente o questionamento do dogma não parte da fé, pela fé qualquer dogma é igualmente aceitável.

... a menos que seja um conceito mais abrangente dos termos, em que "eu sou eu" é um dogma sustentado por fé, diante da impossibilidade de provar que eu não sou um sapo sonhando que sou eu...

Bem, de qualquer forma... é sobre essas definições que critico essas coisas... a fé é inútil, porque é apenas a sustentação de um dogma.

A critica a um determinado dogma não se dá por fé, mas por ausência dela, o dogma criticado não é dogma do ponto de vista de quem critica, por definição.

Uns dogmas podem ser melhores que outros, uns podem ser inofensivos ou até bons? Podem, mesmo na análise mais superficial disso, meramente probabilistica, dentro de um espectro de todas as idéias possíveis, algumas são boas, e umas melhores que outras.

Mas não é através de fé que se discerne quais idéias desse conjunto são melhores ou piores que outras... a fé é simplesmente tornar uma delas em dogma.



impio escreveu: A dependência de que falas é algo que não tem necessáriamente a ver com a fé. Nós temos mecanismos de dependência que podem ser disparados por todo o tipo de estimulos. Pessoas que amam demais podem se autodestruir se forem rejeitadas. Condenarias o amor em geral?


Não, não condeno nada só pela dependência. O problema não é simplesmente causar dependência, somos dependentes por exemplo, do conhecimento científico também.

O problema mesmo é poderem ser falsos e danosos, ao mesmo tempo em que não são questionados, a dependência, a dificuldade em se questionar, é só um agravante...

impio escreveu:Não nego que haja esse problema, mas acho que não faz de maneira alguma a fé - no sentido de preconceito glamurizado - algo bom, a ser mantido, assim como a dependência de drogas não é algo bom apesar de em muitos casos seu uso não poder ser cortado subitamente.


Claro... quem fala da fé pode falar de todos os outros sentimentos e emoções... no teu admirável mundo novo. O amor pode ser uma droga... tal como o medo (os viciados da adrenalina)... acabemos com essas coisas e sejamos todos maquinas frias, lógicas, perfeitamente analíticas...
Não queria viver num mundo assim.


Eu também não... só acho que simplesmente que fé, no sentido de se sustentar qualquer conhecimento sem questionar seja algo bom, a ser defendido, apesar de algumas vezes ter dado sorte (nem que não se ter fé implique nisso de alguma forma....)

"fé" só na quantidade de não me preocupar com hipóteses como se eu sou um besouro sonhando que sou uma girafa sonhando que sou eu... o que nem chamaria de fé, pessoalmente
Sem tempo nem paciência para isso.

Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:

www.talkorigins.org
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Trancado