UOL
11/07/2006 - 16h57
Um dirigente populista italiano exacerba sentimentos antifranceses
ROMA, 11 jul (AFP) - Um dirigente da direita populista italiana há vários dias vem se exacerbando nos sentimentos antifranceses, com comentários racistas sobre a seleção francesa, formado por "negros, islamitas e comunistas".
Vice-presidente do Senado italiano e dirigente da direitista Liga do Norte, Roberto Calderoli saudou no domingo o título de campeã mundial de futebol, conquistado pela Itália no domingo na Alemanha, como "uma vitória da identidade italiana, de uma equipe que escalou lombardos, napolitanos, venezianos e calabreses e que ganhou de uma equipe da França que sacrificou sua própria identidade escalando negros, islamitas e comunistas para obter resultados". O embaixador da França na Itália, Yves Aubin de Messuzière, protestou contra a declaração de Calderoli, sublinhando que é "inaceitável e depreciável destinada a fomentar o ódio", e enviou uma carta ao presidente do Senado, Franco Marini, exigindo desculpas formais. No entanto, nesta terça-feira, Roberto Calderoli se negou a pedir desculpas e denunciou "uma vontade de denunciar um escândalo".
"Quando digo que a equipe da França está formada por negros, islamitas e comunistas digo uma coisa objetiva e evidente", afirmou.
"Quem se escandaliza e exige desculpas não tem a consciência tranqüila. A França é uma nação multi-étnica, devido a seu passado colonialista, do qual eu não estaria orgulhoso. Mas não é minha culpa se alguns ficaram perplexos com uma equipe que escalou sete negros, se Barthez canta a Internacional em vez da Marselhesa ou se alguns preferem Meca a Belém", acrescentou.
"Não creio que deva me envergonhar pelo que disse, ainda que isso choque Paris, onde Zidane é muito considerado, confundindo um golpe de gênio com uma cabeçada", concluiu o direitista sua declaração antifrancesa.
Ex-ministro das Reformas institucionais, Roberto Calderoli é um habitual em declarações e atos provocativos. Depois da grave crise causada pelas controvertidas caricaturas do profeta Maomé, escandalizou o mundo muçulmano ao aparecer enrolado com uma dessas caricaturas na emissora pública de televisão RAI.
"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma." (Joseph Pulitzer).