ímpio escreveu:Acho que a mais-valia é uma besteira.
O trabalho, principalmente hoje em dia, é fracionado em especializações. Assim, por exemplo, pode ter numa fábrica de computadores alguém que opera soldas, ou parafusa os gabinetes. Um computador terminado vale muito mais que essas e todas as outras etapas do trabalho isoladas, ou mesmo que a soma de todos os trabalhos para construir-se um computador (tirando a infra-estrutura pré existente).
Fora isso, as coisas não tem valores "absolutos", vide a casa que foi trocada por um clipe de papel, no Canadá. De forma parecida, você pode comprar mais barato um carro porque alguém foi assassinado dentro dele (não estou falando de carro roubado, mas leiloado), e algum idiota pode comprar por uma fábula uma toalha em que o Michael Jackson enxugou o suor.
E quanto a foto, não sei porque a mesma coisa e outros tipos diversos de imoralidade não poderiam ocorrer no comunismo, ou em um sistema socio-económico regrado. E só para constar, não sou anarco-liberalista...
Eu concordo contigo, mas sua postagem incute em alguns "lugares-comuns" que um economista marxista exploraria.
O primeiro ponto é que a mais-valia só se caracteriza dentro de um sistema capitalista propriamente dito: não se pode tratar do valor de "fracções de trabalho" pois estas não deram origem a um produto por assim dizer.
Quanto à toalha, o valor pago se caracterizaria como "valor de troca", explicitado pelo próprio Marx no capital. A mais-valia foi, teoricamente, extraída durante a sua produção.
E, vá por mim, refutar uma abstração deste tamanho é o mesmo que tentar refutar o espiritismo: sempre há pra onde correr.
Já quanto a seu último parágrafo, eu sou obrigado a concordar. Na utopia comunista isso não existiria, devido à racionalização total da produção e da ausência de necessidade da exploração salarial para o desenvolvimento humano. Entretanto, é por isso que chamamos isso de utopia: não me parece possível regrar o homem a viver num sistema de altruísmo total.