Edson Jr escreveu:Acauan escreveu:Assim, o que sustenta o capitalismo são os milênios de prática econômica auto-corrigida e aperfeiçoada pelo acúmulo de tentativas e erros que resultaram nas economias de mercado e não uma ideologia alienadora, como querem os marxistas ao projetar suas próprias deficiências no sistema rival.
Olá Acauan!
Antes de iniciar o debate, gostaria de deixar claro que minha visão de mundo não é marxista. Da mesma forma que não é liberal.
Com relação ao marxismo, o principal erro não foi o da teoria em si, mas sim o de desconsiderar a essência, a natureza humana. Afinal, o ser humano é fundamentalmente egoísta por natureza. Esse egoísmo pode ser lapidado de modo que possamos conviver de forma relativamente pacífica com as pessoas. Mas o egoísmo humano não pode ser jamais extinto, pois é estrutura humana básica, primordial.
O marxismo, de certa forma, ignorou esse traço básico humano. Por isso falhou!
Já o capitalismo é o contrário. Ele estimula o lado egoísta humano, de forma a atender os próprios interesses do sistema. Poderia dizer que, nesse sentido, o sistema capitalista é muito mais poderoso, pois tem a natureza humana ao seu favor.
A ideologia capitalista, ao longo do tempo se fortaleceu, se enraizando na mente humana. Isso a tornou forte e poderosa, quase indestrutível, assim como o sistema ideológico das grandes religiões.
O Marxismo deu no que deu porque era uma doutrina sem pé nem cabeça, como já foi mais do que provado por uma pá cheia de analistas e pensadores que demonstraram uma a uma as incongruências daquela ideologia.
Os fundamentos do Marxismo – mais valia, valor trabalho, determinismo histórico, luta de classes etc não foram extraídos da experiência prática.
Eram apenas um conjunto de crenças apresentadas como verdadeiras e aceitas como tal justamente por tocar fundo em alguns sentimentos egoístas humanos, como a ambição de certos revolucionários de reconstruírem pela força um mundo no qual não conseguiram sucesso por seus méritos.
Já a associação do sucesso do capitalismo com o egoísmo é outro erro conceitual crasso.
A pedra fundamental do capitalismo é o respeito aos contratos, sendo que uma sociedade capitalista é tão mais bem sucedida quanto maior é a confiança mútua entre seus membros.
Weber demonstrou isto em "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", obra que muita gente deveria ler antes de meter o pau neste sistema ou acreditar em quem mete.
Edson Jr escreveu:Acauan escreveu:Só que a palavra "individualismo" aparece no início da lista, sendo esperado que o termo na maioria das pessoas seja intuitivamente associado ao egoísmo.
Não há qualquer motivo para que esta associação seja automática, porém mais de um século de propaganda ideológica socialista incutiu subliminarmente a idéia de que individualismo é ruim, quando, em si, não é ruim ou bom, depende do uso que a pessoa faz deste individualismo, como o próprio termo sugere.
Nossa, então esse excesso de individualismo é decorrentes das mensagens subliminares socialistas?
Não seria mais fácil supor que as pessoas se utilizam da ideologia dominate (que é a liberal) e assumem posturas excessivamente egoístas, com o pretexto de que estão fazendo uso de sua liberdade?
Não seria uma postura correta denunciarmos esses excessos que a ideologia dominante de nosso sistema produz?
Não, "esse excesso de individualismo" não é "decorrente das mensagens subliminares socialistas".
O que disse foi que a associação direta e automática entre individualismo e egoísmo, visando demonizar a valorização do indivíduo é uma tática de propaganda socialista muito usada e eficaz.
E não.
A ideologia dominante no Brasil não é o Liberalismo.
Ocupamos a humilhante 80ª posição no rancking mundial da liberdade econômica. Só este número já mostra o quanto é absurdo se falar em dominância do Liberalismo por estas terras lusófonas de abaixo do Equador.
Já discussões como "o egoísmo isto" ou "o egoísmo aquilo" não têm como ser demonstradas por meio de indicadores objetivos. Servem apenas para causar impactos emocionais.
E quero ver quem me prova que as antigas sociedades comunistas eram menos egoístas que as Liberais, por qualquer critério que se escolha para fazer a comparação.
Edson Jr escreveu:Acauan escreveu:O individualismo é a crença de que cada ser humano deve ser reconhecido como pessoa única, com identidade, atributos, vontades e desejos próprios que pela própria natureza encontram sua realização máxima na liberdade, na auto-determinação e na justiça.
Esse é um lado da moeda. Um lado que soa bonito, mas que nunca foi visto ser posto em prática.
O outro lado é o do pré-julgamento, avaliando as pessoas sem levar em consideração sua realidade histórico-social. Afinal, se a pessoa têm vontade e desejos próprios, se ela roubou uma manteiga é por que ela quis roubar e deve pagar por isso com o mesmo peso que um criminoso comum.
Esse lado vemos constantemente ser posto em prática.
Como nunca foi posto em prática se toda a Civilização Ocidental é fundamentada justamente no reconhecimento do indivíduo?
Nas sociedades antigas um homem era uma fração da casta à qual pertencia, não tinha uma identidade pessoal separada de seu grupo social.
Picuinhas religiosas a parte, o reconhecimento do indivíduo foi estabelecido pelo Cristianismo, que definia cada homem, essencialmente, como uma alma criada diretamente por Deus e que responderia diretamente a ele por seus próprios atos.
O Liberalismo reforçou este conceito ao defender a Liberdade, uma idéia um tanto vaga no Cristianismo, como direito inalienável do indivíduo.
Individualidade e liberdade foram as forças que fizeram do Ocidente a mais poderosa civilização do Planeta.
E esta história da manteiga roubada é outro apelo emocional.
Há muitas facetas pelas quais se analisar a questão do livre arbítrio individual e das imposições sociais, sendo que uma conclusão muito direta pode ser tirada do fato que das milhões de pessoas que não têm manteiga espalhadas por aí, pouquíssimas decidem resolver este seu problema roubando a manteiga dos outros.
Edson Jr escreveu:Acauan escreveu:Aceitar o parágrafo acima é concluir que os liberais sejam estúpidos e perversos, o que me recuso a acreditar que você sustente se pensar um pouco melhor.
Mas, Acauan!
Foi você mesmo quem me disse, num debate anterior, que a vagabundagem dos alunos independe de suas condições histórico-sociais.
Na época, deduzi, que para você, não importa o porquê as pessoas são assim ou assado. Elas são o que são porque querem. Por opção.
depois continuo...
na continuação, vou restringir o raciocínio no âmbito escolar, da educação, que, ao meu ver, é muitíssimo importante.
Claro que a vagabundagem independe de condições histórico-sociais, caso contrário não seria vagabundagem. O próprio termo pressupõe uma opção voluntária pela preguiça e pelo não fazer. Se em seu conteúdo houvesse uma componente qualquer de imposição não seria vagabundagem, seria outra coisa.
O que foi colocado é que mesmo pessoas diligentes, trabalhadoras e brilhantes podem não ser bem sucedidas se as condições ambientais (de mercado) forem extremamente desfavoráveis.
Outra coisa muito diferente é quando a pessoa opta por ser um vagabundo.
Edson Jr escreveu: ANAUÊ GUERREIRO!
Até mais!
ANAUÊ!