Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
Uma pergunta:
A falta de higiene nas clinicas de aborto, a criminalização de quem faz, e a mortalidade alta, não é freio para quem pretende fazê-lo?
Se a resposta for sim, dar boas condições higiene, garantias legais, não seria então incentivo pra que não faria naquelas condições anteriores?
Grato a quem responder.
A falta de higiene nas clinicas de aborto, a criminalização de quem faz, e a mortalidade alta, não é freio para quem pretende fazê-lo?
Se a resposta for sim, dar boas condições higiene, garantias legais, não seria então incentivo pra que não faria naquelas condições anteriores?
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
chagas escreveu:Uma pergunta:
A falta de higiene nas clinicas de aborto, a criminalização de quem faz, e a mortalidade alta, não é freio para quem pretende fazê-lo?
Se a resposta for sim, dar boas condições higiene, garantias legais, não seria então incentivo pra que não faria naquelas condições anteriores?
Grato a quem responder.
Mas os óbitos não ocorrem apenas por motivos de higiene. Infecções hospitalares podem ser muito mais graves do que uma infecção contraída numa clínica, ou fora dela. As mortes se dão por hemorragias, perfurações, curetagens mal feitas, métodos que fogem à prática médica, medicações abortivas mal utilizadas, falta de assistência no pós-operatório, como não uso de antiinflamatórios, por exemplo.
Além da mortalidade há a questão da infertilidade, quando a curetagem é mal realizada. Nem sempre os abortos são realizados em clínicas ( algumas clínicas são ate bem aparelhadas, atendendo outros casos e fazendo outras cirurgias normalmente), mas por parteiras, pela própria gestante, no fundo de quintal, no banheiro e no porão.
A questão legal interfere tanto para quem realiza ou para quem quer se submeter ( ou precisa dele, mesmo sendo considerado ilegal pelas nossas leis).
Ou seja, é um freio, mas um freio que não resolve os anseio reais de quem precisa dele.
Então, se a lei discriminalizar o aborto pelo menos em situações as mais complicadas de levar adiante a gestação, os demais entraves ( como condições de higiene, pré operatório e pós - acompanhamento ) os abortos clandestinos perderiam o sentido e o estímulo para realização perderia o sentido. As pessoas passariam a procurar médicos e lugares plenamente aptos para o procedimento.

- zumbi filosófico
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
chagas escreveu:Uma pergunta:
A falta de higiene nas clinicas de aborto, a criminalização de quem faz, e a mortalidade alta, não é freio para quem pretende fazê-lo? Se a resposta for sim, dar boas condições higiene, garantias legais, não seria então incentivo pra que não faria naquelas condições anteriores?
Grato a quem responder.
Em alguns casos, sim, é um freio, mas nem sempre, pois afinal existem os abortos clandestinos. A legalização de qualquer forma não é exatamente incentivo mas sim simplesmente ausência de perspectivas ameaçadoras.
"Incentivo" é algo que atrai. Se um restaurante vende sushi cheio de moscas e em más condições de higiene, isso é um freio para os compradores; se é bem limpo, também não incentiva ninguém a comprar; eu por exemplo acho estranha a idéia de comer peixe cru, e não vejo na legalidade ou higiene simplesmente um incentivo para fazer isso. Apenas as pessoas que já gostariam de comer sushi, mas não comem por achar sujo e arriscado é que comeriam.
Da mesma forma, a possibilidade de aborto legal e seguro não é um incentivo de qualquer maneira, ninguém que não estivesse numa situação em que achasse mais conveniente não ter um filho iria abortar, da mesma forma que o transplante de coração, ou praticamente qualquer outro procedimento médico legal em vez de clandestino e mais arriscado não é sozinha um incentivo às pessoas fazerem uma operação.
E mesmo que seja possível contestar isso, que seja só um preciosismo semântico meu, também não é problema algum, de forma similar que os avanços nas tecnologias de cirurgia plástica ou de redução de estômago e etc, mais a sua legalidade, talvez possam incentivar as pessoas a se submeterem a mais cirurgias, ou da mesma forma que hoje há contraceptivos mais eficazes e mais seguros que incentivariam a contracepção em vez do celibato. Diria até que é menos problemático do que as pessoas fazerem mais cirurgias plásticas ou outras que poderiam ser consideradas desnecessárias por terceiros.
É novamente um tipo de argumentação que vê no aborto algo "errado" em si mesmo; que deve ser proibido por questões morais. Se não vemos o ser humano como tendo sua "humanidade" legal/moral ainda no estágio unicelular, a possibilidade de ser um incentivo não é um tipo de agravante maior do que seria para a maioria dos pró-vida menos religiosos um incentivo para mais pessoas usarem camisinha ou uma pílula do dia seguinte nunca-abortiva. É melhor do que mais crianças sendo indesejadas e/ou não planejadas pelos pais em vez de terem pais preparados e que as querem.

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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
Usar a palavra "incentivo" aqui é pura semântica e discurso anti-aborto deliberadamente tendencioso.
Imagine uma mulher ( casal, enfim) que queira o filho. Ela será incentivada a pensar em aborto só porque agora as condições são melhores? Lógico que não.
Imagine agora uma situação dramática ( cada um com a sua e seus limites ). Se existe criminalização, bons médicos e boas clínicas ( assim como as pacientes ) não podem e não querem assumir riscos. Mas se precisam, agem de forma a não deixar rastros. O que pode resultar em mau acompanhamento e problemas.
Normatizar o procedimento é mais seguro e não faz disto um "atrativo ", apenas não o torna uma tortura culposa e desnecessária. Que se danem moral e ética quando há coisas práticas e urgentes em cena.
Se fosse a moral e a ética mais importantes do que tudo, TJ morreriam nos hospitais por não aceitarem trasfusão de sangue. O que acaba não ocorrendo, salva-se a vida, porque isto é o mais importante na hora.
Imagine uma mulher ( casal, enfim) que queira o filho. Ela será incentivada a pensar em aborto só porque agora as condições são melhores? Lógico que não.
Imagine agora uma situação dramática ( cada um com a sua e seus limites ). Se existe criminalização, bons médicos e boas clínicas ( assim como as pacientes ) não podem e não querem assumir riscos. Mas se precisam, agem de forma a não deixar rastros. O que pode resultar em mau acompanhamento e problemas.
Normatizar o procedimento é mais seguro e não faz disto um "atrativo ", apenas não o torna uma tortura culposa e desnecessária. Que se danem moral e ética quando há coisas práticas e urgentes em cena.
Se fosse a moral e a ética mais importantes do que tudo, TJ morreriam nos hospitais por não aceitarem trasfusão de sangue. O que acaba não ocorrendo, salva-se a vida, porque isto é o mais importante na hora.

Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
Parece-me muito obvio que a condição torna a situação atraente.
A facilitação é importante para uma decisão, e como já foi reconhecido que é sim um freio, acho que já li o que precisava.
A facilitação é importante para uma decisão, e como já foi reconhecido que é sim um freio, acho que já li o que precisava.
Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
Não sei quanto a vocês, mas conheci 5 garotas que fizeram aborto clandestino (obvio) na adolescência. Multiplique isso pela quantidade que não entram nas estatísticas...
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."


Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
zumbi filosófico escreveu:
Em alguns casos, sim, é um freio, mas nem sempre, pois afinal existem os abortos clandestinos. A legalização de qualquer forma não é exatamente incentivo mas sim simplesmente ausência de perspectivas ameaçadoras.
Mas esta ausência não é exatamente o incentivo que falta para chegar à conclusão de que o aborto deve ser um ato considerável?
Facilitar não é incentivar?
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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
chagas escreveu:zumbi filosófico escreveu:
Em alguns casos, sim, é um freio, mas nem sempre, pois afinal existem os abortos clandestinos. A legalização de qualquer forma não é exatamente incentivo mas sim simplesmente ausência de perspectivas ameaçadoras.
Mas esta ausência não é exatamente o incentivo que falta para chegar à conclusão de que o aborto deve ser um ato considerável?
Facilitar não é incentivar?
Como eu disse, considere-se isso ou não adequado com o termo "incentivo", não se tem uma situação ruim, indesejável - desde que não se incorra em falácia de declive escorregadio do tipo "todas as mulheres vão abortar e a espécie humana chegará ao seu fim!"
Só é indesejável se você já considera que abortos nunca devessem ocorrer (os induzidos, os espontâneos são largamente negligenciados pelos pŕo-vida).
Para quem não acha que espermatozóides ou estágios do desenvolvimento sem atividade cerebral sejam equivalentes a pessoas vivas que andam ou engatinham por aí, praticamente qualquer possível incentivo - dentro de limites realistas, não catastrofismo apocaliptico - que a legalidade do aborto pudesse proporcionar não seria significativamente pior do que o possível incentivo dos contraceptivos legalizados ao sexo fora do casamento ou não objetivando ter filhos, e coisas do tipo.
O que não é a mesma coisa que dizer que deveria-se trocar (ou que incentivaria-se a trocar) os contraceptivos por abortos; isso é meio como sugerir que se devesse trocar alimentação saudável e prática de exercícios físicos por lipoaspirações e cirurgias cardiovasculares, ou que a legalização das últimas tem um efeito importante contra as práticas preventivas e por isso deveriam ser ilegais ou ter algum tipo de julgamento por terceiros fora da especialidade médica, como que a pessoa só pode fazer uma cirurgia plástica se tiver sido desfigurada por um agressor (e não por acidente pessoal), analisar se não seria vaidade demais, se não é algo mesquinho e etc.
Editado pela última vez por zumbi filosófico em 07 Mar 2008, 01:30, em um total de 1 vez.

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Re: Projeto libera interrupção da gravidez até 3 primeiros meses
chagas escreveu:zumbi filosófico escreveu:
Em alguns casos, sim, é um freio, mas nem sempre, pois afinal existem os abortos clandestinos. A legalização de qualquer forma não é exatamente incentivo mas sim simplesmente ausência de perspectivas ameaçadoras.
Mas esta ausência não é exatamente o incentivo que falta para chegar à conclusão de que o aborto deve ser um ato considerável?
Facilitar não é incentivar?
E é considerável, por que não? Há situações em que ele é de extrema urgência. Por que negar que o aborto não é apenas esta coisa torpe e fútil que os anti-abortistas querem fazer crer que seja?
Ninguém faz aborto porque é bonitinho ( mas proibido). Faz porque precisa.
Mas tem animal que julga que a mulher e o marido ( e os filhos deles) devem suportar até um filho fruto de estupro, fazer o quê?
