Acauan escreveu:Alter-ego escreveu:Os que não ouvem sentem, ou acreditam nos que ouvem e sentem. Se assim não fosse, não seriam crentes.
Decida-se.
Primeiro você afirmou taxativamente que algo em torno de 98% da população mundial ouve vozes sobrenaturais:Alter-ego escreveu:Acauan escreveu:Alter-ego escreveu:Que fato? Ah, tá! O de que 98% da população mundial é esquizofrênica...
Lindo! Palmas para o sábio que disse, e duas para o que acreditou!
98% da população mundial ouve vozes sobrenaturais?
Algo em torno disto.
Depois disse que tanta gente ouvir o sobrenatural não o torna verdadeiro: Alter-ego escreveu: Não que o fato de tanta gente dizer ouvir ou sentir o seobrenatural o torne verdadeiro. Não, não estou dizendo isso.
E agora incluiu na sua somatória os que "sentem" vozes (seja lá o que for isto) e os que acreditam neles, como se tudo fosse uma coisa só e passível de ser contada como tal.
Certo. É natural que em postagens apressadas eu tenha me expressado mal. A matéria inicial não fala exclusivamente dos que ouvem a voz de Deus, mas de todos os que têm experiências sobrenaturais:
um paciente pode interpretar uma alucinação auditiva como a voz do demônio, de Deus, dos espíritos ou como uma mensagem telepática
Observe que por mensagem telepática podemos abarcar até as moções espirituais, como a que Emmmcri relatou em seu tópico, quando ouviu, não uma voz audível, mas uma voz interior. Por isso incluí não apenas os que ouvem, mas, também, os que sentem (não uma voz, como você questionou) mas uma (usemos a palavra) moção. Sem querer cair em falácia de composição, tomando as partes pelo todo, a experiência nos ensina que uma parcela significativa dos religiosos, embora não diga ouvir vozes sobrenaturais, creem já ter sentido o sobrenatural. Antes que me acuse, novamente, de afirmar sem provas, temos, só por exemplo, aquela matéria saída há tempos atrás, com um estudo feito com freiras católicas e monges budistas, relatando como, através da oração, ativaram determinadas frequencias cerebrais, enquanto (segundo a concepção religiosa), entravam em contato com o transcendente.
Resta-nos o terceiro grupo, o dos que não ouvem, nem sentem o transcendente, mas creem nele, ou nos que ouvem e sentem. Eu disse aqui que já que tive contato com uma pessoa que sofria de esquizofrenia, e pude, a pedido médico, auxiliar no tratamento, pois a pessoa confiava em mim. Ela tinha um relato extraordinário, de que apesar de ser de uma família pobre, era da família de um ex-governador, havia sido dada para adoção ainda bebê e precisava reaver sua fortuna. Sua história passava pela de vária figuras eminentes. Eram muitos os detalhes, mais fico só no essencial. Ninguém cria na história, mas eu precisei "acreditar" nela para mergulhar e ajudar a descobrir as raízes do transtorno. Para mim está bem claro que só uma pessoa também sofrendo de uma psico-patia iria crer nela. Ora! Mas é isso que o autor da tese está, implicitamente, anunciando. Se os que ouvem e sentem coisas sobrenaturais são esquizofrênicos, os que nele crêem também o são... Chegamos à minha conclusão. Mas como joguei de uma vez, decerto não ficou claro.
Nesta confusão de conceitos que mudam a cada postagem, faltou a única coisa que interessava, fundamentar numericamente sua afirmação a partir de uma fonte identificada, como abaixo:Número de adeptos por religião no mundo
Fonte: Adherents.com (extraído da
Wikipédia)
Cristianismo : 2,1 bilhões – 33,14%
Islã: 1,3 bilhões – 20,51%
Ateus/Agnósticos/Sem religião: 1,1 bilhões – 17,36%
Hinduísmo: 900 milhões – 14,20%
Religião tradicional chinesa: 394 milhões – 6,22%
Budismo: 376 milhões – 5,93%
Religiões tradicionais africanas: 100 milhões – 1,58%
Sikhismo: 23 milhões – 0,36%
Espiritismo: 15 milhões – 0,24%
Judaísmo: 18 milhões – 0,28%
Fé Baha'i: 7 milhões – 0,11%
Jainismo: 4,2 milhões – 0,07%
Total: 6.337,2 milhões
Mesmo que assumíssemos que 100% dos crentes de todas as religiões do mundo (por mais inconciliáveis que sejam entre si) ouvissem, sentissem ou acreditassem em vozes sobrenaturais, excluindo da soma apenas ateus, agnósticos e sem religião, teríamos um universo máximo de 82,64% da população mundial.
Dos 17,36% excluidos da contabilidade, tenha em conta que a maioria deve ser de sem religião. O número de ateus e agnósticos não deve ser superior a 2 ou 3%. Os sem religião não são, necessariamente, descrentes. Pelo contrário, a maioria possui até um conjunto de crenças bem elaborado.
A situação complica, ainda mais, se adentrarmos na definição de agnóstico. No seminário propedêutico tive a oportunidade de descobrir que no clero há muitos que se declaram, como agnósticos. E dizem que creem em Deus e nas experiências místicas, apenas não possuem meios racionais de prová-los, daí declararem-se agnósticos.
Entretanto é absurdo afirmar que 100% dos crentes de todas as religiões ouvem, sentem ou acreditam em vozes sobrenaturais porque:
Vejamos.
- Percentual significativo dos cristãos são não praticantes e céticos em maior ou menor grau quanto a estas questões;
Não praticante, não significa não-crente. Católicos não praticantes tão nem aí para a moral católica, mas creem em Deus, nos profetas e em Jesus Cristo e, logicamente, nas suas experiências transcendentes.
- No Islã somente os profetas falam diretamente com Deus, sendo que o Corão declara explicitamente que Mohamed foi o último deles, logo qualquer um que declare ouvir ou sentir a voz de Deus ou acreditar que algum homem atual o fez pode ser apedrejado ou decapitado por heresia;
- O judaísmo tem restrições semelhantes;
Ainda assim estão no ramo dos que crêem. Seriam os esquizofrênicos passivos...
- Para os Espíritas somente Jesus falava com Deus. Os demais supostos médiuns humanos só podem se comunicar, segundo a doutrina, com espíritos desencarnados de outros humanos;
A abordagem inicial, não fala apenas de Deus, mas inclui espíritos, como já apontei. Logo, espíritas não estão excluídos.
- Budistas não falam com Deus ou o escutam ou sentem, mesmo porque não reconhecem um;
De qual dos budismos você diz isso?
Estas dentre outras tantas restrições que poderiam ser feitas provam numericamente a incorreção de seus comentários anteriores e o absurdo do seu número tirado do chapéu.
Acabei de demonstrar que não.
Alter-ego escreveu: Não são estatísticas inventadas. São inferidas. Se tratarmos com este rigor, as estatísticas sobre a audiência das redes de televisão também é inventada.
Se a sua "estatística" é tão inferida quanto as de audiência de televisão então demonstre o método pelo qual foi obtida, incluindo universo amostral, determinação da amostragem significativa e técnica de medição, elementos básicos para o IBOPE e institutos especializados levantarem seus números.
Já que se comparou a eles, evidencie que a comparação é pertinente, de preferência usando números objetivos, como os que usei no parágrafo anterior.
Acabei de fazê-lo.
Alter-ego escreveu:O fútil foi posto estre aspas, justamente para denotar que só seriam fúteis se vistos pelos mesmos parâmetros apresentados por você no post inicial.
E o fato de Isaac dar início a um povo, a partir de Abraão, a rigor não diz muita coisa, nem sustenta seu ponto de vista. Jesus disse que o Pai pode criar filhos da Abraão até de pedras. Logo em seguida, ensina que os verdadeiros adoradores não serão reconhecidos pela pertença ou não a Israel, mas pela fidelidade a Deus. E Paulo termina por mostrar que, essencialmente, Deus se preocupa tanto conosco, descendentes de gentios, quanto se preocupara com os judeus.
Esta tentativa de anular a relevância dos patriarcas de Israel sobre a fundamentação moral da doutrina cristã é mais uma contaminação pentecostal que os carismáticos absorveram, em sua incapacidade de compreender um todo teológico harmonioso que concilia as duas tradições.
Nem a Santa Sé em seus períodos de perseguição aos judeus (ou cristãos novos, o que dava na mesma) tentou coisa parecida, uma vez que a tradição canônica estabelece que o Novo Testamento complementa o Velho, mas não o revoga. A doutrina da revogação é típica de facções evangélicas, principalmente pentecostais não lá muito respeitadas teologicamente.
Toda esta ladainha se desfaz diante do fato simples de que Jesus é apresentado nos Evangelhos como Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
Fosse Abraão tão irrelevante quanto uma pedra, como sugeriu, não existiria esta demonstração clara de continuidade expressa figurativamente na linhagem.
Fale por você. estou absolutamente certo de que você, definitivamente, não captou ainda o suficiente de minhas convicções religiosas para dizer que estou rasgando o AT, dizendo isso ou aquilo. E eu não falei que Abraão é tão relevante quanto uma pedra. Não ponha palavras onde não há. Disse que até de pedras Deus poderia fazer filhos de Abraão. Na verdade isso nem é palavra minha, é de Jesus: Mt 3,9; Lc 3,8.
Alter-ego escreveu:Porque, então, ele falaria com Abraão e não poderia falar comigo?
Porque Abraão era Abraão e você é você.
Nada pessoal.
"Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Por isso, o mundo não nos conhece, porque não o conheceu." I Jo 3,1
Alter-ego escreveu:E você não disse, absolutamente, nada sobre Sta. terezinha. Advirto, inclusive, que ela não é a única. S. Francisco de Assis recebeu ordem de Jesus para reformar uma capela. Sto. Antônio para ir impedir que um homem caísse de um andaime. E por aí vai. A Bíblia ensina que Deus nos quer fiel desde as pequenas coisas. Não estará Ele conosco, também, nas pequenas coisas? Isso feriria a fidelidade Divina, a palavra que diz que mesmo que sejamos infiéis, Deus é fiel, pois não pode trair a si mesmo.
Coisas pequenas não são coisas fúteis.
São Francisco de Assis sorriria compassivo diante das bobagens com que perdem tempo alguns dos que falam em nome dele.
Quem usou o termo fútil foi você, para falar que Deus não se ocupa das futilidades de nossa vida. Eu repliquei usando o mesmo termo para demonstrar que, sim, Deus se preocupa com coisas "fúteis", até com o modo que varremos a casa, com o estado físico de capelas, com a cor que deve ser pintada um templo, etc. Agora você evoluiu o termo, tachando estas coisa, não de fúteis, mas de pequenas.
Já é um bom começo...