Euzébio escreveu:Fernando Silva escreveu:A morte de fanáticos não prova nada sobre a religião deles, apenas sobre o grau de fanatismo.
Pouco sei de História, mas me parece que grande parcela da população romana - incluindo os povos conquistados - estavam muito descontentes com a imoralidade reinante em Roma. Pode se dizer que os mártires cometeram um ato político, muito mais que um ato religioso. (opinião minha)
Gregos e romanos tinham muitos deuses mas, no início da era cristã, já tendiam ao
monoteísmo. Para eles, os vários deuses, deusas e demônios (seus agentes,
intermedários entre os deuses e os homens) eram diferentes manifestações de um
mesmo deus.
Eles acreditavam em que tudo o que acontecia, bom ou mau, era a vontade de Deus
e que não cabia ao homens questionar o porquê de coisas ruins acontecerem a
pessoas boas, por exemplo.
Para eles, o importante era o respeito à pátria, à cidade e à família de cada um e às
tradições.
Ficaram chocados, portanto, com o que pregavam os cristãos, como se depreende
dos escritos de Celso e Marco Aurélio. Diziam os cristãos que para seguir a Deus
era preciso desprezar os deuses, abandonar sua cidade, seu país e detestar sua
família. Pelo contrário, os cristãos acreditavam que tais laços, em lugar de divinos,
eram obra do demônio para escravizar as pessoas aos antigos costumes.
Os cristãos se diziam monoteístas mas pregavam que a divindade estava dividida
em duas partes opostas e rivais. Para os romanos, era uma blasfêmia afirmar que o
poder de Deus não era absoluto, mas que tinha um adversário, Satã, que limitava
sua capacidade de fazer o bem.
A perseguição romana aos cristãos, embora intermitente, era motivada pela
ameaça que eles pareciam representar para a unidade do império, ao rejeitar
suas obrigações religiosas e o respeito ao imperador como representante de
Deus e da pátria.
Para seu escândalo, os cristãos julgavam mais importante sua religião e seu
deus que as tradições e a vontade do imperador.
Com o tempo, e com a resistência ao aparente radicalismo dos Evangelhos, a Igreja
criou doutrinas que atenuavam mandamentos como "dar tudo o que se tem aos
pobres", "evitar o casamento" ou "abandonar a família". Entre os textos básicos
estão o "Ensinamentos dos doze apóstolos", atribuído aos "pais apostólicos", e
a "Carta de Barnabé". O bispo Ireneu escreveu, em 180 d.C., um livro atacando
quem se desviasse dessas doutrinas, ou seja, os heréticos.
Alguns desses fundamentalistas se apegavam à versão literal dos evangelhos,
e viviam no deserto, asceticamente, em celibato, como Justino, o mártir, ou
Orígenes, que, como vários outros, se castrou.
Outros iam mais longe e rejeitavam a autoridade da Igreja de Roma. Livros como o
"Testemunho da verdade", o "Livro secreto de João" e a "Realidade dos regentes"
afirmam que o deus do Antigo Testamento era na verdade Samael, o chefe dos
anjos caídos, e não o deus supremo.