Avatar escreveu:Como a maioria das pessoas, enterneço-me com filhotinhos de cães e repudio o sofrimento desnecessário imposto a seres sencientes de todas as espécies.
Eu também. Exatamente por isso sou contra a morte desnecessária dos animais de corte. Se temos tantas opções de alimentação saudável a partir da produção e manipulação de vegetais, dizer que existe “necessidade” de se comer cadáveres é, por baixo, irracional.
Irracional é o sentimento de pena que vocês verdinhos sentem pelos animais presentes abaixo de nós na cadeia alimentar.
Avatar escreveu:O problema é que a defesa incondicional dos direitos dos animais, como a proposta por vários desses grupos, não encontra respaldo filosófico, lógico ou biológico.
Esse é um dos meus preferidos. Basta encontramos uma maneira de fazer o boi entender essa filosofia toda e tudo ficará bem. Ele morrerá feliz, sabendo que seus algozes estão filosoficamente corretos.
Fugir da razão é a forma mais conveniente ao irracionalista, vide os criacionistas e os espiritóides. E, pelo visto, os verdinhos também embarcam nessa.
Avatar escreveu:Gostemos ou não, o ser humano está mais ou menos no topo da cadeia alimentar. Nossa sobrevivência, como indivíduos e como espécie, depende da destruição de outros viventes. Em quatro palavras, a natureza é cruel.
Esse pensamento infantil defende que, se algo PODE ser feito, então ele DEVE ser feito. Estar no topo da cadeia alimentar não legitima nosso direito de, como bem disse o autor, destruir outros viventes.
Por que?? Onde você se baseia para afirmar isso? Em que base moral? Em que instituição moral? Deus?
Avatar escreveu:[color=yellow][b]
Hitler também podia fazer o que fez. Força não lhe faltava, mas, será que ele deveria ter feito?
Já estava demorando para colocarem Hitler no meio da conversa, sem nexo algum... É típico.
Porém, aproveitando, Hitler foi o primeiro a tentar equalizar o direito dos animais ao de seres humanos, com uma série de decretos. Depois vimos no que resultou...
Avatar escreveu:Escrevo essas linhas a propósito da reportagem publicada pela Folha na segunda-feira* a respeito de um novo vídeo que questiona o uso de animais em pesquisa. Exceto pelos patologicamente sádicos --que são sempre uma minoria em qualquer grupo social--, nenhum cientista aprecia sacrificar cobaias, mas existem inúmeras situações em que isso é crucial. Toda nova droga ou vacina que é desenvolvida precisa, a uma dada altura, ser experimentada "in vivo". Parece razoável que, antes de dá-la a humanos, a testemos com ratos. Há mesmo situações que justificam a vivissecção ou o sacrifício do animal. Um exemplo eloqüente é o de experimentos que visam a verificar o efeito da injeção de células-tronco sobre órgãos avariados. Aqui não há como escapar a imolar a cobaia para autopsiar o órgão e saber se houve ou não a regeneração pretendida.
Essa é uma questão muito delicada, talvez a única que mereça alguma consideração neste texto todo. Não vou entrar no mérito por enquanto. O que me parece evidente, é que usar animais foi uma solução fácil e prática para o homem. Sem querer dar uma de psicólogo, percebo que o ser humano tem uma tendência a se acomodar quando suas necessidades, mesmo que parcialmente, são atendidas. Se, por algum motivo, certo recurso lhe for subtraído, ele rapidamente encontra formas alternativas para solucionar o problema. Além dos protestos inócuos dos grupos de defesa dos animais, que outro motivo um cientista teria para abandonar um método (para ele) tão eficiente, simples e prático, e queimar neurônios para encontrar soluções alternativas?
Por que ele teria que abandonar?
Avatar escreveu:[color=yellow]
As soluções sempre existem. Mas se faz necessário algum esforço, sincero e compromissado, para que sejam alcançadas. Usar animais em abomináveis experiências científicas não é o único caminho, é apenas o mais fácil.
Abomináveis por que? O obscurantismo verdinho me irrita.
Acrescentando, é o caminho mais fácil, mais eficiente, mais racional... Não encontra nenhum obstáculo moral, baseado em valores racionais. Qual o mal nessas experiências científicas?
Avatar escreveu:Um pouco mais complexo é o caso das faculdades de medicina. Cirurgiões não nascem prontos. É recomendável que, antes de abrir a barriga de um humano, o estudante esteja bem adestrado. Nos países ricos, simuladores em 3D e outras parafernálias tecnológicas já substituem a contento os cães e porcos ainda usados por aqui. Acho que é uma questão de tempo até que as vivissecções sejam definitivamente banidas de nossas escolas. Observe-se que a eventual proscrição, a qual aplaudo, não alterará muito a sorte dos bichos. Os porcos continuarão sendo abatidos nos matadouros _e sem anestesia_ para virar salsichas, e os cães seguirão sendo sacrificados pela carrocinha para o necessário controle de zoonoses. A natureza, como já disse, é cruel.
Aí está um exemplo do que eu acabei de dizer. Não precisa me lembrar que nem todo mundo tem tecnologia e recursos para adotar essas soluções. Estou apenas mostrando que soluções alternativas existem e, com certeza, outras mais acessíveis a países como o nosso podem ser encontradas se houver interesses em procurá-las.
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Não há nenhuma obrigação. Se tivermos que vivissecar animais, qual o problema?
Avatar escreveu:Feitas essas observações gerais, procuremos entender melhor os fundamentos filosóficos da questão. Aqueles que se opõem com veemência a todo tipo de experimentação estão basicamente afirmando que existe um impedimento moral absoluto a tudo o que implique sacrifício ou dano a outros seres vivos, que teriam um estatuto jurídico semelhante ao de homens no que diz respeito ao direito à vida. Além de má filosofia, essa é uma posição essencialmente suicida. Como nós humanos não desenvolvemos a capacidade de realizar a fotossíntese, precisamos "roubar" de outros a energia da qual dependemos para viver. Podemos eleger como "vitimas" ou bem vegetais, ou animais ou mesmo humanos, mas o fato é que nossa existência só é possível através da morte de outros seres vivos.
Voltamos a falar de filosofia.
E você, voltou a fugir da razão.
Avatar escreveu:[color=yellow]
É uma pena que os animais não possam participar desse elegante papo filosófico. Seria interessante ouvir o que eles têm a dizer.
Eu, ao menos, não discuto com animais que não possuem racionalidade.
Avatar escreveu:[color=yellow]
E, claro, tanto estudo filósofo levou o autor a não enxergar nenhuma diferença entre a “morte” de um pepino e morte de um ser senciente como um mamífero, por exemplo.
Há diferença sim, o primeiro pertence ao nível anterior da cadeia alimentar. Somente essa. De resto, se é senciente ou não, nada disso importa para a Natureza.
Avatar escreveu:[color=yellow]
Não que isso seja especismo, em absoluto, mas ele atribui elevados estatutos jurídicos aos da sua espécie, enquanto nivela bois e pés de alface.
"Elevado jurídico"...
http://www.saudeanimal.com.br/imagens/teia_alimentar2.jpgAvatar escreveu:Alguém poderia argumentar que é perfeitamente possível viver apenas de frutas e outras partes de vegetais cujo consumo não implique a morte do espécime. Pode ser, mas apenas em pequena escala. Se os atuais seis bilhões de humanos aceitassem privar-se de todo tipo de carne e concordassem em alimentar-se exclusivamente de frutas e grãos, nós provavelmente teríamos de derrubar o que restou das florestas para cultivar pomares. Com as matas, iria também boa parte da biodiversidade remanescente. Não estamos mais falando do desaparecimento de indivíduos isolados, mas de todos os representantes de várias espécies.
É, parece que filosofia moderna não leva ninguém muito longe, não.
Pelo contrário, a fé cega é que não leva. Principalmente a idealista, dogmática, como no caso dos verdinhos.
Avatar escreveu:[color=yellow]
Essa visão é tão lamentavelmente equivocada que eu prefiro nem comentar. Sobre isso, já falamos dezenas de vezes aqui neste fórum.
Vai fugir? Por que não expõe uma refutação para tal "visão lamentavelmente equivocada"? Não é capaz?
Avatar escreveu:A tese do impedimento absoluto é, portanto, uma asneira. O simples fato de que a morte de outros seres vivos é imprescindível à nossa existência já prova que temos o direito de dispor da vida de animais. E não parece haver muita diferença entre matar um boi para fartar-se num delicioso churrasco ou vivisseccionar um roedor para desenvolver uma vacina que poderá salvar a vida de milhões de criancinhas humanas. Se quisermos, o segundo sacrifício foi biologicamente mais "rentável" do que o primeiro.
Ele se arroga o direito de dispor da vida dos animais e fala em asneiras...
Direito concedido pela Natureza das coisas, meu amigo! Se você acha que ele fala asneiras, refute-as!
Avatar escreveu:Não podemos tentar fundar um Direito que inclua todos os seres vivos. Quem mais perto chegou de fazê-lo foi o bioeticista australiano Peter Singer. Para ele, seres vivos vão adquirindo "direitos" à medida que se mostram mais conscientes. Assim, um porco seria mais digno de nossa compaixão do que um mosquito; a solidariedade devida ao chimpanzé arrebataria aquela que prestamos a nossos amigos suínos. O efeito colateral dessa argumentação é que fetos humanos e mesmo doentes mentais teriam menos direitos --uma tese que poucos estão dispostos a comprar. Singer, entretanto, coerentemente, defende o aborto, a eugenia e até o infanticídio em determinados casos. Mais informações sobre o instigante pensamento do filósofo australiano podem ser lidas nas colunas "O troféu são Herodes e as amebas", "Só para confundir..." e "Salvem as baleias".
Fundar um Direito que inclua todos os seres vivos?
O homem não criou a vida; ele não tem capacidade para devolver uma vida que se perdeu; ele não tem capacidade para dar vida aos seus engenhos e criações tecnológicas. Mas se acha no direito de legislar sobre uma vida que não lhe pertence e sobre a qual não tem qualquer poder, além de destruí-la. O arrogante ser humano não precisa fundar um Direito que inclua os demais seres vivos: eles já possuem esse direito. Sempre possuíram e somente a força bruta nos permite ignorá-lo.
Que Direito? Novamente, onde está estabelecido esse Direito? Onde estão fundamentados seus valores? Em Deus? Na Bíblia? Em um sentimento de pena, pessoal?
Avatar escreveu:O fundamento da ética é o reconhecimento do outro como um semelhante e, portanto, titular dos mesmos direitos. E, por razões óbvias, não posso considerar-me igual a meu prato de comida, que é necessariamente um meio para mim.
Falando em arrogância...
O cara reduz um ser senciente a um “prato de comida”, mas questiona a diferença entre animais e vegetais. Para um leão, o autor também é apenas comida. [/quote]
Bem vindo ao mundo real, Neo.
Avatar escreveu:[color=yellow]
Eu poderia, então, atribuir ao leão um status moral e filosófico bem superior ao dele. Aliás, de minha parte, considere-o feito.
Depois fala em arrogância
Falou, homem superior!
Avatar escreveu:Até concordo que devemos evitar os testes desnecessários e aliviar quanto pudermos o sofrimento de animais envolvidos em pesquisas --não porque eles sejam titulares de direitos, mas para preservar nossa própria sensibilidade, a qual, como bem constatou Singer, vem se expandindo ao longo da história para círculos cada vez mais amplos. Nesse contexto, alguma militância é bem-vinda. O dono da indústria de cosméticos não vai adotar uma tecnologia mais cara se não houver nenhuma pressão social para que o faça.
Que grande ser humano. Que exemplo a ser seguido. Devemos evitar o sofrimento aos animais para preservar nossa própria sensibilidade e não porque eles tenham algum direito. A filosofia fez muito por esse cara.
Não, não devemos... Não temos nenhuma obrigação racional para fazer isso.
Avatar escreveu:Os defensores mais entusiasmados da causa animal, entretanto, vão muito além do aceitável, ameaçando até assassinar seres humanos que não pensem como eles. Para ser minimamente coerentes, deveriam dedicar a seus adversários a mesma proteção que pretendem estender a ratos e lesmas: o direito de não sofrer estresse físico e psíquico. Recusam-se, porém, terminantemente a fazê-lo, no que dão mais uma demonstração de quão cruel é a natureza.
Por que? Convença-me que sua vida vale a pena. Engraçado, os defensores dos animais gastam um tempo enorme, e sem muito sucesso, tentando convencer pessoas como o autor desse texto, de que a vida de um animal é importante. Mas devem aceitar sumariamente a importância da vida de assassinos, só porque são humanos.
Só porque são humanos? Especismo, meu caro, especismo! Um leão também valoriza a vida de outro leão, só porque são leões... Sinto muito, mas a vida real é assim. Não acontece como nos desenhos animados...
Avatar escreveu:[color=yellow]
Não apoio que a vida desses assassinos seja ameaçada. Mas que o argumento do filósofo é conveniente, ah!, isso é.
A razão é uma vela acesa na escuridão, mais ou menos assim dizia muito bem Carl Sagan.