Acauan escreveu:
O primeiro ponto a ser esclarecido, mesmo porque nunca é lembrado quando estas questões são discutidas, é que se as mulheres não tinham escolha antigamente quanto às funções que exerciam, os homens também não.
Ou você acha que os homens lavravam a terra com arado de madeira sob sol escaldante mantendo-se vigilante para um iminente ataque dos bárbaros porque tinham desde criancinha vocação para este serviço?
Tanto homens quanto mulheres não escolhiam no que iriam trabalhar. Esta opção só surgiu após séculos de Revolução Industrial ter criado prosperidade suficiente para permitir este luxo.
E as mulheres eram sim incapazes de realizar o trabalho dos homens naquelas condições, por ser extremamente pesado, insalubre, perigoso e frequentemente exigir defesa armada das terras contra um invasor agressivo.
Isto não desmerece as mulheres em nada, é apenas um fato da natureza ao qual não cabe dar outras interpretações.
É obvio que as escolhas eram antes reduzidas para todos. Não sejamos tão básicos.
Obviamente quando comparo homens a mulheres estou a reduzir as variáveis para nos podermos na diferença de género.
Mas nos fins do século XIX já existiam diversas profissões que pura e simplesmente estavam vedadas às mulheres, não pela sua incapacidade, mas simplesmente por serem mulheres.
Não está em causa que um homem daria um melhor guerreiro ou lenhador que uma mulher.
Mas está em causa que um homem seja melhor jornalista, médico ou advogado, simplesmente por ser homem.
Não considero desmerecedoras as diferenças biológicas entre os géneros, mas sim as desvalorizações e a opressão à liberdade individual de escolha.
Acauan escreveu:
E Clara, sinceramente, se há mulheres que apesar de trabalhar fora em condições de igualdade com o marido, ainda assumem toda a carga de trabalho doméstico, o problema está mais nelas que nos maridos.
Ou você também não se sentiria tentada a se jogar no sofá se houvesse alguém sempre disposto a fazer a sua parte na divisão das tarefas?
hum... preguiça disfarçada de ingenuidade...
Se um amigo teu tivesse uma camioneta inteira de lenha para encher, tu sentavas-te ao lado dele num sofá, enquanto ele tratava do assunto?
Será função da mulher educar o marido?
Acauan escreveu:É preciso definir a situação.
A mulher não tem opção quanto ao serviço doméstico por ser mulher ou por ser pobre?
A pobreza reduz as opções de quem quer que seja, independente de gênero.
Nãó é da pobreza que falo, mas da classe social (que implica pobreza mas não só).
Classes sociais mais baixas são geralmente mais conservadoras (pelo menos por estes lados). Aí é comum encontrar mulheres, cujo dinheiro a entrar até dava jeito, mas que por pressão familiar e social não trabalham.
Acauan escreveu:Clara, sua posição é tipicamente feminina, uma vez que é característico nas mulheres o desejo de realizar tudo sempre.
Homens em geral hierarquizam seus objetivos e simplesmente renunciam àqueles que se tornam inviáveis, o que facilita suas escolhas.
É comum na chamada mulher moderna o desejo de ser a melhor profissional, a melhor mãe, ter a casa mais espetacular e ainda ser linda e com um corpo esculpido pela ginástica.
Ou seja, mulheres frequentemente querem coisas que as vinte e quatro horas do dia são insuficientes para lhes proporcionar, de onde vem muito do estresse feminino.
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Acauan, as diferenças reais entre homens e mulheres nõ são certamente tão simplórias como as descritas nas revistinhas femininas nem nas comédias românticas americanas.
A grande maioria das mulheres são tão ou mais pragmáticas que os homens, e sabem bem hierarquizar as suas prioridades.
O cerne da questão está precisamente em que, actualmente, as mulheres têm mais coisas à disposição, e portanto as suas hierarquias prioritárias também estão a mudar, e a dos homens também. Não é aceitável que o homem simplesmente recuse a "prioridade doméstica" sem um consenso sincero (não forçado ou ganho pelo cansaço) com a mulher. As pessoas não devem definir as suas prioridades egoisticamente, pelo menos não em família.
Acauan escreveu:
O problema geralmente não está no que os maridos fazem ou deixam de fazer, mas nas expectativas que as mulheres criam em relação ao seu universo de relacionamentos.
Um situação típica é que um homem que casa com uma mulher que é sabidamente péssima dona de casa certamente o faz porque não faz questão deste quesito.
Já mulheres frequentemente casam com homens que sabem não possuir qualidades que elas consideram indispensáveis porque acreditam que poderão muda-los após o casamento.
É esta uma faceta do poder doméstico ao qual me referi.
Quanto aos valores masculinos, eles existem, são um fato histórico. Negar sua existência é uma moda recente, derivada da ideologia do Politicamente Correto que demoniza o que é autenticamente masculino.
Todas as pessoas criam expectativas. Se é verdade que muitas mulheres tentam mudar os maridos, também é verdade que muitos maridos vivem prometendo que vão mudar.
É injusta a tua generalização de que homens aceitam os "defeitos" das mulheres, porque serão igualmente numerosos os casos de mulheres que aceitam os defeitos dos seus homens.
São também largamente conhecidos os episódios do homem que corteja a mulher e que, uma vez comprometido, exige que ela mude determinados comportamentos e hábitos; como vês, nesta guerra dos sexos, ninguém está inocente.
Mas as turrinhas do dia a dia nada têm que ver com o respeito que se deve ao nosso parceiro, e o dever moral que temos de zelar pela sua realização e felicidade pessoal. Isso implica cedências, partilha de responsabilidades, e um grande espírito de cooperação.
Quanto aos valores masculinos... bem, não existe qualquer prova ou indício científico de que "valores" sejam geneticamente controlados.
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)