Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

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Darkside
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Re: Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

Mensagem por Darkside »

Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?


O espiritismo kardecista é uma ciência com muitas comprovações igualmente científicas de por que é o espiritismo mais evoluido de todos.


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"Temos uma coisa muito mais extraordinária: não só se consegue que uma mesa se mova magnetizando-a, como também que fale. Interrogada, ela responde."

Alan Kardec, Obras Póstumas Pág. 237

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Botanico
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Re: Re.: Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

Mensagem por Botanico »

Apo escreveu:
Raul Seixas Jr escreveu:Obs: O Kardecismo está no espírito do foro, pois não é uma religião: é uma ciência, desenvolvida a partir de observação e experimentação...


Hum....há controvérsias fortes...


Bem, parece que a Dona Apokalipitika desenterrou um tópico-defunto, talvez pensando na reportagem da Galileu de dezembro... Mas tudo bem, já que não dei pitaco antes, fa-lo-ei agora.

O Espiritismo não é lá muito dado a refutar religiões. Isso é coisa que só uma religião dona da verdade pode fazer, uma vez que ela é a verdadeira e as outras serão necessariamente falsas. Já que o Espiritismo não é o dono da verdade, consequentemente não lhe cabe o papel de refutar religiões. Talvez alguns autores espíritas possam escrever livros com críticas a outras religiões pelo fato de deixarem certas questões sem respostas ou com respostas pouco convincentes, mas isso é de foro íntimo de cada um. De per si, eles não têm o abono do Espiritismo.

Uma outra coisa é quando autores, cristãos principalmente (não me lembro de ter visto um único texto escrito por autor muçulmano ou judeu) e cientificistas se dedicam a escrever obras dizendo cobras e lagartos do Espiritismo. Se eles usam do seu direito de ataque, usamos nós do nosso direito de defesa.

Ao lado dos cultos afro-católicos, teosóficos, ocultistas, orientalistas, surgiram mais recentemente os "new age", com seus cristais, pirâmides, cromoterapia, uso comercial da mediunidade, etc e tal, o Espiritismo sofre críticas por não "encampar" essas tendências e se "modernizar". Lamento e respeito os tais críticos, mas não posso concordar com eles. Espiritismo é uma coisa definida, com doutrina definida, com regras-padrão, etc e tal. Se no seu bojo começam a se incluir coisas que nada têm a ver com ele, então deixaria de ser Espiritismo para se tornar um salseiro esotérico.

Já tivemos uma péssima experiência disso. Aliás duas.

A primeira foi logo depois que Kardec bateu com as dez. A direção da Sociedade e Revista Espírita, por ele fundadas, ficou nas mãos do seu gerente, Pierre Gaetan Leymarie. Era uma boa e gentil pessoa, mas sem pulso firme e sem muito rumo. Ele abriu a Revista Espírita a qualquer autor que quisesse mandar algum artigo para ela. Lá então começaram a aparecer textos teosóficos, rustainguistas, orientalistas, esotéricos, espiritualistas, ou seja, a Revista virou um salseiro esotérico e começou a perder suas características de Revista Espírita. Pior ainda foi quando ele permitiu publicar fotos "de espíritos", tiradas por um charlatão e que acabou denunciado. Aí os inimigos dos espíritas tinham agora uma prova de conivência com um crime e Leymarie foi processado e preso, ainda que o julgamento não tenha sido nada justo (o advogado de defesa tinha de peitar o promotor e o juiz; este último só permitia que falassem as testemunhas que comprometessem Leymarie _ se a testemunha falasse a favor, lá vinha a ordem: Sente-se imediatamente = cale-se).
Com isso, o Espiritismo virou sinônimo de safadeza. Apesar de ilustres figuras na França no início do século XX, nos anos 1950 essas figuras já eram e foram substituídas por babacões que quiseram dar ao Espiritismo uma feição mais "científica", ou seja, quiseram fazer dele uma "Parapsicologia paralela", dispensando-se os seus aspectos religiosos e filosóficos. O expoente dessa linha de pensamento foi André Dumas. Como resultado, o Espiritismo praticamente desapareceu na França.

A segunda aconteceu aqui no Brasil. A Federação Espírita Brasileira foi fundada por ex-católicos carolas, que embora não conseguissem mais acreditar nos infalíveis dogmas da Santa Madre Igreja, ainda conservavam consigo certas coisas muito caras à carolice católica. Uma dela era a Mariolatria. Ainda que encontrassem no Espiritismo o que não acharam nos infalíveis dogmas católicos, a falta dessa Nossa Senhora e de seu Filho-Deus eram sapos dendrobratas difíceis demais para eles engolirem. Foi aí então que alguém chegou lá com a obra salvadora: "Os quatro Evangelhos" de J. B. Roustaing". Esse autor, contemporâneo de Kardec, desenterrou a defunta heresia docetista e fez de Jesus um fantasma materializado. Com isso, Maria o teria "gerado" numa gravidez ilusória, com um parto ilusório e, principalmente, em plena virgindade. E, é claro, teria continuado sendo uma esposa absolutamente casta, não trepando nem com o próprio marido. Maravilha! Agora sim os febeanos tinha a sua Nossa Senhora de volta. Com isso, não ligaram a mínima para as grandes bobagens que Roustaing disse, em total oposição à doutrina espírita. O presidente da FEB, Guillon Ribeiro, traduziu essa obra indigesta e repetitiva e a FEB cuidou de divulgá-la. Devido ao fato de ser muito massuda, outros febeanos escreveram obras rustainguistas menores, que resumiam o pensamento de Roustaing. A FEB, por volta dos anos 1950 até tentou se aproximar da Umbanda, querendo dizer que também seria Espiritismo, mas em vista da reação negativa, tirou o time de campo.

A questão Espiritismo x Kardecismo também entrou na baila. A FEB defendia que o termo correto seria Espiritismo, pois Kardec não se declarou autor da doutrina, dizendo ser ela DOS ESPÍRITOS e não dele. Daí então falar em Kardecismo seria uma impropriedade. Sou obrigado a concordar, mas faço a ressalva de que o motivo desta defesa do termo pela FEB não era nada louvável: falar em Kardecismo seria focar a obra deixada por Kardec, ao passo que o Espiritismo febeano incluía obrigatoriamente as obras de Roustaing.

Então que nos perdoem os orientalistas, ramatisianos, new-ages & Cia Bela: o Espiritismo não tem a menor intenção de incluí-los no nosso meio. Vocês têm suas doutrinas próprias, suas identidades próprias, então contentem-se com elas. Se por acaso a luz própria delas é muito fraca e assim querem se apropriar da do Espiritismo para fazê-las decolar, então isso é problema vosso. O Espiritismo não tem nada com isso.
Editado pela última vez por Botanico em 29 Jan 2009, 09:33, em um total de 2 vezes.

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Johnny
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Re: Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

Mensagem por Johnny »

Botânico....esse vai para minha coleção. Perfeita colocação em todos os pontos... :emoticon45:
"Tentar provar a existencia de deus com a biblia, é a mesma coisa q tentar provar a existencia de orcs usando o livro senhor dos aneis."

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Fenrir
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Re: Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

Mensagem por Fenrir »


Argumentos fundam-se na lógica (vide: Introdução à Lógica - Irving Copi ).

A Fé funda-se na vontade do indivíduo, é individual, subjetiva e pode dar assentimento a algo independentemente deste algo ser logicamente possível ou não, de existir ou não, de ser comprovado ou não, de ser passível ser analisado pela mente humana ou não.

Assim sendo...
Nunca ocorreu a nenhum de vocês o quão estranho é construir e usar de argumentação e denunciar falácias (em ambos se usa a lógica) para defender algo (fé em uma doutrina) que não se funda, de maneira nenhuma, na lógica???

A mim parece que num embate "Fé X" versus "Fé Y" só tem um resultado possível: zero a zero, logo perda de tempo.
Agora, vão dizer que neste tópico não há artigos de fé... discordo 100% disto.
"Man is the measure of all gods"
(Fenrígoras, o sofista pós-socrático)

"The things are what they are and are not what they are not"
(Fenrígoras, o sofista pós-socrático)

"As mentes mentem"
(Fenrir, o mentiroso)

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Apo
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Re: Re.: Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

Mensagem por Apo »

Botanico escreveu:
Apo escreveu:
Raul Seixas Jr escreveu:Obs: O Kardecismo está no espírito do foro, pois não é uma religião: é uma ciência, desenvolvida a partir de observação e experimentação...


Hum....há controvérsias fortes...


Bem, parece que a Dona Apokalipitika desenterrou um tópico-defunto, talvez pensando na reportagem da Galileu de dezembro... Mas tudo bem, já que não dei pitaco antes, fa-lo-ei agora.

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EU desenterrei meu filho? Tá maluco? Não fui eu não. Que Galileu de Dezembro, nada...coisa mais tosca.
A imaginação faz cada coisa...
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Apo
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Re: Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

Mensagem por Apo »

Fenrir escreveu:
Argumentos fundam-se na lógica (vide: Introdução à Lógica - Irving Copi ).

A Fé funda-se na vontade do indivíduo, é individual, subjetiva e pode dar assentimento a algo independentemente deste algo ser logicamente possível ou não, de existir ou não, de ser comprovado ou não, de ser passível ser analisado pela mente humana ou não.

Assim sendo...
Nunca ocorreu a nenhum de vocês o quão estranho é construir e usar de argumentação e denunciar falácias (em ambos se usa a lógica) para defender algo (fé em uma doutrina) que não se funda, de maneira nenhuma, na lógica???

A mim parece que num embate "Fé X" versus "Fé Y" só tem um resultado possível: zero a zero, logo perda de tempo.
Agora, vão dizer que neste tópico não há artigos de fé... discordo 100% disto.


Ocorre, sim. Só que o estranho é ver como os crentes se esforçam para fazer comprovações, através de testemunhos, documentos, casos, argumentos e tentativa de se aproximar da Ciência, a fim de provar ao mundo que não é apenas Fé, É A VERDADE!
Mas ao mesmo tempo falam em fé, como se a fé por si só fosse credo e verdade ao mesmo tempo.
É como a palavra DOUTRINA. Se é doutrina, é doutrina, não verdade.

A crença é cheia de antagomismos e o crente não vê.
Às vezes acho que deveriam fazer um estudo muito bem documentado ( se já houver condições científicas para isto ) para termos certeza de quese trata ou não de modelo mental, neuroquímica...enfim...um jeito diferente que faz o crente abstrair a questão de que está falando de acreditar ( o que se situa dentro do cérebro) e não do que existe de fato.

O que EU penso é que TUDO é possível dentro do cérebro humano. DENTRO, não fora. O resto jamais saberemos, basta que a gente não estivesse presente. O nascimento e a morte são a prova: ninguém nasce sabendo de onde veio e ninguém volta para contar a onde foi.
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Fenrir
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Re: Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

Mensagem por Fenrir »


Isto sem contar que a maior parte das crenças tem um caso de amor e ódio com a ciência (e tambem lógica, filosofia, racionalidade, bom-senso e outras coisas bem mais credíveis e/ou razoáveis).

Não é por acaso que quando querem dar credibilidade a suas crenças, tentam se aproximar ao máximo da ciência, dos cientistas & cia limitada (chegam a se denominar ciência - ciência sem método cientifico! ou se denominam filosofia - filosofia fundamentada por dogmas!).
Por um outro lado, quando a ciência ou os cientistas os desmentem, partem logo para o ataque desqualificando-os.

É isto, amor e ódio a um só tempo. Coisa para psicólogos analisarem.
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Apo
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Re: Como kardecistas refutam espiritismo não-kardecista?

Mensagem por Apo »

Fenrir escreveu:
Isto sem contar que a maior parte das crenças tem um caso de amor e ódio com a ciência (e tambem lógica, filosofia, racionalidade, bom-senso e outras coisas bem mais credíveis e/ou razoáveis).

Não é por acaso que quando querem dar credibilidade a suas crenças, tentam se aproximar ao máximo da ciência, dos cientistas & cia limitada (chegam a se denominar ciência - ciência sem método cientifico! ou se denominam filosofia - filosofia fundamentada por dogmas!).
Por um outro lado, quando a ciência ou os cientistas os desmentem, partem logo para o ataque desqualificando-os.

É isto, amor e ódio a um só tempo. Coisa para psicólogos analisarem.



Sim e pior: este amor e ódio os faz se sentirem vítimas de perseguição onde existe ( por motivos que não são religiosos, mas porque eles ultrapassam a linha amarela do respeito à liberdade de pensamento e não-crença dos demais) e onde não há ( quando sofrem de paranóia por antecipação, apenas porque outros não os dão a mínima atenção - que a carência deles exige como comprovação de que encontraram um caminho obrigatoriamente percorrível, já que óbvio).

Religiosos precisam chamar a atenção para si. Os que não estão afiliados, coperativados, associados, chamam atenção de seus Deus provedor, através dos delírios da penitência, do retiro, da privação. E chamam isto de busca. Só que ela não cessa em direção à vida cotidiana ( como fazem os neuróticos, tidos como normais). Ela continua sempre e sempre, como se a vida fosse um pedaço do caminho a percorrer dentro de normas rígidas, das quais quem escapa, é um perdido.

Deus não dá a menor pelota para tudo isto. Mas eles acreditam que sim. Que o diga o padre dos balões.
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Trancado