Acauan escreveu: clara campos escreveu:Mais uma imprecisão.
O sexo não determina os valores de uma pessoa, mas sim a sua educação e experiência de vida.
A tradição de serem homens a buscarem poder político nada tem que ver com predisposições de sexo, mas sim culturais. Remetida à esfera doméstica, a mulher lá procuraria formas de se satisfazer.
Acauan escreveu:
É claro que os papéis de gênero não são exclusivamente determinados pelo sexo, isto em nenhum momento foi aventado por mim, assim como não são exclusivamente determinado pela cultura, o que não foi aventado por você.
O importante é que parecemos estar de acordo quanto ao erro das ideologias que querem suprimir a relevância das aptidões diferenciadas de homens e mulheres e reduzir tudo a uma questão cultural, sem que demonstrem o mecanismo segundo o qual culturas diferentes chegam ao mesmo efeito.
Esta mescla de influências existe sempre e pode ser aplicada também ao seu exemplo da medicina, sendo que também no Brasil as mulheres são hoje maioria entre os estudantes da área.
É interessante notar que as mulheres preferem determinadas especializações médicas que outras, sendo que há mais mulheres oftalmologistas do que ortopedistas, por exemplo.
Por outro lado, o custo da formação de um médico sempre foi elevado, mesmo para famílias medianamente abastadas, o que justificaria o fato de só se bancar tal investimento em um filho na certeza de que ele se dedicaria integralmente à carreira, coisa difícil para a mulher em épocas em que a divisão de funções exigia sua presença em casa.
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Sim, estamos de acordo neste ponto.
Excepto que tu pareces acreditar que a política é um campo em que os homens, por serem homens, se sentem naturalmente mais à vontade e eu, neste campo em particular, discordo.
Muitas das características tipicamente femininas sugerem que mulheres são potencialmente boas decisórias políticas.
Acauan escreveu:
Clara, precisamos ser básicos sim quando lidamos com uma realidade na qual as coisas básicas são frequentemente deturpadas ou esquecidas.
É preciso lembrar que antigamente os homens não tinham muito mais opção que as mulheres quanto a escolha de suas ocupações porque o feminismo criou o mito da sociedade patriarcal opressora, na qual o homem tinha todas as vantagens e as mulheres todas as desvantagens. Este mito de tão repetido virou verdade para muitos, mas nunca foi real.
No passado a vida era extremamente opressiva tanto para homens quanto para mulheres, sendo que a distribuição de tarefas trazia vantagens e desvantagens equilibradas para os dois gêneros e, principalmente, se constituía na melhor garantia da integridade e continuidade da família e da sociedade dentro dos recursos de então.
Dito isto, bastou que uma nova realidade econômica fosse constituída, quando a divisão rígidas de tarefas não era mais indispensável, para que as mulheres em algumas décadas ocupassem praticamente todos os postos antes exclusivos dos homens.
Você fala que no fim do século XIX muitas profissões eram vetadas às mulheres. A verdade é que as pessoas não estavam acostumadas a se consultar com uma médica ou uma advogada, pois não fazia parte dos costumes da época. Estes costumes estabelecidos ao longo de milênios não poderiam ser quebrados de um dia para o outro, mas se o problema fosse simplesmente a discriminação da mulher tal segregação ainda existiria, o que obviamente não é o caso.
Velho índio... não estás propriamente a falar com uma feminista maluca que acha que os homens são naturalmente opressores e que, pobrezinhas das mulheres, são vítimas milenares...
Estou bem consciente das limitrações a qualquer pessoa em séculos passados, mas, como disse, estou também bem consciente da desigualdade gritante entre sexos, ora priveligiando os homens, ora as mulheres.
Mas o teu discurso é excessivamente redutor, e parece esquecer que existiam profissões, escolas e direitos legalmente proibidos a mulheres. Na Idade Média apenas uma percentagem ínfima da população tinha acesso a universidades, mas, mesmo dentro desso universo priveligiado, apenas homens podiam concorrer.
Na Grécia, é certo que a cidadania era apenas cedida aos livres e naturais da cidade, desde que fossem homens. Nenhuma mulher aí teve jamais o "privilégio" de ser cidadã.
No princípio do século XX, as mulheres simplesmente não podiam votar, quanto mais aceder a um cargo político, caso quisessem ou pudessem.
Em muitos países as heranças traçam-se pela linha linha masculina, e o poder era interdito a mulheres (legalmente), facto que ainda hoje ocorre em vários países. No Japão, por exemplo, uma mulher não pode ser imperador.
É inegável que em diversas culturas mulheres tinham possibilidades e vontade de fazer determinadas coisas, que lhes estavam interditas pelo simples facto de serem mulheres.
Não digo que não exista ou tenha existido opressão social aos homens, aind hoje, como referi, um homem que deseje ser doméstico será certamente alvo de chacota, contudo, penso que nunca existiu uma lei que proibisse tal coisa.
Homens nunca foram proibidos de exercer qualquer profissão, apenas por serem homens. Nunca foram proibidos de votar, somente por serem homens.
Apesar de tudo, se defendo que as mulheres lutem pelos seus direitos (e tenho plena cosciência de que a maioria não o faz, porque não quer ou não sabe como), certamente defendo também que homens lutem pelos seus. Por exemplo, por licenças de paternidade ou por direitos iguais no que toca a custódia dos filhos em caso de divórcio ou separação.
Não sou nem nunca serei uma feminista, como já várias vezes afirmei, e não sou cega às injustiças cometids contra homens. Não posso é aceitar o discurso de "opressão feminina pelo masculino nunca existiu", apenas porque existiram e existem exageros e deturpações.
Quanto à tua assertiva
Estes costumes estabelecidos ao longo de milênios não poderiam ser quebrados de um dia para o outro, mas se o problema fosse simplesmente a discriminação da mulher tal segregação ainda existiria, o que obviamente não é o caso, devo dizer que discordo.
Processos de adaptação social são geralmente longos e raramente equilbrados. A igualdade e não discriminação pode ter sido alcançada em alguns sectores, mas não em todos, por diversas razões que admito não compreender totalmente.
Mas Acauan, não é de todo verdade que a desigualdade e discriminação sexual não existe. É verdade que é mais forte nuns sítios que noutros, e mesmo que em alguns é até já coisa do passado, mas na globalidade a discriminação persiste e é real e bem pesada.
Talvez no Brasil a realidade seja outra, mas em Portugal existem empregadores que fazem triagem de mulheres, evitando as mulheres que pretendem ter filhos. Mulheres com filhos pequenos são também preteridas (ainda que com igualmente bons currículos) e mulheres e homens com exactamente as mesmas funções recebem salários distintos.
Acauan escreveu:
Não é função da mulher educar o marido, mas cabe perguntar porque tantas praticam o padrão de comportamento que citei.
Culpar os maridos não é a resposta, dado que em geral eles não as obrigam a assumir tal atitude, da qual poderiam safar-se apenas se recusando a agir assim.
Por que o fazem então?
E como pretendes tu que uma mulher obrigue um homem a cumprir as suas funções, batendo-lhe? Gritando? Chorando? Implorando? Fazendo chantagem emocional? Recusando sexo durante dois meses?
Uma casa, se é de dois, deve ser mantida pelos dois. Não é função da mulher obrigar o marido a fazer o que quer que seja. Ele é que deve ser responsável e perceber que tem que cumprir as suas funções, tal como a maioria das mulheres faz!
Acauan escreveu:O que significa pressão familiar e social?
Há de fato represálias contra a mulher pobre que resolve trabalhar ou estas preferem aderir ao padrão comportamental existente porque também se identificam com ele?
No primeiro caso, a mulher sujeita a tais pressões poderia acionar os responsáveis na justiça, dado que estariam cerceando sua liberdade individual.
No segundo caso ela está apenas exercitando esta liberdade individual.
No segundo caso tens toda a razão.
No primeiro caso é fácil falar. Accionar a justiça como? Com que dinheiro? Com que conhecimentos? Com que ajuda?
A mulher que leva porrada do marido tem culpa? Muitas nada dizem por medo, vergonha, ignorância.
Muitas mulheres, proibidas pelos maridos de trabalhar, não sabem simplesmente como contornar a questão. Não porque ela seja incontornável para nós, que temos a educação e pensamento que temos, mas porque, para a realidade delas, a questão é realmente incontornável, ou afigura-se-lhes como tal. Nós só temos as opções que sabemos que temos...
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Acauan escreveu:As mulheres são pragmáticas nas ações, mas nem sempre nas emoções. Podem hierarquizar prioridades e cortar as inviáveis mas frequentemente se sentem culpadas quando fazem isto.
Homem nenhum fica preocupado porque deixou de cortar o cabelo para preparar uma apresentação profissional, mas é comum ver mulheres desesperadas por terem que escolher entre um trabalho urgente e a depilação.
Certamente nestes casos elas escolherão o trabalho, mas passarão o dia contando as horas para cumprir o que deixaram de fazer e se sentindo um gorila enquanto não o fazem.
As mulheres do fórum que possam dizer que isto é mentira, que atirem a primeira pedra.
é comum ver mulheres desesperadas por terem que escolher entre um trabalho urgente e a depilaçãodevo dizer que não conheço nenhuma mulher assim... ela talvez ficasse desesperada entre uma escolha apresenta profissional/festinha da escola do filho...
Sei que é comum considerar que mulheres são mais fúteis que os homens, mas o teu exemplo é uma caricatura sem qualquer validade geral.
Põe os olhos numa turma universitária e verás que a grande maioria dsa mulheres são execelentes gestoras do seu tempo, gerindo eficientemente tempo para relações sociais, estudo/trabalho e ainda algumas actividades extra.
A conhecida instabilidade emocional de algumas mulheres, e propenão para o exagero ou choro,é perfeitamente equiparável à instabilidade masculina perante uma boca mal entendida num bar, um picanço na autoestrada de carro, ou a uma ofensa à sua virilidade.
A sã e racional estabilidade dos machos é um mito construído por uma cultura que confere diferentes valores a diferentes manifestações dos mesmos desiquilíbrios emocionais.
Acauan escreveu:Minha generalização não é injusta, mesmo porque não disse que os homens aceitam os defeitos da mulheres e sim que as mulheres tendem mais a considerar suas expectativas de mudanças no companheiro como um projeto de vida, coisa que homem nenhum faz.
De resto, concordo com você.