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Arqueólogos descobrem registro de recordes antigos

Enviado: 05 Mar 2007, 11:05
por O ENCOSTO
Arqueólogos descobrem registro de recordes antigos
Matthias Schulz
Do Spiegel


Não havia um livro Guinness dos recordes para acompanhar o que acontecia no passado, mas os gregos e romanos antigos eram fascinados com estabelecer e quebrar recordes. Agora, dois arqueólogos suecos compilaram uma seleção.
Não muito depois do nascimento de Cristo, quando começou o período de maior depravação na história romana, a mulher do imperador Cláudio ¿Messalina, 34 anos mais nova do que ele - conquistou fama ao desafiar a mais conhecida prostituta da cidade para uma maratona sexual.

A imperatriz licenciosa queria determinar qual duas agüentaria mais tempo fazendo sexo. Messalina venceu, ao se manter em ação por 25 "rodadas". Os detalhes sobre a competição erótica podem ser encontrados em "Book of Ancient Records" livro de recordes da antiguidade, compilado por Allan e Cecilia Klynne e publicado na Alemanha pela editora C. H. Beck. Quanto pesava o caramujo mais gordo? Qual foi o preço do escravo mais caro? Os arqueólogos sueco e Cecilia e Allan Klynne respondem a essas perguntas, e sem "comentários acadêmicos ou extensas notas de pé de página".

Os cientistas vasculharam centenas de textos antigos em sua busca de superlativos, e eis alguns dos resultados: o homem mais alto do mundo antigo media 2,88 m, enquanto o mais baixo, com altura de 60 cm, mal tinha altura igual a de uma mesinha de cabeceira. Outra revelação do livro: o naturalista Plínio conta o caso de feijões preservados em conserva e guardados no porão de uma casa que retiveram seu sabor por 220 anos.

"Realizações extremas e fenômenos bizarros sempre fascinaram a humanidade", afirma o trabalho dos Klynne. Os gregos antigos também preservavam o histórico das grandes realizações no campo dos esportes, natureza e anatomia, de acordo com o livro. O mais resistente dos corredores certo dia percorreu 238 km em um dia. Um soldado do exército de Alexandre Magno bebeu 13,5 litros de vinho em uma competição para determinar quem bebia mais ¿e caiu morto imediatamente depois.

A Grécia antiga também costumava catalogar os vícios e as virtudes. Os maiores bajuladores da era aparentemente eram os cortesãos do reio Dionísio 1°, de Siracusa. Para fazer com que o tirano, quase cego, não se sentisse cônscio de sua deficiência visual, eles passavam o tempo esbarrando uns nos outros e nos objetos sobre a mesa. Quando Dionísio babava, eles lambiam a saliva de suas roupas.

Nos dias iniciais do império romano, o apetite pelo que quer que fosse mais rápido, maior e mais ousado se tornou a atitude dominante da civilização. O império passava seu tempo obcecado pela idéia de superação competitiva. Os imperadores adquiriram a mais pesada pedra de âmbar (4 kg) e permitiram que o consumo per capita de água da capital atingisse os 1,1 mil litros. A atriz Galeria Copiola continuava aparecendo no palco aos 104 anos. Mas ela tinha uma vantagem injusta sobre os demais atores envelhecidos: sua especialidade era a mímica.

Já que os senadores, que formavam a nobreza, cambaleavam de festa em festa naquela era, novos assuntos de conversação banal eram necessários constantemente, o que levava os estudiosos do império a compilar listas de fatos espantosos. O estilo literário resultante era conhecido como "mirabilia" (coisas maravilhosas).

As antologias eram uma fonte de dicas úteis para os fanfarrões vestidos em togas que desejavam seduzir as mulheres nas tavernas. Continham informações sobre "os seios mais bonitos" e sobre uma catapulta cujo alcance era de 720 metros. O imperador Augusto comprou um pássaro que repetia "Ave, César", e pagou o preço recorde de 20 mil sestércios (equivalente a 120 mil euros atuais).

Quando inseridas de maneira elegante em uma conversa, essas informações sempre funcionavam. Por isso, os autores dos mirabilia estavam sempre atualizando os catálogos de excentricidades. Plínio compilou uma lista das doenças mais dolorosas: as pedras de rim receberam dele o primeiro posto, seguidas por úlceras estomacais e enxaquecas.

Os romanos não hesitavam nem quando os recordes eram obscenos. O sodomita mais limpo era um pastor do sul da Itália que, aparentemente, fazia seu bode favorito gargarejar com água de rosas devido ao mau hálito. Os arquitetos também se inclinavam a excessos, naquela era. Construíram um aqueduto de 48 metros de altura perto de Nimes, em território hoje pertencente à França. A maior pista de corrida para cavalos tinha espaço para 250 mil espectadores.

A casa de Nero na colina Palatina, a localização mais nobre de Roma, tinha paredes revestidas de ouro e era considerada como o mais dispendioso palácio de todos os tempos. Uma linha de pilares com 1,5 mil metros de extensão ocupava o plano frontal da principal construção. Canos instalados sob o teto das salas de jantar aspergiam colônias e perfumes sobre os convidados.


Mas a nobreza romana ávida por fofocas só sentia desdém pelos habitantes das regiões limítrofes do império. Os germânicos eram considerados o povo mais primitivo do mundo, e o geógrafo Estrabão (63 AC-23 DC) atribuía os mais excêntricos hábitos de higiene aos nativos da Espanha, que costumavam armazenar urina em cisternas e se banhar nelas.

Mas é duvidoso que esses registros negativos correspondessem sempre à realidade. Não havia cronômetros ou fiscais, na época. Os editores do livro dos recordes da antiguidade, Allan e Cecilia Klynne, têm suas dúvidas sobre Marcus Aponius, que supostamente viveu até os 140 anos, e também sentem certo ceticismo quanto a pessoas deficientes em grau extremo que não conseguiam andar a despeito de terem pernas. O motivo para isso? Seus pés eram voltados para trás.

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