Igreja em risco de cisão por causa da homossexualidade
Enviado: 05 Mar 2007, 11:07
O líder espiritual dos anglicanos apelou hoje aos bispos para serem humildes perante Deus porque o debate violento sobre a homossexualidade poderá provocar uma cisão naquela comunidade cristã
Líderes anglicanos de todo o mundo reunidos na Tanzânia, numa conferência à porta fechada que termina segunda-feira, participaram hoje numa missa na Catedral de Zanzibar, uma ilha autónoma e predominantemente muçulmana.
«Há uma coisa que um bispo deve dizer a outro bispo: que é um grande pecador e que Deus é um grande salvador» , declarou o arcebispo de Cantuária, Rowan Williams, perante uma assembleia que encheu a catedral, deixando algumas dezenas de crentes fora do templo.
Presentemente, a comunidade religiosa anglicana, que representa 77 milhões de fiéis, debate-se com a polémica da ordenação de padres homossexuais e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Em 2003, quando o episcopado anglicano norte-americano consagrou o seu primeiro bispo assumidamente homossexual, a comunidade mundial dividiu-se perante o caso.
No ano passado, a polémica reacendeu-se com a sagração do bispo Katharine Jefferts Schori, primeira mulher que se tornou líder de uma igreja anglicana nos Estados Unidos.
Na sexta-feira, no encontro mundial, um grupo de sete arcebispos anglicanos conservadores, liderados pelo nigeriano Peter Akinola, recusou-se a comungar numa missa onde Katharine Jeffers Schori estava presente, como protesto pelas suas posições em defesa dos gays.
Em África vive metade da comunidade mundial anglicana, dominada pela ala conservadora, e há receios de que os fiéis se convertam a outras religiões devido a estas posições liberais.
Com 900 milhões de pessoas, o continente africano reúne cerca de 400 milhões de cristãos e islâmicos, sendo que os restantes habitantes professam religiões animistas.
Os defensores da ordenação de padres homossexuais consideram que a justiça social inscrita na Bíblia deve ser preponderante relativamente à posição sobre a sexualidade, contudo, muitos estados fora dos EUA acreditam que é pecaminoso.
Lusa / SOL