Petrobras é referência
Enviado: 13 Mar 2007, 16:36
Forbes
Petrobras é referência
Consultoria espanhola aponta a empresa brasileira como a segunda mais sustentável no mundo
Por Aluisio Alves
O Brasil já tem história para contar em matéria de transparência, ética e respeito ao meio ambiente. E justamente no setor de petróleo e gás, pródigo em desastres ecológicos, desrespeito a direitos trabalhistas e falta de transparência na divulgação de informações. Um levantamento recente elaborado pela consultoria espanhola Management & Excellence (M&E), especializada em ratings de ética, apontou a Petrobras como a segunda companhia mais sustentável do mundo nessa indústria.
Entre os destaques da companhia, o estudo elencou o registro de queda consistente na emissão de poluentes e em vazamentos de óleo, o menor consumo de energia e um sofisticado e transparente sistema de atendimento a fornecedores.Por pouco, a brasileira não ficou em primeiro. Numa escala que vai de zero a cem,alcançou média 89,64, menos de meio ponto atrás da Shell.Pela quarta vez consecutiva, a anglo- holandesa foi a mais bem colocada, com nota 90,16. No entanto, a Petrobras bateu de longe outras gigantes do setor, como a francesa Total Fina, a espanhola Repsol YPF, a britânica British Petroleum, a russa Lukoil e a Conoco Philips, dos EUA.
Isso não é tudo.A petroleira verdee- amarela vem galgando posições na comparação com suas concorrentes estrangeiras à medida que o estudo da M&E, que já está no quarto ano, aumenta o rigor."Foi a companhia do setor que mais evoluiu nos últimos três anos", diz William Cox, diretor da M&E e coordenador do levantamento.
O levantamento utilizou 386 indicadores para medir o desempenho das empresas nos quesitos ética, responsabilidade socioambiental, transparência, governança corporativa e sustentabilidade.O número de métricas quase triplicou em apenas um ano. Foram utilizados como critérios a obediência a padrões internacionais, como os da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as Metas do Milênio e o Global Compact, ambos da ONU, a presença no Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e a apresentação de relatórios sóocioambientais segundo as orientações do Global Reporting Initiative (GRI). Isso levou colossos como as americanas ExxonMobil e Chevron a pedirem para deixar de aparecer no estudo, com receio de aparecer numa posição muito atrás no ranking.
Segundo Cox, o resultado pode ser considerado uma surpresa para muita gente bamba do setor, já que para muitos persiste a idéia de que a Petrobras é uma empresa suja. Segundo ele, uma das explicações para o bom desempenho da brasileira foi a entrada, em 2006, no DJSI da Bolsa de Nova York, um dos mais respeitados índices do mundo sobre boas práticas socioambientais. Além da Petrobras, apenas outras quatro companhias compõem esse portfólio: Aracruz, Bradesco, Itaú e Cemig. Também pesaram na avaliação os resultados obtidos com a ampliação dos investimentos em meio ambiente feitos pela empresa. Entre eles estão a consistente redução do consumo de energia e de emissão de gases poluentes.
Petrobras se destacou pelo alto índice de reposição de reservas e a tecnologia para extração em águas profundas
Além disso, o número de casos de vazamento de óleo caiu de 2,6 mil para 269 entre 2001 e 2005."É uma evolução impressionante", diz Cox.A nota só não foi melhor nesse particular devido à ausência de políticas para maior participação de minorias no quadro de funcionários.
Em sustentabilidade, item em que apareceu em primeiro no ranking, a Petrobras se destacou com o alto índice de reposição de reservas e a posse de tecnologia de ponta na extração em águas profundas. Em transparência, o ponto alto foi o sistema on-line de compras, em que os fornecedores são obrigados a preencher uma série de requisitos para poder participar da concorrência. "É um dos mais transparentes e sofisticados do mundo", diz o estudo.
A despeito do progresso acelerado, a Petrobras também foi alvo de críticas. Em ética, por exemplo, a companhia foi censurada pela ausência de um monitoramento externo do código de conduta de seus funcionários. Em governança corporativa, categoria em que teve a pior performance, o levantamento apontou a ausência de um comitê de ética no Conselho de Administração. Confrontada com suas concorrentes no exterior, a Petrobras também perdeu pontos por ter parte do capital distribuído em ações preferenciais, o que tira de seus detentores o tag along e o direito a voto.
Para o gerente executivo de relações com investidores da Petrobras, Raul Campos, no entanto, o estudo mostra a transformação produzida na companhia a partir do ano 2000. "Até então, éramos conhecidos como uma verdadeira caixa-preta", diz. A transformação
ainda não acabou. Coincidentemente, o estudo da M&E veio no mesmo dia em que se noticiou que a companhia está para iniciar a construção de uma usina de biodiesel em Quixadá, a cerca de 160 quilômetros de Fortaleza, num investimento aproximado de R$ 76 milhões. Além disso, a companhia anunciou que está se preparando para listar suas ações dentro de um dos níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa, que exigem de suas integrantes mais transparência na divulgação de informações e direitos adicionais aos acionistas minoritários. Não por acaso, a Petrobras foi uma das raridades na carteira de grandes fundos de investimentos com orientação socioambiental, como as do ABN Amro, da Deixa Asset e da F&C Asset.
Petrobras é referência
Consultoria espanhola aponta a empresa brasileira como a segunda mais sustentável no mundo
Por Aluisio Alves
O Brasil já tem história para contar em matéria de transparência, ética e respeito ao meio ambiente. E justamente no setor de petróleo e gás, pródigo em desastres ecológicos, desrespeito a direitos trabalhistas e falta de transparência na divulgação de informações. Um levantamento recente elaborado pela consultoria espanhola Management & Excellence (M&E), especializada em ratings de ética, apontou a Petrobras como a segunda companhia mais sustentável do mundo nessa indústria.
Entre os destaques da companhia, o estudo elencou o registro de queda consistente na emissão de poluentes e em vazamentos de óleo, o menor consumo de energia e um sofisticado e transparente sistema de atendimento a fornecedores.Por pouco, a brasileira não ficou em primeiro. Numa escala que vai de zero a cem,alcançou média 89,64, menos de meio ponto atrás da Shell.Pela quarta vez consecutiva, a anglo- holandesa foi a mais bem colocada, com nota 90,16. No entanto, a Petrobras bateu de longe outras gigantes do setor, como a francesa Total Fina, a espanhola Repsol YPF, a britânica British Petroleum, a russa Lukoil e a Conoco Philips, dos EUA.
Isso não é tudo.A petroleira verdee- amarela vem galgando posições na comparação com suas concorrentes estrangeiras à medida que o estudo da M&E, que já está no quarto ano, aumenta o rigor."Foi a companhia do setor que mais evoluiu nos últimos três anos", diz William Cox, diretor da M&E e coordenador do levantamento.
O levantamento utilizou 386 indicadores para medir o desempenho das empresas nos quesitos ética, responsabilidade socioambiental, transparência, governança corporativa e sustentabilidade.O número de métricas quase triplicou em apenas um ano. Foram utilizados como critérios a obediência a padrões internacionais, como os da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as Metas do Milênio e o Global Compact, ambos da ONU, a presença no Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e a apresentação de relatórios sóocioambientais segundo as orientações do Global Reporting Initiative (GRI). Isso levou colossos como as americanas ExxonMobil e Chevron a pedirem para deixar de aparecer no estudo, com receio de aparecer numa posição muito atrás no ranking.
Segundo Cox, o resultado pode ser considerado uma surpresa para muita gente bamba do setor, já que para muitos persiste a idéia de que a Petrobras é uma empresa suja. Segundo ele, uma das explicações para o bom desempenho da brasileira foi a entrada, em 2006, no DJSI da Bolsa de Nova York, um dos mais respeitados índices do mundo sobre boas práticas socioambientais. Além da Petrobras, apenas outras quatro companhias compõem esse portfólio: Aracruz, Bradesco, Itaú e Cemig. Também pesaram na avaliação os resultados obtidos com a ampliação dos investimentos em meio ambiente feitos pela empresa. Entre eles estão a consistente redução do consumo de energia e de emissão de gases poluentes.
Petrobras se destacou pelo alto índice de reposição de reservas e a tecnologia para extração em águas profundas
Além disso, o número de casos de vazamento de óleo caiu de 2,6 mil para 269 entre 2001 e 2005."É uma evolução impressionante", diz Cox.A nota só não foi melhor nesse particular devido à ausência de políticas para maior participação de minorias no quadro de funcionários.
Em sustentabilidade, item em que apareceu em primeiro no ranking, a Petrobras se destacou com o alto índice de reposição de reservas e a posse de tecnologia de ponta na extração em águas profundas. Em transparência, o ponto alto foi o sistema on-line de compras, em que os fornecedores são obrigados a preencher uma série de requisitos para poder participar da concorrência. "É um dos mais transparentes e sofisticados do mundo", diz o estudo.
A despeito do progresso acelerado, a Petrobras também foi alvo de críticas. Em ética, por exemplo, a companhia foi censurada pela ausência de um monitoramento externo do código de conduta de seus funcionários. Em governança corporativa, categoria em que teve a pior performance, o levantamento apontou a ausência de um comitê de ética no Conselho de Administração. Confrontada com suas concorrentes no exterior, a Petrobras também perdeu pontos por ter parte do capital distribuído em ações preferenciais, o que tira de seus detentores o tag along e o direito a voto.
Para o gerente executivo de relações com investidores da Petrobras, Raul Campos, no entanto, o estudo mostra a transformação produzida na companhia a partir do ano 2000. "Até então, éramos conhecidos como uma verdadeira caixa-preta", diz. A transformação
ainda não acabou. Coincidentemente, o estudo da M&E veio no mesmo dia em que se noticiou que a companhia está para iniciar a construção de uma usina de biodiesel em Quixadá, a cerca de 160 quilômetros de Fortaleza, num investimento aproximado de R$ 76 milhões. Além disso, a companhia anunciou que está se preparando para listar suas ações dentro de um dos níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa, que exigem de suas integrantes mais transparência na divulgação de informações e direitos adicionais aos acionistas minoritários. Não por acaso, a Petrobras foi uma das raridades na carteira de grandes fundos de investimentos com orientação socioambiental, como as do ABN Amro, da Deixa Asset e da F&C Asset.