Os Ateus e o Mal
Enviado: 21 Mar 2007, 14:02
Os Ateus e o Mal
Postado originalmente em 8/11/2004 15:17:00
por Acauan
Religiosos costumam associar os ateus com o mal.
Talvez nem todos manifestem explicitamente seu ódio contra ateus como o cônego José Luiz Villac na citação acima, mas a idéia de que descrentes sejam visceralmente ruins deve habitar a cabeça de muitos crentes, quem sabe, a maioria.
Não vale a pena discutir a atitude do religioso citado, que, com toda a empáfia dos preconceituosos, arroga conhecer os corações e mentes de todos os ateus do mundo, como se o Espírito Santo em pessoa lhe tivesse mostrado a tal malícia de fundo da qual fala com tanta certeza e autoridade.
O problema é que é comum religiosos assentirem com este pensamento de lógica curiosa, que conclui que um ateu é mau, mesmo quando é uma boa pessoa, designação colocada sempre convenientemente entre aspas, literais ou presumidas
Se o sujeito acredita que ter Fé em Deus é parte de sua definição pessoal do que é ser bom e não ter é um mal em si, que fique com suas crenças e seja feliz, tomando apenas o cuidado de não criar problemas para quem tem outra opinião.
Tudo muda quando o pensamento extrapola para o juízo individual de valor, a sentença de que a confissão de determinada crença religiosa, por si só, torna uma pessoa humana melhor do que outra.
Foram idéias como esta que encheram os campos de concentração e extermínio nazistas de pessoas consideradas más, que não compartilhavam das mesmas crenças das pessoas que se achavam boas. Só que foram as pessoas que se achavam boas que vestiram uniformes pretos e marcharam em passo de ganso para destruir milhões.
É bastante previsível que em resposta a estas colocações venha o mote muito conhecido do “somos todos iguais, pecadores carentes da graça de Deus”.
Pode ser.
Mas, como os bichos de George Orwell, alguns são mais iguais do que os outros.
E nem estou falando de questões do tipo ir ou não para o inferno (que não me tiram o sono), mas do sonho do Dr. Martin Luther King Jr. (por sinal, um religioso) de que a única medida justa para o julgamento de um homem deve ser o conteúdo de seu caráter.
Se isto fosse uma conversa, seria mais ou menos neste ponto que alguém diria que os ateus também são preconceituosos ou citaria as atrocidades cometidas pelos regimes dito ateístas, receberia as respostas de praxe e se cairia na disputa sobre quem discrimina mais ou na comparação dos números de mortos pelos tiranos religiosos e pelos tiranos ateus.
Bem, cada um responda individualmente por seus próprios preconceitos, só que suspeitar de ateus porque Stalin matou milhões faz tanto sentido quanto suspeitar dos católicos porque o Papa Alexandre VI era um safado, com a diferença óbvia de que qualquer Papa, mesmo os safados, representa o catolicismo, enquanto Stalin e outros da laia não representam os ateus.
Importante dizer, não estou defendendo o ateísmo, cada um goste ou deixe de gostar da opinião ou falta dela que preferir.
Quem acha a coisa mais importante do mundo acreditar em Deus não tem porque achar bonito que se desacredite.
Mas existe um ponto limite, quando se determina que a opinião que se rejeita desqualifica moralmente quem a possui, não porque atos ou fatos tenham demonstrado isto, mas porque outras opiniões definiram que assim é que tem de ser.
A História ensina para onde marcha quem pensa assim.
Postado originalmente em 8/11/2004 15:17:00
por Acauan
Muito freqüentemente o homem nega ou duvida da existência de Deus e passa a se declarar ateu (afirma que Deus não existe) ou agnóstico (não sabe se Deus existe ou não e passa a viver como se Ele não existisse). E nisto entra uma malícia profunda, um pecado gravíssimo, que estabelece uma ruptura radical entre o homem e Deus. Porque reconhecer a existência de Deus está ao alcance de toda alma reta, como diz o livro da Sabedoria: "Pela grandeza e formosura da criatura se pode visivelmente chegar ao conhecimento do seu Criador" (13, 5).
É claro que, se o homem persistir nesta postura até o momento da morte, não poderá ser salvo, ainda que em sua vida tenha sido, como se costuma dizer, uma "boa pessoa". Pois alguém que rompeu com Deus no fundo do seu coração é um indivíduo visceralmente ruim. Os aspectos aparentemente bons de sua personalidade apenas encobrem essa malícia de fundo, que contamina todos os seus atos internos e externos.
Cônego José Luiz Villac
Extraído do site Lepanto
Religiosos costumam associar os ateus com o mal.
Talvez nem todos manifestem explicitamente seu ódio contra ateus como o cônego José Luiz Villac na citação acima, mas a idéia de que descrentes sejam visceralmente ruins deve habitar a cabeça de muitos crentes, quem sabe, a maioria.
Não vale a pena discutir a atitude do religioso citado, que, com toda a empáfia dos preconceituosos, arroga conhecer os corações e mentes de todos os ateus do mundo, como se o Espírito Santo em pessoa lhe tivesse mostrado a tal malícia de fundo da qual fala com tanta certeza e autoridade.
O problema é que é comum religiosos assentirem com este pensamento de lógica curiosa, que conclui que um ateu é mau, mesmo quando é uma boa pessoa, designação colocada sempre convenientemente entre aspas, literais ou presumidas
Se o sujeito acredita que ter Fé em Deus é parte de sua definição pessoal do que é ser bom e não ter é um mal em si, que fique com suas crenças e seja feliz, tomando apenas o cuidado de não criar problemas para quem tem outra opinião.
Tudo muda quando o pensamento extrapola para o juízo individual de valor, a sentença de que a confissão de determinada crença religiosa, por si só, torna uma pessoa humana melhor do que outra.
Foram idéias como esta que encheram os campos de concentração e extermínio nazistas de pessoas consideradas más, que não compartilhavam das mesmas crenças das pessoas que se achavam boas. Só que foram as pessoas que se achavam boas que vestiram uniformes pretos e marcharam em passo de ganso para destruir milhões.
É bastante previsível que em resposta a estas colocações venha o mote muito conhecido do “somos todos iguais, pecadores carentes da graça de Deus”.
Pode ser.
Mas, como os bichos de George Orwell, alguns são mais iguais do que os outros.
E nem estou falando de questões do tipo ir ou não para o inferno (que não me tiram o sono), mas do sonho do Dr. Martin Luther King Jr. (por sinal, um religioso) de que a única medida justa para o julgamento de um homem deve ser o conteúdo de seu caráter.
Se isto fosse uma conversa, seria mais ou menos neste ponto que alguém diria que os ateus também são preconceituosos ou citaria as atrocidades cometidas pelos regimes dito ateístas, receberia as respostas de praxe e se cairia na disputa sobre quem discrimina mais ou na comparação dos números de mortos pelos tiranos religiosos e pelos tiranos ateus.
Bem, cada um responda individualmente por seus próprios preconceitos, só que suspeitar de ateus porque Stalin matou milhões faz tanto sentido quanto suspeitar dos católicos porque o Papa Alexandre VI era um safado, com a diferença óbvia de que qualquer Papa, mesmo os safados, representa o catolicismo, enquanto Stalin e outros da laia não representam os ateus.
Importante dizer, não estou defendendo o ateísmo, cada um goste ou deixe de gostar da opinião ou falta dela que preferir.
Quem acha a coisa mais importante do mundo acreditar em Deus não tem porque achar bonito que se desacredite.
Mas existe um ponto limite, quando se determina que a opinião que se rejeita desqualifica moralmente quem a possui, não porque atos ou fatos tenham demonstrado isto, mas porque outras opiniões definiram que assim é que tem de ser.
A História ensina para onde marcha quem pensa assim.