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Tarik Ramadan em Lisboa

Enviado: 24 Mar 2007, 07:22
por Pug
Hamid escreveu:Imagem

"As comunidades muçulmanas na Europa não são novas, o que é novo é a sua visibilidade"

Público, 23.03.2007
Sofia Lorena


Admirado pelos muçulmanos europeus, não pode entrar nos EUA nem na Arábia Saudita. Veio a Lisboa a convite do eurodeputado Miguel Portas

Diz que precisamos de construir um novo "eu" europeu, de parar de nos dividirmos entre "nós" e "eles", com os muçulmanos a considerarem-se irmãos dos iraquianos e não dos europeus. Para lá do discurso da suspeita do lado ocidental, que aponta como razão dessa divisão, não há uma estratégia de grupos de países muçulmanos para explorar esse fosso?

Esses dois factores não são contraditórios. De facto, é claro que nos dois lados há pessoas que querem a polarização. Há um discurso no Ocidente, depois dos atentados do 11 de Setembro ou de Madrid, com as declarações do Papa [sobre Maomé], a questão do véu, dos cartoons, há um esforço para construir a ideia de que há qualquer coisa de intrinsecamente diferente entre os nossos valores e não são só os radicais que são problemáticos, mas o próprio islão. Do outro lado, temos alguns grupos que constroem a sua retórica à volta da ideia de que o ocidente é contra o islão e que temos de resistir. Grupos literalistas como os salafitas. Todos estes grupos, que ainda são uma minoria, contribuem para a construção deste discurso do "nós contra eles" e isso depois pode voltar para a Europa. E o que sabemos até agora na Europa, na Austrália ou nos EUA é que estão na margem do mainstream. Os muçulmanos mainstream em todo o lado estão muito mais em contacto com a sociedade e não têm esta abordagem de confronto. Podem sentir que não estão verdadeiramente em casa, por lhes faltar um sentimento de pertença, mas seria errado avaliar a situação dos muçulmanos no Ocidente com base nestas tendências.

Coloca muita ênfase na importância de conhecer as fontes, ler o Corão, saber o que o Profeta fez em determinadas situações. O radicalismo de alguns jovens muçulmanos na Europa pode prender-se com uma afastamento das fontes e a sua substituição por recursos como sites de Internet onde se emitem fatwas?

Eles não se entregam ao extremismo porque não quererem saber das fontes. As vozes em quem eles confiam, que consideram legítimas, estão a citar as fontes. Sabendo que procuram a autoridade devemos dar-lhes um discurso que se apoie nas fontes e ao mesmo tempo encontrar uma forma de os pôr em contacto com as fontes, para poderem questionar os intermediários. É isso que tenho tentado fazer em todos os meus livros. Acabei agora um livro sobre o Profeta. Foi isso que fiz, fui à fonte, ao que não pode ser negado, aos clássicos, às hadits, para escrever "isto é o que Profeta disse e como era, venham questioná-lo". E fazendo isso dou-lhes um exemplo que é completamente diferente do discurso que vem dos salafitas e do discurso geral. Mas isso também não basta, é preciso fazer na Europa e em todo o Ocidente aquilo a que chamo a nossa institucionalização, a institucionalização do islão. Isso significa disponibilizar institutos, locais onde os jovens possam ir as fontes nas suas línguas, em inglês, em português, em francês. Para poderem construir o seu conhecimento sem ser apenas através de intermediários.

Defendeu as declarações de Jack Straw, quando ele questionou o uso do niqab (véu que cobre todo o rosto). Porque é que o véu se tornou num tópico controverso nos últimos anos por toda a Europa - os hábitos mudaram ou foi a percepção?

É uma questão de percepção. Estamos a lidar com símbolos e visibilidade. O véu tornou-se visível. Os muçulmanos já estavam no Reino Unido ou em França, mas em bairros à parte ou nos subúrbios, longe da realidade. E agora os filhos estão a chegar ao mainstream, estão visíveis e o véu é a sua visibilidade. Estamos a atacar símbolos porque temos medo da realidade desta integração. As gerações mais novas estão a sair dos guetos e pensamos que são comunidades novas - na verdade são comunidades velhas cuja visibilidade e abertura é nova. Mas a verdadeira questão por trás do véu é ser o símbolo desta presença, da ideia de que "eles estão entre nós, estão visíveis". Nas escolas, universidades, no mercado de trabalho.

Disse na conferência que precisamos de novos livros de História, que mostrem a identidade comum, partilhada por europeus muçulmanos e não muçulmanos. Mudar a percepção da História é muito difícil e muito lento.

Sim, é muito, muito difícil. Mas enquanto não conseguirmos mudar a História oficial podemos trabalhar ao nível local, com actividades suplementares, depois da escola, que permitam construir uma História de memórias diferentes. Ter instituições sociais a fazer este trabalho de memórias, porque, se não juntamos as memórias, teremos uma luta de memórias - quem foi mais vitimizado na História - como temos em França sobre a colonização. Podemos não conseguir mudar os livros, mas podemos convencer os professores e os assistentes sociais da importância deste trabalho e assim atrairmos adolescentes a dar valor ao passado dos pais.

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"A integração cultural e religiosa está feita"

23.03.2007

O jornal britânico the independent escreveu que "pode ser o único homem capaz de nos salvar a todos do choque de civilizações". Revistas como a time e a foreign policy já o tinham considerado um dos grandes pensadores e inovadores actuais. tariq ramadan, o intelectual suíço que é neto do fundador da irmandade muçulmana egípcia, vive hoje no reino unido, onde ensina em oxford e integrou, a convite de tony blair, uma task force para travar o extremismo islâmico. esteve em lisboa no último fim-de-semana, numa sala cheia do iscte, onde participou na conferência a cidade é de todos - democracia, integração e urbanismo, organizada pela esquerda unitária europeia. defendeu que a maioria dos problemas que hoje se colocam nas comunidades muçulmanas na europa são "problemas sociais", sobretudo de emprego e habitação, erradamente tratados como questões de integração religiosa ou de identidade. e que, para a maioria, "a integração cultural e religiosa está feita". depois da intervenção vieram as perguntas difíceis: podemos fechar os olhos à discriminação da mulher muçulmana? ramadan responde com uma das suas armas preferidas - o corão, garantindo, por exemplo, que este não permite a poligamia, se a primeira mulher o recusar. foi muito criticado no ocidente por ter proposto uma moratória sobre a pena de morte e castigos como o apedrejamento, em vez da sua sua abolição. responde: "jacques chirac foi à china e pediu uma moratória para a pena de morte."

Ver tb:
http://www.tariqramadan.com


Postado originalmente no CIW

Enviado: 24 Mar 2007, 11:26
por O ENCOSTO
É em Genebra que vive o líder carismático da juventude muçulmana europeia, Tarik Ramadan. Nos seus contactos com a imprensa, Tarik assume sempre posições moderadas e contrárias aos excessos dos fundamentalistas. Entretanto, num livro que acaba de ser publicado, Tarik Ramadan sem Máscara, o jornalista Lionel Favrot denuncia-o como ponta-de-lança islamista. O irmão, Hani Ramadan, também residente em Genebra, foi demitido do ensino público por ter defendido no jornal «Le Monde» o apedrejamento das mulheres adúlteras, segundo o Corão. E ambos são filhos de um dos criadores do movimento Irmãos Muçulmanos, considerado a base do fundamentalismo em diversos países islamistas.

Re.: Tarik Ramadan em Lisboa

Enviado: 24 Mar 2007, 11:53
por Gilghamesh
O pulguinha não acerta uma mesmo! :emoticon12:

Re.: Tarik Ramadan em Lisboa

Enviado: 24 Mar 2007, 12:06
por francioalmeida
Imagem

Pode ser preconceito ou instinto, mas essa cara me dá medo!

Enviado: 24 Mar 2007, 12:11
por Pug
difamação inconsequente.

Tariq é o autor da moratória contra a pena de morte e castigos corporais.
E depois ainda dizem ser racionais, nem sequer visitam o seu site e já vão buscando propaganda dos seus detractores.
Tariq Ramadan foi convidado por Tony Blair para conselheiro.

Continuem a tentar...

:emoticon14:

Re: Re.: Tarik Ramadan em Lisboa

Enviado: 24 Mar 2007, 12:13
por Najma
francioalmeida escreveu:Imagem

Pode ser preconceito ou instinto, mas essa cara me dá medo!


Ele parece um sufi... :emoticon19: :emoticon19: :emoticon19:

Bonito... eu gosto desse tipo. :emoticon1:

Enviado: 24 Mar 2007, 13:12
por O ENCOSTO
O ENCOSTO escreveu:É em Genebra que vive o líder carismático da juventude muçulmana europeia, Tarik Ramadan. Nos seus contactos com a imprensa, Tarik assume sempre posições moderadas e contrárias aos excessos dos fundamentalistas. Entretanto, num livro que acaba de ser publicado, Tarik Ramadan sem Máscara, o jornalista Lionel Favrot denuncia-o como ponta-de-lança islamista. O irmão, Hani Ramadan, também residente em Genebra, foi demitido do ensino público por ter defendido no jornal «Le Monde» o apedrejamento das mulheres adúlteras, segundo o Corão. E ambos são filhos de um dos criadores do movimento Irmãos Muçulmanos, considerado a base do fundamentalismo em diversos países islamistas.

Enviado: 24 Mar 2007, 13:14
por O ENCOSTO
Pug escreveu:difamação inconsequente.

Tariq é o autor da moratória contra a pena de morte e castigos corporais.
E depois ainda dizem ser racionais, nem sequer visitam o seu site e já vão buscando propaganda dos seus detractores.
Tariq Ramadan foi convidado por Tony Blair para conselheiro.

Continuem a tentar...

:emoticon14:


E o Arafat ganhou Premio Nobel da Paz.

Re: Re.: Tarik Ramadan em Lisboa

Enviado: 24 Mar 2007, 13:22
por francioalmeida
Najma escreveu:
francioalmeida escreveu:Imagem

Pode ser preconceito ou instinto, mas essa cara me dá medo!


Ele parece um sufi... :emoticon19: :emoticon19: :emoticon19:

Bonito... eu gosto desse tipo. :emoticon1:


Fetichista como a apocalíptica! :emoticon12: :emoticon12: :emoticon12: Sadomasoquismo!?