Agente Teresa, aeromoça Vicenta e as duas Cubas
Enviado: 24 Mar 2007, 22:31
Agente Teresa, aeromoça Vicenta e as duas Cubas
Sexta, 23 de março de 2007, 08h08
Antonio Prada*
de Havana
Antonio Prada/Terra
São quatro e meia da manhã. O lobby do hotel no centro de Havana está praticamente vazio. Dois casais desembarcam do táxi, cambaleantes, os copos nas mãos herança da noitada de salsa cubana em um dos muitos inferninhos para turistas. Um sanduíche e uma xícara de café com leite esperam os poucos turistas que se dispuseram a quebrar a rotina para viajar durante o final de semana a Cayo Largo, uma ilhota ao sul de Cuba.
» Veja galeria com mais imagens de Cuba
» Leia também: Diário de Cuba - Chávez está em todo lugar
É hora de limpeza no hotel. Quatro funcionários se revezam na tarefa no lobby e no bar anexo. Falam alto como se estivessem em casa, para desespero dos seguranças com walkie-talkie que "protegem" os turistas. Riem, cantam e dançam. Uma cena que se repete em cada esquina da cidade. O ônibus deveria recolher os turistas acidentais às 5h da manhã, mas chega com 30 minutos de atraso. O destino é a ala nacional do aeroporto José Martí, onde se reúne o grupo que viajará a Cayo Largo. São 30 pessoas, a maioria argentinos, alemães e italianos.
Teresa, 1 metro e 80 centímetros, com uma mochila nas costas repleta de pastas e papéis, um pouco manca, é a agente de turismo responsável pela curta viagem a um dos principais paraísos da ilha.
Fala alemão, italiano, francês e russo, mas não tem o dom da organização. Demora cerca de 1 hora e meia para fornecer as passagens e despachar as malas num aeroporto que tem apenas dois guichês funcionando, mas nenhuma fila. Os nomes estão todos incorretos na lista original, mas mesmo depois de corrigi-los, a agente insiste em chamá-los incorretamente.
Incrédulos, os turistas observam Teresa andar de um lado para outro, a tirar e colocar papéis na mochila e tentar organizar o que parece desnecessário ser organizado. Esbaforida, a balbuciar palavras desconexas, finalmente convida os turistas a se dirigirem para a sala de embarque.
"Andem rápido. Subam a escada. Por aqui", orienta, andando e mancando.
A sala de triagem está vazia. Quatro funcionários da alfândega conversam animadamente. É hora de passar a bagagem pelo raio-x e pela revista tradicional dos aeroportos. Chega-se a mais uma sala. Vazia. Mais ainda não é a sala de embarque. Anda-se mais 20 metros e se é obrigado a passar por outra sala de triagem de raio-x e revista, também sem fila. Mais quatro funcionários. Salsa no alto-falante da sala e uma das funcionárias ensaia alguns passos antes de passar o detector de metais no corpo de uma senhora mexicana. Agora sim a sala de embarque. Vazia.
Um casal de argentinos, visivelmente irritado, procura cúmplices que falem a mesma língua. Ou ao menos "portunhol". Encontra dois brasileiros.
"Você já viu alguma coisa parecida com esta? Que aeroporto é esse?", solta o senhor argentino.
"Desculpe-me. No Brasil, tem favela. Na Argentina, tem favela, mas Havana é a máxi favela. Nunca vi nada igual", desabafa, comentando o que vira durante uma semana de estada em Havana. "Nem 50 anos de democracia vão fazer com que esse povo conserte esse país", continua.
"Agora vamos passar uma semana entre Cayo Largo e Varadero (a Cuba exclusivamente para turistas). Esperamos que seja melhor", completa a mulher argentina.
A conversa é interrompida pela agente Teresa que, curiosamente, informa estar embarcando em outro avião, para outra localidade que não Cayo Largo. Teresa se vai, mancando, e deixa o grupo de turistas a falar sozinho. É preciso que um dos funcionários do aeroporto explique: todos devem aguardar pois o avião para Cayo Largo chegará em poucos minutos. Apesar da ausência da Teresa.
E chega. "Isso é um avião?", indaga, estupefata, a argentina. A aeronave mal se posiciona em frente à sala de embarque e todos se olham, assustados. A segunda reação é sacar as máquinas fotográficas das bolsas. "Ninguém vai acreditar nisso", grita um turista italiano, enquanto dispara flashes.
Yakovlev: um espanto, ele ainda voa
O avião é um velho Yakovlev YAK-40, de fabricação russa, que costumava ser usado pela Aeroflot soviética. A entrada se dá pela parte traseira do avião. Não há acabamento interno. As malas são espalhadas pelo corredor. Mal os olhos assustados tomam o interior do avião, surge Vicenta, a aeromoça da AeroCaribbean. Elegantíssima. Sorridente. E o melhor: confiante.
Fechada a porta e todos em seus assentos, apertadíssimos, Vicenta, minissaia, pernas grossas, cabelo armado com laquê, desfila magnânima pelo estreito corredor, distribuindo balas de café Chico-Chico. E não é só. Já no ar, ela serve um delicioso copo de água acompanhado por um saboroso café preto. A descontração retorna entre os passageiros. Vicenta, depois de 30 minutos de vôo, já no aeroporto de Cayo Largo, distribui sorrisos na porta. Parece uma aeromoça em uma primeira classe, desembarcando no Charles de Gaulle.
Cayo Largo está situada a 177 km de Havana. É a segunda maior das 300 ilhotas que compõem o arquipélago los Cannareos, no mar do Caribe. Como em outros centros turísticos de Cuba, a ilhota tem vários hotéis de padrão internacional que trabalham como sócios do governo na exploração turística. Tudo gira em torno do turismo. Cayo Largo, além das praias de areias extrafinas, mar verde e azul, tem uma das principais zonas de mergulho da região.
Curioso neste recanto de prosperidade é decantar os contrastes entre os intrépidos visitantes e os cubanos que trabalham na quase dezena de hotéis da ilhota. Na fila de espera de transporte para uma das praias, um rapaz uruguaio tenta puxar papo com o motorista do ônibus. Diz-se impressionado "como o povo cubano, apesar das dificuldades..."
Uma testa se franze. O motorista, até então sorridente, indaga: "Quais dificuldades?". "Tantas pessoas desempregadas e sem casa, vivendo nas ruas", aponta o rapaz uruguaio. O cubano levanta a voz e dispara: "Temos menos desempregados e menos moradores de rua do que qualquer país no mundo".
E o motorista desanda a citar um discurso de Fidel na ONU, no qual ele oferecia os números de Cuba em contraste aos números de países desenvolvidos. Uma garota argentina tenta entrar na conversa, mas é solapada pelo discurso do motorista. A discussão é interrompida, e encerrada, quando convocam o motorista para assumir seu posto ao volante.
Meia hora depois lá estão os mesmos turistas na praia, a beber mojito e piña colada e discutir como é possível um cenário tão espetacular como este em Cuba.
Fluentes em inglês, francês, italiano e russo, os funcionários dos hotéis se esmeram para atender todos os tipos de turistas, e alguns destes querem retribuir com propinas (gorjetas) e uma espécie de solidariedade que deixam emergir o conflito de mundos. Não é raro fotografar rostos de cubanos incomodados com o tratamento paternalista que desafina o coro da utopia revolucionária cubana.
Mas, registre-se, propinas são bem-vindas, ainda mais em pesos convertidos, a moeda para turistas que vale 24 pesos cubanos. Essas propinas, aliás, transformam os cubanos que trabalham em turismo em privilegiados. Se chega a embolsar até 45 pesos convertidos por dia (cerca de 40 dólares por dia), enquanto o salário mensal de um médico no país gira em torno dos 25 dólares.
O turismo representa 40% da economia cubana, segundo fontes extra-oficiais. Vem seguido pelas reservas de níquel, as maiores do mundo, e, alguns patamares mais abaixo, pelo tabaco e cana de açúcar, culturas tradicionais que tiveram grande importância na economia local em meados do século 20.
O turista que vem a Cuba busca, em primeiro lugar, os encantos das praias, limpas, quase selvagens, águas cristalinas e paraíso dos mergulhadores como Cayo Largo e Varadero. Já Havana é uma injeção de realidade socialista, que nem todos suportam e que hoje prima por fortes contrastes, nem sempre assumidos pelo governo cubano. Enquanto crianças brincam nas ruas de Havana Vieja ao meio-dia, senhores abordam turistas e oferecem mulheres e homens, drogas, tabacos piratas e até casamento arranjado.
Nos resorts de Cayo Largo, os contrastes são mais sutis, mas trazem uma alegoria irreal. Nas lojas é possível encontrar produtos importados - algo quase inconcebível nas lojas das ruas de Havana, onde enormes vitrines parecem vazias tão escassa a quantidade de produtos disponíveis.
O Brasil assina os biscoitos e as sandálias, legítimas e ilegítimas, da principal loja de um hotel cinco estrelas. E também o ônibus de turismo que leva os turistas de volta ao aeroporto depois de um final de semana de sol, e calor de 35 graus.
O avião desta vez é um ATR-42 novíssimo. E Vicenta foi substituída por uma jovem de cabelos com gel. Quando se chega a Havana, no entanto, a mesma agente Teresa nos recebe na porta do aeroporto. Ainda mal-humorada. Mal cumprimenta o grupo, Teresa já avisa que, se alguém estiver com pressa, "que pegue um táxi". E um velho Lada (pleonasmo vicioso por aqui) se perde na noite de Havana.
*Antonio Prada é diretor de mídia do Terra.
http://terramagazine.terra.com.br/inter ... 80,00.html
Sexta, 23 de março de 2007, 08h08
Antonio Prada*
de Havana
Antonio Prada/Terra
São quatro e meia da manhã. O lobby do hotel no centro de Havana está praticamente vazio. Dois casais desembarcam do táxi, cambaleantes, os copos nas mãos herança da noitada de salsa cubana em um dos muitos inferninhos para turistas. Um sanduíche e uma xícara de café com leite esperam os poucos turistas que se dispuseram a quebrar a rotina para viajar durante o final de semana a Cayo Largo, uma ilhota ao sul de Cuba.
» Veja galeria com mais imagens de Cuba
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É hora de limpeza no hotel. Quatro funcionários se revezam na tarefa no lobby e no bar anexo. Falam alto como se estivessem em casa, para desespero dos seguranças com walkie-talkie que "protegem" os turistas. Riem, cantam e dançam. Uma cena que se repete em cada esquina da cidade. O ônibus deveria recolher os turistas acidentais às 5h da manhã, mas chega com 30 minutos de atraso. O destino é a ala nacional do aeroporto José Martí, onde se reúne o grupo que viajará a Cayo Largo. São 30 pessoas, a maioria argentinos, alemães e italianos.
Teresa, 1 metro e 80 centímetros, com uma mochila nas costas repleta de pastas e papéis, um pouco manca, é a agente de turismo responsável pela curta viagem a um dos principais paraísos da ilha.
Fala alemão, italiano, francês e russo, mas não tem o dom da organização. Demora cerca de 1 hora e meia para fornecer as passagens e despachar as malas num aeroporto que tem apenas dois guichês funcionando, mas nenhuma fila. Os nomes estão todos incorretos na lista original, mas mesmo depois de corrigi-los, a agente insiste em chamá-los incorretamente.
Incrédulos, os turistas observam Teresa andar de um lado para outro, a tirar e colocar papéis na mochila e tentar organizar o que parece desnecessário ser organizado. Esbaforida, a balbuciar palavras desconexas, finalmente convida os turistas a se dirigirem para a sala de embarque.
"Andem rápido. Subam a escada. Por aqui", orienta, andando e mancando.
A sala de triagem está vazia. Quatro funcionários da alfândega conversam animadamente. É hora de passar a bagagem pelo raio-x e pela revista tradicional dos aeroportos. Chega-se a mais uma sala. Vazia. Mais ainda não é a sala de embarque. Anda-se mais 20 metros e se é obrigado a passar por outra sala de triagem de raio-x e revista, também sem fila. Mais quatro funcionários. Salsa no alto-falante da sala e uma das funcionárias ensaia alguns passos antes de passar o detector de metais no corpo de uma senhora mexicana. Agora sim a sala de embarque. Vazia.
Um casal de argentinos, visivelmente irritado, procura cúmplices que falem a mesma língua. Ou ao menos "portunhol". Encontra dois brasileiros.
"Você já viu alguma coisa parecida com esta? Que aeroporto é esse?", solta o senhor argentino.
"Desculpe-me. No Brasil, tem favela. Na Argentina, tem favela, mas Havana é a máxi favela. Nunca vi nada igual", desabafa, comentando o que vira durante uma semana de estada em Havana. "Nem 50 anos de democracia vão fazer com que esse povo conserte esse país", continua.
"Agora vamos passar uma semana entre Cayo Largo e Varadero (a Cuba exclusivamente para turistas). Esperamos que seja melhor", completa a mulher argentina.
A conversa é interrompida pela agente Teresa que, curiosamente, informa estar embarcando em outro avião, para outra localidade que não Cayo Largo. Teresa se vai, mancando, e deixa o grupo de turistas a falar sozinho. É preciso que um dos funcionários do aeroporto explique: todos devem aguardar pois o avião para Cayo Largo chegará em poucos minutos. Apesar da ausência da Teresa.
E chega. "Isso é um avião?", indaga, estupefata, a argentina. A aeronave mal se posiciona em frente à sala de embarque e todos se olham, assustados. A segunda reação é sacar as máquinas fotográficas das bolsas. "Ninguém vai acreditar nisso", grita um turista italiano, enquanto dispara flashes.

Yakovlev: um espanto, ele ainda voa
O avião é um velho Yakovlev YAK-40, de fabricação russa, que costumava ser usado pela Aeroflot soviética. A entrada se dá pela parte traseira do avião. Não há acabamento interno. As malas são espalhadas pelo corredor. Mal os olhos assustados tomam o interior do avião, surge Vicenta, a aeromoça da AeroCaribbean. Elegantíssima. Sorridente. E o melhor: confiante.
Fechada a porta e todos em seus assentos, apertadíssimos, Vicenta, minissaia, pernas grossas, cabelo armado com laquê, desfila magnânima pelo estreito corredor, distribuindo balas de café Chico-Chico. E não é só. Já no ar, ela serve um delicioso copo de água acompanhado por um saboroso café preto. A descontração retorna entre os passageiros. Vicenta, depois de 30 minutos de vôo, já no aeroporto de Cayo Largo, distribui sorrisos na porta. Parece uma aeromoça em uma primeira classe, desembarcando no Charles de Gaulle.
Cayo Largo está situada a 177 km de Havana. É a segunda maior das 300 ilhotas que compõem o arquipélago los Cannareos, no mar do Caribe. Como em outros centros turísticos de Cuba, a ilhota tem vários hotéis de padrão internacional que trabalham como sócios do governo na exploração turística. Tudo gira em torno do turismo. Cayo Largo, além das praias de areias extrafinas, mar verde e azul, tem uma das principais zonas de mergulho da região.
Curioso neste recanto de prosperidade é decantar os contrastes entre os intrépidos visitantes e os cubanos que trabalham na quase dezena de hotéis da ilhota. Na fila de espera de transporte para uma das praias, um rapaz uruguaio tenta puxar papo com o motorista do ônibus. Diz-se impressionado "como o povo cubano, apesar das dificuldades..."
Uma testa se franze. O motorista, até então sorridente, indaga: "Quais dificuldades?". "Tantas pessoas desempregadas e sem casa, vivendo nas ruas", aponta o rapaz uruguaio. O cubano levanta a voz e dispara: "Temos menos desempregados e menos moradores de rua do que qualquer país no mundo".
E o motorista desanda a citar um discurso de Fidel na ONU, no qual ele oferecia os números de Cuba em contraste aos números de países desenvolvidos. Uma garota argentina tenta entrar na conversa, mas é solapada pelo discurso do motorista. A discussão é interrompida, e encerrada, quando convocam o motorista para assumir seu posto ao volante.
Meia hora depois lá estão os mesmos turistas na praia, a beber mojito e piña colada e discutir como é possível um cenário tão espetacular como este em Cuba.
Fluentes em inglês, francês, italiano e russo, os funcionários dos hotéis se esmeram para atender todos os tipos de turistas, e alguns destes querem retribuir com propinas (gorjetas) e uma espécie de solidariedade que deixam emergir o conflito de mundos. Não é raro fotografar rostos de cubanos incomodados com o tratamento paternalista que desafina o coro da utopia revolucionária cubana.
Mas, registre-se, propinas são bem-vindas, ainda mais em pesos convertidos, a moeda para turistas que vale 24 pesos cubanos. Essas propinas, aliás, transformam os cubanos que trabalham em turismo em privilegiados. Se chega a embolsar até 45 pesos convertidos por dia (cerca de 40 dólares por dia), enquanto o salário mensal de um médico no país gira em torno dos 25 dólares.
O turismo representa 40% da economia cubana, segundo fontes extra-oficiais. Vem seguido pelas reservas de níquel, as maiores do mundo, e, alguns patamares mais abaixo, pelo tabaco e cana de açúcar, culturas tradicionais que tiveram grande importância na economia local em meados do século 20.
O turista que vem a Cuba busca, em primeiro lugar, os encantos das praias, limpas, quase selvagens, águas cristalinas e paraíso dos mergulhadores como Cayo Largo e Varadero. Já Havana é uma injeção de realidade socialista, que nem todos suportam e que hoje prima por fortes contrastes, nem sempre assumidos pelo governo cubano. Enquanto crianças brincam nas ruas de Havana Vieja ao meio-dia, senhores abordam turistas e oferecem mulheres e homens, drogas, tabacos piratas e até casamento arranjado.
Nos resorts de Cayo Largo, os contrastes são mais sutis, mas trazem uma alegoria irreal. Nas lojas é possível encontrar produtos importados - algo quase inconcebível nas lojas das ruas de Havana, onde enormes vitrines parecem vazias tão escassa a quantidade de produtos disponíveis.
O Brasil assina os biscoitos e as sandálias, legítimas e ilegítimas, da principal loja de um hotel cinco estrelas. E também o ônibus de turismo que leva os turistas de volta ao aeroporto depois de um final de semana de sol, e calor de 35 graus.
O avião desta vez é um ATR-42 novíssimo. E Vicenta foi substituída por uma jovem de cabelos com gel. Quando se chega a Havana, no entanto, a mesma agente Teresa nos recebe na porta do aeroporto. Ainda mal-humorada. Mal cumprimenta o grupo, Teresa já avisa que, se alguém estiver com pressa, "que pegue um táxi". E um velho Lada (pleonasmo vicioso por aqui) se perde na noite de Havana.
*Antonio Prada é diretor de mídia do Terra.
http://terramagazine.terra.com.br/inter ... 80,00.html