Clérigo islâmico liberta dona de bordel
Enviado: 30 Mar 2007, 08:54
Clérigo islâmico liberta dona de bordel
Cafetina havia sido raptada por estudantes radicais
Islamabad, 29 (AE-AP) - Um clérigo islâmico ultraconservador libertou nesta quinta-feira a cafetina seqüestrada na noite de anteontem em Islamabad depois de forçá-la a pronunciar-se publicamente arrependida, num episódio de justiça com as próprias mãos que expõe uma ousadia cada vez maior dos religiosos extremistas no Paquistão.
Mulheres que estudam numa madraça de Islamabad invadiram a casa da dona de bordel na noite de terça-feira e levaram como reféns a cafetina, sua filha, sua nora e uma neta de apenas seis meses de idade.
As seqüestradoras ultra-religiosas disseram ter promovido um ato de "repressão ao vício", fazendo justiça com as próprias mãos e constrangendo o governo militar liderado pelo general Pervez Musharraf.
Sem nenhum indício de que a polícia tenha interferido na libertação, a cafetina, conhecida como Aunty Shamim, foi levada diante de jornalistas no seminário Jamia Hafsa, em Islamabad, para atender às exigências de seus captores. Ela declarou em público que pararia de "disseminar a obscenidade" em troca da liberdade.
"Peço desculpas por meu passado de más ações e prometo em nome de Deus que no futuro viverei como uma pessoa devota", disse Shamim. Ela tinha apenas os olhos e partes do nariz visíveis através da burca que envolvia todo o restante de seu corpo.
Entretanto, ela disse que ameaçara "converter-se ao Cristianismo" por causa da forma como foi tratada pelas estudantes da madraça. "Não creio que o Islã permita que alguém espanque uma mulher e a arraste pelas ruas como um cão", disse ela antes de ser levada para a casa junto com a filha, a nora e a neta de seis meses.
Críticos denunciam que o governo não cumpriu sua promessa de regulamentar nem ao menos na capital a atuação das milhares de escolas religiosas que se disseminam pelo Paquistão.
Muitas dessas escolas promovem o extremismo e são suspeitas de recrutar fundamentalistas islâmicos para combater soldados dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no vizinho Afeganistão.
Em editorial publicado hoje, o jornal liberal A Notícia qualificou o seqüestro da cafetina como "uma evidência da crescente talebanização" do país. "O mais perturbador é o fato de isso não ter acontecido numa região tribal remota, mas no coração da capital federal", opinou o diário.
Amir Omar, um oficial da delegacia de polícia que cuida da região, disse que as autoridades locais agirão contra os responsáveis pelo seqüestro de Shamim, mas não entrou em detalhes.
Por sua vez, Bint-e-Abdul Waheed, uma porta-voz das estudantes, disse que a campanha de "repressão ao vício" continuará caso o governo não tome nenhuma providência.
http://www.jornaldoestado.com.br/index.php?
VjFSQ1VtUXlWa1pqU0ZKUFVrZDRUMWxYYzNkbGJ
GSnlWVzF3YVZadVFsWlVWVkpEVlVaV1ZVMUVhejA9
Cafetina havia sido raptada por estudantes radicais
Islamabad, 29 (AE-AP) - Um clérigo islâmico ultraconservador libertou nesta quinta-feira a cafetina seqüestrada na noite de anteontem em Islamabad depois de forçá-la a pronunciar-se publicamente arrependida, num episódio de justiça com as próprias mãos que expõe uma ousadia cada vez maior dos religiosos extremistas no Paquistão.
Mulheres que estudam numa madraça de Islamabad invadiram a casa da dona de bordel na noite de terça-feira e levaram como reféns a cafetina, sua filha, sua nora e uma neta de apenas seis meses de idade.
As seqüestradoras ultra-religiosas disseram ter promovido um ato de "repressão ao vício", fazendo justiça com as próprias mãos e constrangendo o governo militar liderado pelo general Pervez Musharraf.
Sem nenhum indício de que a polícia tenha interferido na libertação, a cafetina, conhecida como Aunty Shamim, foi levada diante de jornalistas no seminário Jamia Hafsa, em Islamabad, para atender às exigências de seus captores. Ela declarou em público que pararia de "disseminar a obscenidade" em troca da liberdade.
"Peço desculpas por meu passado de más ações e prometo em nome de Deus que no futuro viverei como uma pessoa devota", disse Shamim. Ela tinha apenas os olhos e partes do nariz visíveis através da burca que envolvia todo o restante de seu corpo.
Entretanto, ela disse que ameaçara "converter-se ao Cristianismo" por causa da forma como foi tratada pelas estudantes da madraça. "Não creio que o Islã permita que alguém espanque uma mulher e a arraste pelas ruas como um cão", disse ela antes de ser levada para a casa junto com a filha, a nora e a neta de seis meses.
Críticos denunciam que o governo não cumpriu sua promessa de regulamentar nem ao menos na capital a atuação das milhares de escolas religiosas que se disseminam pelo Paquistão.
Muitas dessas escolas promovem o extremismo e são suspeitas de recrutar fundamentalistas islâmicos para combater soldados dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no vizinho Afeganistão.
Em editorial publicado hoje, o jornal liberal A Notícia qualificou o seqüestro da cafetina como "uma evidência da crescente talebanização" do país. "O mais perturbador é o fato de isso não ter acontecido numa região tribal remota, mas no coração da capital federal", opinou o diário.
Amir Omar, um oficial da delegacia de polícia que cuida da região, disse que as autoridades locais agirão contra os responsáveis pelo seqüestro de Shamim, mas não entrou em detalhes.
Por sua vez, Bint-e-Abdul Waheed, uma porta-voz das estudantes, disse que a campanha de "repressão ao vício" continuará caso o governo não tome nenhuma providência.
http://www.jornaldoestado.com.br/index.php?
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