O paradoxo do valor de água e diamantes

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Samael
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Re.: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Samael »

As citações acima podem ser refutadas por um exemplo imaginário simples e pela lógica da Síntese Neoclássica.Imagine que duas empresas fabriquem o mesmo produto X.A empresa “A” maximiza seu lucro no ponto da curva de demanda onde o custo marginal se iguala a receita marginal.Com isso, ela consegue obter um pequeno lucro e permanece assim por um bom tempo.O mesmo ocorre com a empresa “B”, entretanto, por uma crise interna qualquer, o ponto onde ela maximiza o lucro não cobre nem os custos fixos, nem os custos variáveis.O resultado disso é que a empresa “A” continua a produzir mercadoria X, mas a “B” não.Qualquer um que não seja desatento percebe que A DECISÃO DOS CONSUMIDORES NÃO ORIGINA AS DIFERENÇAS DE CUSTO DE PRODUÇÃO de “A” em relação a “B” (ou mesmo em relação a um produtor "C",que tivesse sobrelucros e preços mais competitivos que "A" e "B") !!!Uma citação de Achyles Barcelos da Costa do Departamento de Economia e do IEPE/UFRGS na paper Literatura Econômica [“Uma Nota Introdutória ao Artigo ‘A Teoria dos Preços e o Comportamento Empresarial de R.L. Hall e C.J. Hitch” 8(3) out 1986] é esclarecedora:

“Em 1890, Alfred Marshall publica os Principles of Economics(...)Ao contrário dos demais marginalistas, afirmava que não se poderia descartar os custos de produção como sendo um elemento importante na explicação do preço.Tanto o custo, como a utilidade teriam um papel a desempenhar.O primeiro na explicação da oferta e, a segunda, na explicação da demanda.Sobre isso afirmava: ‘Nós podemos estabelecer uma discussão razoável se é a lâmina superior ou inferior de uma tesoura que corta a folha de papel, assim como se o valor é determinado pela utilidade ou pelo custo de produção.’ ”

Ora, se não é a utilidade quem determina a oferta, então são os custos de produção que fazem isso.E de onde se originam os custos???A resposta já vem desde a escola Clássica Inglesa, com Adam Smith e David Ricardo.Insumos utilizados na produção são mercadorias que tem valores de troca.E como para esses economistas clássicos, o valor da mercadoria é medido pela quantidade trabalho necessário para obtê-la, então está explicado de onde vêm os custos.Explicarei em maiores detalhes mais adiante.


Isso foi perfeito.

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Fernando Silva
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Re.: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Fernando Silva »

Imagem

Isto é um plágio do logotipo da antiga TV Manchete.

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RicardoVitor
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por RicardoVitor »

Up!
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Reload. Bom topico.
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RicardoVitor
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por RicardoVitor »

Ótimo tópico, uma pena que tenha caído para uma verborragia sem fim. Mas ainda gostaria de ver o Huxley ou qualquer outro adepto marxista respondendo o que o Zé Pilantra acabou não conseguindo responder:

RicardoVitor escreveu:Zé Pilantra, um ar-condicionado na Sibéria teria muito valor? Consegue explicar o porquê?

Considere que para se produzir um ar-condicionado é necessário o emprego de muita mão-de-obra, matéria-prima e insumos no geral...
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Questionamento crucial. Contudo, o exemplo da Siberia nao e bom. Tenho alguns amigos que vieram de la, e parece que nas partes mais habitadas de la chega a fazer 40 graus (positivos) no verao.
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Joe
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Joe »

Bump!

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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Herf »

Não há paradoxo algum, desde que as premissas corretas sejam adotadas, naturalmente.

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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Herf »

RicardoVitor escreveu:Zé Pilantra, um ar-condicionado na Sibéria teria muito valor? Consegue explicar o porquê?

Considere que para se produzir um ar-condicionado é necessário o emprego de muita mão-de-obra, matéria-prima e insumos no geral...

Lendo e relendo os posts do Huxley, com toda a boa vontade, não consigo imaginar nenhuma circunstância em que a resposta para esta pergunta (ou análogas) seja positiva.

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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

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Pois e, Procedure.

Cada vez mais eu me convenco que o socialismo nao pertence a categoria dos raciocinios humanos, mas subsiste como requicio anomalo de algum espasmo primitivo irracional e involuntario.

Tamanha aversao a uma sequencia logica de implicacoes exatas nao pode ser explicada por outra coisa que nao uma completamente involuntaria reacao espasmodica.

Talvez um dos grandes erros do passado tenha sido dar a ideologia socialista o status indevido de ponto de vista, e nao de patologia mental.
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Huxley
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Huxley »

Procedure escreveu:
RicardoVitor escreveu:Zé Pilantra, um ar-condicionado na Sibéria teria muito valor? Consegue explicar o porquê?

Considere que para se produzir um ar-condicionado é necessário o emprego de muita mão-de-obra, matéria-prima e insumos no geral...

Lendo e relendo os posts do Huxley, com toda a boa vontade, não consigo imaginar nenhuma circunstância em que a resposta para esta pergunta (ou análogas) seja positiva.


Para começo de conversa, a maioria dos ares-condicionados produzidos certamente não vão abastecer os mercados da Sibéria. Não adianta você tentar fazer sucesso empresarial vendendo este produto por um preço baixo lá, pois fatalmente vai ter prejuízo. Em segundo lugar, mesmo que haja descontos nos poucos ares-condicionados vendidos na Sibéria, o valor agregado pago nos mercados onde se vende ar-condicionado para combater o calor, certamente compensarão os menores preços pagos no mercado da Sibéria. Logo, de uma forma geral, o preço médio da unidade vendida não vai ficar menor que o custo médio de produção. Afinal, nenhuma empresa nasce para ter prejuízo contábil. E caso não saiba, neste tópico eu falei de VALOR DE TROCA, não de valor de uso. O economista S. Bailey já mostrou esta diferença:

“Valor (valor de troca) é uma propriedade das coisas, riqueza (valor de uso) do homem. Valor, nesse sentido, implica necessariamente troca, riqueza não. Riqueza (valor de uso) é um atributo do homem, valor um atributo das mercadorias. Um homem, ou uma comunidade, é rico; uma pérola, ou diamante, é valiosa. Uma pérola ou um diamante tem valor como pérola ou diamante.”

De fato, existem quadros e estátuas famosas, livros antigos e moedas raras, cujo custo de produção está descolado de seu valor de troca. Mas estes bens representam uma fração ínfima das mercadorias que nós encontramos. Neste tópico, eu me referi àquelas mercadorias cuja produção pode ser aumentada pelo exercício da atividade humana (um bem reprodutível, um produto e não uma dotação da natureza) e em cuja produção a concorrência atua sem obstáculos.

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Pois e, Procedure.

Cada vez mais eu me convenco que o socialismo nao pertence a categoria dos raciocinios humanos, mas subsiste como requicio anomalo de algum espasmo primitivo irracional e involuntario.

Tamanha aversao a uma sequencia logica de implicacoes exatas nao pode ser explicada por outra coisa que nao uma completamente involuntaria reacao espasmodica.

Talvez um dos grandes erros do passado tenha sido dar a ideologia socialista o status indevido de ponto de vista, e nao de patologia mental.


O que eu falei aqui não é nenhuma exclusividade minha. O fato que o valor de troca das mercadorias são determinado concomitantemente pelo custo de produção e pela utilidade é reconhecido desde que o primeiro economista neoclássico surgiu (Alfred Marshall) e fez uma síntese com as idéias dos clássicos e dos marginalistas. E como se sabe que milhões de liberais neoclássicos modernos se utilizam da concepção da "tesoura marshalliana", dizer que a assertiva de que o custo de produção também determina o valor de troca das mercadorias “é coisa do socialista Huxley” é um ato de quem não entende absolutamente NADA de história do pensamento econômico, ou se entende, está de brincadeira, tendo assim, um bom talento para a comédia.
Editado pela última vez por Huxley em 11 Out 2008, 15:51, em um total de 4 vezes.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

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Huxley
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Huxley »

Por falar em ideologia, ponto de vista e patologia mental, vamos falar um pouco de uma das vertentes de pensamento econômico mais marginalizadas no mundo acadêmico atual: a Escola Austríaca. Vejam os mandamentos seguidos pelos seus atuais representantes:

1-Se algo der errado, é culpa do Estado;

2-Se algo der certo, sem o Estado seria bem melhor;

3-Mesmo que algo der certo, havendo Estado, num dia indefinido tudo será posto a perder;

4-Se algo der certo num país não-liberal, foi apesar do governo do país não-liberal;

5-Se algo der errado num país não-liberal, é culpa do governo do país não-liberal;

6-Não importa se os fatos em questão nos mandamentos 4 e 5 ocorrerem no momento presente, no futuro (mesmo futuro longínquo) ou mesmo milhares de anos antes do governo não-liberal;

7-Especialistas em qualquer área do conhecimento (exceto liberais da Escola Austríaca) são meros intrusos nas liberdades individuais que sonham em regulamentar as vidas dos indivíduos como no caso da lei que obriga padrões de condições sanitárias mínimas para restaurantes funcionarem.

8-Tenha mente binária ("Mim liberal, tu comunista").

9-A escola austríaca é teu Deus e Mises seu profeta.

10-Ignorarás qualquer evidência em contrário ao que manda a escola austríaca.
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Huxley escreveu:O que eu falei aqui não é nenhuma exclusividade minha. O fato que o valor de troca das mercadorias são determinado concomitantemente pelo custo de produção e pela utilidade é reconhecido desde que o primeiro economista neoclássico surgiu (Alfred Marshall). E como se sabe que os liberais da Universidade de Chicago se utilizam do marginalismo marshalliano, dizer que a assertiva de que o custo de produção também determina o valor de troca das mercadorias “é coisa do socialista Huxley” é um ato de quem não entende absolutamente NADA de história do pensamento econômico, ou se entende, está de brincadeira, tendo assim, um bom talento para a comédia.



Nunca disse que era exclusividade sua.

Contudo, acho que voce nao compreendeu bem o problema.

Dizer que existe relacao entre valor de troca e custo e bem diferente de dizer que um e determinado pelo outro.

O contra-exemplo do buraco cavado e tapado, cujo trabalho e positivo e o valor e nulo e completamente valido e voce nao pode produzir absolutamente nada para ataca-lo.

O fato e que parece que voce aprendeu a lidar com graficos e com teoremas e esqueceu da realidade subjacente a eles. Esse e seu erro fatal. Voce esqueceu que essas relacoes nao sao uma lei da natureza, mas um resultado do comportamento racional do homem. Esse deve ser o postulado basico da economia.

O fato de coisas trabalhosas terem alto valor nao prova que existe um valor subjacente ao trabalho, e sim que o homem racional dispende seu tempo e sua forca de trabalho apenas com coisas para as quais ele espera agregar algum valor positivo.

Pegar a amostra dos custos e dos precos no mercado e acreditar ter produzido uma relacao comprovada de determinacao atraves de algum recurso estatistico primario e simplesmente abstrair desse predicado basico da acao economica. E a raiz de muitas falacias.

Assim, os valores de troca sao um resultado INDIRETO dos custos, na medida que a avaliacao racional das pessoas as impulsiona a dispender recursos apenas naquilo que gerara um saldo positivo. Mas nesse sentido, os proprios custos sao resultados INDIRETOS dos valores de troca, na medida que eles sao determinados pela escassez de fatores que possuem valor de troca, e que o valor dos produtos desses fatores induz os agentes racionais a encontrar meios de reduzir os custos, ou seja, fazer progredir a tecnologia empregada.

Nao perceber fato tao basico e um crime para qualquer estudante de economia. Voce precisa aprender que nao basta citar autores, e necessario pensar e refletir sobre o que se esta falando tambem. Eu sei que voce nao e um idiota, alias, e necessaria uma boa dose de um certo tipo de inteligencia para defender posicoes tao indefensaveis quanto as que voce defende com o seu nivel de competencia. Contudo, qualquer um que procure ler o que voce escreve vera que simplesmente nao faz sentido. Nao ha uma logica outra que nao a analise de dados viciados, como esse exemplo do valor e custo deixa bastante claro.

Alfred Marshall e um dos grandes economistas que eu nao li. Nao posso entrar numa discussao detalhada sobre o que ele disse ou deixou de dizer. Contudo, nao e um postulado neoclassico que os custos determinam valores, mas sim que dentro das estruturas que definem as curvas de demanda e oferta, e suas respectivas elasticidades e demais caracteristicas, esta subentendida a acao racional dos individuos, assim como a perspectiva fixa com relacao a evolucao tecnologica (para analises de equilibrio microeconomico). Nessas condicoes, os custos podem determinar precos ao localizarem o ponto de encontro da oferta com a demanda, mas simplesmente abstrair todas essas condicoes e afirmar tacitamente que custos produzem valor e um simples despauterio inconsequente e e o que vem sendo refutado insistentemente nesse topico.

Grande parte do que se diz ciencia economica no passado recente foi a simples analise minuciosa de dados viciados e pressupostos falsos, e o desenvolvimento de "metodos de validacao" estatisticos que consistiam em viciar ainda mais os dados e fazer mais pressuposicoes fantasticas. O que acabou se conseguindo foi negar a propria racionalidade individual e alegar a necessidade de um deus ex machina estatal para colocar as pessoas no eixo.

Eu fico pensando no que se passa na cabeca de um pretenso cientista ocupado em negar a racionalidade e em propor uma solucao racional para a irracionalidade, e eu nao consigo pensar em outra coisa se nao no comportamento patologico daquele que afirma a sentenca "eu estou dizendo uma mentira".
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Aranha
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Aranha »

Huxley escreveu:Por falar em ideologia, ponto de vista e patologia mental, vamos falar um pouco de uma das vertentes de pensamento econômico mais marginalizadas no mundo acadêmico atual: a Escola Austríaca. Vejam os mandamentos seguidos pelos seus atuais representantes:

1-Se algo der errado, é culpa do Estado;

2-Se algo der certo, sem o Estado seria bem melhor;

3-Mesmo que algo der certo, havendo Estado, num dia indefinido tudo será posto a perder;

4-Se algo der certo num país não-liberal, foi apesar do governo do país não-liberal;

5-Se algo der errado num país não-liberal, é culpa do governo do país não-liberal;

6-Não importa se os fatos em questão nos mandamentos 4 e 5 ocorrerem no momento presente, no futuro (mesmo futuro longínquo) ou mesmo milhares de anos antes do governo não-liberal;

7-Especialistas em qualquer área do conhecimento (exceto liberais da Escola Austríaca) são meros intrusos nas liberdades individuais que sonham em regulamentar as vidas dos indivíduos como no caso da lei que obriga padrões de condições sanitárias mínimas para restaurantes funcionarem.

8-Tenha mente binária ("Mim liberal, tu comunista").

9-A escola austríaca é teu Deus e Mises seu profeta.

10-Ignorarás qualquer evidência em contrário ao que manda a escola austríaca.


- Descrição impecável!

Abraços,
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Huxley escreveu:Por falar em ideologia, ponto de vista e patologia mental, vamos falar um pouco de uma das vertentes de pensamento econômico mais marginalizadas no mundo acadêmico atual: a Escola Austríaca. Vejam os mandamentos seguidos pelos seus atuais representantes:

1-Se algo der errado, é culpa do Estado;

2-Se algo der certo, sem o Estado seria bem melhor;

3-Mesmo que algo der certo, havendo Estado, num dia indefinido tudo será posto a perder;

4-Se algo der certo num país não-liberal, foi apesar do governo do país não-liberal;

5-Se algo der errado num país não-liberal, é culpa do governo do país não-liberal;

6-Não importa se os fatos em questão nos mandamentos 4 e 5 ocorrerem no momento presente, no futuro (mesmo futuro longínquo) ou mesmo milhares de anos antes do governo não-liberal;

7-Especialistas em qualquer área do conhecimento (exceto liberais da Escola Austríaca) são meros intrusos nas liberdades individuais que sonham em regulamentar as vidas dos indivíduos como no caso da lei que obriga padrões de condições sanitárias mínimas para restaurantes funcionarem.

8-Tenha mente binária ("Mim liberal, tu comunista").

9-A escola austríaca é teu Deus e Mises seu profeta.

10-Ignorarás qualquer evidência em contrário ao que manda a escola austríaca.



E interessante.

Qualquer um que tente encontrar sentido no que voce diz se vera perdido num mar de jargao vazio e silogismos duvidosos.

Qualquer um que procure fazer o mesmo nos meus textos tera uma sequencia clara de principios basicos e deducoes logicas, tao claras quanto me permitem minhas limitacoes de estilo.

Para qualquer um que discorde disso, que fique claro que eu exponho o principio austriaco: o homem age racionalmente para atingir fins especificos individuais.

E dado que todas as estruturas conhecidas da sociedade sao constructos humanos, elas devem estar relacionadas a esse principio de algum modo. A teoria austriaca procura explicar essa relacao, sem apelar para qualquer tipo de necessidade mistica supra-humana.

Contudo, as teorias economicas burocraticas das quais voce se diz fiel acolito nao esclarecem seus postulados, mas aparentemente um deles e o seguinte mandamento: "o homem age irracionalmente e nao atinge seus objetivos sem a instrucao e lideranca de algum burocrata amigo meu".

Sobre a marginalizacao da economia austriaca, nao era de se esperar menos de uma teoria tao hostil a burocracia.

Outras ciencias, como a fisica, ou a matematica, podem se desenvolver em ambiente burocratico, na medida que nenhum teorema da matematica ou teoria fisica representa risco significativo para o status dos burocratas que as financiam, e seus resultados sao evidentemente uteis, tanto para burocratas quanto para todos os individuos. Nao que elas desenvolvam-se melhor gracas a burocratas, elas apenas nao tem que se defender muito da hostilidade deles. Como ilustracao, basta considerar o fato de que a URSS foi prodigiosa na fabricacao de matematicos e fisicos dos mais brilhantes de seu tempo (boa parte dos quais fugiram), mas um completo fiasco no planejamento economico.

A ciencia economica so se "desenvolve" em tal territorio enquanto observar religiosamente o mandamento que eu descrevi acima. Isso e, se desenvolve enquanto anti-economia, e portanto enquanto fraude. Ainda que existam certas ilhas, como Chicago, onde a racionalidade ainda se apresenta menos maculada pelo espirito burocratico, a verdade e que as escolas de economia so tem futuro enquanto fabricas de novos socialistas, classe que voce dignamente representa.

A escola austriaca contudo demonstra que a luz pode emergir na escuridao mais tenebrosa, e que a iniciativa individual nunca sera sufocada pelo coletivismo impiedoso e asfixiante dos nossos tempos. Desde que Mises foi para os EUA, ela vem sendo financiada por fundos privados, de gente realmente interessada pelo que o pensamento critico tem a oferecer. E ela prevalecera com o tempo, enquanto outras teorias cairem de podres junto com suas pressuposicoes fantasticas e seus metodos de auto-engano.
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Huxley
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Huxley »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Assim, os valores de troca sao um resultado INDIRETO dos custos, na medida que a avaliacao racional das pessoas as impulsiona a dispender recursos apenas naquilo que gerara um saldo positivo. Mas nesse sentido, os proprios custos sao resultados INDIRETOS dos valores de troca, na medida que eles sao determinados pela escassez de fatores que possuem valor de troca, e que o valor dos produtos desses fatores induz os agentes racionais a encontrar meios de reduzir os custos, ou seja, fazer progredir a tecnologia empregada.


Alfred Marshall e um dos grandes economistas que eu nao li. Nao posso entrar numa discussao detalhada sobre o que ele disse ou deixou de dizer. Contudo, nao e um postulado neoclassico que os custos determinam valores, [/b][/color]


Eu tenho absoluta certeza do que estou dizendo. Para Marshall e seus discípulos neoclássicos, valor de troca não depende apenas da utilidade, mas também das condições técnicas, econômicas, sociais e legais vindas da produção. O fato de os agentes buscarem reduzir os custos com inovações técnicas diz respeito ao que acontece com as condições de OFERTA. O preço relativo de um bem em relação a outro pode cair pelo simples deslocamento da curva de oferta de um deles, ainda que suas respectivas curvas de demanda permaneçam inalteradas. A citação que eu pus neste tópico do livro de Marshall é absolutamente clara. "Nós podemos estabelecer uma discussão razoável se é a lâmina superior ou inferior de uma tesoura que corta a folha de papel, assim como se o valor é determinado pela utilidade ou pelo custo de produção". Essa é apenas uma aplicação da idéia expressa em dois slogans de Stanley Jevons expostos em sua obra Princípios de Economia: "O grau de utilidade varia com a quantidade de um bem e diminui à medida que sua quantidade aumenta" e "O custo de produção determina a oferta, a oferta determina o grau final de utilidade, o grau final de utilidade determina o valor".

Porque você acha que, de uma ou duas décadas para cá, vários bens do setor de eletroeletrônicos tiveram uma significativa baixa nos preços relativos comparados a vários bens cujas possibilidades para inovações técnicas na sua produção são mais limitadas? Será que os consumidores rebaixaram abruptamente a utilidade atribuída a TV de plasma, câmera digital, celular, Ipod , etc. em relação a estes produtos? Não, isto ocorreu essencialmente porque a maior disponibilidade daqueles fatores utilizados na produção dos mesmos em relação à demanda inicial por eles reduziu seu preço em relação aos preços dos demais fatores de produção. A queda resultante no preço relativo daqueles fatores teve então o duplo efeito de: baratear os métodos de produção que usam aqueles fatores mais intensivamente (levando à substituição na produção); baratear o preço final de bens em cuja produção aqueles fatores são usados em alta proporção (levando à substituição no consumo). Eis a lógica neoclássica do equilíbrio do mercado de fatores: o incentivo para que os demandantes se utilizem do fator de produção mais abundante (e barato) e menos do fator de produção relativamente escasso (e mais caro), até eliminar qualquer excesso de oferta.

A idéia que os os preços relativos das mercadorias resultam apenas das diferenças nas valorações subjetivas dos demandantes é tão absurda, que caso ela fosse válida, sequer poderíamos explicar porque é uma regra que as empresas tenham lucro contábil positivo. Neste caso, teríamos que postular que a soma do lucro contábil das empresas (receita total - despesa total) de um país seria exatamente igual a zero. Vejamos o porquê. De posse de um dado montante de dinheiro, os capitalistas adquirem um determinado volume de mercadorias, de dois tipos: meios de produção (matérias-primas, equipamentos etc.) e força de trabalho. Operando com os meios de produção, a força de trabalho gera novas mercadorias de maior valor de troca. Quando as mercadorias produzidas forem vendidas, o valor criado será realizado. Segundo a lógica do marginalismo que considera só a utilidade como determinante do valor, a diferença entre receita total e despesa total surgiria devido a transações por preços diferentes para indivíduos diferentes devido a diferença de valoração dos indivíduos. Admita-se agora que seja permitido aos vendedores, por um privilégio inexplicável, vender uma mercadoria acima de seu valor, a 110 quando ela vale 100, portanto com um aumento nominal de preço de 10%. O vendedor cobra, portanto, um lucro de 10. Mas depois de ter sido vendedor, ele torna-se comprador. Um terceiro possuidor de mercadorias encontra-o agora como vendedor e goza por sua vez do privilégio de vender a mercadoria 10% mais cara. Nosso homem ganhou 10 como vendedor para perder 10 como comprador. O todo acaba redundando no fato de que todos os possuidores de mercadorias vendam reciprocamente as mercadorias 10% acima do valor, o que é inteiramente o mesmo que venderem as mercadorias por seus valores. Tal aumento nominal e geral dos preços implicaria que os preços das mercadorias iriam inchar, mas as suas relações de valor ficariam inalteradas.
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Herf »

Porque você acha que, de uma ou duas décadas para cá, vários bens do setor de eletroeletrônicos tiveram uma significativa baixa nos preços relativos comparados a vários bens cujas possibilidades para inovações técnicas na sua produção são mais limitadas? Será que os consumidores rebaixaram abruptamente a utilidade atribuída a TV de plasma, câmera digital, celular, Ipod , etc. em relação a estes produtos? Não, isto ocorreu essencialmente porque a maior disponibilidade daqueles fatores utilizados na produção dos mesmos em relação à demanda inicial por eles reduziu seu preço em relação aos preços dos demais fatores de produção.

Bom, sim, o preço cai por causa da concorrência. Mas qual a relação disso com o valor que o indivíduo atribui a, digamos, uma TV de plasma? Ao decidir-se sobre a compra de uma TV, o consumidor não leva em consideração apenas a sua valoração subjetiva da TV, mas também a valoração subjetiva do dinheiro que gastará ao comprá-la.

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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


Huxley,

Perceba que eu nunca atribui a utilidade a exclusividade do merito na formacao de um preco. E alias essa a fonte da confusao do "paradoxo" do valor: porque diamentes, menos uteis do que agua, sao tao caros?

A ideia nao e relacionada diretamente com o custo de producao. Um diamente encontrado aleatoriamente no chao tera o mesmo preco de mercado (guardadas constantes outras variaveis) de um diamente extraido a duras penas de uma mina ou fabricado por processos industriais complexos.

A questao basica e a escassez. Diamantes sao relativamente mais escassos que agua. Agua existe em abundancia. Nao beberemos 50 litros de agua por dia com a mesma avidez com que beberiamos 1 litro e meio. Os outros 48 litros e meio nos empregamos em fins menos urgentes, como banho, limpeza de utensilios e imoveis, recreacao, etc. Nessa escala de prioridades, um litro adicional de agua por dia, ou um litro a menos de agua, afetaria as coisas mais banais, se e que afetaria alguma coisa. 45 litros a menos de agua por dia produziriam um incomodo bastante maior do que "45 vezes o incomodo" de um litro a menos. Pelos primeiros cinco litros de agua nos aceitariamos pagar muito mais, mas ocorre que no mercado nos so vendemos e compramos o estoque marginal, com base no valor marginal que nos damos para ele.

O problema da sua analise de custos e que ela parece esquecer que as pessoas so aceitam incorrer em altos custos para seus estoques cujo o valor do item marginal e alto o suficiente para tanto. Ou seja, o fato dos custos se igualarem ao valor de troca e uma simples consequencia do fato de que a racionalidade humana impede as pessoas de incorrerem em custos excessivos para coisas que nao lhes interessam tanto. O custo nao "adiciona" valor, ele simplesmente e grande quando a percepcao do valor do bem a ser produzido mediante esse custo tambem o e. Essa e a origem da correlacao.

Se o custo diminui (mediante progresso tecnologico), o valor de troca diminui, mas por uma simples questao de abundancia. Com menores custos, atinge-se um nivel maior de abundancia do bem de maneira mais facil, de modo que o valor marginal de uma unidade adicional do determinado bem passa a ser menor.

Voce pode dizer que hoje um computador (ou um aparelho com suficiente tecnologia de informatica embarcada) faz um bocado de coisas e e "extremamente util", mais util ate do que os extremamente caros aparelhos do passado. Mas essa nao e a visao correta de utilidade, e apenas uma confusao boba. A questao que voce se pergunta e sempre o que um novo aparelho acrescentara a minha vida e o que eu aceitaria sacrificar para obte-lo, e nao o quanto os aparelhos existentes sao uteis para mim de uma forma filosoficamente vaga e geral. Os baixos custos por sua vez permitem a empresas operar lucrativamente produzindo mesmo para as pessoas que aceitariam sacrificar muito pouco para comprar aquele artigo. Assim, o preco de um Macintosh nao e o que o designer aceitaria pagar, mas o que o consumidor marginal da Apple aceitaria pagar.

Tanto o e, que quando e possivel fazer discriminacao de precos, ela se passa com relativo sucesso. Um medico particular pode cobrar tarifas adaptadas a renda do seu paciente, pois o bem que vende e intransferivel. Ele acredita que a utilidade marginal dos servicos de medicina para alguem suficientemente rico justifica um dispendio financeiro maior do que para alguem mais pobre, mesmo que ambos recebam o mesmo servico com os mesmos custos. E claro que o medico nunca aceitara trabalhar para um pobre submarginal que nao admitiria pagar nem mesmo os custos que o profissional incorre ao realizar a consulta. Mas isso nao muda a forma como os precos se constituem.

A falacia e evidente quando nos deparamos com a questao do arcondicionado para o esquimo. Custos altos e utilidades nulas o tornam um objeto sem valor de troca. Ate o presente momento voce nao apresentou qualquer justificativa, fora dubias citacoes de famosos economistas, que refutassem essa afirmacao.

Por outro lado, eu duvido. Jevons e Marshall estavam cientes do carater marginal da utilidade, e se eles faziam certas afirmacoes sobre custos e precos e porque eles subentendiam que a racionalidade das pessoas as guiaria para empregar seus recursos na confeccao de bens que fossem considerados mais valiosos que a soma daquilo que foi gasto para obte-los. Nem sempre e o caso, mas essa e a regra do lucro empresarial.

Quanto ao lucro contabil, voce novamente esta enganado por se prender a uma abstracao incorreta da economia.

Seus exemplos costumam ser inspirados nas complexas relacoes comerciais do mundo atual. Essas relacoes sao desnecessariamente complicadas para compreender o que se passa de fato na economia empresarial, sendo muito pouco uteis para esclarecer e muito adequadas para confundir. Procure pensar de forma mais simples, numa economia que consista de duas pessoas. Todos os elementos necessarios para a existencia de um mercado estao presentes: mais de um individuo, divisao do trabalho e propriedade privada. Uma apenas caca animais para consumo da carne, outra procura proporcionar abrigo contra o frio e perigos diversos. Se ao final de suas atividades, aquela que cacou obtem um excedente de carne capaz de trocar por parte do abrigo daquela que construiu, e vice-versa, ambas tiveram lucro. Uma delas tinha carne em excesso e abrigo em escassez, de modo que a utilidade atribuida a sua unidade marginal de carne era inferior a utilidade que uma unidade de abrigo adicional lhe aportaria. A reciproca sendo valida para a outra, atraves do mercado elas decidem uma troca mutuamente valida de propriedades. Ambas tiveram lucro de suas atividades (no sentido de aumento da utilidade de seus recursos), em seguida consumindo e poupando alguma parte dele. Sairam de um estado menos satisfatorio para um estado mais satisfatorio.

Numa economia complexa, ocorre essencialmente o mesmo, mas em escalas maiores. A moeda permite a realizacao indireta desse tipo de troca, facilitando bastante as coisas, mas ela nao muda essa figura. E a forma como cada um consume suas reservas monetarias produz o lucro monetario de outras pessoas.

O fato da massa monetaria aumentar e o lucro nominal ser positivo como regra e que e uma contingencia de politicas inflacionarias. Mas lucro em si nao tem nada a ver com quantidade de moeda, mas sim com aumento da utilidade total dos recursos disponiveis. Se trocassemos castanhas por outros bens, sendo castanhas a nossa moeda, o fato de alguem chegar com um enorme carregamento de castanhas e distribui-las nao tornara a todos mais ricos exceto que por valores nominais de castanhas, ainda que os contabilistas de castanhas digam que o lucro contabil das empresas foi astronomico. Contudo, os bens outros que castanhas permaneceriam fixos e escassos, demandando na nova situacao um maior numero de castanhas para serem comprados.

Entenda: eu nao estou dizendo que precos nao nos informam nada sobre custos. Informam sim, de uma maneira indireta, levando-se em conta o fato de que as pessoas sao racionais e por isso em geral incorrem em custos racionalmente explicaveis. Contudo, a real informacao que um preco transmite e sobre a utilidade marginal de uma unidade do genero em questao em relacao a todas as outras mercadorias pelas quais ele poderia ser trocado. Essa informacao nao depende diretamente do custo: um bem natural, pelo qual nao houve nenhum custo de producao ou mesmo de extracao pode ter um enorme preco, assim como um bem artificial, que demandou gastos enormes durante sua producao, pode nao valer nada, porque seus produtores nao anteciparam que o seu projeto era na verdade um elefante branco.

Eu poderia elencar uma infinidade de fatos reais corroborando e exemplificando cada aspecto dessa tese, mas nao desconfio tanto assim da sua inteligencia para julgar isso necessario.
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Acauan »

user f.k.a. Cabeção escreveu:Cada vez mais eu me convenco que o socialismo nao pertence a categoria dos raciocinios humanos, mas subsiste como requicio anomalo de algum espasmo primitivo irracional e involuntario.

Tamanha aversao a uma sequencia logica de implicacoes exatas nao pode ser explicada por outra coisa que nao uma completamente involuntaria reacao espasmodica.

Talvez um dos grandes erros do passado tenha sido dar a ideologia socialista o status indevido de ponto de vista, e nao de patologia mental.


Talvez parte da explicação resida naquele momento em que os revolucionários decidiram que a realização de seus objetivos devia ser posto acima da moral.
Como, para eles, o objetivo da revolução era o bem da humanidade, qualquer mal que fizessem pelo triunfo revolucionário estaria justificado.

O problema é que a partir do momento que um objetivo é posto acima da moral, é o objetivo que define o que é o bem, caindo, portanto em um raciocínio circular onde a revolução está acima da moral porque visa um bem que ela própria definiu como o sendo.

Daí a não ver problema algum em que se leve milhões à fome para suprimir a miséria, milhões à escravidão para instituir a liberdade ou matar milhões para extinguir a opressão é um pulinho...

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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


De fato.

A moral e um produto racional. Para ser operada, ela exige capacidade silogistica, o reconhecimento de principios e suas implicacoes. Seu ambiente e a razao humana.

O socialismo pertence antes ao dominio fisiologico mais baixo. E uma especie de secrecao impensada, derivado de algum institinto gregario residual. Nao pode ser moral, pois e pre-racional. Nao precisa prestar tributos a moral ou mesmo a logica. Alias, para prevalecer precisa ser hostil as duas.

Nao e a toa que em suas diversas manifestacoes esta sempre presente o caractere de revolta contra a razao, contra o saber. A revolucao subsiste como impeto de negar o que se aprendeu no passado, como se pudessemos de alguma forma aprender com o futuro. E a completa subversao do pensar. Uma especie de insanidade.
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Acauan »

user f.k.a. Cabeção escreveu:De fato.

A moral e um produto racional. Para ser operada, ela exige capacidade silogistica, o reconhecimento de principios e suas implicacoes. Seu ambiente e a razao humana.

O socialismo pertence antes ao dominio fisiologico mais baixo. E uma especie de secrecao impensada, derivado de algum institinto gregario residual. Nao pode ser moral, pois e pre-racional. Nao precisa prestar tributos a moral ou mesmo a logica. Alias, para prevalecer precisa ser hostil as duas.

Nao e a toa que em suas diversas manifestacoes esta sempre presente o caractere de revolta contra a razao, contra o saber. A revolucao subsiste como impeto de negar o que se aprendeu no passado, como se pudessemos de alguma forma aprender com o futuro. E a completa subversao do pensar. Uma especie de insanidade.


Pois é Cabeça,

Recomendo um exercício excelente para compreender como esta turma pensa: a autobiografia do Pablo Neruda, Confesso que Vivi.
Que pese eu não morrer de amores pela poesia dele, mas o cara ganhou o Nobel de literatura, o que, talvez, queira dizer alguma coisa.

Primeiro achei que Neruda era um completo idiota, dada a análise pueril que faz de suas lembranças. Depois conclui que devia haver mais podres por trás disto, já que ninguém consegue ser tão bobo quanto o chileno se descrevia.

O que fica claro na leitura que Neruda faz de sua vida é que esta leitura é marxista-leninista até a raiz dos cabelos, ou seja, por absurdo que pareça, o sujeito perdeu a capacidade de enxergar a si mesmo que não através de sua ideologia política.
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Huxley »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
Perceba que eu nunca atribui a utilidade a exclusividade do merito na formacao de um preco. E alias essa a fonte da confusao do "paradoxo" do valor: porque diamentes, menos uteis do que agua, sao tao caros?

A ideia nao e relacionada diretamente com o custo de producao. Um diamente encontrado aleatoriamente no chao tera o mesmo preco de mercado (guardadas constantes outras variaveis) de um diamente extraido a duras penas de uma mina ou fabricado por processos industriais complexos.

A questao basica e a escassez. Diamantes sao relativamente mais escassos que agua. Agua existe em abundancia. Nao beberemos 50 litros de agua por dia com a mesma avidez com que beberiamos 1 litro e meio. Os outros 48 litros e meio nos empregamos em fins menos urgentes, como banho, limpeza de utensilios e imoveis, recreacao, etc. Nessa escala de prioridades, um litro adicional de agua por dia, ou um litro a menos de agua, afetaria as coisas mais banais, se e que afetaria alguma coisa. 45 litros a menos de agua por dia produziriam um incomodo bastante maior do que "45 vezes o incomodo" de um litro a menos. Pelos primeiros cinco litros de agua nos aceitariamos pagar muito mais, mas ocorre que no mercado nos so vendemos e compramos o estoque marginal, com base no valor marginal que nos damos para ele.

O problema da sua analise de custos e que ela parece esquecer que as pessoas so aceitam incorrer em altos custos para seus estoques cujo o valor do item marginal e alto o suficiente para tanto. Ou seja, o fato dos custos se igualarem ao valor de troca e uma simples consequencia do fato de que a racionalidade humana impede as pessoas de incorrerem em custos excessivos para coisas que nao lhes interessam tanto. O custo nao "adiciona" valor, ele simplesmente e grande quando a percepcao do valor do bem a ser produzido mediante esse custo tambem o e. Essa e a origem da correlacao.

Se o custo diminui (mediante progresso tecnologico), o valor de troca diminui, mas por uma simples questao de abundancia. Com menores custos, atinge-se um nivel maior de abundancia do bem de maneira mais facil, de modo que o valor marginal de uma unidade adicional do determinado bem passa a ser menor.

Voce pode dizer que hoje um computador (ou um aparelho com suficiente tecnologia de informatica embarcada) faz um bocado de coisas e e "extremamente util", mais util ate do que os extremamente caros aparelhos do passado. Mas essa nao e a visao correta de utilidade, e apenas uma confusao boba. A questao que voce se pergunta e sempre o que um novo aparelho acrescentara a minha vida e o que eu aceitaria sacrificar para obte-lo, e nao o quanto os aparelhos existentes sao uteis para mim de uma forma filosoficamente vaga e geral. Os baixos custos por sua vez permitem a empresas operar lucrativamente produzindo mesmo para as pessoas que aceitariam sacrificar muito pouco para comprar aquele artigo. Assim, o preco de um Macintosh nao e o que o designer aceitaria pagar, mas o que o consumidor marginal da Apple aceitaria pagar.

Tanto o e, que quando e possivel fazer discriminacao de precos, ela se passa com relativo sucesso. Um medico particular pode cobrar tarifas adaptadas a renda do seu paciente, pois o bem que vende e intransferivel. Ele acredita que a utilidade marginal dos servicos de medicina para alguem suficientemente rico justifica um dispendio financeiro maior do que para alguem mais pobre, mesmo que ambos recebam o mesmo servico com os mesmos custos. E claro que o medico nunca aceitara trabalhar para um pobre submarginal que nao admitiria pagar nem mesmo os custos que o profissional incorre ao realizar a consulta. Mas isso nao muda a forma como os precos se constituem.


Eu não disse que custo determinava valor. Eu disse que o custo determinava a magnitude da oferta. Tanto o custo, como a utilidade tem um papel a desempenhar. O primeiro na explicação da oferta e, a segunda, na explicação da demanda. Se eu dissesse que custo determina valor seria o mesmo que dizer que a lâmina superior da tesoura determina o corte de sua lâmina inferior. E outro que diz um absurdo comparável a isto é o indivíduo que postula que utilidade determina custo.

É verdade que nós não podemos dizer quando uma mercadoria tem mais utilidade que outra sem saber nada sobre sua escassez. Entretanto, um consumidor representativo tem em mente uma função utilidade da mercadoria que vai consumir. Logo, podemos dizer quando uma mercadoria A é mais valiosa que a mercadoria B, dado o mesmo grau de escassez. Isto ocorre quando a função utilidade de bem A está acima e a direita da função utilidade do bem B:

Imagem

No caso acima, dada a mesma curva de oferta (determinada pelo custo), duas mercadorias podem ter preços diferentes. Entretanto, dado a mesma curva de demanda (determinada pela utilidade), duas mercadorias TAMBÉM podem ter preços diferentes:

Imagem

Além disso, uma mercadoria A pode ser mais barata que mercadoria B mesmo que a função utilidade da primeira esteja abaixo e a esquerda da função utilidade da mercadoria B. Porque estas coisas podem acontecer? Vejamos um detalhe. O custo médio de produção não é um barro perfeitamente maleável que se adapta a qualquer capricho do consumidor. As condições técnicas da produção os afetam também. Existem graus de limitações técnicas que variam de setor para setor. Em alguns setores, o progresso técnico e a velocidade das inovações tecnológicas é tanta que deter o maior número de patentes não chega a ser uma vantagem competitiva muito relevante para uma firma. Em outros, a velocidade de progresso técnico é bem menor, como no caso de vários setores de serviços.

Justamente porque o custo de produção não é um barro perfeitamente maleável é que muitas pessoas ainda não fizeram turismo na Lua, ainda que existam várias pessoas multimilionárias dispostas a pagar muito por isso. E viajar ao espaço continua muito caro.


user f.k.a. Cabeção escreveu:
A falacia e evidente quando nos deparamos com a questao do arcondicionado para o esquimo. Custos altos e utilidades nulas o tornam um objeto sem valor de troca. Ate o presente momento voce nao apresentou qualquer justificativa, fora dubias citacoes de famosos economistas, que refutassem essa afirmacao.


Eu já respondi a este paradoxo. Você é que não entendeu devidamente a minha explicação. Já que foi isto que ressucitou este tópico, lá vai:

O ar-condicionado não tem valor de troca no Pólo Norte? Errado. Ele só não tem valor de uso. Suponha que um engraçadinho dê um ar-condicionado de presente a um esquimó canadense. O que impede de ele ir ao Mercado Livre de lá, e vendê-lo a uma pessoa que mora no sul do Canadá? Como o ar-condicionado pode não ter valor de troca?

Por outro lado, se você disser que pode existir uma mercadoria com alto custo de produção que não pode ser vendido em qualquer lugar do planeta, aí já não estamos falando de mercadoria. Mercadoria, POR DEFINIÇÃO, é um bem que satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. Se as propriedades de um objeto não satisfazem necessidades humanas, então não há mercadoria em discussão.



user f.k.a. Cabeção escreveu:
Seus exemplos costumam ser inspirados nas complexas relacoes comerciais do mundo atual. Essas relacoes sao desnecessariamente complicadas para compreender o que se passa de fato na economia empresarial, sendo muito pouco uteis para esclarecer e muito adequadas para confundir. Procure pensar de forma mais simples, numa economia que consista de duas pessoas. Todos os elementos necessarios para a existencia de um mercado estao presentes: mais de um individuo, divisao do trabalho e propriedade privada. Uma apenas caca animais para consumo da carne, outra procura proporcionar abrigo contra o frio e perigos diversos. Se ao final de suas atividades, aquela que cacou obtem um excedente de carne capaz de trocar por parte do abrigo daquela que construiu, e vice-versa, ambas tiveram lucro. Uma delas tinha carne em excesso e abrigo em escassez, de modo que a utilidade atribuida a sua unidade marginal de carne era inferior a utilidade que uma unidade de abrigo adicional lhe aportaria. A reciproca sendo valida para a outra, atraves do mercado elas decidem uma troca mutuamente valida de propriedades. Ambas tiveram lucro de suas atividades (no sentido de aumento da utilidade de seus recursos), em seguida consumindo e poupando alguma parte dele. Sairam de um estado menos satisfatorio para um estado mais satisfatorio.


Analogia totalmente sem sentido. Isto que você descreveu não é lucro capitalista. Lucro no capitalismo implica em criação de valor de troca novo para o possuidor do capital. Isto que você descreveu é criação de valor de uso novo. Se isto fosse lucro capitalista, então poderíamos dizer que duas crianças que trocam figurinhas de álbuns são capitalistas. Como estas duas crianças poderiam acumular capital apenas gerando valor de uso novo?

O pior foi você ter feito uma comparação da economia capitalista com uma economia de escambo. Na última, diferentemente do que ocorre na primeira, uma decisão de ofertar certa quantidade de produtos necessariamente implica também uma decisão de aceitar como pagamento, e portanto de demandar, uma quantidade de produtos do mesmo valor de troca. Neste caso, nunca há discrepância entre o valor real da oferta agregada e o da demanda agregada, não importa quão diferentes a oferta e a demanda por bens particulares possam ser uma da outra. Numa economia monetária que usa moeda o ato de vender e comprar podem ser logicamente separados como duas transações distintas. Se tratarmos de uma economia capitalista que usa moeda, temos que postular que os empresários adquirem um determinado volume de mercadorias, de dois tipos (meios de produção e força de trabalho) e realizam valor de troca superior ao destas mercadorias no ato da venda.

user f.k.a. Cabeção escreveu:

O fato da massa monetaria aumentar e o lucro nominal ser positivo como regra e que e uma contingencia de politicas inflacionarias. Mas lucro em si nao tem nada a ver com quantidade de moeda, mas sim com aumento da utilidade total dos recursos disponiveis.


Não coloque palavras na minha boca. Em nenhum momento, eu falei em lucro nominal. Eu disse que é uma regra entre as empresas que o lucro REAL contábil das mesmas seja positivo. Se não fosse assim, a maioria das empresas teria lucro econômico bastante negativo (já que, usualmente, lucro econômico = lucro contábil- custo de oportunidade em uma aplicação financeira), o que forçaria a conclusão nada razoável que as empresas nascem para ter prejuízos.

Baseado na teoria do valor-utilidade de Menger, você até agora só disse como o capitalismo pode criar valor de uso novo, o que não é o mesmo que demonstrar como novos valores de troca são criados para o capitalista.
“A boa sociedade é aquela em que o número de oportunidades de qualquer pessoa aleatoriamente escolhida tenha probabilidade de ser a maior possível”

Friedrich Hayek. “Direito, legislação e liberdade” (volume II, p.156, 1985, Editora Visão)

"Os homens práticos, que se julgam tão independentes em seu pensar, são todos na verdade escravos das idéias de algum economista morto."

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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Huxley »

Procedure escreveu:
Porque você acha que, de uma ou duas décadas para cá, vários bens do setor de eletroeletrônicos tiveram uma significativa baixa nos preços relativos comparados a vários bens cujas possibilidades para inovações técnicas na sua produção são mais limitadas? Será que os consumidores rebaixaram abruptamente a utilidade atribuída a TV de plasma, câmera digital, celular, Ipod , etc. em relação a estes produtos? Não, isto ocorreu essencialmente porque a maior disponibilidade daqueles fatores utilizados na produção dos mesmos em relação à demanda inicial por eles reduziu seu preço em relação aos preços dos demais fatores de produção.

Bom, sim, o preço cai por causa da concorrência. Mas qual a relação disso com o valor que o indivíduo atribui a, digamos, uma TV de plasma? Ao decidir-se sobre a compra de uma TV, o consumidor não leva em consideração apenas a sua valoração subjetiva da TV, mas também a valoração subjetiva do dinheiro que gastará ao comprá-la.


Eu suspeito que sua teoria não explica nada porque tenta explicar tudo. Entenda o porquê. A teoria do valor-utilidade parte da premissa da racionalidade do homo oeconomicus. Mas no seu esquema conceitual, esta é uma verdade irrefutável. Se todos os mendigos passarem a preferir a pagar mais por uma bala do que por uma refeição, então quer dizer que a teoria do valor-utilidade continua válida por causa da “valoração subjetiva do dinheiro”? Se você respondeu com um “sim” a esta pergunta, parabéns. Você acaba de fazer uma proposição que é válida em qualquer situação. Em lógica, isto é chamado de TAUTOLOGIA.
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por Huxley »

Caramba, já fui chamado de marxista e socialista neste tópico só porque disse uma coisa óbvia, isto é, que o custo tem uma importante função a desempenhar na determinação do valor. Lista de outros socialistas marxistas, seguindo o mesmo raciocínio:

- Adam Smith
- David Ricardo
- Jean-Baptiste Say
- Stanley Jevons
- Alfred Marshall
- Arthur Pigou e outros discípulos cambrigdeanos de Marshall
- economistas da Escola de Chicago (monetaristas e novo-clássicos)
- todos outros economistas do mainstream econômico ortodoxo

Nossa, quantos socialistas no meio acadêmico econômico...Rumo à ditadura do proletariado. :emoticon12:
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Re: O paradoxo do valor de água e diamantes

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Huxley escreveu:Eu não disse que custo determinava valor. Eu disse que o custo determinava a magnitude da oferta. Tanto o custo, como a utilidade tem um papel a desempenhar. O primeiro na explicação da oferta e, a segunda, na explicação da demanda. Se eu dissesse que custo determina valor seria o mesmo que dizer que a lâmina superior da tesoura determina o corte de sua lâmina inferior. E outro que diz um absurdo comparável a isto é o indivíduo que postula que utilidade determina custo.

É verdade que nós não podemos dizer quando uma mercadoria tem mais utilidade que outra sem saber nada sobre sua escassez. Entretanto, um consumidor representativo tem em mente uma função utilidade da mercadoria que vai consumir. Logo, podemos dizer quando uma mercadoria A é mais valiosa que a mercadoria B, dado o mesmo grau de escassez. Isto ocorre quando a função utilidade de bem A está acima e a direita da função utilidade do bem B:



No caso acima, dada a mesma curva de oferta (determinada pelo custo), duas mercadorias podem ter preços diferentes. Entretanto, dado a mesma curva de demanda (determinada pela utilidade), duas mercadorias TAMBÉM podem ter preços diferentes:



Além disso, uma mercadoria A pode ser mais barata que mercadoria B mesmo que a função utilidade da primeira esteja abaixo e a esquerda da função utilidade da mercadoria B. Porque estas coisas podem acontecer? Vejamos um detalhe. O custo médio de produção não é um barro perfeitamente maleável que se adapta a qualquer capricho do consumidor. As condições técnicas da produção os afetam também. Existem graus de limitações técnicas que variam de setor para setor. Em alguns setores, o progresso técnico e a velocidade das inovações tecnológicas é tanta que deter o maior número de patentes não chega a ser uma vantagem competitiva muito relevante para uma firma. Em outros, a velocidade de progresso técnico é bem menor, como no caso de vários setores de serviços.

Justamente porque o custo de produção não é um barro perfeitamente maleável é que muitas pessoas ainda não fizeram turismo na Lua, ainda que existam várias pessoas multimilionárias dispostas a pagar muito por isso. E viajar ao espaço continua muito caro.



Voce esta fazendo presuncoes erradas sobre o que eu escrevi.

Esta dizendo coisas que nunca foram contrariadas sobre "custo medio" nao ser um "barro completamente maleavel", ou de certos setores acomodarem dificuldades particulares que impedem aumentos de producao. Tudo isso sao obviedades que eu nunca neguei, e simplesmente mostram que voce nao esta lendo com suficiente atencao.

Eu disse basicamente que o papel dos custos e o de determinar a escassez relativa de um bem economico para o qual as pessoas ja atribuem valor.

Contudo o significado de um custo pode ser claramente definido em termos de escassez e de valor subjetivo: ele e a utilidade marginal sacrificada para se realizar o aporte de utilidade na producao de um bem ou servico. Se essa atidade gerar menos utilidade do que consumir ela estara dando prejuizo. Finalmente, e isso que quer dizer a economia: a atividade racional do homem para aumentar a sua satisfacao (utilidade). Nao quer dizer trocas de cifras monetarias, contabilidade de custos ou o que quer queiram entender. Todas essas coisas sao elementos perifericos que o homem inventou para realizar o proposito de sua atividade, nao sendo elas que dao o sentido para a sua acao portanto.

Vou exemplificar com uma breve analise do bem "trabalho":

O custo de um trabalhador para realizar uma tarefa e basicamente todo o prazer que ele teria ao nao realizar aquele esforco (ou seja, no ocio) (e isso inclui tambem os custos de sua formacao para realizar o trabalho), ou o maior dos ganhos que ele teria ao realizar outro tipo de tarefa igualmente demandante em tempo, esforco e conhecimento, dentre aquelas que ele conheceria a priori (custo de oportunidade).

(O ocio deve ser compreendido como relativo a cada atividade: o ocio e (em geral) mais recompensador para um lenhador do que para um fotografo. Isso pode ser entendido de forma equivalente ao dizer que a tarefa de cortar arvores produz uma desutilidade maior do que a tarefa de tirar fotografias).

Esse nao e um custo monetario, pois a moeda e um elemento secundario. Ninguem se dispoe a trabalhar por uma cifra monetaria, mas apenas pelo que a cifra significa dentro do contexto social que ele vive.

O salario desse camarada devera dar-lhe condicoes para usufruir de uma utilidade maior do que aquela que ele abriu mao ao trabalhar, caso contrario, jamais trabalharia de forma voluntaria.

Mas o salario que ele finalmente recebera e apenas limitado inferiormente por essa condicao. Se ele por sua vez representar um tipo de trabalho escasso e demandado no mercado, seu salario sera bem maior do que o minimo que ele aceitaria para desempenhar o servico, pelo simples fato dos patroes competirem entre si para dar-lhe um emprego.

A utilidade do trabalho do trabalhador para o capitalista e maior que a desutilidade para o trabalhador. Assim, ambos acertam um salario de maneira a que ambos ganhem.

Sumario: o custo para o trabalhador e a desutilidade do trabalho, e o ganho e a utilidade do salario. O custo para o capitalista e a desutilidade do pagamento do salario, e o ganho e a utilidade daquilo que foi produzido.

Para essa situacao, nao importa se o salario e pago em moeda ou em bens, e se o capitalista vende por um preco em moeda ou troca os bens por outros bens em especie. Essa e a realidade subjacente a troca que existe entre capitalistas e trabalhadores. A moeda tem infinitas conveniencias que a faz ser empregada como meio de troca: ela e portatil, facil de contabilizar e ser reconhecida e novamente trocada por coisas uteis. Mas o que um trabalhador quer ao trabalhar nao e uma quantia de dinheiro, mas um padrao de vida melhor. Assim como o capitalista ao montar o seu negocio.

Essa nao e uma situacao estatica, como os seus graficos poderiam presumir. Se os salarios acertados produzirem um excedente de utilidade consideravel para o trabalhador, um maior numero de potenciais trabalhadores procurara atingir as mesmas condicoes daquele trabalhador. O fato desses novos trabalhadores aceitarem remuneracoes menores para conseguir emprego pressionaria o salario para perto do seu custo, mas ambas as quantidades devendo ser compreendidas em termos de utilidade. Assim como o proprio custo do trabalha variaria, no sentido geral de aumento, pois mais pessoas estariam competindo pelos recursos escassos de formacao profissional, alem da maior necessidade de competicao por postos de trabalho tornar a atividade mais estressante do ponto de vista pessoal.

De forma similar, os capitalistas competiriam pelo trabalho na proporcao do excedente de utilidade do capitalista na troca. Essa competicao forcaria os salarios para cima e precos para baixo, diminuindo nos dois sentidos a margem do capitalista, sempre calculada em termos de utilidade.

Terminado o exemplo, o que deve ser assimilado e que o custo e um conceito secundario, derivado de categorias fundamentais que sao a utilidade de um bem para o consumidor e sua escassez, que originam o conceito de utilidade marginal e permitem definir custos para as coisas. E que tudo isso existe antes de qualquer abstracao monetaria.


Huxley escreveu:Eu já respondi a este paradoxo. Você é que não entendeu devidamente a minha explicação. Já que foi isto que ressucitou este tópico, lá vai:

O ar-condicionado não tem valor de troca no Pólo Norte? Errado. Ele só não tem valor de uso. Suponha que um engraçadinho dê um ar-condicionado de presente a um esquimó canadense. O que impede de ele ir ao Mercado Livre de lá, e vendê-lo a uma pessoa que mora no sul do Canadá? Como o ar-condicionado pode não ter valor de troca?

Por outro lado, se você disser que pode existir uma mercadoria com alto custo de produção que não pode ser vendido em qualquer lugar do planeta, aí já não estamos falando de mercadoria. Mercadoria, POR DEFINIÇÃO, é um bem que satisfaz necessidades humanas de qualquer espécie. Se as propriedades de um objeto não satisfazem necessidades humanas, então não há mercadoria em discussão.



De novo voce da claras demonstracoes de que nao entende nada, ou e simplesmente cinico.

Ja que voce nao consegue abstrair de exemplos com personagens reais em situacoes puras, vamos para um exemplo completamente imaginario:

No planeta A existem mosquitos. No planeta B nao. No mais, eles sao similares em praticamente tudo, porem, suas civilizacoes sao isoladas uma da outra. As pessoas do planeta A desenvolveram meios industriais para produzir repelente para mosquitos. No planeta A existe um preco para o frasco de repelente. Facamos a suposicao adicional que o repelente so sirva para repelir mosquitos, e para mais nada (apenas para evitar certas refutacoes idiotas).

No planeta B, os custos para produzir o repelente seriam similares: equipamentos industriais, insumos, salario dos engenheiros e operarios das fabricas. Mas ninguem iria comprar, pois nao ha nada para repelir. O repelente de mosquito nao teria valor.

Era evidente que no exemplo do esquimo e do arcondicionado estavamos supondo a sociedade esquimo como isolada, mas capaz de incorrer nos custos de producao de tal dispositivo. Sua "refutacao" so mostra o quanto sua capacidade de raciocinio abstrato e limitada.


Huxley escreveu:Analogia totalmente sem sentido. Isto que você descreveu não é lucro capitalista. Lucro no capitalismo implica em criação de valor de troca novo para o possuidor do capital. Isto que você descreveu é criação de valor de uso novo. Se isto fosse lucro capitalista, então poderíamos dizer que duas crianças que trocam figurinhas de álbuns são capitalistas. Como estas duas crianças poderiam acumular capital apenas gerando valor de uso novo?


Duas criancas que trocam figurinhas realizam uma operacao comercial que amplia a satisfacao de ambas.

Um capitalista nao e apenas um comerciante, e alguem que procura transformar uma quantidade de recursos em produtos cujo valor seja, ao final da operacao, considerado maior.

Voce apenas se confunde com essa estoria de valor de troca e de uso. O objetivo de capitalista e o objetivo de todos que agem: melhorar seu padrao de vida. O capitalista cria "valor de troca" na medida que ele mesmo nao consumira todos os produtos de sua linha de producao, quem o fara serao outras pessoas. Mas esse valor de troca significa para ele, apos trocar seus produtos pelos pagamentos exigidos, em valor de uso para que ele viva segundo os padroes que buscava. E ele so produz valor de troca para outras pessoas na medida que essas pessoas enxergam nos seus produtos valor de uso, ou que encontram segundos compradores, que por sua vez enxergam valor de uso, ou terceiros compradores, e por ai vai.

Eu simplifiquei as coisas na minha analogia apenas para voce voltar a realidade e compreender o que governa a acao humana. A complexidade e multi-dimensao dos fenomenos sociais desorienta, porque as pessoas parecem estar sempre fazendo, comprando e vendendo coisas que nao serao uteis para elas diretamente. Mas isso nao quer dizer que isso nao sera util para alguem finalmente, isso apenas mostra que as pessoas racionais operam em niveis altos de expectativa para com as valoracoes de outras pessoas.

Isso tambem explica, por exemplo, porque certos projetos podem ser longos demais para serem finalizados durante uma vida humana (ou mesmo varias delas) e ainda assim interessantes do ponto de vista capitalista. Nao e simplesmente porque seu autor quer dar um "presente" para o futuro, ou escrever seu nome na historia. Nem por meritos de burocratas visionarios preocupados com as novas geracoes. Pode ser, mas nao e necessariamente. O mercado pode dar um valor de troca para um projeto indefinidamente longo no presente. Basta que haja expectativa de valor para o projeto finalizado no futuro que pague, com as correcoes de preferencia pelo presente, algum valor na atualidade. Aqueles que iniciam um desses projetos podem portanto vender para segundos compradores, que venderao para terceiros, e assim por diante, ate que os compradores finais paguem pelo projeto o que a utilidade dele lhes sugere. Bastando que todos na cadeia facam expectativas similares de futuros compradores do projeto, ate mesmo um projeto de milhoes de anos poderia ser realizado, mas ele deveria ser considerado deveras util, para pagar todo o juro acumulado nesse periodo.

O valor de uma empresa, por exemplo, leva esse fato em consideracao. E isso que esta por tras das esperancas de rendas atualizadas que definem o valor de projetos por meio dos seus retornos em tempos indefinidamente longos. Isso permite precificar um projeto de duracao indeterminada. Tambem e a forma atraves da qual se atribui um preco a uma determinada quantidade de terra utilizada para arrendamento perpetuo.


Huxley escreveu:O pior foi você ter feito uma comparação da economia capitalista com uma economia de escambo. Na última, diferentemente do que ocorre na primeira, uma decisão de ofertar certa quantidade de produtos necessariamente implica também uma decisão de aceitar como pagamento, e portanto de demandar, uma quantidade de produtos do mesmo valor de troca. Neste caso, nunca há discrepância entre o valor real da oferta agregada e o da demanda agregada, não importa quão diferentes a oferta e a demanda por bens particulares possam ser uma da outra. Numa economia monetária que usa moeda o ato de vender e comprar podem ser logicamente separados como duas transações distintas. Se tratarmos de uma economia capitalista que usa moeda, temos que postular que os empresários adquirem um determinado volume de mercadorias, de dois tipos (meios de produção e força de trabalho) e realizam valor de troca superior ao destas mercadorias no ato da venda.



Voce realmente nao esta entendendo nada. Toda economia e baseada em trocas (ou escambo, como preferir), mesmo a monetaria. A diferenca e que na economia monetaria existe um bem especial, a moeda, que e utilizado sobretudo como um bem intermediario para realizar trocas indiretas entre bens distintos.

Para voce, o mundo economico consistia em mero escambo, e derrepente, algum genio teve a seguinte ideia e anunciou para todos do alto da montanha: " a partir de hoje, nao trocaremos mais ovelha por leite, pao por sementes, ferramentas por peles e roupas. Hoje, eu inventei o dinheiro, e agora as coisas valem uma determinada quantidade de dinheiro, pelas quais serao trocadas."

E assim nasceu a economia monetaria dando lugar ao escambo primitivo.

Isso e simplesmente falso. A economia monetaria e apenas um tipo avancado de escambo, no qual as pessoas descobriram algum bem cujo valor pudesse ser bem estimado por qualquer um, que fosse portatil, que fosse facil de dividir, e etc. E esse bem calhou, em varios lugares, de ser o ouro.

E facil de entender como o ouro passa de materia prima para ferramentas e joias a dinheiro, pelo simples fato de dois comerciantes reconhecerem mutuamente seu valor. E em seguida, pelo fato dele ser cada vez mais difundido como moeda, e mais pessoas fazerem transacoes com ele, passa a ser mais interessante deter uma certa quantia de ouro para fins comerciais, o que ajuta valor puro de troca. Ve-se que e algo retro-alimentativo (quanto maior o valor de troca, maior o beneficio de te-lo em caixa), e que finalmente a maior parte do valor do ouro e calculada nas suas boas propriedades monetarias e nao nas suas propriedades industriais.

Assim, espontaneamente, por suas qualidades interessantes, o ouro se tornou uma moeda universal, sem a necessidade de nenhum genio introduzi-la por decreto.

A moeda fiat moderna, cuja existencia fisica sao as notas bancarias, e uma invencao recente dos Estados Nacoes. Ela consiste num papel que o Estado obriga a ser aceito como meio de troca. Por essa razao, tem um valor. Mas isso por sua vez nao cria uma economia diferente, apenas introduz titulos ao portador segurados pelo Estado e que possuem valor de troca. A vantagem disso para os burocratas e que eles podem falsificar esses titulos, emitindo um numero maior, para uso proprio. E uma desvantagem para as pessoas, pois tem seu poder de compra diminuido pelos burocratas inflacionistas.

Mas a economia continua a ser de troca de bens. A diferenca e que um bem importante por ser o unico bem de troca tem sua escassez controlada por um monopolio de pessoas mal intencionadas.

O Estado nao inventou o dinheiro e bolou uma economia nova e moderna. Ele simplesmente tomou controle monopolista do dinheiro, banindo atraves de leis e decretos o comercio com as "moedas commodities" que o livre mercado tinha estabelecido espontaneamente. Esse foi um processo longo, primeiro ele se apoderou do monopolio da cunhagem, para realizar subsequentes diminuicoes na massa de ouro das moedas, mas com o tempo percebeu-se que uma moeda fiat, sem lastro de ouro, e impressa em papel, seria muito mais simples de falsificar.

O ato de vender e comprar nao sao separados categoricamente, mas simplesmente para efeitos praticos quando queremos fazer a contabilidade em termos de moeda. A sua ideia e tao descabida que simplesmente na sua economia monetaria nao faria sentido vender ou comprar moeda estrangeira, pois nunca saberiamos se nos vendemos ou compramos algo. Simplesmente fomos pegos pela falacia de que em toda troca envolvendo monetaria deve ser evidente quem "compra" e quem "vende", pois ambos sao "logicamente separados".

Toda sua crenca economica finalmente repousa sobre um misticismo barato. Voce acredita que a introducao da moeda modifica qualitativamente a realidade de trocas baseada nos estoques e utilidades marginais para os bens, e que se a manipulacao correta da moeda for realizada pelo Estado, riqueza podera ser criada ex-nihilo. Isso e simplesmente uma fantasia descabida.

Foi por isso que eu disse que voce precisa pensar simples. Se voce nao entende nem o significado das coisas numa economia simples, e muito mais facil se confundir com as armadilhas teoricas de uma economia complexa, onde as coisas nem sempre sao evidentes.

A economia de troca indireta coloca problemas interessantes e deve ser estudada pois e a economia que vivemos. Mas deve haver sempre em mente o fato de que ela e uma economia de troca, baseada na utilidade e na escassez dos bens economicos, e nao de "faz-de-conta monetario".


Huxley escreveu:Não coloque palavras na minha boca. Em nenhum momento, eu falei em lucro nominal. Eu disse que é uma regra entre as empresas que o lucro REAL contábil das mesmas seja positivo. Se não fosse assim, a maioria das empresas teria lucro econômico bastante negativo (já que, usualmente, lucro econômico = lucro contábil- custo de oportunidade em uma aplicação financeira), o que forçaria a conclusão nada razoável que as empresas nascem para ter prejuízos.

Baseado na teoria do valor-utilidade de Menger, você até agora só disse como o capitalismo pode criar valor de uso novo, o que não é o mesmo que demonstrar como novos valores de troca são criados para o capitalista.



Novamente, voce esta errado.

O valor novo de uso cria valor de troca novo, desde que esse valor seja considerado positivo por mais de um individuo.

O problema, como sempre, e que voce se confunde com a moeda. Num contexto de moeda fixa, os precos cairiam junto com a producao, e os lucros em geral tambem cairiam. Mas as pessoas raciocinam em termos de poder aquisitivo, nao de valor nominal de coisas. O interesse tanto do capitalista quanto do empregado e estar mais rico no fim do periodo, ainda que isso possa significar ter uma cifra menor na sua conta bancaria.

E claro que existe uma correlacao entre a baixa dos precos e a intensidade e valor da producao. Quem esta perdendo dinheiro, no sentido numerico, esta de alguma forma indo mais devagar que os demais, mesmo numa situacao, perfeitamente possivel, onde todos estejam criando riqueza e estejam ficando portanto mais ricos.

O mesmo e valido, contrariamente, numa situacao inflacionaria. Todos podem ver suas contas bancarias multiplicadas exponencialmente ao passo que ficam cada dia mais pobres. E o que se passa no Zimbabue atualmente, onde o dinheiro desvaloriza por varias vezes da noite para o dia.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

Trancado