Massacre em universidade dos EUA mata 33
Enviado: 16 Abr 2007, 20:06
Massacre em universidade dos EUA mata 33
Por Brendan Bush
BLACKBURG - Trinta e três pessoas morreram e outras 15 ficaram feridas na segunda-feira na Universidade Virginia Tech, no pior massacre universitário da história dos Estados Unidos.
Entre os mortos está o autor da chacina, segundo Charles Steger, reitor da universidade, na Costa Leste dos EUA.
O incidente começou num alojamento, quando os alunos começavam a cruzar o campus para as aulas matinais, e prosseguiu cerca de duas horas depois num departamento de Engenharia e Ciências.
Houve pânico e caos. Entre os feridos há pessoas baleadas e outras que saltaram de janelas para fugir do tiroteio, segundo Wendell Flinchum, responsável pelo policiamento do campus.
O policial não informou a idade, nacionalidade ou identidade do atirador, nem as armas que ele usou. "Tudo o que posso dizer a vocês é que é do sexo masculino", afirmou. "Ele não levava identificação consigo, e estamos no processo de tentar fazer tal identificação." O chefe de polícia do campus disse que policiais viram os disparos em uma área do campus na manhã desta segunda-feira como um incidente isolado e, por isso, a escola não foi fechada. Mais tarde, houve mais disparos.
Ele acrescentou ainda que o atirador se matou.
Alunos disseram à CNN que houve múltiplas ameaças de bombas no campus nas últimas semanas. Duas delas foram dirigidas à escola de ciência e engenharia da universidade estadual.MAIS SOBRE A VIRGINIA TECH
Equipes de resgate retiram vítimas do tiroteio de dentro de edifício na universidade Virginia Tech, localizada em Blacksburg, no Estado da Virgínia (Estados Unidos).
A universidade foi fundada em 1872 com o nome de Virginia Agricultural and Mechanical College ("Universidade Virgínia de Agricultura e Mecânica", em tradução livre). Atualmente, segundo informações da própria instituição, a Virginia Tech abriga a maior comunidade estudantil em período integral do Estado --mais de 25 mil estudantes.
O Departamento de Segurança Doméstica afirmou não haver indício de terrorismo, mas que a hipótese também será investigada.
"Hoje nossa nação está de luto junto com os que perderam seus entes queridos na Virginia Tech", disse o presidente George W. Bush.
Um vídeo feito por um aluno de jornalismo é exaustivamente repetido nas TVs dos EUA, mostrando as pessoas correndo pelo campus, sob o ruído de mais de 20 disparos.
Esse é o pior massacre universitário da história do país, superando o de 1º de agosto de 1996, quando Charles Whitman, um estudante de 25 anos, matou 13 pessoas e feriu 31 num período de 90 minutos. Na véspera, ele havia matado a mãe e a esposa.
O primeiro incidente na Virginia Tech foi notificado à polícia por volta de 7h15 (8h15 em Brasília), num alojamento para cerca de 900 estudantes. Em seguida houve disparos no Norris Hall, um pavilhão dedicado ao ensino de Engenharia e Ciências, disciplinas que renderam grande parte da reputação da universidade como um dos principais institutos tecnológicos dos EUA.
Durante as duas horas que se seguiram ao primeiro tiroteio, os alunos começaram a sair outra vez. A polícia estava investigando o incidente dos alojamentos quando recebeu a notícia de que havia mais tiros num prédio com salas de aula.
"Atirador no campus, não saiam"
O aluno Justin Merrifield disse à Reuters que estava em frente ao alojamento West Ambler às 9h quando viu policiais e um colega gritando, mas não percebeu a magnitude da crise até chegar à sua aula das 10h.
Merrifield disse que os alunos eram alertados por alto-falantes do campus. "Havia uma voz que só ficava repetindo basicamente: 'Atirador no campus, não saiam ao ar livre, fiquem longe das janelas', uma vez depois da outra", disse Merrifield.
Muito questionado por causa da reação inicial da universidade aos primeiros disparos, o reitor Steger disse que houve esforços para alertar os alunos, mas que era impossível avisar milhares de pessoas que estavam se deslocando pelo campus àquela hora. "Não tínhamos nenhuma razão para suspeitar que algum outro incidente iria ocorrer", afirmou.
O aluno Jason Piatt criticou a atuação dos funcionários. "Estou bastante ultrajado que alguém tenha morrido num tiroteio num alojamento às 7h da manhã e que o primeiro email a respeito não fizesse menção a interditar o campus, nenhuma menção a cancelar as aulas", afirmou ele à CNN.
"Eles só mencionaram que estavam investigando os disparos. Isso é bastante ridículo. Enquanto isso, enquanto mandavam esse email, 21 pessoas eram mortas."
O incidente deve reavivar o debate nos EUA sobre o controle de armas.
"Vivemos em uma sociedade em que as armas são muito bem aceitas", disse Jim Sollo, da ONG Virginianos contra a Violência das Armas. "Há 200 milhões de pistolas nesta sociedade, e obviamente algumas em mãos erradas."
A Virginia Tech, com 26 mil alunos e cerca de 100 prédios em pouco mais de mil hectares, fica na cidade de Blacksburg, numa luxuriante colina no canto sudoeste do Estado, a cerca de 390 quilômetros de Washington.
As aulas estão suspensas na segunda e terça-feira, e psicólogos estão sendo levados para ajudar os alunos.
(Reportagem adicional de Peter Szekely, John O'Callaghan, Sandra Maler, David Storey, David Alexander e David Wiessler)
Fonte: UOL