Herança

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.

Você é contra o direito de conceder herança?

Sim
6
26%
Não
17
74%
 
Total de votos: 23

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betossantana
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Re: Re.: Herança

Mensagem por betossantana »

King In Crimson escreveu:Aqui não existe aquele princípiuo da lei americana de que não se pode lucrar com o crime?


Ah, claro, ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza, é uma das frases clássicas que a gente aprende na graduação, do tipo que merece um letreito que pisca sob uma chuva de faíscas coloridas cintilantes! Mas existe também algo chamado conflito de normas e os meios de solução possíveis para cada caso. Quando tratamos desse assunto em aula, minha professora na época, juíza federal, esclareceu que a opção legislativa por deixar ao alvitre dos outros herdeiros a possibilidade de excluir o herdeiro culpado tem a ver com a seperação entre as instâncias penal e civil, e me lembro claramente do comentário dela: "Muitas vezes os fatos acontecidos dentro de um lar são conhecidos apenas por aqueles que ali vivem e a escolha de privar ou não o culpado da herança deve recair exclusivamente sobre aqueles que seriam os beneficiados por essa privação, no caso os outros herdeiros que teriam suas respectivas partes acrescidas".

Bem, é claro que ela não falava tão embolado assim, mas estou embelezando um pouquinho. Mas eu concordo que essa dinâmica da exclusão do herdeiro necessário é um pouco arcaica, mesmo tendo sido mantida no Código Civil de 2003. E pode até ser que haja mil divergências doutrinárias a respeito desse ponto específico, que seja uma polêmica infindável com defesas exaltadas de cada ponto de vista. Mas preto no branco, na LETRA FRIA DA LEI, é assim que as coisas são.

Outra coisa interessante que me lembrei é o seguinte: em certa aula de Direito Penal, quando o assunto eram princípios, a professora relembrou em sala um caso passado na Alemanha, em que um neto, único herdeiro de seu avô, o matou para herdar. Condenado na instância penal, a questão de se esse neto manteria seu direito à herança do avô assassinado tornou-se confusa, imagino que porque, assim como no Brasil, na Alemanha a exclusão do herdeiro necessário também deva se dar por iniciativa de outro herdeiro! Mas e quando o único herdeiro é aquele que atentou contra a vida do de cujus? O fato é que, embora MANTIDO NESTE DIREITO na primeira instância, o caso foi levado às cortes superiores, que entenderam que este neto NÃO permaneceria em seu direito de assumir o patrimônio do avô... acredito que com base no princípio da dignidade da pessoa humana, segundo explicado pela professora, mas a discussão não foi profunda.

Pra vocês verem que a questão não é de modo algum óbvia ou simples e pode admitir mais de uma solução.
É um problema espiritual, chupe pau!

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marta
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Re: Re.: Herança

Mensagem por marta »

Apocaliptica escreveu:
Usuário deletado escreveu:
RicardoVitor escreveu:
Usuário deletado escreveu:Não sou contra, mas creio que seria interessante se existissem algumas restrições. Um cara que nunca trabalhou e que nunca estudou na vida ao meu ver não deveria ter direito à totalidade da herança.


Porque?


Não acho justo que um cara que nada fez na vida receba integralmente os bens conquistados com trabalho árduo (na maioria das vezes) de seus progenitores.


Ué. Eu entrego meu dinheiro a quem eu achar merecedor! Não vai querer que o Estado intervenha nisto né, branco?


Não é bem assim, não, Apocaliptica.
Se vc tiver filhos ou pais ou irmãos vc não poderá dispor dos seus bens como bem entende a não ser que o faça em vida passando as escrituras para quem vc desejar. Se não fizer tudo legalmente, apenas um testamento poderá ser anulado se ele bater de frente com a legislação em vigor.
:emoticon105: :emoticon105: :emoticon105:
marta
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user f.k.a. Cabeção
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Re: Re.: Herança

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

betossantana escreveu:
user f.k.a. Cabeção escreveu:
A Meritocracia precinde um ambiente de liberdade, onde o merito e definido pelo mercado, ou seja, pelo publico.


"Prescindir de" é DISPENSAR.


Ops, valeu.

Acho que meu portugues ta acabando. E olha que esse e um verbo que eu uso bastante ( no sentido correto).
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Re: Re.: Herança

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

betossantana escreveu:
user f.k.a. Cabeção escreveu:
Agora se voce acha que seu filho e um incompetente fedido, sua esposa e uma vagabunda sem-vergonha e perua, e todo o resto de seus parentes nao vale nada, e ninguem merece nada, voce pode deixa-los sem um puto, bastando que para isso voce deixe isso registrado.


Errado. Filhos e cônjuge não podem ser excluídos da herança por disposição de vontade do titular do patrimônio, apenas em hipóteses previstas em lei. Metade do patrimônio a ser transmitido pela morte é necessariamente deles.



E verdade, a Apocaliptica mostrou isso pouco antes.

O que e na minha opiniao e burro. Nada impede um milionario lucido de doar sua fortuna pouco antes de morrer. Por que nao extender esse direito no seu testamento?
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O ENCOSTO
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Re: Herança

Mensagem por O ENCOSTO »

RicardoVitor escreveu:Você é contra o direito de um indivíduo de garantir a concessão de suas posses a outras pessoas, filhos ou não, após sua morte?


Votei no SIM.

A Herança de qualquer individuo deve sempre ser destinado ao Social.

Uma Assembléia, com representantes das massas, deve decidir, de forma democratica e social, o destino correto dos valores.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
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Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

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user f.k.a. Cabeção
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Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

o anatema escreveu:Não se trata de linchamento. Onde eu propus linchamento? Eu só acho um ótimo exemplo de como a herança não é nem um pouco meritocrática.

Enquanto isso, no mesmo país, se tem professores, enfermeiras, e até faxineiros que não ganham tão bem, apesar de terem muito mais mérito do que essa Paris Hilton e outros que simplesmente herdaram a fortuna dos pais. Não que a herança dessa aí especificamente fosse salvar a situação de todos que merecem mais do que ela por fazerem algo de realmente útil em vez de ficarem só querendo ser estrela do dia para a noite e sendo presa por dirigir alcoolizada.

É muito similar no ponto que é criticável com os "bolsa-famílias" da vida, no sentido de ser "dar o peixe" e não ensinar a pescar, e inúmeras vezes mais absurdo, porque não é uma sardinha por mês que se está dando para uma família que passa fome, mas uma tonelada de atum é dada a uma pessoa por toda a sua vida.



Nem tudo que se "ganha" e por merecimento.

Em principio, ninguem "merece" ser mais inteligente, mais bonito ou ter uma voz melhor que a de outras pessoas. Antes de nascer, ninguem fez por merecer esses dotes.

Sera que devemos desfigurar todas as pessoas bonitas e mesquinhas?

A raiz da "justica e moral" socialista consiste de sentimentos tao belos quanto inveja e preguica.


O que voce propoe e o linchamento da menina, porque para os seus padroes de merito, ela nao deveria ter tudo aquilo que tem. Mas nao ocorre para voce que, dados esses padroes pessoais de merito, a unica coisa que voce pode e deve fazer com eles e utiliza-los no sentido de escolher as pessoas a quem voce quer se relacionar, que trabalhem com voce, ou a quem voce pretende ajudar a superar qualquer dificuldade.

Nada disso ocorre para voce. Ao contrario, voce pretende se valer do SEU padrao de merito para criar uma sociedade "perfeita" onde vadias ricas sejam esfoladas por nao viverem dentro daquilo que voce considera honesto.

Pouco importa aqui o direito do pai dessa menina de cria-la com a fartura e o luxo que ele pode conseguir com seu trabalho. Pouco importa aqui a opcao dessa garota de viver sua vida como bem entender, mas claro que estando sujeita as mesmas leis que outras pessoas, e por isso ela esta presa.

Liberdade individual e um elemento superfluo. O que devemos ter uma rigida sociedade militarizada com padroes claros de meritocracia, que obviamente seriam definidos por uma casta superior de intelectuais, dentro da qual voce acredita se incluir.

Ja existiram sociedades assim. Onde o linchamento do "demerito" era uma pratica saudavel para a evolucao do homem. No seu exemplo mais, digamos, emblematico, um dos criterios oficiais de demerito era nao pertencer a raca ariana.

Como diria o velho indio, deu no que deu.
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Apocaliptica

Re: Re.: Herança

Mensagem por Apocaliptica »

marta escreveu:
Apocaliptica escreveu:
Usuário deletado escreveu:
RicardoVitor escreveu:
Usuário deletado escreveu:Não sou contra, mas creio que seria interessante se existissem algumas restrições. Um cara que nunca trabalhou e que nunca estudou na vida ao meu ver não deveria ter direito à totalidade da herança.


Porque?


Não acho justo que um cara que nada fez na vida receba integralmente os bens conquistados com trabalho árduo (na maioria das vezes) de seus progenitores.


Ué. Eu entrego meu dinheiro a quem eu achar merecedor! Não vai querer que o Estado intervenha nisto né, branco?


Não é bem assim, não, Apocaliptica.
Se vc tiver filhos ou pais ou irmãos vc não poderá dispor dos seus bens como bem entende a não ser que o faça em vida passando as escrituras para quem vc desejar. Se não fizer tudo legalmente, apenas um testamento poderá ser anulado se ele bater de frente com a legislação em vigor.


Martita!!! Óbvio né que é no paper. Beijo!

Apocaliptica

Re.: Herança

Mensagem por Apocaliptica »

user f.k.a. Cabeção escreveu: Nem tudo que se "ganha" e por merecimento.

Em principio, ninguem "merece" ser mais inteligente, mais bonito ou ter uma voz melhor que a de outras pessoas. Antes de nascer, ninguem fez por merecer esses dotes.

Sera que devemos desfigurar todas as pessoas bonitas e mesquinhas?

A raiz da "justica e moral" socialista consiste de sentimentos tao belos quanto inveja e preguica.


Mas que clareza de pensamento, cabeção.

Isto me lembra outra coisa beeeem nesta linha socialista-equivocada: imagino uma família em sua casa, comprada com o dinheiro proveniente de seus trabalho. De repente, alguém inventa que há muitos vivendo mal, em condições precárias e dormindo ao relento. E apele para que a família seja desalojada imediatamente, pois não há mérito em ocuparem aqueles metros quadrados com teto, enquanto há tantos ( merecedores ?) vivendo em lugares insalubres. É um raciocínio imbecil.

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o anátema
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Re: Re.: Herança

Mensagem por o anátema »

Apocaliptica escreveu:
o anátema escreveu:E referente ao ponto em questão, nos guetos há os raps e a cultura de que está tudo ferrado para eles, de que os culpados são os brancos/ricos que nunca trabalharam para nada, de que tentar trabalhar se é pobre é coisa de otário e etc.



Então...é isto. Sempre tem um rótulo e uma justificativa para tudo. Isso é determinismo demais. Heranças são apenas a passagem de um trabalho de investimento dentro de uma mão para outra dentro do mesmo grupo, pois é assim que a sociedade estabeleceu. Você mora na sua casa...de repente alguém vem e invade e você tem que sair? Por quê?


Não entendi bem a ligação entre uma coisa e outra... então vou pular a parte do determinismo. Não acho que tenha que haver qualquer tipo de invasão de casas.... :emoticon5: acho apenas que poderia haver algo como mega-heranças serem ser mais taxadas, e ainda haver algo mais condicional de algum jeito, um jeito de "objetivizar" (o que não significa que seria algo consensual, apenas objetivo) o mérito do herdeiro. Talvez teria que investir uma porcentagem em algo que continuasse gerando riquezas, em vez de apenas vender empresas e passar a torrar tudo feito alguém que vive exclusivamente de um "bolsa-milionário".

Acho isso justo porque as fortunas não foram geradas espontâneamente a partir do nada, "ex-nihilo" (mas meio que aparecem assim para alguns herdeiros), não acho que a vida simplesmente gastar o que outros já produziram retribua para a sociedade de forma suficiente, ou proporcional ao que poderia ser feito de um uso mais útil do dinheiro. E acredito que as pessoas deveriam trabalhar para ganhar (mesmo que sejam "apenas" investidores ou donos de negócios, não tem necessariamente que pegar numa enxada), em vez de serem sustentados pelo trabalho dos outros como em bolsas-famílias (incontavelmente mais justos, de qualquer forma) ou alguns políticos.


o anátema escreveu:Não é um meio exatamente estimulante e propício para o desenvolvimento de espíritos empreendedores que os tirem de lá, ainda que eventualmente hajam alguns casos (assim como há ateus na maior nação católica do mundo, mesmo filhos de católicos). Eu não vejo como negar essa influência, e acho que no íntimo ninguém nega, não colocaria um filho, se tivesse a opção, ainda mais bem novo, numa escola "barra pesada" apostando no poder total da individualidade e que a influência dos pais é melhor. E também irão tentar controlar em algo o círculo de amizades e influências. São coisas que se espera de pais responsáveis, no senso comum.


Sim...e não como ser hipócrita e negar tudo isto. E nem fazer drama. A gente pode contornar. Por exemplo, a pior falácia que se vê no Brasil, francamente repetida como verdade é a seguinte: "Meu filho está indo todos os dias para o cursinho de ( uma coisa qualquer bem imbecil e inútil). Pelo menos assim ele está livre de ficar pela rua, se envolvendo no crime. " :emoticon9:
Como assim? É só isto que este pai ou mãe espera do filho? Por que ele tem necessariamente que se envolver em crimes? E quem disse que o tal cursinho vai melhorar a vida dele? Por que não outro? E quem disse que ele ( se assim for do caráter dele), não vai procurar confusão num minuto sequer fora dali?

Bem, daí dá para ver que você concorda com algum grau de determinismo, que a criação vai influenciar no caráter.

As baixas expectativas são ruins, concordo, mas também não acho exatamente algo ao qual se possa atribuir total culpa às pessoas que as tem. Como disse antes, são coisas de influências gerais, e produzem esses resultados gerais. Foram ensinadas a pensar assim. Podem haver variações, pessoas que pensaram diferente, talvez por uma originalidade brilhante, talvez por alguma influência mais sortuda que tiveram, mas isso não "refuta" que não tem tanta culpa disso, apenas mostra que pode ser mudado, em certas condições.

Eu não acho que seja algo imune à críticas, de qualquer forma. É algo meio que moralmente criticável apesar de não ser uma escolha dum livre arbítrio mágico, até porque essa própria crítica moral talvez seja o que pode ajudar a mudar esses pontos de vista em nível individual e eventualmente essa cultura de derrotismo como um todo. Acho que mais do que uma culpa é o resultado de uma ignorância da própria responsabilidade e de outras perspectivas.

O Chris Rock, comediante de palco americano, tem um vídeo interessante circulando na internet, sobre negros e "niggers" (ele mesmo é negro); diz que há negros e "niggers", os "niggers" sendo todos os afetados por esse tipo de coisa, gente que se gaba de nunca ter ido para a cadeia, por exemplo.

Acho que a crítica moral é só um dos canais possíveis para contribuir para melhorar essa situação.



o anátema escreveu:E se isso tudo é verdade, não há como dizer que as pessoas que não tem sucesso ou que enveredaram por caminhos ruins e não se deram bem na vida fizeram por merecer.


Depende. Por que essas pessoas não escolhera migrar? Não precisa ficar rico e milionário. Basta sair daquela escada suja e feia e pisar no espacinho ao lado. Sempre há um espacinho? Provavelmente...Não há? Então fique parado, não afunde mais ainda na lama e nem tente se aproveitar disso para roubar de quem conseguiu. Isto são "verdades' perigodas que se colocam nas mentes dos menos afortunados, para que eles façam o serviço sujo de manter no poder quem justamente usa esta instabilidade como instrumento de manobra. Um monte de clichês... :emoticon12:


Como espero ter deixado claro, sou também contra a cultura ou idéia de um "coitadismo", de dizer que são todos vítimas totalmente, inerentemente e permanentemente incapazes de fazer qualquer coisa por si mesmos e que "a sociedade" deva cuidar deles meio como as pessoas cuidam de algum familiar totalmente debilitado por alguma doença mental ou de outro tipo.

Acho que isso é algo que tem que ser combatido para propiciar algo mais próximo a igualdade de oportunidades.

(Não acho também que todos se sairiam exatamente iguais com algo próximo a igualdade de oportunidades)
Sem tempo nem paciência para isso.

Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:

www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.

Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution

Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções

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o anátema
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Mensagem por o anátema »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
o anatema escreveu:Não se trata de linchamento. Onde eu propus linchamento? Eu só acho um ótimo exemplo de como a herança não é nem um pouco meritocrática.

Enquanto isso, no mesmo país, se tem professores, enfermeiras, e até faxineiros que não ganham tão bem, apesar de terem muito mais mérito do que essa Paris Hilton e outros que simplesmente herdaram a fortuna dos pais. Não que a herança dessa aí especificamente fosse salvar a situação de todos que merecem mais do que ela por fazerem algo de realmente útil em vez de ficarem só querendo ser estrela do dia para a noite e sendo presa por dirigir alcoolizada.

É muito similar no ponto que é criticável com os "bolsa-famílias" da vida, no sentido de ser "dar o peixe" e não ensinar a pescar, e inúmeras vezes mais absurdo, porque não é uma sardinha por mês que se está dando para uma família que passa fome, mas uma tonelada de atum é dada a uma pessoa por toda a sua vida.



Nem tudo que se "ganha" e por merecimento.

Em principio, ninguem "merece" ser mais inteligente, mais bonito ou ter uma voz melhor que a de outras pessoas. Antes de nascer, ninguem fez por merecer esses dotes.

Sera que devemos desfigurar todas as pessoas bonitas e mesquinhas?


Isso me parece falácia naturalista. "A desigualdade de oportunidades é natural, porque todas pessoas não são clones que recebem uma criação massificada para garantir a homogeneidade total do desenvolvimento físico e intelectual. Se é natural, logo é justa, então não há nada demais com a e não devemos tentar fazer nada para evitá-la".

Há, ou poderia se pensar em, alternativas bem mais razoáveis (não-espantalhos) para garantir algum nível não-surreal, digno de ficção científica, de [proximidade de] igualdade de oportunidades.

É simplesmente algo que eu acho prioritário, tal como você (aparentemente) acha que a base de tudo deve ser a proteção à propriedade privada e/ou liberdades individuais, nenhum é uma "verdade".

Eu poderia dizer que são compatíveis as duas coisas, e que um proporcionamento artificial (mas dentro de algo razoável, não surreal) de maior igualdade de oportunidades confere mais liberdades do que algo mais restrito à proteção praticamente incondicional à propriedade privada, a despeito dos meios de obtenção (desde que não seja roubo).

Uma terceira pessoa poderia dizer que ambos estamos errados e que a liberdade individual deveria ser maior ainda, e que a proteção à propriedade privada e outras coisas diversas vão contra ela; que tal como na natureza, o predador mata a presa, é natural que existam vítimas dos mais poderosos ou dos sortudos oportunistas, e essas potenciais vítimas não devem ser protegidas senão por si mesmas, como puderem ou quem quiser voluntariamente protegê-las por qualquer razão que queira fazê-lo.

Eu acho que tal como a sua versão de liberdade que (provavelmente) limita à liberdade individual até onde interfere na liberdade dos outros é mais razoável que isso, sendo as leis, o estado, um comprometimento desejável das liberdades individuais em favor da liberdade de todos, também acho que sejam desejáveis alguns outros passos similares (até em intenção) interferindo nas liberdades individuais, mas proporcionando maior igualdade de oportunidades, e conseqüente maior liberdade para outros.

Não acho que ir um pouco mais além do que você acredita ser adequado seja um comprometimento significativo das liberdades individuais dos "desfigurados" pelo estado, sendo no entanto potencialmente proporcionalmente muito mais significativo para os diretamente favorecidos.

Meio como a restrição da liberdade total duma anarquia, de serem "legais" hordas de piratas e/ou assassinos é até uma restrição maior nas liberdades individuais desses indivíduos do que uma maior (ou alguma) taxação e controle sobre grandes heranças, e mesmo sem essa liberdade, ainda "sobra" muito mais liberdade do que é cerceada, e isso proporciona mais liberdade para todos (isso se as taxas, de modo geral, não referentes exclusivamente ao caso de heranças, forem bem pensadas e bem aplicadas, o que não é garantido).





O que voce propoe e o linchamento da menina, porque para os seus padroes de merito, ela nao deveria ter tudo aquilo que tem. Mas nao ocorre para voce que, dados esses padroes pessoais de merito, a unica coisa que voce pode e deve fazer com eles e utiliza-los no sentido de escolher as pessoas a quem voce quer se relacionar, que trabalhem com voce, ou a quem voce pretende ajudar a superar qualquer dificuldade.

Nada disso ocorre para voce. Ao contrario, voce pretende se valer do SEU padrao de merito para criar uma sociedade "perfeita" onde vadias ricas sejam esfoladas por nao viverem dentro daquilo que voce considera honesto.


Na verdade, apenas acho que as pessoas deveriam trabalhar para viver, e que por exemplo, professores, enfermeiras e até faxineiros mereceriam mais o dinheiro que essa mulher tem "naturalmente" sem ter que ter feito mais nada além de nascer. Acho injusto, apesar de "natural", e mais relevante e razoavelmente alterável do que por exemplo, a injustiça natural duma pessoa nascer mais bonita ou ter uma voz melhor que a maioria.

Mas é apenas minha opinião, tal como é a sua de que é certo algumas pessoas ganharem fortunas sem ter que fazer nada enquanto professores ganham menos de 400 reais por mês (desde que isso não seja produto duma ação governamental direta, creio eu).



Pouco importa aqui o direito do pai dessa menina de cria-la com a fartura e o luxo que ele pode conseguir com seu trabalho. Pouco importa aqui a opcao dessa garota de viver sua vida como bem entender, mas claro que estando sujeita as mesmas leis que outras pessoas, e por isso ela esta presa.

Liberdade individual e um elemento superfluo. O que devemos ter uma rigida sociedade militarizada com padroes claros de meritocracia, que obviamente seriam definidos por uma casta superior de intelectuais, dentro da qual voce acredita se incluir.


Não acho que liberdades individuais sejam supérfluas, mas como disse antes, acho que tem que ser comprometidas em algum grau para a liberdade de todos, tal como importa menos um hipotético "direito" de matar ou pilhar a quem se puder quando se quisesse, com relação ao direito das pessoas de terem protegido o que ganharam por seu trabalho honesto. Só acho que não precisa acabar aí.

E acho que é supérfluo sim, para não dizer errado, uma pessoa ter de graça para a vida toda aquilo que seria suficiente para alimentar decentemente centenas de pessoas, quando pessoas que trabalham de verdade em funções que tem mais valor ganham absurdamente menos, sem falar nas pessoas que nem tem como trabalhar, e não ganham nada, ou se ganham são só as muito mal faladas (e não totalmente sem razão) bolsas-família da vida.

É engraçado que critiquem essas bolsas miseráveis por ganharem sem ter que fazer nada, apesar da falta de oportunidades de independência financeira, e isso seja criticado enquanto a "bolsa boa-vida" privada para descendentes de podres de ricos são vistas como legítimas. O imposto difere tanto assim do lucro?

Acho que a origem dos dois é sempre do bolso dos contribuintes/consumidores da mesma forma. Por que então essa diferença na exigência do que é feito com esse lucro, que se condena o político que ganha também LEGALMENTE sem trabalhar, mas não o herdeiro?

Reclama-se legitimamente de pagar impostos Suiços e receber serviços haitianos, mas pode ser chamado de esquerdista quem reclama do custo total dum produto ser uma fração mínima do seu preço final, "não existe preço alto demais".

E tem o agravante de que não se pode votar nos dirigentes duma empresa, e para participar do governo não é necessário ser acionista majoritário nem nada do tipo.

Acho que é meio como criticar cotas sociais para entrada nas faculdades ao mesmo tempo que o processo seletivo fosse ser filho de alunos anteriores da faculdade.

(lembrando que sou contra tanto a cotas sociais quanto as bolsas-pobreza tal como são)

Mercado e suas leis são bons, etc, só não acho que são uma maravilha irretocável, que prostitutas de luxo, dançarinas de topless, "lutadoras" nuas besuntadas em óleo, devessem mesmo ganhar mais que professoras que trabalham no ensino público (ou privado).

Pode ser o "MEU" conjunto de valores, não os valores ditados pelo mercado, são mesmo, admito, e acho uma pena.

Pode-se falar até da liberdade das pessoas ganharem o quanto puderem pelo que quer que façam que não esteja matando nem roubando alguém, etc, mas ainda acho que tem algo simplesmente "errado" nos resultados disso. E não por ser contra prostituição, casas de striptease e shows eróticos, porque não sou.

Na verdade não acho que necessariamente deveria se fazer algo para que prostitutas ganhassem menos que professoras, ou vice-versa, seria já bastante que a remuneração de professores fosse mais digna, ainda que mesmo que isso ocorresse, não deixaria de achar um tanto incômodo que as prostitutas fossem mais valorizadas que professores(as) ou médicos(as).

E nem acho que fazer uma coisa deva levar a outra, que são coisas causalmente relacionadas, só para esclarecimento. É só mais uma coisa para contrastar com essa vertente econômica da falácia naturalista.


Ja existiram sociedades assim. Onde o linchamento do "demerito" era uma pratica saudavel para a evolucao do homem. No seu exemplo mais, digamos, emblematico, um dos criterios oficiais de demerito era nao pertencer a raca ariana.

Como diria o velho indio, deu no que deu.


E Hitler também não fumava, logo fumar é bom, só para contribuir com o cumprimento físico da lei de Godwin.

Como eu disse, não proponho linchamentos, só acho que os valores de mercado, heranças, não são sempre exatamente as coisas mais justas, apesar de se poder dizerem ser "naturais".

Acho que seria possível uma sociedade mais justa (segundo meus conceitos, admitidamente), onde mais pessoas poderiam trabalhar para viver, sem que para isso houvessem linchamentos de qualquer tipo, apenas algum tipo de tributação que não seria exatamente um "nazismo" contra aqueles que ganham sem ter que trabalhar, e que possivelmente nem necessariamente teria que chegar ao ponto de forçar essas pessoas a "pegar no pesado", ainda que não achasse isso exatamente uma tragédia.
Sem tempo nem paciência para isso.

Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:

www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.

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Vou responder o seu texto em partes porque ele esta muito grande, e tem bons e maus momentos que merecem atencao particular.


A primeira parte do seu texto e ate interessante e bem construida, pois lida com um problema factual, que e a necessidade de um Estado que de certa forma limite as liberdades, e onde exatamente posicionar esse limite.

Ninguem esta negando esse fato aqui, e importante considerar. Defendo a existencia do Estado no sentido deste defender atraves de instituicoes universais um ambiente de seguranca para que os individuos possam desenvolver seu potencial sem serem oprimidos.

Creio que a felicidade e de carater individual, e cada um tem uma ideia de como conseguir a sua. Faz parte ate da definicao de felicidade, entendendo-a como exito na conquista dos desejos, e todos os desejos se manifestam na esfera individual.

Nao deve portanto existir um ministerio da felicidade, ou coisa parecida, que se encarregue de fornecer ou subsidiar a felicidade das pessoas de outra forma que nao seja deixando-as livres para alcanca-la. Cada qual com seus objetivos, definidos pelos seus desejos pessoais.

Penso, assim como os fundadores da America, que o direito fundamental portanto nao e a felicidade, mas o de persegui-la.



Feito esse comentario, acho que ideia que ele (seu primeiro pedaco de texto) engendra e boa, e a base de uma nocao democratica, de que os pontos de partida devem ser os mesmos, e os resultados devem depender de cada individuo.

Mas uma colocao como essa, solta e sem uma profunda compreensao dos principios que nortearam tal raciocionio, pode dar margem a interpretacoes absurdas, que e o que voce e o Usuário deletado tentam propor.

Da forma que voces entenderam os tais "pontos de partida", a justica democratica so seria alcancavel no momento em que o Estado suprimisse o direito das familias de criar seus filhos, levando todas as criancas para creches coletivas onde elas receberiam tratamento identico, indiferente as suas origens.

Eu imagino que por "ponto de partida", os pensadores democraticos que formularam aquela maxima nao entendiam exatamente a monstruosidade coletivista retratada acima.

Antes de pensar em termos materiais, acho que eles pensaram em liberdade, direitos e deveres fundamentais, em reconhecimento perante a lei como cidadao. Tais sao os pontos de partida do individuo, nao a conta bancaria do seu pai.

Penso que eles imaginaram que um pai rico poderia dar brinquedos e colegios caros para seu filho, sem que isso mudasse o fato de que em termos fundamentais, seu filho era um cidadao dono de direitos identicos ao filho do pobre. E que fazia parte do direito do pai rico dar o que quisesse e pudesse em termos de condicoes extras para seu filho. Assim como aquele filho do pobre, se um dia viesse a se tornar rico, poderia fazer o mesmo pelos seus.


Pensar em termos de oportunidade costuma levar a construcoes absurdas, ou a tentativas futeis de tentar controlar todas as variaveis da realidade.

As oportunidades, todas elas, seja de negocios ou qualquer outra coisa, nao aparecem simultaneamente para todos os possiveis interessados. Nao sao todas as jovens solteiras que colocam anuncios em jornais procurando namorados, nem sao todos os potenciais pretendentes que vao ler esse tipo de jornal.

As vezes ocorre de em um garoto e uma garota toparem em uma festa que os dois por acaso resolverem ir, trocarem uma ideia, e comecarem a namorar. Nao houve concurso com igualdade de oportunidades aqui, apenas o acaso favoreceu esse encontro. Talvez a garota se desse melhor com outro cara, mas ele nao foi a festa para ficar estudando.

O mundo e complexo, as pessoas seguem varios incentivos, interagem e tomam decisoes o tempo todo.

Tentar controlar essas variaveis de modo a equalizar as oportunidades seria nesse exemplo impedir o namoro dos dois jovens antes que a menina conhecesse o garoto que decidiu ficar em casa estudando. Simplesmente nao da.

A forma mais adequada de lidar com esse tipo de situacao e deixar as proprias pessoas procurarem suas oportunidades, e permitir tambem que essas oportunidades surjam, sempre de acordo com a maxima de que as acoes praticadas nao devem incidir sobre os direitos analogos das demais pessoas de fazerem exatamente a mesma coisa.

Cada um e responsavel pela sua felicidade, mas o acaso e um fator importante na aparicao das oportunidades de felicidade. Mas o que e fundamental, o que e controlavel, todos tem, que a liberdade de buscar essa felicidade.
"Let 'em all go to hell, except cave 76" ~ Cave 76's national anthem

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user f.k.a. Cabeção
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Re.: Herança

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »


A segunda parte do seu texto e apelativa e totalitaria.

Apelativa pois tenta associar a minha defesa da liberdade a uma suposta tirania desses nascidos em berco de ouro sobre quem tem que ralar para viver, como se os primeiros devessem algo aos segundos.

E totalitaria porque acha que todos devem fazer uma determinada coisa para viver, sendo tal coisa trabalhar. Parece discurso de partido trotskista sobre trabalhadores e parasitas.

Ninguem deve ser obrigado a fazer nada, muito menos trabalhar. O fato de ser sensato trabalhar nos casos dos nao abastados e parte de uma ponderacao pessoal deles, a respeito das privacoes que passariam se vivessem sem trabalhar.

Ja as socialites e playboys ponderam que como a sorte foi generosa com eles, eles nao precisam trabalhar e nao o fazem.

Ate aqui, ninguem e mais moral que ninguem. Se trocassem os personagens de situacao, tornando os playboys pobres e fazendo as faxineiras ganharem na loteria, e bem provavel que ambos mudassem suas ponderacoes a respeito da necessidade de trabalhar, mostrando que o seu criterio de merito na verdade e apenas uma medida de necessidade.

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André
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Re: Re.: Herança

Mensagem por André »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
A segunda parte do seu texto e apelativa e totalitaria.

Apelativa pois tenta associar a minha defesa da liberdade a uma suposta tirania desses nascidos em berco de ouro sobre quem tem que ralar para viver, como se os primeiros devessem algo aos segundos.

E totalitaria porque acha que todos devem fazer uma determinada coisa para viver, sendo tal coisa trabalhar. Parece discurso de partido trotskista sobre trabalhadores e parasitas.

Ninguem deve ser obrigado a fazer nada, muito menos trabalhar. O fato de ser sensato trabalhar nos casos dos nao abastados e parte de uma ponderacao pessoal deles, a respeito das privacoes que passariam se vivessem sem trabalhar.

Ja as socialites e playboys ponderam que como a sorte foi generosa com eles, eles nao precisam trabalhar e nao o fazem.

Ate aqui, ninguem e mais moral que ninguem. Se trocassem os personagens de situacao, tornando os playboys pobres e fazendo as faxineiras ganharem na loteria, e bem provavel que ambos mudassem suas ponderacoes a respeito da necessidade de trabalhar, mostrando que o seu criterio de merito na verdade e apenas uma medida de necessidade.



Nem sempre. Existem aqueles que trabalham por prazer, por o trabalho estar ligado a defesa de uma causa, que vai além dos seus desejos individuais, existem outros motivos, além do principal que é a necessidade, para se trabalhar.

Nada deve ser obrigatório no campo que discutimos. O que defendo como medidas democraticamente construídas, são meios de diminuir a desigualdade sócio econômica, não são os únicos, mas fazem parte de um pacote, que tem como a desconcentração de riqueza, como uma prioridade política. Claro desde que democraticamente escolhida e não pode ser imposta. Tendo isso em vista, o direito a herança para mim deve ser garantido, mas se for visto como útil, para atingir aquela prioridade, nesse momento se pode, sobre quem tem muito acima de suas necessidades, criar mecanismos para que parte dessa riqueza seja destinada para ajudar a dar a todos a chance de como vc disse perseguir a felicidade, se tendo maior igualdade de oportunidades. Isso sozinho é insuficiente como disse mas pode fazer parte de um pacote de reformas.(Obvio que mesmo isso, sem administração eficiente, e não corrupta tb não será suficiente, e para isso outra serie de reformas no sistema político são necessárias mas vou abrir mão de comentar sobre isso agora).

Alias para mim igualdade e liberdade são complementares, uma sem a outra é incompleta, e a tirania, apenas muda de posição, e estilo, mas luta de forma igual para manutenção de seus privilégios, dispensando quais quer medidas, que visem maior justiça e condições mais parelhas para competição. Digo mais parelhas ou justas, pois totalmente iguais, assim como a liberdade total, não são coisas possíveis, logo o objetivo não é esse, mas ao contrario uma sociedade que funcione melhor para todos, em que todos possam a sua maneira, com sua individualidade, viver da melhor forma que puderem, de preferência de forma cooperativa, visando o bem comum, mas claro que isso como um estimulo, e nunca como algo a ser exigido, ou obrigado.
Visite a pagina do meu primeiro livro "A Nova Máquina do Tempo." http://www.andreteixeirajacobina.com.br/

Ou na Saraiva. Disponivel para todo Brasil.

http://www.livrariasaraiva.com.br/produ ... 0C1C301196


O herói é um cientista cético, um pensador político. O livro debate filosofia, política, questões ambientais, sociais, bioética, cosmologia, e muito mais, no contexto de uma aventura de ficção científica.

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o anátema
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Re.: Herança

Mensagem por o anátema »

Respondendo primeiramente ao UFKA Cabeção:

Não acho que fossem necessárias creches obrigatórias com tratamento hiper-homogênio, criação de humanos por clonagem, etc. Isso se assemelha as idéias comunistas de uma sociedade de formigas que eu abomino tanto quanto a realidade de pessoas absurdamente ricas sem terem que ter feito absolutamente nada além de existir, ao mesmo tempo em que outras passam por realidades diversas que são extremamente deprimentes para dizer o mínimo, ainda que "deprimentes" seja realmente uma embalagem muito bonitinha que não as representa nem de longe, seria apelativo ficar descrevendo os cenários mais desumanos nos mínimos detalhes, mas é até um tanto desnecessário sendo que ninguém aqui é totalmente alienado da realidade no mundo e no país.

Eu não acho que se possa (ou que se deva tentar) acabar totalmente com o acaso, que se tenha que tentar controlar todas as variáveis possíveis, acho apenas que deve ser possível um controle tal que minimize consideravelmente principalmente o segundo tipo de realidade do parágrafo anterior, ao mesmo tempo um tanto as custas de alguma minimização da primeira também. E quanto a herança especificamente, mais que acaso, é um mecanismo. O acaso é só quanto a "quem" especificamente nasce em cada situação, mas é como um mecanismo de castas.

Ao mesmo tempo, penso que políticas para promover maior igualdade de oportunidades, ou uma "oportunidade mínima", estariam, como você disse, se incidindo sobre o direito análogo das outras pessoas, mas me parece mais que o inverso é mais próximo da verdade. Não se tendo políticas (razoáveis, não utópicas-psicóticas, ultra-controladoras) zelando por uma menor disparidade de oportunidades, acho que coisa tende naturalmente a descambar gradualmente em oligarquia e nepotismo.

Eu não acho que as pessoas ricas, herdeiros, sejam tiranos e que as pessoas com menor sorte sejam vítimas diretas delas, acho que as últimas são vítimas de um processo, e os primeiros se beneficiam do mesmo, em ambos os casos injustamente, ainda que "naturalmente".

Quanto a ninguém dever trabalhar, essa simplesmente não é a *minha* opinião. Mas na prática, na realidade, é isso mesmo, é fato, quanto a necessidade. Tanto para os playboys quanto para alguns políticos. Acho os dois casos similares sendo que o dinheiro que sustenta a ambos não veio do nada, não foi uma riqueza "produzida", mas acumulada, desviada, e que em primeira instância teve origem no trabalho de alguém. Acho difícil entender como se pode ser simpático ou indiferente a essa idéia, dumas pessoas vivendo às custas de outras, e ter na assinatura a frase, "o Estado é a grande ficção através da qual todo mundo se esforça para viver às custas de todo mundo".
Sem tempo nem paciência para isso.

Site com explicações para 99,9999% de todas as mentiras, desinformações e deturpações criacionistas:

www.talkorigins.org
Todos os tipos de criacionismos, Terra jovem, velha, de fundamentalistas cristãos, islâmicos e outros.

Série de textos sugerida: 29+ evicences for macroevolution

Índice com praticamente todas as asneiras que os criacionistas sempre repetem e breves correções

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o anátema
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Re: Re.: Herança

Mensagem por o anátema »

SickBoy escreveu:Anátema,


achei seu post excelente. concordo em quase tudo, pra falar a verdade achei você irreconhecível :emoticon16:


Sou politicamente quimérico :emoticon12:

Num dos testes que fiz resultou que eu sou 60% esquerdista E 60% direitista, além de 80% ambientalista e minimanente outras coisas diversas.

Geralmente concilio na minha cabeça essas coisas todas duns modos meio atípicos... como esses resultados mostram, acho que todos estão certos em parte, desde os mr. Crowleys aos ufka Cabeções da vida... acho... não sei se existe essa visão já mais formalizada... que as políticas econômicas e sociais tem que ser pensadas de forma "hierárquica", "ontológica"... meio como o desenvolvimento de um organismo... ou a construção de qualquer coisa que tenha que ser construida ordenadamente.

Acho que o ideal utópico seria um anarco liberalismo, sou pior até do que o ufka Cabeção. :emoticon12: Mas para dar certo mesm teria que ser um mundo onde todos são meio que uns maricas super honestos como no filme "o demolidor", com o Stallone e Wesley Snipes... é inatingível. E acho que degraus imediatamente abaixo não podem sempre ser imediatamente alcançados sem resultados "naturais" negativos... assim uma sociedade teria que, acho, idealmente passar por estágios de desenvolvimento, inicialmente até meio comunistóides... mas mais análogo a encubadoras de empresas ou indivíduos do que a uma empresa estatal... e daí vai aprendendo a andar por si mesma...

Sendo o contrário.... as idéias de socialismo permanente ou algo menos "ontológico", acho que meio análogas, respectivamente, a um adulto de fraldas num andador ou obrigado a engatinhar, e esperar que um bebê possa cuidar de si sozinho, trabalhar para se sustentar e estudar numa faculdade para se aprimorar na carreira.
Sem tempo nem paciência para isso.

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betossantana
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Re: Re.: Herança

Mensagem por betossantana »

user f.k.a. Cabeção escreveu:
betossantana escreveu:Errado. Filhos e cônjuge não podem ser excluídos da herança por disposição de vontade do titular do patrimônio, apenas em hipóteses previstas em lei. Metade do patrimônio a ser transmitido pela morte é necessariamente deles.


E verdade, a Apocaliptica mostrou isso pouco antes.
O que e na minha opiniao e burro. Nada impede um milionario lucido de doar sua fortuna pouco antes de morrer. Por que nao extender esse direito no seu testamento?


Na verdade, na verdade, eu não sei também.
É um problema espiritual, chupe pau!

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Samael
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Mensagem por Samael »

Estou gostando muito da sua participação no tópico, Daniel.

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clara campos
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Re: Herança

Mensagem por clara campos »

RicardoVitor escreveu:Você é contra o direito de um indivíduo de garantir a concessão de suas posses a outras pessoas, filhos ou não, após sua morte?


Surgiu-me uma questão.
A herança é um direito do pai ou do filho (ou de ambos?)?
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

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RicardoVitor
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Re: Herança

Mensagem por RicardoVitor »

clara campos escreveu:
RicardoVitor escreveu:Você é contra o direito de um indivíduo de garantir a concessão de suas posses a outras pessoas, filhos ou não, após sua morte?


Surgiu-me uma questão.
A herança é um direito do pai ou do filho (ou de ambos?)?


Boa questão.

Direito do pai somente, no meu ver. Devemos pensar na herança como uma transferência de propriedade, e só pode transferir propriedade aquele que a possui.
Logical, responsible, practical.
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Orbe
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Re.: Herança

Mensagem por Orbe »

Morto não possui propriedade.

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Acauan
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Re: Herança

Mensagem por Acauan »

clara campos escreveu: Surgiu-me uma questão.
A herança é um direito do pai ou do filho (ou de ambos?)?


Pela lei brasileira há uma ordem de preferência para herança: primeiro os descendentes e depois os ascendentes.
Nós, Índios.

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Lutar com bravura, morrer com honra.

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

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RicardoVitor
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Re: Re.: Herança

Mensagem por RicardoVitor »

Orbe escreveu:Morto não possui propriedade.


Não sei se está brincando, mas informo que existe um documento oficial chamado testamento, que permite ao indivíduo (antes de estar morto) determinar quais as pessoas que devem receber suas propriedades após sua morte. Se caso o indivíduo não determinar nenhum herdeiro para seus pertences, os mesmos devem ser destinados a seus parentes mais próximos, por sucessão.
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RicardoVitor
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Re.: Herança

Mensagem por RicardoVitor »

Agora fiquei confuso com a pergunta da Clara: o "pai" ali é o pai do morto ou é o próprio?
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Herf
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Re.: Herança

Mensagem por Herf »

[Depois de ler o tópico]

Interessante como as pessoas não sentem o menor pudor em defender a caridade feita com os bens dos outros e como é bem aceito o velho postulado da esquerda de que a riqueza é algo estático, ou seja, se uns são pobres é porque outros são ricos e vice-versa.
Editado pela última vez por Herf em 23 Jan 2008, 20:05, em um total de 1 vez.

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user f.k.a. Cabeção
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Re: Herança

Mensagem por user f.k.a. Cabeção »

Acauan escreveu:
clara campos escreveu: Surgiu-me uma questão.
A herança é um direito do pai ou do filho (ou de ambos?)?


Pela lei brasileira há uma ordem de preferência para herança: primeiro os descendentes e depois os ascendentes.



Acho que nao foi bem essa a pergunta.

Pelo que eu entendi, ela quis saber se a instituicao da heranca era fundamentada num direito ou dos pais de transferirem sua riqueza para seus filhos, ou dos filhos de receberem aquilo que era dos seus pais.

Na minha opiniao, e um direito dos pais acima de tudo.
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Trancado