Cardeal faz alerta sobre aborto
Enviado: 09 Mai 2007, 10:11
Cardeal faz alerta sobre aborto
Paul Poupard quer que Brasil trate a questão com ‘serenidade e ética’
CIDADE DO VATICANO
O Brasil precisa ter “serenidade e ética” ao debater temas como o aborto e outras questões ligadas à vida. A recomendação é do presidente do Pontifício Conselho da Cultura e Ciência do Vaticano, cardeal Paul Poupard, uma espécie de ministro dentro da estrutura da Santa Sé responsável por lidar com a relação entre questões teológicas e a ciência. Em entrevista ao Estado, o cardeal francês que desembarca hoje com o papa Bento XVI deixou claro que o tema relativo ao Brasil é visto com preocupação.
De fato, em entrevista à revista italiana 30Giorni, o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, enfatizou: “esperamos que o Brasil não siga o mesmo caminho do México”. Os mexicanos aprovaram há poucas semanas uma lei legalizando o aborto.
Ontem, o Vaticano mostrou que não está disposto a continuar perdendo espaço para a ciência no debate sobre o conceito de vida. Alguns de seus principais filósofos foram reunidos para anunciar uma série de pesquisas em torno da vida e de conceitos biológicos como “organismos”. “Precisamos de uma cultura que deixe em evidência que não há uma oposição insuperável entre a ciência e a fé”, afirmou Poupard. “Não podemos ficar prisioneiros de uma visão única da vida.”
Agora, os esforços do Vaticano são para que a dimensão religiosa passe a fazer parte dos debates da biotecnologia e dos avanços das ciências naturais, principalmente diante da busca da vida extraterrestre e das experiências sobre vida artificial.
“Precisamos formar um tipo de pesquisa onde a fé possa ser considerada como uma riqueza e um estímulo a mais para as ciências naturais e, vice-versa, onde os dados científicos permitam compreender de uma forma melhor a verdade revelada”, disse.
Um projeto nesse sentido foi iniciado com a publicação de quatro “manuais” sobre como a Igreja vê o desenvolvimento das ciências naturais. Em um deles, é sugerida a necessidade de uma nova definição científica do conceito vida e organismo que inclua as “reflexões teológicas”. A esperança do Vaticano é que os novos conceitos sejam introduzidos no sistema escolar.
Outras 16 obras serão publicadas até 2009, além da realização de congressos com cientistas convidados. O primeiro ocorre neste ano e tratará de temas como embriões e sua relação com a biologia, direito e teologia em uma clara referência ao aborto.
CRISE
Sobre a América Latina e os objetivos da viagem, Poupard não desmentiu o fato de que a Igreja estaria passando por uma crise na região diante da perda de fiéis. “Mas a Igreja sempre viveu desafios e esse é mais um deles”, disse. Ontem, os jornais italianos davam o tom da visita de Bento XVI: “buscar mais fiéis” para a Igreja.
Paul Poupard quer que Brasil trate a questão com ‘serenidade e ética’
CIDADE DO VATICANO
O Brasil precisa ter “serenidade e ética” ao debater temas como o aborto e outras questões ligadas à vida. A recomendação é do presidente do Pontifício Conselho da Cultura e Ciência do Vaticano, cardeal Paul Poupard, uma espécie de ministro dentro da estrutura da Santa Sé responsável por lidar com a relação entre questões teológicas e a ciência. Em entrevista ao Estado, o cardeal francês que desembarca hoje com o papa Bento XVI deixou claro que o tema relativo ao Brasil é visto com preocupação.
De fato, em entrevista à revista italiana 30Giorni, o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, enfatizou: “esperamos que o Brasil não siga o mesmo caminho do México”. Os mexicanos aprovaram há poucas semanas uma lei legalizando o aborto.
Ontem, o Vaticano mostrou que não está disposto a continuar perdendo espaço para a ciência no debate sobre o conceito de vida. Alguns de seus principais filósofos foram reunidos para anunciar uma série de pesquisas em torno da vida e de conceitos biológicos como “organismos”. “Precisamos de uma cultura que deixe em evidência que não há uma oposição insuperável entre a ciência e a fé”, afirmou Poupard. “Não podemos ficar prisioneiros de uma visão única da vida.”
Agora, os esforços do Vaticano são para que a dimensão religiosa passe a fazer parte dos debates da biotecnologia e dos avanços das ciências naturais, principalmente diante da busca da vida extraterrestre e das experiências sobre vida artificial.
“Precisamos formar um tipo de pesquisa onde a fé possa ser considerada como uma riqueza e um estímulo a mais para as ciências naturais e, vice-versa, onde os dados científicos permitam compreender de uma forma melhor a verdade revelada”, disse.
Um projeto nesse sentido foi iniciado com a publicação de quatro “manuais” sobre como a Igreja vê o desenvolvimento das ciências naturais. Em um deles, é sugerida a necessidade de uma nova definição científica do conceito vida e organismo que inclua as “reflexões teológicas”. A esperança do Vaticano é que os novos conceitos sejam introduzidos no sistema escolar.
Outras 16 obras serão publicadas até 2009, além da realização de congressos com cientistas convidados. O primeiro ocorre neste ano e tratará de temas como embriões e sua relação com a biologia, direito e teologia em uma clara referência ao aborto.
CRISE
Sobre a América Latina e os objetivos da viagem, Poupard não desmentiu o fato de que a Igreja estaria passando por uma crise na região diante da perda de fiéis. “Mas a Igreja sempre viveu desafios e esse é mais um deles”, disse. Ontem, os jornais italianos davam o tom da visita de Bento XVI: “buscar mais fiéis” para a Igreja.