Onipotência em cheque
Enviado: 12 Mai 2007, 15:22
[center]ONIPOTÊNCIA EM CHEQUE[/center]
Como pião do 3º escalão, deus não fez feio. Criou o mundo, cumpriu o prazo e o resultado foi, relativamente, satisfatório. No entanto, no decorrer da fascinante história da criação, fica patente que ele não reunia os predicados necessários para ascender a escalões superiores, visto que ao assumir a liderança do seu grupo, composto por dois liderados e meia dúzia de bichos, ele se perdeu totalmente e afrontou todos os mandamentos das mais modernas e bem sucedidas corporações.
Como líder, não soube mandar com clareza e precisão; não motivou o grupo a cumprir determinações e metas, não soube delegar e, finalmente, aplicou um castigo absurdamente desproporcional à ação dos liderados. Ao agir desta forma, com absoluto despreparo para o cargo, o resultado não poderia ser outro se não a merda geral em que o mundo se transformou doravante.
Vale conferir as cagadas:
Primeiro: Quando criou o homem e sua ajudante, deus disse: “Enchei a terra e tende-a sujeita a vós e dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a terra. Eis aí todas as ervas e todas as árvores para vos servires de sustento”. Até aqui, nada de árvore proibida. Ao dizer aos liderados: todos os animais e todas as ervas e árvores, eles, de fato, entenderam, todas.
Já no paraíso, depois de uma breve aula de geografia e hidrografia, deus ordenou: “Come de todos os frutos das árvores do paraíso, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Porque em qualquer tempo que comeres dele, certamente, morrerás”. Será que seus dois liderados sabiam o que era a morte? Uma ordem mal transmitida gera um ruído na comunicação. Por que, em sendo uma árvore proibida, deus resolveu colocá-la bem no meio do paraíso e, ainda por cima, exibindo frutos lindos, apetitosos e originais? Vale notar que deus já tinha pé atrás com a ciência. Onisciente, ele sabia que a ciência iria, pouco a pouco, destruir cada item dessa invencionice toda.
Segundo: Durante todo processo de criação, não se teve notícia de que algum animal falasse, nem mesmo a serpente, considerada o mais astuto de todos os animais. Então a ordem não foi transmitida com perfeição. Deus teria a obrigação de alertar a Eva que cobras falantes não são confiáveis e quando aparecem, representam sempre uma ameaça às vítimas incautas.
Terceiro: Após comerem o fruto, perceberam que estavam nus e se vestiram com folhas figueiras. Nesse momento, deus passeava distraído, pelo paraíso, ainda inebriado com sua criação feito um Lulla qualquer e, ao saber do bafafá, aproximou-se dos liderados a fim de esclarecer os fatos. Como ocorre nas CPIs até hoje, durante a breve acareação, um jogou a culpa no outro. O Adão disse: “A mulher que me deste por companheira, deu-me este fruto e eu comi”. Percebam que Adão já se refere à Eva como ‘companheira’ e, ao jogar a culpa pra cima da mulher e do próprio deus, ele já assume a postura de um petralha nato. A Eva, por sua vez, também tira o corpo fora e joga a culpa pra cima da serpente.
Deus, ignorando o sagrado direito de defesa à serpente, já profere a sentença: “Se assim fizeste, tu és maldita entre todos os animais. Tu andarás de rojo sobre o teu ventre e comerás terra todos os dias”. Numa atitude típica de chefes tiranos, nem lhe passou pela cabeça questionar aquela rastejante criatura que desafiou a criação ao se destacar dos demais animais desenvolvendo o dom da fala e muito menos, admitir que uma serpente falante não deveria, jamais, ter passado pelo controle de qualidade da linha de produção de sua fauna perfeita.
Continuando a leitura da sentença, ele disse à Eva: “Eu multiplicarei o trabalho dos teus partos. Tu parirás teus filhos em dor e estarás debaixo do poder do teu marido e ele te dominará”. Traduzindo: Deus condena a Eva por “Formação de Família”, ocorrendo em outro lamentável equívoco. Como Eva poderia compreender o castigo que deus lhe impusera se, até então, ela não havia engravidado e, possivelmente, nem fazia idéia do que era um parto? E mais, como deus coloca Eva sob o jugo de um marido que acabara de se revelar um verdadeiro zé mané e ainda por cima covarde, não assumindo a sua quota de responsabilidade no episódio?!
Mas, deus, com sua infinita sabedoria, sacou que estava diante de um vacilão e já foi dizendo: “E tu Adão, que destes ouvidos à tua mulher e comeste do fruto da árvore, saibas que a terra será maldita por causa da tua obra. Ela te produzirá espinhos e abrolhos e tu terás por sustento as ervas da terra. Tu comerás o pão no suor do teu rosto até que retornes à terra, pois tu és pó e ao pó retornarás”.
Parafraseando uma dublê de escritora pentelhacostal que eu conheço de vista, querido cético ou cética, na sentença proferida ao Adão, deus consegue provocar uma verdadeira diarréia verbal. Primeiro que ele perde totalmente a moral quando não cumpre a ameaça. O casal come do fruto proibido e... não morre. Segundo, que além da infinita sabedoria, deus tem a oportunidade de colocar em prática sua infinita benevolência condenando e comprometendo o futuro de toda a humanidade em virtude do deslize de um só casal. Essa é a tão propalada justiça divina? O pior para Adão foi ser condenado ao trabalho. Todos sabem que um petralha que se preza não é chegado à labuta e sim a uma teta governamental, pela qual dá o sangue do inimigo e até a vida do melhor amigo.
A avaliação de deus neste lamentável episódio piora ainda mais quando, a exemplo de muitos chefes, ele tenta nos vender a imagem de um ser onisciente, onipresente e onipotente. Em sendo onisciente, ele certamente, já sabia que essa cagada iria acontecer. Por que não evitou? Por que deixou a coisa correr solta se ele é onipotente e poderia ter mudado o rumo dessa história? Por que, em sendo onipresente, se fingiu de morto distraído, passeando pelo paraíso, enquanto a serpente falante dava o golpe em cima da Eva?
Se deus sabia, poderia ter evitado a tragédia e não o fez é porque ele é uma divindade dúbia, questionável e, portanto nada confiável, é ou num é?
E para mostrar quem é que mandava no pedaço, tão logo o casal fora despejado, deus nomeia um querubim, equipado com uma espada cintilante e versátil, para trabalhar como porteiro do paraíso. Outra vez, sua onipotência, onipresença e onisciência ficam em cheque. Em sendo esse onitudo, para que o querubim??
Fica a pergunta, querido cético ou cética (de novo imitando a pentelhacostal, dublê de escritora), como confiar num deus tirano, implacável, que se revela um verdadeiro fracasso como líder e consequentemente, desnuda-se como uma fraude logo no segundo capítulo da história?!
Eu esperava muito mais de um deus, e você?
Como pião do 3º escalão, deus não fez feio. Criou o mundo, cumpriu o prazo e o resultado foi, relativamente, satisfatório. No entanto, no decorrer da fascinante história da criação, fica patente que ele não reunia os predicados necessários para ascender a escalões superiores, visto que ao assumir a liderança do seu grupo, composto por dois liderados e meia dúzia de bichos, ele se perdeu totalmente e afrontou todos os mandamentos das mais modernas e bem sucedidas corporações.
Como líder, não soube mandar com clareza e precisão; não motivou o grupo a cumprir determinações e metas, não soube delegar e, finalmente, aplicou um castigo absurdamente desproporcional à ação dos liderados. Ao agir desta forma, com absoluto despreparo para o cargo, o resultado não poderia ser outro se não a merda geral em que o mundo se transformou doravante.
Vale conferir as cagadas:
Primeiro: Quando criou o homem e sua ajudante, deus disse: “Enchei a terra e tende-a sujeita a vós e dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a terra. Eis aí todas as ervas e todas as árvores para vos servires de sustento”. Até aqui, nada de árvore proibida. Ao dizer aos liderados: todos os animais e todas as ervas e árvores, eles, de fato, entenderam, todas.
Já no paraíso, depois de uma breve aula de geografia e hidrografia, deus ordenou: “Come de todos os frutos das árvores do paraíso, mas não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Porque em qualquer tempo que comeres dele, certamente, morrerás”. Será que seus dois liderados sabiam o que era a morte? Uma ordem mal transmitida gera um ruído na comunicação. Por que, em sendo uma árvore proibida, deus resolveu colocá-la bem no meio do paraíso e, ainda por cima, exibindo frutos lindos, apetitosos e originais? Vale notar que deus já tinha pé atrás com a ciência. Onisciente, ele sabia que a ciência iria, pouco a pouco, destruir cada item dessa invencionice toda.
Segundo: Durante todo processo de criação, não se teve notícia de que algum animal falasse, nem mesmo a serpente, considerada o mais astuto de todos os animais. Então a ordem não foi transmitida com perfeição. Deus teria a obrigação de alertar a Eva que cobras falantes não são confiáveis e quando aparecem, representam sempre uma ameaça às vítimas incautas.
Terceiro: Após comerem o fruto, perceberam que estavam nus e se vestiram com folhas figueiras. Nesse momento, deus passeava distraído, pelo paraíso, ainda inebriado com sua criação feito um Lulla qualquer e, ao saber do bafafá, aproximou-se dos liderados a fim de esclarecer os fatos. Como ocorre nas CPIs até hoje, durante a breve acareação, um jogou a culpa no outro. O Adão disse: “A mulher que me deste por companheira, deu-me este fruto e eu comi”. Percebam que Adão já se refere à Eva como ‘companheira’ e, ao jogar a culpa pra cima da mulher e do próprio deus, ele já assume a postura de um petralha nato. A Eva, por sua vez, também tira o corpo fora e joga a culpa pra cima da serpente.
Deus, ignorando o sagrado direito de defesa à serpente, já profere a sentença: “Se assim fizeste, tu és maldita entre todos os animais. Tu andarás de rojo sobre o teu ventre e comerás terra todos os dias”. Numa atitude típica de chefes tiranos, nem lhe passou pela cabeça questionar aquela rastejante criatura que desafiou a criação ao se destacar dos demais animais desenvolvendo o dom da fala e muito menos, admitir que uma serpente falante não deveria, jamais, ter passado pelo controle de qualidade da linha de produção de sua fauna perfeita.
Continuando a leitura da sentença, ele disse à Eva: “Eu multiplicarei o trabalho dos teus partos. Tu parirás teus filhos em dor e estarás debaixo do poder do teu marido e ele te dominará”. Traduzindo: Deus condena a Eva por “Formação de Família”, ocorrendo em outro lamentável equívoco. Como Eva poderia compreender o castigo que deus lhe impusera se, até então, ela não havia engravidado e, possivelmente, nem fazia idéia do que era um parto? E mais, como deus coloca Eva sob o jugo de um marido que acabara de se revelar um verdadeiro zé mané e ainda por cima covarde, não assumindo a sua quota de responsabilidade no episódio?!
Mas, deus, com sua infinita sabedoria, sacou que estava diante de um vacilão e já foi dizendo: “E tu Adão, que destes ouvidos à tua mulher e comeste do fruto da árvore, saibas que a terra será maldita por causa da tua obra. Ela te produzirá espinhos e abrolhos e tu terás por sustento as ervas da terra. Tu comerás o pão no suor do teu rosto até que retornes à terra, pois tu és pó e ao pó retornarás”.
Parafraseando uma dublê de escritora pentelhacostal que eu conheço de vista, querido cético ou cética, na sentença proferida ao Adão, deus consegue provocar uma verdadeira diarréia verbal. Primeiro que ele perde totalmente a moral quando não cumpre a ameaça. O casal come do fruto proibido e... não morre. Segundo, que além da infinita sabedoria, deus tem a oportunidade de colocar em prática sua infinita benevolência condenando e comprometendo o futuro de toda a humanidade em virtude do deslize de um só casal. Essa é a tão propalada justiça divina? O pior para Adão foi ser condenado ao trabalho. Todos sabem que um petralha que se preza não é chegado à labuta e sim a uma teta governamental, pela qual dá o sangue do inimigo e até a vida do melhor amigo.
A avaliação de deus neste lamentável episódio piora ainda mais quando, a exemplo de muitos chefes, ele tenta nos vender a imagem de um ser onisciente, onipresente e onipotente. Em sendo onisciente, ele certamente, já sabia que essa cagada iria acontecer. Por que não evitou? Por que deixou a coisa correr solta se ele é onipotente e poderia ter mudado o rumo dessa história? Por que, em sendo onipresente, se fingiu de morto distraído, passeando pelo paraíso, enquanto a serpente falante dava o golpe em cima da Eva?
Se deus sabia, poderia ter evitado a tragédia e não o fez é porque ele é uma divindade dúbia, questionável e, portanto nada confiável, é ou num é?
E para mostrar quem é que mandava no pedaço, tão logo o casal fora despejado, deus nomeia um querubim, equipado com uma espada cintilante e versátil, para trabalhar como porteiro do paraíso. Outra vez, sua onipotência, onipresença e onisciência ficam em cheque. Em sendo esse onitudo, para que o querubim??
Fica a pergunta, querido cético ou cética (de novo imitando a pentelhacostal, dublê de escritora), como confiar num deus tirano, implacável, que se revela um verdadeiro fracasso como líder e consequentemente, desnuda-se como uma fraude logo no segundo capítulo da história?!
Eu esperava muito mais de um deus, e você?