Mesmo tendo sido católico - não muito praticante, pois só ia às missas de vez em quando e pouco me interessava por me aprofundar nesta religião da forma que faço hoje como agnóstico - por boa parte da vida, esse negócio de castidade nunca foi algo que tenha dado importância.
Aliás, nunca dei nenhuma.
Quer dizer, só dei importância a isto quando tive uma namorada católica que não queria me dar porquê achava que era pecado.
E eu achava isso um saco.
Então, para respeitar o mandamento que reza "não pecar contra a castidade", acabei infringindo outro, o "não cobiçar a mulher do próximo". E era uma vez aquele namoro...
Sorte que antes e depois conheci garotas que eram católicas ou evangélicas "pero no mucho"... As místicas eram as mais abertas ao sexo. Esse negócio de transcendência, transmutação, sabem? Eu adorava dar uma transmutadinha com uma gata que eu conheci. Ela me levava ao sétimo céu. É sério.
Após "afundar nas trevas do agnosticismo" (segundo preceitua o Papa e seus asseclas) é que comecei a me interessar por conhecer mais a fundo os preceitos e fundamentos religiosos do catolicismo e do cristianismo em geral.
Só que eu nunca antes tinha perdido tempo para pensar sobre algo que ora me deixou estarrecido, após ler algumas palavras que teriam sido ditas por Bento XVI que, quando em visita ao Brasil nosso de cada dia, fez um discurso exaltando as virtudes do casamento e admoestando os casais, para que mantivessem a castidade mesmo dentro do casamento, reafirmando que a finalidade do sexo é apenas a de procriação, fundamentado no que induziriam a crer as escrituras sagradas do cristianismo (nesse ponto, concordo com o Silas Malafaia, que aponta os "Cantares" de Salomão como fundamento bíblico da finalidade prazerosa do sexo. "Teus seios cachos de uvas, teu umbigo como taça redonda, tuas coxas como jóias talhadas por mãos de artista...", meus deus, que tesão).
A-ham..., continuando, esse "algo" que me incomodou é o fato de que eu nunca tinha percebido que o "controle moral" (controle mental, controle psicológico, controle físico...) que a Igreja pretende estender sobre cada pessoa é muito mais rígido do que eu pensava.
Ao se afirmar que a prática sexual somente serve para fins procriatórios, além de contrariar nossa natureza biológica (porquê então temos prazer e mecanismos de excitação se não devíamos tirar mais do sexo do que a intenção de procriar?), parece que a Igreja pretende que os casais católicos abstenham-se de sexo quando estes não possuem mais a intenção de ter filhos.
Logo, o casal que já tem lá os seus dois ou três filhos, caso não queiram mais ter nenhum, não podem dar nem mais uma metidinha. Nunca mais. Nem "uminha". Nem rapidinha. Um 69 então, nem pensar!
E se a mulher estiver grávida, então, não pode dar nem umazinha com o marido. Nem para comemorar com este sua promoção no trabalho ou o acerto das seis dezenas da MEGA-SENA.
Ah, então a lua de mel só deve ser levada a cabo se a intenção for procriar. Só fazer a jeripoca piar não pode. Aliás, não vale. É pecado.
Pelo menos, é isso que entendi.
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Há os que dizem que a finalidade procriatória sempre deve estar presente, mas não é necessário que o casal se feche tanto nos preceitos da doutrina, podendo aproveitar o momento para ter prazer; só que desconfio que estes católicos que assim afirmam não são tão católicos assim.
O negócio, segundos estes, seria o seguinte: arriscar!
Mais ou menos assim: "Maria, vamos fazendo, vamos fazendo; se o nénem vier, é lucro. Se o neném não vier, já gozamos mesmo, ora pois."
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Por isso, espero que nossos foristas católicos (SÓ OS PRATICANTES - do catolicismo, não precisam entender de sexo na prática) e os conhecedores da doutrina católica em seus detalhes mais picantes, comentem no tópico e respondam as seguintes questões:
1. Além da finalidade de procriação, o sexo não deve nunca ser encarado como ato prazeroso do casal? Nem na Lua de Mel? Não mesmo? De jeito nenhum?
2. O que significa manter a castidade no casamento? É isso mesmo, quando não mais se tem a intenção de fazer neném, tem que fechar a porteira?
3. Ainda levando em consideração a questão anterior, sexo mesmo, dentro do casamento (já que fora não pode nem antes, nem durante, nem depois), só com a consciência de que se está pretendendo fazer neném? Pensar em gozar ou aproveitar este memento é pecado? Mesmo durante o ato sexual?
4. O viúvo e a viúva que se casarem, se já tiverem filhos, não podem dar nem uma metidinha nunca mais, caso não tenham real intenção de procriação?
5. Se um dos cônjuges for conhecidamente infértil - mas não incapaz de praticar o sexo - desde antes do casamento (tendo tido conhecimento do fato por exames médicos, por exemplo), o casal nunca poderia "consumar o casamento", segundo a doutrina católica, vez que não poderiam procriar, passando então a estar doutrinariamente impedidos da prática sexual?
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Questões exclusivas para católicos praticantes:
1. Você observa os mandamentos da Igreja em relação ao sexo?
2. Você se mantém (manteve) virgem para o casamento? Você somente praticará (pratica) sexo com finalidade de procriação?
3. Você concorda com tudo o que o Papa diz em relação a sexo, mesmo que ele não entenda nada do assunto, por ser (até onde se sabe) celibatário?
[Se você for carismático, não precisa responder. Por dois bons motivos. Primeiro, por não ser bem-vindo ao tópico, por este ser destinado somente a católicos e não neopentecostais disfarçados. Segundo, já sei que faz (fez) tudo isso e concorda com tudo o que o Papa diz, mesmo que o Papa te ache um herege pé-no-saco que acha que devido à sua insistência, terá um dia o reconhecimetno da Igreja, não somente a sua tolerância

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Desde já, grato pelas manifestações vindouras.
Tranca-Ruas.