Oh louco...

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Malamen
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Oh louco...

Mensagem por Malamen »

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A gente lê cada uma...
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Xicao
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Re.: Oh louco...

Mensagem por Xicao »

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fanático esse cara que escreveu isso....

:emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17: :emoticon17:

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Religião e fanatismo

Maria Clara Lucchetti Bingemer

O fanático, segundo a definição do dicionário é aquele ou aquela que se considera inspirado por uma divindade, iluminado pelo espírito divino. É ainda aquel que tem zelo religioso cego, excessivo e intolerante. Aquele, portanto, que adere cegamente a uma doutrina, a um partido; que é partidário exaltado e faccioso. Aquele, ainda que tem dedicação, admiração ou amor exaltado a alguém ou algo. E por fim, acrescenta o dicionário: é alguém entusiasmado, apaixonado.

O fanático se exprime no transporte do furor divino. A infinitude de um deus escolheu sua finitude humana para fazer ressoar no mundo uma verdade soberana. Reduzindo-se a nada, anulando-se em seus desejos e aspirações para ser porta-voz desse Deus, o fanático corre o risco de olhar os outros com os mesmos olhos inclementes e frios com os quais se olha a si mesmo. E pode ver com frieza e indiferença a anulação daqueles que não partilham seus sentimentos. E como acredita que nele se encarna a mensagem divina, para ser digno de algo tão elevado, exige de si mesmo uma renúncia aos prazeres de ser humano e só pode voltar-se para os rigores mais desumanos. O fanatismo converte muitas vezes, portanto, o ser humano em um espírito que se arranca do corpo e da terra para melhor governa-los em nome do céu.

Wilhelm Reich já denunciou os estragos causados por esta inclemência que reprime e esmaga os desejos legítimos do corpo e da matéria. Existe um puritanismo da ordem que acaba desembocando em desumana crueldade. A pureza da raça exige a grande limpeza dos campos de concentração, a pureza da religião necessita fogueiras e guilhotinas, o gulag salva um certo marxismo de revisões que lhe perturbariam a claridade. Examinando, com um certo recuo no tempo, os conflitos religiosos que levantaram um contra outro justos e injustos em nome da fé e da religião, constata-se aí uma deformação de base que está na raiz do problema. O desprezo do prazer e do gozo como manifestação de vida conduz o indivíduo, tanto quanto a sociedade, a uma esclerose do comportamento que é terreno fértil e propício para o fanatismo e a violência. Se existe e pode existir em cada um uma propensão para o fanatismo ordinário, ela se deve não à natureza humaa, mas a sua deformação. Que a ética e o dever sejam irreconciliáveis para alguns indivíduos ou sistemas com o sentimento de felicidade e serenidade indica sufiientemente a lacuna do viver que produz a inflação dos valores destrutivos de si e dos outros, que se denominam intransigência, intolerância, inclemência, violência, enfim. Indica, enfim, que o fanatismo não permite contemplar coisa alguma a não ser com os olhos da morte. As três religiões monoteístas, o cristianismo, o judaísmo e o islamismo são consideradas, - a meu ver um pouco precipitadamente, - religiões de conquista. Por isso - afirmam alguns - a violência estaria de uma maneira ou de outra presente dentro da história dessas religiões e mesmo da sua constituição, do seu corpo doutrinário e do seu corpo jurídico.

O fato de serem religiões monoteístas já as torna por si mesmo eivadas de uma certa excludência, pois crer num Deus único significa recusar todos os outros. E essa excludência das demais divindades resultaria na excludência da crença dos outros em suas divindades , o que terminaria resultando em fanatismo e violência com consequênias cruentas e deploráveis. O judaísmo que é o mais antigo de todos os monoteímos foi tendo que se firmar passando por estágios diversos: primeiro o da monolatria, que era a adoção de um Deus único, considerando no entanto como divindades os deuses dos outros povos. Até que depois do exílio da Babilônia e da reforma de Esdras , fincam-se as bases do monoteísmo que vai realmente dar origem depois ao nacionalismo judaico, ao sionismo e a tudo enfim que foi decorrendo desse monoteísmo, o qual tem mesmo características um tanto excludentes, porém muito mais no sentido de legítima defesa e auto-proteção. A concepção do judaísmo monoteísta é, portanto, a de que só esse Deus é Deus, e todos os outros deuses que os outros povos possam adorar são ídolos ou divindades falsas e quem os adora está no erro. Então, toda a tensão que pervade a bíblia judaica é muito mais entre fé e idolatria do que entre fé e ateísmo. O ateísmo não é um problema dos povos antigos. O problema dos povos antigos monoteístas é justamente a idolatria. Não cremos poder confirmar, portanto, a consideração dos monoteísmos como religiões de conquista e excludentes. Poderia, sim, ser afirmado que os monoteísmo devem lidar, administrar sempre uma tensão entre excludência e integração, o que não é fácil nem simples.

Hoje vivemos no tempo do macro ecumenismo, do diálogo inter-religioso. Apesar disso se pode constatar que embora em teoria se tenha muito claras as exigências desse espírito de abertura que o diálogo exige ,tudo muda quando se vai ao exercício mesmo dessa tolerância religiosa, desse escutar o outro diferente. Diferente na sua crença, no exercício da sua religião, na maneira de dize-la e de propor-la. Aí a tentação do fanatismo ronda, o entusiasmo experimentado e que deu sentido à própria vida se universaliza e totaliza, convertendo-se em univoidade excludente das diferenças do outro, que sente e experimenta de outro modo.

Daí para a diabolização do outro, na sua alteridade, a distância é pequena se a vigilância da tolerância não for exercida e exercitada com pertinácia e perseverança. E se o Deus do outro começa a adquirir a forma de um demônio, corremos o risco de encontrarmo-nos a um passo de uma luta de deuses.

Ao longo da história da religião, vários pensadores que marcaram o mundo ocidental levantaram suas vozes para criticar a violência. O processo da violência e a alienação que ele produz é por eles e elas percebido como um processo de reificação, ou seja, de assassinato. Só ao se libertar de toda dominação da força é que o ser humano pode então contemplar os três mistérios da existência: a verdade, a justiça e a bondade.
fonte: http://amaivos.uol.com.br/templates/ama ... d_canal=44




mostra de mais fanatismo....
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mas esse é o caminho....
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Sobre a intolerância



Religiões são construções humanas, profundamente humanas (no sentido social ou “societal”, da palavra). Elas podem ter sido elaboradas por algum “profeta” individual, mas são mais exatamente uma construção envolvendo mais de um ator. Como resultado de seu processo de “fabricação”, elas guardam íntima relação com os valores e as crenças normalmente partilhados por uma dada sociedade num determinado momento histórico. Este é o caso das grandes religiões modernas – cristianismo, islamismo, budismo –, criadas entre os últimos séculos da antiguidade (inclusive o judaísmo moderno) e os primeiros séculos da “era Cristã” (não há como evitar, aqui, o padrão universal de contagem do tempo, criado pelo cristianismo, uma das mais poderosas forças sociais de todo o mundo). Excluo das presentes considerações o hinduismo, que não se tornou tão “universal” como as duas grandes religiões concorrentes, o cristianismo e o islamismo.

Todas as grandes religiões apresentam “benfeitorias”, do ponto de vista da “ideologia” e da “vida social” de uma certa época, sem o que elas não teriam tido sucesso e se disseminado de modo tão amplo. Nem todas essas benfeitorias representam, contudo, progresso absoluto do ponto de vista dos direitos humanos e dos direitos da mulher, mais especificamente, se é possível aceitar o conceito de “progresso” num sentido lato (não parece haver progresso moral da humanidade, stricto senso, como uma interpretação estritamente darwinista da vida social poderia deixar entender).

O judaísmo, por exemplo, ao ressaltar os valores da vida humana, da igualdade entre os seres, da submissão a um conjunto de regras para a conduta em sociedade – como evidenciado na lei mosaica –, representou um progresso em relação às religiões de cunho vingativo então existentes. O cristianismo, por sua vez, enfatizou a fraternidade dos homens, ao amor ao próximo, o perdão e a caridade como “benfeitorias” que muito fizeram para elevar o padrão moral da humanidade. Da mesma forma, o budismo trouxe o respeito à vida humana, ou melhor, a qualquer forma de vida a um patamar certamente elevado, enfatizando, como o cristianismo, o respeito a todo ser humano, como princípio universalmente válido. Essas três religiões me parecem assumir plenamente a tolerância como regra de conduta válida na vida social, mesmo se variantes “fundamentalistas” do cristianismo militante (“evangelizador”, ou de “conversão”) tenham conspurcado a mensagem cristã da aceitação das opiniões de terceiros.

Em momentos diversos de suas trajetórias históricas, as sociedades que abrigaram essas três grandes religiões com vocação “universalista” passaram por processos reais de secularização e de laicização que diminuíram em muito o papel da religião (e da liturgia, isto é a forma organizada e talvez “burocratizada” da religião) na organização da vida social, na socialização das pessoas, na condução da vida diária. A religião passou à esfera do privado e a vida política e social passou a ser organizada em bases legais e racionais. Este “caminho weberiano” não parece ter sido experimentado, ainda, pelo islamismo, que permanece como um “bloco” indivisível e praticamente impermeável a variações interpretativas. Não houve, como na história do cristianismo, por exemplo, nenhuma divisão entre escolas dotadas de liturgias diferentes (como ocorreu, primeiro, com a cisão entre ortodoxia e catolicismo, depois com a divisão deste na reforma protestante).

O islamismo “penetra” e domina a vida individual como nenhuma outra religião de vocação universalista o faz. Ele comanda uma submissão total, ocupando não apenas os espaços da vida familiar e social, mas também, em grande medida, os campos político e econômico. Mesmo sociedades islâmicas contemporâneas que passaram por processos de relativa secularização ressentem uma enorme pressão para a aplicação da sharia, isto é, a lei costumeira dos tempos do profeta, cujos princípios parecem ser mais vingativos do que propriamente retributivos.

Essa submissão não se submete, ela mesma, ao crivo da razão, isto é, ao trabalho exegético, eventualmente contestador, que caracteriza o cristianismo como um todo. A “profissão” de teólogo, ou intérprete dos preceitos “divinos” – típica dos povos da Bíblia – praticamente inexiste no islamismo, que abriga apenas “conhecedores” da palavra do profeta. Não há propriamente um “diálogo” com deus, ou com seus “intérpretes oficiais”, uma vez que o que está escrito no livro sagrado é considerado como a própria palavra de deus, insuscetível, portanto, de interpretações ou de “aperfeiçoamentos”.

A característica mais importante a separar essas religiões, porém, não é apenas a capacidade de interpretar a palavra divina, e sim a faculdade de contestá-la. É possível, dentro da religião cristã, contestar a palavra de Deus, o que pode levar, no máximo, à excomunhão do “incréu”, o que em outros tempos poderia resultar na fogueira. O fato histórico é que essas sociedades evoluíram ao ponto de abolir a condenação da pregação anti-religiosa. É possível ser ateu, iconoclasta, blasfemo militante e até mesmo apóstata, sem incorrer nas iras da lei ou no castigo da instituição religiosa. É possível abandonar ou trocar de religião, sem ter de temer acusação de apostasia ou de crime contra a religião.

Nada disso é possível na religião islâmica: viver à margem ou contra a religião é extremamente perigoso, proclamar publicamente apostasia ou blasfêmia constitui um grave crime contra a religião do profeta, passível da pena de morte. Mas é possível, publicamente, em terras do Islã, repudiar a religião cristã, ou qualquer outra, que não a do profeta. É possível, à esposa não muçulmana de um verdadeiro “crente”, conservar a sua fé, mas ela não poderá educar os seus filhos senão na religião do profeta.

Trata-se de um verdadeiro “imperialismo” da religião, que assume aspectos por vezes trágico na vida individual ou no relacionamento com pessoas de outros credos. O assunto das charges dinamarquesas, no início de fevereiro de 2006, revelou, por outro lado, todo o potencial de conflito embutido numa religião que pode ser utilizada para fins de mobilização popular. O que esta questão revela é, sobretudo, a intolerância total em relação a “contestações” do sentimento religioso dos seguidores do profeta: mesmo os incréus são passíveis da “pena de morte”, na interpretação dos verdadeiros crentes.

Não se trata, aqui, de um “conflito entre civilizações”, como muitos proclamam, mas simplesmente de um conflito entre “religião” e “sociedade”, ou seja, de uma dada configuração da estrutura mental das sociedades islâmicas, que as impede de conciliar, ou mais propriamente de separar, manifestações de pensamento e expressões da crença. Não há fissura entre ambas, daí o totalitarismo da palavra se convertendo em totalitarismo da ação.

Isso se chama intolerância. Ela constitui, no meu modo de ver, uma das mais poderosas barreiras ao necessário processo de “aggiornamento” do islamismo, sem o qual ele será incapaz de juntar às correntes modernas de produção científica e intelectual, ou de oferecer um terreno seguro para o desenvolvimento de formas de organização políticas mais democráticas e abertas à inovação e à criatividade individuais. Essa é uma batalha que vai separar profundamente o islamismo, mas que terá de ser travada algum dia.
fonte: http://www.espacoacademico.com.br/066/66pra.htm

:emoticon14:

Por mais que desejamos, por mais que anseiamos que Deus exista....
Nenhuma Divindade ou Deus virá a existir para atender nossos anseios...

Citação da Bíblia Sagrada- Anotado por mim na contra-capa de Caneta Bic Preta
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Jeanioz
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Mensagem por Jeanioz »

Meu pior medo é que essa doença acabe contaminando todo o resto do continente...

... aliás, aqui no Brasil o clima é MUITO propício...
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte


"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte

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Xicao
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Re.: Oh louco...

Mensagem por Xicao »

é é é :emoticon6: :emoticon6: :emoticon6:

Por mais que desejamos, por mais que anseiamos que Deus exista....
Nenhuma Divindade ou Deus virá a existir para atender nossos anseios...

Citação da Bíblia Sagrada- Anotado por mim na contra-capa de Caneta Bic Preta
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clara campos
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Re.: Oh louco...

Mensagem por clara campos »

Só mesmo numa teocracia se jura em tribunal sobre a bíblia...
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

Apocaliptica

Re.: Oh louco...

Mensagem por Apocaliptica »

O Brasil é uma teocracia.

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clara campos
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Re.: Oh louco...

Mensagem por clara campos »

que pena
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

Apocaliptica

Re.: Oh louco...

Mensagem por Apocaliptica »

Também acho.

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clara campos
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Re.: Oh louco...

Mensagem por clara campos »

voces deviam dar um jeito nisso
Só por existir, só por duvidar, tenho duas almas em guerra e sei que nenhuma vai ganhar... (J.P.)

Trancado