Pastor larápio usa documentos de fiel para abrir firma
Enviado: 01 Jun 2007, 09:59
Pastor larápio usa documentos de fiel para abrir firma fantasma em Rio Branco
Endividado, dono dos papéis disse que não sabia da transação - mas pode ir para a cadeia a qualquer momento
J. Guimarães
O diarista Francisco Assis Alves Sampaio, 45, residente na travessa Juarez Távora, no bairro Tancredo Neves, não pode comprar a crédito, está impossibilitado de prestar concurso público e corre o risco de ser preso sob a acusação de ser infiel depositário.
Ele deve mais de R$ 2 mil de imposto à Secretaria da Receita Federal de uma firma que nunca lhe pertenceu. Na verdade, até anteontem, ele nem sabia da existência da empresa Sampaio Lino Com. Rep. Ltda, com CNPJ e endereço no 1o piso do prédio 2.143, da rua Isaura Parente, bairro Estação Experimental.
O diarista ficou sabendo da existência da firma e das dívidas ao ter o CPF recusado pelo serviço de crédito quando tentava comprar uma geladeira. Ele consultou os arquivos da Secretaria da Receita Federal e descobriu que seu nome foi usado como “laranja” de uma firma aberta pelo pastor da Igreja Pedra Angular do bairro da Paz, João Patrício Almeida da Silva.
A empresa nunca cumpriu com suas obrigações fiscais e ainda acumulou dívidas que deixaram o “proprietário” Francisco Assis Alves Sampaio com o nome no SPC e Serasa sem que ele soubesse.
“Eu congregava nessa igreja. O pastor Patrício pediu meus documentos alegando que seria para constar na lista dos freqüentadores do templo. Acreditei nele e fiquei surpreso quando a moça da loja disse que meus documentos tinham sido usados para abrir uma firma”, contou o diarista.
Escritório está sempre fechado
Francisco Sampaio adquiriu cópias dos documentos da empresa Sampaio Lino Com. Rep. Ltda, e foi ao escritório da firma no número 2.143 da rua Isaura Parente, no bairro Estação Experimental, mas no local não encontrou ninguém.
“Eu já vim aqui várias vezes e sempre encontro a porta fechada. Na verdade eu nem sei que tipo de negócio essa firma movimenta. Tenho até medo que seja algo ilegal que possa me trazer mais dor de cabeça no futuro,” desabafa o diarista.
Os moradores do 2o piso do prédio onde segundo a documentação funciona o escritório da empresa Sampaio Lino Com. Rep. LTDA afirmam que no local nunca existiu escritório da tal firma. “Eu moro aqui há mais de três anos e o primeiro piso do prédio sempre esteve fechado”, disse um homem que pediu para não ser identificado.
Diarista foi ameaçado de morte
Segundo Francisco Sampaio um homem teria ligado três vezes para lhe ameaçar de morte acaso procurasse a polícia. Francisco acredita que os telefonemas anônimos partiram do pastor Patrício ao tomar conhecimento que a fraude estava sendo esclarecida.
“Depois que comecei a vir nesse prédio onde funcionaria a empresa passei a ser ameaçado de morte. Recebi três ligações de um homem afirmando que eu iria ser morto se denunciasse o uso de meu nome nesse negócio. Pelo tom das ameaças acredito que elas partiram do próprio Pastor Patrício”, disse Francisco.
O Página 20, procurou o pastor João Patrício Almeida da Silva ontem de manhã na igreja Pedra Angular e na provável residência dele, na quadra 14, casa 9, do conjunto Mascarenha de Morais, bairro Floresta, mas ele não foi encontrado para se defender das denuncias.