NOVA ESPÉCIE DE BACTÉRIA COMPROVA EVOLUÇÃO...
Enviado: 02 Jun 2007, 21:50
"Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas e do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro encontraram um organismo multicelular constituído de 15 a 20 células bacterianas em lagoas no Rio de Janeiro. O ser não tem núcleo celular definido por membrana (é procarioto) e possui todas as características atribuídas a uma bactéria. No entanto, é multicelular.
"Já tínhamos notado a presença dessa bactéria em outros estudos feitos a partir das águas das lagoas Rodrigo de Freitas, de Itaipu e de Maricá", explica a bióloga Carolina Keim[1], uma das autoras do estudo publicado em março no Journal of Structural Biology. "Mas nunca tínhamos encontrado o organismo em quantidade suficiente que possibilitasse seu estudo mais aprofundado."
Isso só se tornou viável quando, há cerca de quatro anos, durante seu doutorado na UFRJ, Carolina e colaboradores coletaram na lagoa de Araruama amostras muito ricas nesses microrganismos, nas quais havia milhares de espécimes por centímetro cúbico, livres de outros organismos.
Os pesquisadores crêem que o metabolismo dessa bactéria está associado a ambientes em que se encontrem grandes quantidades de enxofre. Todas as lagoas onde foram achados esses organismos possuíam água salobra, marinha ou hipersalina (com a presença de sulfato e sulfeto, compostos inorgânicos à base de enxofre) em percentuais relativamente altos.
A bactéria consiste numa esfera formada por 20 células em média, com 'fiapos’ na superfície correspondendo aos flagelos.
As análises concluíram que as células do organismo nunca vivem sozinhas (diferentemente de bactérias em uma colônia), não concorrem umas com as outras e se comunicam entre si, apesar de não haver divisão de trabalho entre elas. "O organismo é capaz de realizar tipos de movimentos complexos e nadar numa velocidade de cerca de 50 micrômetros por segundo", explica Carolina. "O fato só é possível devido a essa troca de informações entre as células." A bióloga também esclarece que o espaço entre as células desse organismo é quase o mesmo encontrado nos seres multicelulares.
Os pesquisadores estão tentando demonstrar que o organismo bacteriano satisfaz algumas das condições consideradas fundamentais para ser considerado multicelular. "Temos duas tendências na classificação dos organismos", explica Carolina Keim. "Uma é a complexidade, observada principalmente em animais e plantas que possuem diversas células especializadas que trabalham em conjunto. A outra é a simplicidade, observada nos microorganismos unicelulares. Acreditamos que esse organismo esteja no meio do caminho, entre essas duas definições opostas."
A pesquisadora também explica que os organismos multicelulares tiveram várias origens independentes durante a evolução. "Tudo indica que esse organismo é representante de mais uma origem independente", diz Carolina Keim.
A nova bactéria foi chamada de "organismo multicelular magnetotáctico", por ser sensível a campos magnéticos. Como ela ainda não foi cultivada em laboratório e seu estudo ainda está em andamento, não foi possível determinar sua espécie e lhe dar um nome científico. "O que sabemos até o momento é que sua morfologia é diferente das outras bactérias já analisadas. Podemos estar até observando um gênero novo", afirma Carolina. A pesquisadora também comentou a necessidade de comparar esse organismo com um outro de características semelhantes encontrado em lagos parecidos nos EUA."
Creio que o magnetotactismo destas bactérias tenham mais a ver com a localização de altas concentrações iônicas de sulfetos e sulfatos, os quais devem ser imprescindíveis a seu metabolismo ou, quem sabe, sejam até quimiotróficas, utilizando a energia das reações exergônicas do desdobramento das ligações sulfídricas para seu metabolismo.
A ciência conhece outras espécies de bactérias quimiotróficas que degradam sulfetos, produzindo (pasmem!) ácido sulfúrico em ambiente escuro, que chegam a alterar bastante o pH de águas subterrâneas. (atenção ecochatos, que pregam que "a natureza é pura": quando verem uma fonte jorrando de uma pedra, água gelada e cristalina, provem-na primeiramente na mão e na ponta da língua. Alguns montanhistas sofreram fortes queimaduras químicas no tubo digestivo, principalmente faringe, por estas bactérias).
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cien ... 0835.shtml
"Já tínhamos notado a presença dessa bactéria em outros estudos feitos a partir das águas das lagoas Rodrigo de Freitas, de Itaipu e de Maricá", explica a bióloga Carolina Keim[1], uma das autoras do estudo publicado em março no Journal of Structural Biology. "Mas nunca tínhamos encontrado o organismo em quantidade suficiente que possibilitasse seu estudo mais aprofundado."
Isso só se tornou viável quando, há cerca de quatro anos, durante seu doutorado na UFRJ, Carolina e colaboradores coletaram na lagoa de Araruama amostras muito ricas nesses microrganismos, nas quais havia milhares de espécimes por centímetro cúbico, livres de outros organismos.
Os pesquisadores crêem que o metabolismo dessa bactéria está associado a ambientes em que se encontrem grandes quantidades de enxofre. Todas as lagoas onde foram achados esses organismos possuíam água salobra, marinha ou hipersalina (com a presença de sulfato e sulfeto, compostos inorgânicos à base de enxofre) em percentuais relativamente altos.
A bactéria consiste numa esfera formada por 20 células em média, com 'fiapos’ na superfície correspondendo aos flagelos.
As análises concluíram que as células do organismo nunca vivem sozinhas (diferentemente de bactérias em uma colônia), não concorrem umas com as outras e se comunicam entre si, apesar de não haver divisão de trabalho entre elas. "O organismo é capaz de realizar tipos de movimentos complexos e nadar numa velocidade de cerca de 50 micrômetros por segundo", explica Carolina. "O fato só é possível devido a essa troca de informações entre as células." A bióloga também esclarece que o espaço entre as células desse organismo é quase o mesmo encontrado nos seres multicelulares.
Os pesquisadores estão tentando demonstrar que o organismo bacteriano satisfaz algumas das condições consideradas fundamentais para ser considerado multicelular. "Temos duas tendências na classificação dos organismos", explica Carolina Keim. "Uma é a complexidade, observada principalmente em animais e plantas que possuem diversas células especializadas que trabalham em conjunto. A outra é a simplicidade, observada nos microorganismos unicelulares. Acreditamos que esse organismo esteja no meio do caminho, entre essas duas definições opostas."
A pesquisadora também explica que os organismos multicelulares tiveram várias origens independentes durante a evolução. "Tudo indica que esse organismo é representante de mais uma origem independente", diz Carolina Keim.
A nova bactéria foi chamada de "organismo multicelular magnetotáctico", por ser sensível a campos magnéticos. Como ela ainda não foi cultivada em laboratório e seu estudo ainda está em andamento, não foi possível determinar sua espécie e lhe dar um nome científico. "O que sabemos até o momento é que sua morfologia é diferente das outras bactérias já analisadas. Podemos estar até observando um gênero novo", afirma Carolina. A pesquisadora também comentou a necessidade de comparar esse organismo com um outro de características semelhantes encontrado em lagos parecidos nos EUA."
Creio que o magnetotactismo destas bactérias tenham mais a ver com a localização de altas concentrações iônicas de sulfetos e sulfatos, os quais devem ser imprescindíveis a seu metabolismo ou, quem sabe, sejam até quimiotróficas, utilizando a energia das reações exergônicas do desdobramento das ligações sulfídricas para seu metabolismo.
A ciência conhece outras espécies de bactérias quimiotróficas que degradam sulfetos, produzindo (pasmem!) ácido sulfúrico em ambiente escuro, que chegam a alterar bastante o pH de águas subterrâneas. (atenção ecochatos, que pregam que "a natureza é pura": quando verem uma fonte jorrando de uma pedra, água gelada e cristalina, provem-na primeiramente na mão e na ponta da língua. Alguns montanhistas sofreram fortes queimaduras químicas no tubo digestivo, principalmente faringe, por estas bactérias).
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cien ... 0835.shtml