Cerco apertando...Sleeping with the Enemy
Enviado: 09 Jun 2007, 21:28
09/06/2007 - 18h57
Blog do Josias: Lula se irrita com vazamento de diálogos de Vavá
da Folha Online
De volta de uma viagem de nove dias ao Reino Unido, à Índia e à Alemanha, Lula reagiu com impaciência ao vazamento para a imprensa de diálogos de seu irmão captados pelos grampos telefônicos da Operação Xeque-Mate. Oficialmente, mandou dizer, por meio da assessoria de imprensa, que não vai comentar o assunto. Em privado, destilou irritação: "Esse negócio de segredo de Justiça virou uma piada no Brasil", disse a um auxiliar.
Lula retornou ao Brasil neste sábado (9). Nas primeiras avaliações do episódio envolvendo seu irmão, feitas entre quatro paredes, Lula considerou que não há nos diálogos expostos no noticiário nada que possa embaraçá-lo ou comprometer o seu governo. Longe disso. Ainda assim, acha que, por trás dos vazamentos, esconde-se a intenção de deixar sua administração em maus lençóis, informa Josias de Souza.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 3145.shtml
09/06/2007 - 10h03
Irmão de Lula levaria bronca em Brasília, indica grampo
RUBENS VALENTE
do enviado da Folha a Campo Grande
HUDSON CORRÊA
da Agência Folha, em Campo Grande
Um diálogo captado pela Operação Xeque-Mate, da PF, indica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou um emissário ao seu irmão, Genival Inácio da Silva, o Vavá, para chamá-lo a um encontro reservado em Brasília, onde haveria uma "bronca". O motivo seriam as visitas de Vavá a "ministérios de Brasília", nas quais estaria apresentando "uma pessoa".
O emissário da mensagem a Vavá foi identificado apenas como "Roberto". Seu telefone, um aparelho fixo, tem como endereço na lista telefônica uma casa na rua Sílvia, em São Caetano do Sul (Grande SP), na região do ABC Paulista. Ninguém atendeu o aparelho ontem à tarde.
A conversa ocorreu no último dia 20 de maio. Roberto pediu para se encontrar com Vavá "fora de casa". Vavá disse estar com a agenda cheia, e que na sexta seguinte iria a Brasília. A notícia desagradou o interlocutor. Diz haver uma "bronca" contra o irmão de Lula.
"Quero conversar sobre isso mesmo, cara. (...) Não vai sem falar comigo, não, porque tem, tem, uma bronca da porra", disse Roberto, que nesse ponto aparentou falar em nome do presidente: "O Lula quer que você vá lá, ouvi-lo à noite, pra conversar com ele à noite".
O interlocutor frisa a necessidade de Vavá ir sozinho falar com o presidente. "Então eu quero ver com você direito isso. Quando é que você quer ir, mas você [sozinho]. Ele quer que eu vá com você, mas se você for sozinho, ele também... Tá? Quer conversar na casa dele, tranqüilo, tá? Então vamos pensar num dia aí."
Ao longo do diálogo, Vavá evita comentar as frases de Roberto. No final, impaciente com a hesitação de Vavá, Roberto acabou dando mais detalhes sobre o problema: "Vavá, eu quero saber, Vavá, porque tem uma bronca lá, que você anda apresentando uma pessoa lá nos ministérios e ele..."
Nesse ponto, Vavá interrompeu a conversa, que logo depois foi encerrada: "Eu?".
O relatório parcial da PF sobre esse diálogo o relaciona às supostas atividades de lobby de Vavá: "Neste diálogo o tal Roberto diz que o presidente de República Luiz Inácio Lula da Silva quer conversar pessoalmente com Genival Inácio da Silva, vulgo Vavá, em sua casa na Granja do Torto em Brasília/DF. Roberto comenta que Vavá "anda apresentando uma pessoa no ministério", referindo-se às suas atividades de "lobista". A íntegra do áudio revela que Roberto usou a palavra ministério no plural.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 3071.shtml
09/06/2007 - 10h38
Escutas da Polícia Federal indicam que Vavá oferecia lobby no Judiciário
do enviado da Folha a Campo Grande
da Agência Folha, em Campo Grande
Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ofereceu serviços de lobby no Judiciário, segundo escutas telefônicas da Polícia Federal na Operação Xeque-Mate.
Vavá participou de reuniões em São Bernardo do Campo e Brasília com agropecuaristas para tentar reverter decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A investigação aponta que essas reuniões aconteceram com os empresários identificados como "André" e "Jairo". Eles haviam perdido, em segunda instância, ação estimada em R$ 6 milhões contra a usina de cana-de-açúcar Maracaí, no município paulista de mesmo nome.
Vavá foi orientado a se encontrar com os agropecuaristas por Nilton Cezar Servo. Após perderem a ação, os agropecuaristas procuraram Servo. Alegaram que a decisão foi "negociada", segundo expressão que "André" usou.
A partir daí, Servo pediu a ajuda de seu irmão, Nivaldo. A idéia era acompanhar Vavá em Brasília para que pudessem obter algum ganho no negócio.
Numa conversa com Nivaldo, Nilton contou que a idéia de prestar serviços de lobby no processo partiu do próprio Vavá. Segundo Nilton, Vavá tinha um advogado "do esquema", cujo nome não é revelado.
"Eu só quero que acompanhe. Porque o que que vai acontecer. Depois que der certo, o Vavá, tonto, [vai dizer] ah, me dá R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 5 mil. A conta é um negócio de R$ 1 milhão", descreveu Nilton ao seu irmão, Nivaldo.
Os dados conhecidos até aqui sobre a operação da PF não esclarecem se Vavá teve sucesso. Mas a promessa de interferência na decisão, segundo entendeu a PF e o Ministério Público Federal, levou a polícia a indiciar Vavá pelo suposto crime de exploração de prestígio.
André, o empresário que teria se reunido com Vavá em março, foi localizado ontem pela Folha no mesmo telefone celular com prefixo 018 que foi interceptado pela PF em conversas com Servo. Ele ouviu em silêncio por dois ou três minutos as afirmações da reportagem sobre a investigação policial e, então, afirmou: "Eu não tenho nada a declarar".
Indagado sobre a reunião em Brasília, André não negou nem confirmou. Sobre possível disputa judicial com a Usina Maracaí, alvo do lobby detectado nas escutas, André disse que "não tem nada disso aí, não".
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 3072.shtml
08/06/2007
Vavá usou nome de Lula, o irmão ilustre, em lobby
‘Falei pra ele [...] das máquinas’, diz Vavá em grampo
Há 20 dias, Lula mandou recado para o primeiro-irmão
Presidente se irritou com ação de Vavá ‘nos ministérios’
Uma escuta instalada pela Polícia Federal no telefone da casa de Genival Inácio da Silva, o Vavá, indica que o irmão de Lula usava o nome do próprio presidente da República em sua atividade de lobby. As gravações revelam também que Lula, informado acerca da movimentação de Vavá em “ministérios” de Brasília, teria chamado o irmão, há 20 dias, para passar-lhe uma carraspana.
O blog teve acesso a parte da documentação do inquérito da Operação Xeque-Mate. O diálogo em que Vavá se refere a Lula foi gravado pela PF em 25 de março de 2007. O irmão de Lula conversava com o ex-deputado estadual paranaense Nilton Cezar Servo, apontado pela polícia como líder de uma quadrilha que explorava a jogatina ilegal de caça-níqueis. Na conversa, Vavá diz que recebera naquele dia uma visita de Lula.
“O homem teve aqui hoje”, repete Vavá três vezes. “Passou aqui, ficou uma hora e meia”. E Servo: “Falou com você?”. A resposta de Vavá: “Conversou. Eu falei pra ele sobre o negócio das máquinas lá. Ele disse que só precisa andar mais rápido, né, bicho.” O irmão de Lula mora na mesma São Bernardo do Campo em que Lula mantém um apartamento. Um despacho veiculado naquele dia pela Radiobras, a agência de notícias oficial do governo, informa que Lula, de fato, esteve na cidade em 25 de março. Não há, porém, notícia de que tenha se avistado com o irmão.
Eis a conclusão da PF, exposta em relatório confidencial anexado ao inquérito: “A análise da conversa indica que Vavá está usando o nome de seu irmão, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para conseguir dinheiro junto a Nilton Cezar Servo, contraventor que tem como principal fonte de renda a exploração do jogo de azar através de máquinas caça-níqueis em diversos Estados [...].” Noutro diálogo, captado há escassos 20 dias, um interlocutor de Vavá, identificado nos documentos da PF apenas como “Roberto”, informa ao irmão de Lula que o presidente estaria irritado com ele. Deu-se no dia 20 de maio, um domingo. Vavá diz ao interlocutor que, na sexta-feira seguinte, 25 de maio, iria a Brasília. E Roberto: “Não vai sem falar comigo, não, porque tem, tem uma bronca da porra.” Vavá estranha: “De quê?”
Roberto, então, soa mais específico: “O Lula quer que você vá lá, ouvi-lo à noite, pra conversar com ele à noite.” Vavá não se dá por achado: “Hã”. Ao final da conversa, Roberto tenta ser mais claro: “[...] Vavá, por que tem umas bronca lá, que você anda apresentando uma pessoa lá nos ministérios e ele...” O irmão de Lula mantém o estilo monossilábico: “Eu?” Não há, de novo, notícia sobre eventual encontro de Vavá com Lula. O presidente encontrava-se em Brasília. Na sexta-feira em que Vavá disse que estaria na cidade, seu irmão mais ilustre recebeu no Planalto um grupo de embaixadores africanos, informa a Radiobras.
Além do diálogo que insinua a irritação de Lula com a movimentação do irmão, não consta dos autos do processo da Operação Xeque-Mate nenhuma informação que estabeleça uma associação do presidente com as estripulias de Vavá. Daí a impressão da PF de que o irmão de Lula vendia uma mercadoria que não podia entregar. Algo que não o livra, porém, de responder pelos crimes de tráfico de influência e exploração de prestígio. Ademais, em outros diálogos, Vavá aparece em situações constrangedoras. Pede explicitamente dinheiro ao contraventor Nilton Cezar Servo. Em certas ocasiões, seus pedidos roçam a mendicância. Como em 22 de março, por exemplo: “Ô, arruma dois pau pra eu”, implora o irmão de Lula ao líder da quadrilha.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bras ... 3049.shtml