Nós bancamos as invasões
Enviado: 11 Jun 2007, 01:12
Contas Abertas escreveu:MST faz mais invasões e Governo Lula dá mais recursos para movimento
O governo federal destinou, no ano passado, R$ 9,5 milhões do Orçamento Geral da União para entidades ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), organização responsável por mais da metade das invasões de terra ocorridas em todo o país nos últimos dois anos. A quantia é quatro vezes maior da que foi repassada ao movimento no último ano do governo FHC: R$ 2,17 milhões.
De acordo com Informações do Sistema Integrado de Administração Financeira da União (Siafi), a Associação Nacional de Cooperação Agrícola (ANCA), a Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária (CONCRAB) e o Instituto Técnico de Capacitação Pesquisa e Reforma Agrária (ITERRA) já receberam, desde o início do governo Lula, mais de R$ 22 milhões dos cofres públicos.
A média anual de recursos repassados pelo governo governo Lula ao MST aumentou 76% em relação a média dos três últimos anos do governo FHC. No entanto, não foram apenas os repasses que aumentaram nesse período. De 2003 a 2005 houve 373 ocupações de terra a mais do que no período entre 2000 e 2002. Desde que o Incra passou a contabilizar as invasões de terra, o recorde de ocupações foi registradas em 2005, com 502 invasões.
Segundo levantamento feito pela Ouvidoria Agrária Nacional, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, o maior registro de ocupações do MST nos últimos seis anos ocorreu em 2004. Das 327 invasões no campo naquele ano, 218 foram coordenadas pelo MST, cerca de 67% do total. O curioso é que esse também foi o ano em que o repasse de verbas federais para o movimento foi maior, totalizando R$ 12,6 milhões.
Por outro lado, em 2002, ano no qual ocorreu o menor número de invasões – 103 em todo o país – foi quando houve menos repasse de dinheiro do Orçamento para os sem-terra. No último ano do Governo FHC, em época de eleição presidencial, a ANCA, CONCRAB e ITERRA receberam, juntos, cerca de R$ 2,17 milhões.
Neste ano de 2006, a ANCA já recebeu quase R$ 1 milhão dos cofres públicos , tendo sido a única das entidades do MST que recebeu dinheiro público até agora. Até o dia 7 de março, a associação recebeu R$ 893,9 mil, de acordo com os dados do Siafi.
O presidente da União Democrática Ruralista, Luis Antonio Nabhan, considera o repasse de verbas a entidades ligadas ao MST um incentivo a ações criminosas e de vandalismo praticadas pelo grupo, algo que, segundo ele, infringe a lei de segurança nacional. "Um país como o Brasil, que possui uma série de problemas relacionados à habitação, desemprego, saúde, estradas, não pode se dar ao luxo de desperdiçar dinheiro com essas facções", defende.
Diferente de Nabhan, o Secretário Nacional da Comissão Pastoral da Terra, Antônio Canuto, é favorável ao repasse de dinheiro público ao MST. Canuto alega que as práticas do movimento não se restringem às invasões. Pelo contrário, o grupo desenvolve uma série de ações sociais, voltada à saúde dos trabalhadores rurais e à educação, tanto infantil quanto de jovens e de adultos. "O que eles recebem é mínimo perto do que o governo repassa para grandes empresas capitalistas. Quando o recurso público vai para o trabalhador as pessoas vêem como algo fora do comum", reclama Canuto.
Luis Carlos Heinze (PP-RS), vice-presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento da Câmara (CAPADR) salienta que o maior problema do repasse de recursos para essas entidades é a falta de controle. Segundo ele, a CPMI da Terra, que traçou um diagnóstico da questão fundiária no país, detectou uma série de irregularidades na prestação de contas da CONCRAB e da ANCA ao governo. "É preciso que haja mais fiscalização, pois parte dessa verba pode estar servindo para treinamento guerrilheiro", defende Heinze.
O deputado federal Francisco Turra (PP-RS), também representante da CAPADR defende que os repasses deveriam contribuir para a promoção legal da reforma agrária, o que não vem ocorrendo. "A violência e o desrespeito a leis praticados por alguns grupos ligados ao MST não geram resultado para a reforma agrária", afirma. Turra defende que o repasse pode ser feito, no entanto, apenas a entidades que desenvolvam "ações positivas sem recorrer à agressão".
No entanto, o secretário da Comissão Pastoral da Terra alega que movimentos organizados por trabalhadores rurais só recorrem à violência contra bens e propriedades e não contra pessoas. "Infelizmente é essa a única maneira que possuem para atrair a atenção da sociedade para o problema deles", justifica. Quanto às acusações de desvio de recursos, o secretário nacional vê perserguição politico-ideológica. "Em qualquer agrupamento humano, pessoas são pessoas e não anjos. Quando é a elite que desvia dinheiro, o problema passa despercebido, já se isso ocorre com o trabalhador fazem alvoroço", afirmou.
Mariana Braga
Do Contas Abertas