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A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 23 Dez 2005, 12:31
por Vitor Moura
Segue a tradução que fiz de um dos artigos de Libet em que ele postula justamente a existência de um fantasma para explicar a consciência! Os trechos em azul é bom checar para saber se a tradução está correta, e os em vermelho são o orinal em inglês para as pessoas checarem.

Como Podemos Explicar a Unidade da Experiência Consciente?
Benjamin Libet, Departamento de Fisiologia, UCSF
Keith Sutherland (1996) escreveu uma formidável crítica bem-argumentada da proposta (por Metzinger e outros) que oscilações sincrônicas (de potenciais elétricos) em diversos grupos neuronais resulta numa união perceptiva e mesmo na unificação do próprio fenômeno [in perceptual binding and even in the unified phenonenal self]. Como eu fiz uma completamente oposta (de cima para baixo) proposta (Libet, 1994), gostaria de reafirmar o argumento de minha perspectiva, e mostra como meu proposto "campo mental consciente" ["conscious mental field"] (CMF) se encaixa.
É útil considerar todas tais propostas com ao menos dois tipos separados de critérios - o científicos e os filosóficos (este último as torna pretensas a não serem experimentalmente testáveis).
Como uma proposta científica a "teoria da sicronicidade" é muito deficiente. Não há no momento nenhuma evidência para apoiar a visão que a sincronicidade observada realmente seja um mediador causativo de qualquer união perceptiva ou unidade fenomenal da experiência sensória consciente. Os proponentes do papel da sincronia deviam ao menos produzem um projeto para uma prova experimental, um que inclua uma potencialidade para falsificar a proposta. Se e quando tal experiência for projetada, deve ser reconhecido que uma prova para união perceptiva não nos diria nada sobre a unidade de experiência subjetiva consciente, a menos que evidência para a última de relatórios introspectivos seja incluída. Eu observaria que minha proposta para um CMF foi acompanhada por um projeto experimental plenamente elaborado que alcançou tais requisitos.
Agora, quanto aos aspectos mais puramente filosóficos de teorias para explicar a unidade subjetiva: Como alguém parte de uma sincronia de oscilações neuronais e chega a uma sensação consciente unificada [How does one get from synchrony of neuronal oscillations to a unified conscious sensation]? Sutherland produz uma crítica apropriada de quaisquer tais aproximaçõesde baixo para cima.
Então existe a "crença comum dentro das ciências cognitivas [e adicionaria filósofos cognitivos] que o próprio fenomenal seja uma ilusão construída." Isto é parcialmente devido a uma "homuphobia" robusta - como Sutherland habilmente coloca. Concordo plenamente com ele que "no campo de consciência humana é melhor começar com a própria experiência antes do dogma". De fato a primazia das experiências informadas dos indivíduos era uma característica fixação de preços determinada em nosso trabalho experimental na relação entre cerebral (físico) e processos mentais conscientes (p.ex. Libet 1985, ver p.559). As teorias são supostas para explicar fatos, não para os eliminar nem para os deturpa sem evidência constrangedora para justificar isso.
Se for proposto que essa experiência subjetiva e a fenomenal são ilusões construídas, então nós deveríamos perguntar "Quem observa esta ilusão?" Concordo com Sutherland que nós não devemos aceitar o temor apavorado, da maioria dos filósofos e cientistas provavelmente cognitivos, que qualquer teoria deve exorcizar qualquer subentendido "fantasma da máquina [of agency]". As teorias que evitam qualquer "fantasma" não têm com êxito ou convincentemente conseguido explicar a unidade da experiência consciente e a experiência de controle consciente de ato voluntário. Postular um "fantasma" subjetivo não precisa ser incompatível com as leis de natureza, como Schroedinger sinalou.
O campo mental consciente (CMF), aquele que eu postulei para esclarecer a unidade da experiência e com um papel ativo para que a intenção consciente aja [to account for the unity of experience and an active role for conscious intention to act] , poderia ser visto como um tipo de "fantasma". No entanto, é suposto emergir de atividades naturais convenientes de neurônios cerebrais, mas com *de novo* propriedades não evidentes nos elementos neurais físicos dos quais derivou [it is supposed to emerge from suitable natural activities of cerebral neurons, but with *de novo* properties not evident in the physical neural elements from which it derived]. Algumas pessoas podem desejar chamar este dualismo, mas não vamos nos espantar pelo nome dado. O CMF não representa o dualismo de Descartes, que descreveu a mente como uma substância separada. Minha proposta de CMF é naturalmente muito especulativa. Mas eu não sei de qualquer evidência existente que contradiz a proposta, e, além do mais, ela é aberta a uma prova experimental direta de sua validez.
Referências
Libet, B. (1994), "Uma teoria de campo testável da interação mente-cérebro", Diário dos Estudos da Consciência, 1(1) pp. 119-126.
Libet, B. (1985), "Iniciativa cerebral inconsciente e o papel do desejo consciente na ação voluntária", Ciências do Comportamento e do Cérebro, 8, pp. 529-566.
Sutherland, K. (1996), " Oscilações Sincrônicas e as Novos Roupas do Imperador"
Artigo disponível em http://www.imprint.co.uk/online/libet.html

Enviado: 23 Dez 2005, 12:47
por Fayman
Como uma proposta científica a "teoria da sicronicidade" é muito deficiente. Não há no momento nenhuma evidência para apoiar a visão que a sincronicidade observada realmente seja um mediador causativo de qualquer união perceptiva ou unidade fenomenal da experiência sensória consciente.

Olá, Vitor.

Só dei uma olhada por cima, mas que proposta científica da "teoria da sicronicidade"?

Sincronicidade é um conceito Junguiano, não uma teoria científica. A Psicanálise inteira, seja qual linha for não apresenta "evidências observadas", no sentido de seus conceitos serem falseáveis, tanto que Psicanálise não é considerada uma ciência, no sentido restrito da palavra.

Portanto, a "exigência" do autor do texto é um tanto sem lógica, não?

Abraços!

Enviado: 23 Dez 2005, 13:09
por Vitor Moura
Fayman escreveu:Olá, Vitor.

Só dei uma olhada por cima, mas que proposta científica da "teoria da sicronicidade"?

Sincronicidade é um conceito Junguiano, não uma teoria científica. A Psicanálise inteira, seja qual linha for não apresenta "evidências observadas", no sentido de seus conceitos serem falseáveis, tanto que Psicanálise não é considerada uma ciência, no sentido restrito da palavra.

Portanto, a "exigência" do autor do texto é um tanto sem lógica, não?

Abraços!


Olá, Fayman

essa teoria da sincronicidade nada tem a ver com o conceito Junguiano. Como o autor diz:

Keith Sutherland (1996) escreveu uma formidável crítica bem-argumentada da proposta (por Metzinger e outros) que oscilações SINCRÔNICAS (de potenciais elétricos) em diversos grupos neuronais resulta numa união perceptiva e mesmo na unificação do próprio fenômeno [in perceptual binding and even in the unified phenonenal self].

Mais sobre isso vc encontra em http://www.imprint.co.uk/online/homuphob.html

Ainda não li este artigo, portanto, nem posso falar muito sobre tal teoria, mas creio que já dá para ver que nada tem a ver com a Psicanálise.

Abraço,
Vitor

Enviado: 23 Dez 2005, 14:45
por Botanico
Ei, Vitor, não dá para substituir esse azul escuro por um amarelo ou outra cor clara? Cores escuras ficam péssimas nesse fundo preto.

Enviado: 23 Dez 2005, 15:43
por Vitor Moura
Botanico escreveu:Ei, Vitor, não dá para substituir esse azul escuro por um amarelo ou outra cor clara? Cores escuras ficam péssimas nesse fundo preto.


Seja feita a sua vontade. Algumas partes do artigo que antes tinha-se dúvida na tradução já estão com a tradução correta.

Como Podemos Explicar a Unidade da Experiência Consciente?
Benjamin Libet, Departamento de Fisiologia, UCSF
Keith Sutherland (1996) escreveu uma formidável crítica bem-argumentada da proposta (por Metzinger e outros) que oscilações sincrônicas (de potenciais elétricos) em diversos grupos neuronais resulta numa junção unificada das percepções [1] e mesmo no "self fenomênico unificado" [experiência subjetiva]. Como eu fiz uma completamente oposta (de cima para baixo) proposta (Libet, 1994), gostaria de reafirmar o argumento de minha perspectiva, e mostra como meu proposto "campo mental consciente" ["conscious mental field"] (CMF) se encaixa.
É útil considerar todas tais propostas com ao menos dois tipos separados de critérios - o científicos e os filosóficos (este último as torna pretensas a não serem experimentalmente testáveis).
Como uma proposta científica a "teoria da sicronicidade" é muito deficiente. Não há no momento nenhuma evidência para apoiar a visão que a sincronicidade observada realmente seja um mediador causativo de qualquer união perceptiva ou unidade fenomenal da experiência sensória consciente. Os proponentes do papel da sincronia deviam ao menos produzem um projeto para uma prova experimental, um que inclua uma potencialidade para falsear a proposta. Se e quando tal experiência for projetada, deve ser reconhecido que uma prova para união perceptiva não nos diria nada sobre a unidade de experiência subjetiva consciente, a menos que evidência para a última de relatórios introspectivos seja incluída. Eu observaria que minha proposta para um CMF foi acompanhada por um projeto experimental plenamente elaborado que alcançou tais requisitos.
Agora, quanto aos aspectos mais puramente filosóficos de teorias para explicar a unidade subjetiva: Como alguém parte de uma sincronia de oscilações neuronais e chega a uma sensação consciente unificada? Sutherland produz uma crítica apropriada de quaisquer tais aproximações de baixo para cima.
Então existe a "crença comum dentro das ciências cognitivas [e adicionaria filósofos cognitivos] que o próprio fenomenal seja uma ilusão construída." Isto é parcialmente devido a uma "homuphobia" robusta - como Sutherland habilmente coloca. Concordo plenamente com ele que "no campo de consciência humana é melhor começar com a própria experiência antes do dogma". De fato a primazia das experiências informadas dos indivíduos era uma característica fixação de preços determinada em nosso trabalho experimental na relação entre cerebral (físico) e processos mentais conscientes (p.ex. Libet 1985, ver p.559). As teorias são supostas para explicar fatos, não para os eliminar nem para os deturpa sem evidência constrangedora para justificar isso.
Se for proposto que essa experiência subjetiva e a fenomenal são ilusões construídas, então nós deveríamos perguntar "Quem observa esta ilusão?" Concordo com Sutherland que nós não devemos aceitar o temor apavorado, da maioria dos filósofos e cientistas provavelmente cognitivos, que qualquer teoria deve exorcizar qualquer subentendido "fantasma da máquina [of agency]". As teorias que evitam qualquer "fantasma" não têm com êxito ou convincentemente conseguido explicar a unidade da experiência consciente e a experiência de controle consciente de ato voluntário. Postular um "fantasma" subjetivo não precisa ser incompatível com as leis de natureza, como Schroedinger sinalou.
O campo mental consciente (CMF), aquele que eu postulei para esclarecer a unidade da experiência e com um papel ativo para que a intenção consciente aja [that I have postulated to account for the unity of experience and an active role for conscious intention to act], poderia ser visto como um tipo de "fantasma". No entanto, é suposto emergir de atividades naturais convenientes de neurônios cerebrais, mas com *de novo* propriedades não evidentes nos elementos neurais físicos dos quais derivou [it is supposed to emerge from suitable natural activities of cerebral neurons, but with *de novo* properties not evident in the physical neural elements from which it derived]. Algumas pessoas podem desejar chamar a isto de dualismo, mas não vamos nos espantar pelo nome dado. O CMF não representa o dualismo de Descartes, que descreveu a mente como uma substância separada. Minha proposta de CMF é naturalmente muito especulativa. Mas eu não sei de qualquer evidência existente que contradiz a proposta, e, além do mais, ela é aberta a uma prova experimental direta de sua validez.

Referências
Libet, B. (1994), "Uma teoria de campo testável da interação mente-cérebro", Diário dos Estudos da Consciência, 1(1) pp. 119-126.
Libet, B. (1985), "Iniciativa cerebral inconsciente e o papel do desejo consciente na ação voluntária", Ciências do Comportamento e do Cérebro, 8, pp. 529-566.
Sutherland, K. (1996), " Oscilações Sincrônicas e as Novos Roupas do Imperador"

[1] ‘Junção unificada das percepções’ = ‘perceptual binding’ no original em inglês. O termo "binding", usado nessa ciência da cognição, se refere ao fenômeno através do qual as diversas modalidades sensoriais são integradas em um todo perceptivo uno, apesar de cada uma delas possuir algumas dificuldades para ser integradas nesse todo, em especial o problema da diferença temporal (mais ou menos assim: a percepção visual chega antes da percepção tátil, mas o cérebro de algum modo dá um jeito pra que percebamos as duas como tendo ocorrido ao mesmo tempo. Isso é binding. (Nota do biólogo Julio Siqueira).
Artigo disponível em http://www.imprint.co.uk/online/libet.html

Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 24 Dez 2005, 12:53
por Zangari
Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 14:28
por Vitor Moura
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari


Oi, Zangari

ainda estou traduzindo o artigo de Libet, do CMF, em que ele aborda a questão. Assim que acabar, eu posto aqui.

Abraço,
Vitor

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 14:32
por videomaker
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari



Há não estão mesmo ...

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 14:35
por Vitor Moura
videomaker escreveu:
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari



Há não estão mesmo ...


Em inglês está 'ghost of agency' que tentei traduzir por fantasma da máquina (fantasma da agência achei horrível)...se tiver uma tradução melhor,éssa é a hora de mostrá-la!

Abraço,
Vitor

PS: tradutor= traidor

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 14:37
por videomaker
Vitor Moura escreveu:
videomaker escreveu:
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari



Há não estão mesmo ...


Em inglês está 'ghost of agency' que tentei traduzir por fantasma da máquina (fantasma da agência achei horrível)...se tiver uma tradução melhor,éssa é a hora de mostrá-la!

Abraço,
Vitor

PS: tradutor= traidor



Problema é que o cara não quer entender vito !

um abraço.

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 16:57
por Zangari
Vitor Moura escreveu:
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari


Oi, Zangari

ainda estou traduzindo o artigo de Libet, do CMF, em que ele aborda a questão. Assim que acabar, eu posto aqui.

Abraço,
Vitor


Devo compreender, portanto, que você ainda não sabe bem do que o artigo trata mas que, independentemente disso, resolveu publicá-lo aqui? Curioso!

Um fraternal abraço,
Zangari

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 16:59
por Zangari
videomaker escreveu:
Vitor Moura escreveu:
videomaker escreveu:
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari



Há não estão mesmo ...


Em inglês está 'ghost of agency' que tentei traduzir por fantasma da máquina (fantasma da agência achei horrível)...se tiver uma tradução melhor,éssa é a hora de mostrá-la!

Abraço,
Vitor

PS: tradutor= traidor



Problema é que o cara não quer entender vito !

um abraço.


Se não quero entender, Video, é porque, pelo menos, tenho capacidade para tal. Pior é seu caso: não pode entender!

Se entende, diga-nos qual a sua compreensão dos termos apresentados e sua relevância para a epistemologia das Ciências Cognitivas.

Um fraternal abraço,
Zangari

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 17:13
por Vitor Moura
Zangari escreveu:
Vitor Moura escreveu:
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari


Oi, Zangari

ainda estou traduzindo o artigo de Libet, do CMF, em que ele aborda a questão. Assim que acabar, eu posto aqui.

Abraço,
Vitor


Devo compreender, portanto, que você ainda não sabe bem do que o artigo trata mas que, independentemente disso, resolveu publicá-lo aqui? Curioso!

Um fraternal abraço,
Zangari


Basicamente, o que Libet propõe é que a mente não está no cérebro. É disso que trata seu CMF. Agora se o artigo citar um peptídeo eu não vou saber responder o que é.Alguns termos eu não sei mesmo, mas não me impede de saber sua idéia central.Vou colocar aqui do universo holográfico de talbot trechos em que ele fala sobre isso:

Do livro "O Universo Holográfico" - Michael Talbot


Recentemente, uma descoberta feita pelos neurofisiologistas Benjamin Libet e Bertram Feinstein, no Hospital Monte Sião de San Francisco causou tumulto na comunidade científica. Libet e Feinstein mediram o tempo que levava para um estímulo de toque sobre a pele de um paciente alcançar o cérebro como um sinal elétrico. Também foi pedido ao paciente para apertar um botão quando tomasse consciência de ser tocado. Libet e Feinstein acharam que o cérebro registrou o estímulo
em um milésimo de um segundo depois que ocorreu e o paciente
pressionou o botão um décimo de segundo depois que o estímulo foi aplicado.
Mas, notavelmente, o paciente não relatou estar sabendo
conscientemente tanto do estímulo como da pressão do botão por quase meio segundo. Isto quis dizer que a decisão para responder foi feita pela mente inconsciente do paciente. A consciência do paciente para a ação era a mais lenta do páreo.
Ainda mais perturbador, nenhum dos pacientes que Libet e Feinstein testaram estava ciente de que sua mente inconsciente já o compelira a apertar o botão antes que tivesse decidido conscientemente fazer isso. De alguma forma, o cérebro dos pacientes criava a ilusão de que eles tinham controlado conscientemente a ação, mesmo que não o
tivesse feito. Isso fez com que alguns pesquisadores se perguntassem se o livre-arbítrio é uma ilusão.
Estudos posteriores mostraram que 1,5 segundos antes de "decidirmos" mexer um de nossos músculos, como levantar um dedo, nosso cérebro já começou a gerar os sinais necessários para realizar o movimento. Outra vez, quem toma a decisão, a mente consciente ou a mente inconsciente?
Hunt melhora tais achados um pouco mais, ao descobrir que o campoenergético humano responde ao estímulo sempre antes do cérebro. Ela tomou as leituras EMG - Eletromiogramas (atividade elétrica nos músculos) do campo energético e as leituras EEG - Eletrencefalogramas do cérebro simultaneamente e descobriu que, ao fazer um som alto ou piscar uma luz brilhante, o EMG do campo energético registra o
estímulo antes mesmo que se mostre no EEG. O que isso quer dizer? "Penso que superestimamos de longe o cérebro como o ingrediente ativo no relacionamento de um humano com o mundo", diz Hunt. "Ele é apenas um bom computador. Mas os aspectos da mente que têm haver com a criatividade, imaginação, espiritualidade e todas estas coisas, não
as vejo no cérebro de jeito nenhum. A mente não está no cérebro. Está naquele maldito campo".
Se a mente não está no cérebro, mas no campo energético que permeia tanto o cérebro como o corpo físico, sugere que a nossa consciência, o pensamento, o sentimento encontra-se fora de nosso corpo físico.

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 17:18
por Zangari
Vitor Moura escreveu:
Zangari escreveu:
Vitor Moura escreveu:
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari


Oi, Zangari

ainda estou traduzindo o artigo de Libet, do CMF, em que ele aborda a questão. Assim que acabar, eu posto aqui.

Abraço,
Vitor


Devo compreender, portanto, que você ainda não sabe bem do que o artigo trata mas que, independentemente disso, resolveu publicá-lo aqui? Curioso!

Um fraternal abraço,
Zangari


Basicamente, o que Libet propõe é que a mente não está no cérebro. É disso que trata seu CMF. Agora se o artigo citar um peptídeo eu não vou saber responder o que é.Alguns termos eu não sei mesmo, mas não me impede de saber sua idéia central.....


Entendi, Vitor: não importa compreender o artigo todo, sendo-lhe suficiente encontrar nele algo que justifique sua crença (a mente não está no cérebro). Curioso!

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 17:35
por Vitor Moura
Zangari escreveu:Entendi, Vitor: não importa compreender o artigo todo, sendo-lhe suficiente encontrar nele algo que justifique sua crença (a mente não está no cérebro). Curioso!


Não! O que eu disse é: posso pegar um texto em inglês e não entender um termo ou outro, mas entender a idéia central do texto. Ok? A parte da crença fica por sua conta!

Abraço,
Vitor

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 17:53
por Zangari
Vitor Moura escreveu:
Zangari escreveu:Entendi, Vitor: não importa compreender o artigo todo, sendo-lhe suficiente encontrar nele algo que justifique sua crença (a mente não está no cérebro). Curioso!


Não! O que eu disse é: posso pegar um texto em inglês e não entender um termo ou outro, mas entender a idéia central do texto. Ok? A parte da crença fica por sua conta!

Abraço,
Vitor


Se "a crença fica por sua conta", responda-me porque escolheu esse texto e não algum de outro pesquisador que afirma que a mente é produto do cérebro? Será por que não corroboraria as idéias espíritas, ou essa interpretação "fica por minha conta" e não tem nada a ver com seu objetivo de divulgação espírita? Ou será que não é você que tem um site chamado "espíritos existem"? Ora, Vitô! Pô! Abre o jogo!

Um fraternal abraço,
Zangari

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 26 Dez 2005, 17:54
por Najma
Vitor Moura escreveu:Se a mente não está no cérebro, mas no campo energético que permeia tanto o cérebro como o corpo físico, sugere que a nossa consciência, o pensamento, o sentimento encontra-se fora de nosso corpo físico.


Nãh... nada de campo energético...

Já leu algum livro do Damásio em que ele comenta a respeito da consciência do SER distribuindo-se no âmbito das sensações corporais + emoções + vontade interagindo com o meio circundante? Esse campo está mais para um "corpo emocional" composto por memórias, sensações arquivadas e a vontade de realizar X em detrimento de Y em conformidade com a resposta aos estímulos do que para um "campo eletromagnético fantasmagórico".

Um bom livro: O Mistério da Consciência. Na falta desse: O Erro de Descartes, onde ele explica os rudimentos dessas idéias...

Aliás, esse argumento do Libet eu já vi num artigo da Susan Blackmore comentando sobre os Memes... interessante a forma como ela distorce OU o Talbot, autor desse seu texto, distorce a idéia do "gatilho" de reação da mente consciente.

Beijos

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 27 Dez 2005, 11:38
por videomaker
Zangari escreveu:
videomaker escreveu:
Vitor Moura escreveu:
videomaker escreveu:
Zangari escreveu:Vitor,

Poderia nos explicar a que se referem quando falam do "fantasma na máquina" e em defesa da necessidade de um "fantasma"? Só quero garantir se estamos compreendendo a mesma coisa.

Um fraternal abraço,
Zangari



Há não estão mesmo ...


Em inglês está 'ghost of agency' que tentei traduzir por fantasma da máquina (fantasma da agência achei horrível)...se tiver uma tradução melhor,éssa é a hora de mostrá-la!

Abraço,
Vitor

PS: tradutor= traidor



Problema é que o cara não quer entender vito !

um abraço.


Se não quero entender, Video, é porque, pelo menos, tenho capacidade para tal. Pior é seu caso: não pode entender!

Se entende, diga-nos qual a sua compreensão dos termos apresentados e sua relevância para a epistemologia das Ciências Cognitivas.

Um fraternal abraço,
Zangari




A mesma que a tecla WB da dvc80 , faz com vc , no lcd da
mesma . :emoticon12:

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 27 Dez 2005, 11:47
por Vitor Moura
Zangari escreveu:
Se "a crença fica por sua conta", responda-me porque escolheu esse texto e não algum de outro pesquisador que afirma que a mente é produto do cérebro?


***Mas é isso que Libet diz. A mente é produzida pela atividade cerebral, mas é fenomenologiamente distinta desta. Ele é emergentista.

Zangari escreveu:Será por que não corroboraria as idéias espíritas, ou essa interpretação "fica por minha conta" e não tem nada a ver com seu objetivo de divulgação espírita?


***Não corrobora as idéias espíritas. O fantasma de Libet não necessariamente sobrevive após a morte.

Zangari escreveu:Ou será que não é você que tem um site chamado "espíritos existem"? Ora, Vitô! Pô! Abre o jogo!


***Posso não abrir o jogo, mas estou jogando limpo. :emoticon19:

Um abraço,
Vitor

Enviado: 27 Dez 2005, 11:58
por Fayman
Vou colocar aqui do universo holográfico de talbot trechos em que ele fala sobre isso:

Do livro "O Universo Holográfico" - Michael Talbot

Olá, Vitor.

Só dando um pitaco: esse livro de Talbot não tem absolutamente nada de científico, no sentido da palavra, não tem a menor penetração na Comunidade Ciêntífica de uma maneira geral, e a idéia que ele usa de um Universo Holográfico, ou uma Realidade Holográfica, concebida por Bohm, em nada tem a ver com o que se chama hoje de Universo Holográfico, até mesmo porque, não existe nenhum trabalho em Física de Bohm sobre esse assunto, sendo tão somente uma comcepção, derivada de sua idéia que ele batizou de Totalidade e a Ordem Implicada.

Mesmo os "cientistas do cérebro", que ele cita nesse livro, não têm representatividade dentro da Comunidade Científica da Neurociência.

Não conheço um único trabalho sério com esse perfil, nem nenhum deles que conseguiu comprovar suas idéias.

O fato de haver profissionais da Ciência que enveredam por caminhos contrários ao estabelecido não torna suas idéias científicas, muito menos que tais possibilidades sejam aceitas como fato pela Ciência. Isso somente se dará quando tais idéias forem demonstradas de maneira inequívocas por grupos independentes e repetidas quantas vezes necessárias.

Esse comentário é similar ao que vou fazer quando responder à sua MP sobre as sandices de Gugliski. Eu não esqueci, não!

Abraços!

Re: Re.: A necessidade científica dos fantasmas

Enviado: 27 Dez 2005, 12:03
por Vitor Moura
Najma escreveu:
Vitor Moura escreveu:Se a mente não está no cérebro, mas no campo energético que permeia tanto o cérebro como o corpo físico, sugere que a nossa consciência, o pensamento, o sentimento encontra-se fora de nosso corpo físico.


Nãh... nada de campo energético...

Já leu algum livro do Damásio em que ele comenta a respeito da consciência do SER distribuindo-se no âmbito das sensações corporais + emoções + vontade interagindo com o meio circundante? Esse campo está mais para um "corpo emocional" composto por memórias, sensações arquivadas e a vontade de realizar X em detrimento de Y em conformidade com a resposta aos estímulos do que para um "campo eletromagnético fantasmagórico".

Um bom livro: O Mistério da Consciência. Na falta desse: O Erro de Descartes, onde ele explica os rudimentos dessas idéias...

Aliás, esse argumento do Libet eu já vi num artigo da Susan Blackmore comentando sobre os Memes... interessante a forma como ela distorce OU o Talbot, autor desse seu texto, distorce a idéia do "gatilho" de reação da mente consciente.

Beijos


Oi, Ligia

grato pelas dicas. Não li o livro de Damásio, e sei que o livro é altamente recomendado para quem se interessa pelo assunto da questão mente-cérebro.Infelizmente, devo não lê-lo ainda por um bom tempo, envolvido que estou em traduções, aquisição de material, feitura de artigos e listas de discussões. :emoticon19:

Ainda assim, acho interessante a teoria de Libet. Após eu terminar a tradução do artigo, ficará mais fácil de ver seus pontos positivos e ngativos.

Parabens pela tradução do texto da Susan.A questões dos memes e da memética é complexa. Alguns consideram a memética uma pseudo-ciência, pois suas teorias não seriam falseáveis. Blackmore considera uma ciência. Dá uma boa discussão.

Um abraço,
Vitor

Enviado: 27 Dez 2005, 12:15
por Vitor Moura
Fayman escreveu:Olá, Vitor.

Só dando um pitaco: esse livro de Talbot não tem absolutamente nada de científico, no sentido da palavra, não tem a menor penetração na Comunidade Ciêntífica de uma maneira geral, e a idéia que ele usa de um Universo Holográfico, ou uma Realidade Holográfica, concebida por Bohm, em nada tem a ver com o que se chama hoje de Universo Holográfico, até mesmo porque, não existe nenhum trabalho em Física de Bohm sobre esse assunto, sendo tão somente uma comcepção, derivada de sua idéia que ele batizou de Totalidade e a Ordem Implicada.

Mesmo os "cientistas do cérebro", que ele cita nesse livro, não têm representatividade dentro da Comunidade Científica da Neurociência.

Não conheço um único trabalho sério com esse perfil, nem nenhum deles que conseguiu comprovar suas idéias.

O fato de haver profissionais da Ciência que enveredam por caminhos contrários ao estabelecido não torna suas idéias científicas, muito menos que tais possibilidades sejam aceitas como fato pela Ciência. Isso somente se dará quando tais idéias forem demonstradas de maneira inequívocas por grupos independentes e repetidas quantas vezes necessárias.

Esse comentário é similar ao que vou fazer quando responder à sua MP sobre as sandices de Gugliski. Eu não esqueci, não!

Abraços!


Oi, Fayman

grato pelo retorno! Quanto ao Gugliski, até eu já tinha me esquecido dele! :emoticon19: Mas evidentemente que sua resposta é valiosa..quem sabe agora ele se manque... :emoticon4:

Bem, não vou defender o Talbot porque não conheço a obra dele, só citei porque transcreve a opinião de Libet. O Libet com seu CMF (Conscious Mental Field) ao menos fornece algum grau de experimentação. Em breve coloco o artigo traduzido (assim espero).

Abraço,
Vitor

Enviado: 27 Dez 2005, 14:47
por Fayman
quem sabe agora ele se manque

Esquece! Caras como Gugliski jamais se mancam. Mas eu ia responder a você; a ele, estou me lixando! :emoticon16:

E aproveitando, uma dica: desconfie se você encontrar algum autor citando Penrose como defensor de mente fora do cérebro. Eu já vi muito disso na internet e, muito embora Penrose seja severamente criticado por várias de suas colocações, ele NUNCA sequer levantou tal hipótese.

Enviado: 29 Dez 2005, 20:33
por Vitor Moura
Segue a tradução, ainda um tanto capenga, do artigo de Libet:

Uma Teoria de Campo Testável da Interação Mente-Cérebro

Benjamin Libet, Departamento de Fisiologia, Universidade de Califórnia, São Francisco, CA 94143-0444, EUA

Resumo: O artigo começa por contrastar a natureza unitária de experiência consciente com a localização demonstrável de acontecimentos neurais. Os filósofos e neurocientistas desenvolveram modelos para explicar este paradoxo, mas eles ainda têm que ser testados empiricamente. O autor propõe um 'Campo Mental Consciente', que é produzido, mas é fenomenologicamente distinto, pela atividade cerebral. A hipótese é, em princípio, aberta a verificações experimentais. O artigo sugere procedimentos cirúrgicos apropriados e algumas das dificuldades que necessitariam ser superadas em tal experiência.

Um dos problemas mais misteriosos e aparentemente intratável no relacionamento da mente-cérebro é o da natureza integrada unitária da experiência consciente. Temos um cérebro com cerca de 100 bilhões de neurônios, cada um podendo ter milhares de interligações com outros neurônios. É crescentemente evidente que muitas funções do córtex cerebral são localizadas. Isto não é somente verdade com relação às áreas sensórias primárias de cada modalidade sensória, as áreas motoras que comandam movimento, e para a fala e áreas de linguagem — tudo que foi conhecido por algum tempo [This is not merely true of the primary sensory areas for each sensory modality, of the motor areas which command movement, and of the speech and language areas — all of which have been known for some time]. Muitas outras funções agora acham outras representações localizadas, incluindo interpretações visuais de cor, forma e velocidade de imagens, reconhecimento de rostos humanos, preparação para ações motoras, etc. A função localizada parece se estender mesmo ao nível microscópico dentro de qualquer área dada. O córtex parece ser organizado em colunas verticais de células anatômicas e funcionais, com interligações discretas dentro da coluna e com outras colunas próximas e distantes, assim como com estruturas seletivas subcorticais. Esta visão colunar começou com os achados de Mountcastle (1957) e foi grandemente estendido por ele e por outros; por exemplo, há as localizações colunares de formas visuais e de movimentos e de visão binocular como descoberto por Hubel e Wiesel (1962).

Apesar da formação enormemente complexa de funções localizadas e representações, as experiências conscientes relacionadas ou extraídas por estas características neuronais tem uma natureza unificada e integrada. O que quer que seja que alcança a consciência não é experimentado como uma infinitamente detalhada formação de acontecimentos largamente individuais. Pode ser argumentado que esta discrepância surpreendente entre representações neuronais particularizadas e experiências unitárias integradas conscientes, simplesmente devem ser aceitas como parte de uma falta geral de isomorfismo entre acontecimentos neurais mentais. Mas isso não excluiria a possibilidade que algum processo unificante ou fenômeno possam mediar a profunda transformação em questão.

O problema geral tem sido reconhecido por muitos outros, voltando pelo menos a Sherrington (1940) e provavelmente ainda antes. Eccles (em, Popper e Eccles, 1977, p. 362) especificamente propôs que 'a unidade experimentada não vem de uma síntese neurofisiológica mas do caráter proposto integrante da mente insegura'. Isto foi proposto junto com uma visão dualista-interacionista em que uma mente não material separada pode detectar e pode integrar as atividades neuronais. Os neurocientistas mais monisticamente inclinados também tem chegado em pareceres relacionados (e.g. Sperry, 1952. 1980; Doty, 1984), i.e. essa integração parece ser melhor responsável pela esfera mental ainda que alguém veja a experiência subjetiva como uma qualidade interior do 'substrato' do cérebro (como uma teoria da identidade) ou como uma propriedade emergente dele. Há um consenso de crescimento que nenhuma célula solitária nem grupo de células seja possível ser o local de uma experiência consciente, mas pelo contrário que a experiência consciente é um atributo de uma função mais global ou distribuída do cérebro. A descoberta recente de uma sincronização comum de respostas neuronais oscilatórias a certas configurações visuais (Gray e Singer, 1989; Singer, 1991) levou a alguma especulação que um poder de modelo de 'correlação' representa a codificação neural para reconhecer uma imagem unificada num fundo contrariamente caótico. Esta especulação ainda está para ser testada.

Um segundo problema aparentemente intratável no relacionamento de mente-cérebro envolve a direção inversa. Não há nenhuma dúvida que acontecimentos cerebrais ou processos podem influenciar, podem controlar e presumivelmente podem 'produzir' acontecimentos mentais, inclusive conscientes. O contrário disto, que processos mentais podem influenciar ou podem controlar alguma rede de neurônios [neuronal ones], tem permanecido freqüentemente inaceitável a muitos cientistas (geralmente inexpressivos) em terrenos filosóficos. Ainda, nossos próprios sentimentos de controle consciente de ao menos algumas de nossas ações comportamentais e operações mentais pareceriam fornecer à primeira vista evidencias para interação tão inversa, a menos que alguém suponha que estes sentimentos são ilusórios. Eccles (1990; Popper e Eccles, 1977) propôs uma solução dualística, em que unidades mentais separáveis (chamadas psychons) pode afetar a probabilidade de liberação transmissores pré-sinápticos. Sperry (1952, 1985. 1980) propôs uma solução monista, em que a atividade mental é uma propriedade emergente da função cerebral; embora o mental esteja contido dentro de uma estrutura macro-determinística, pode "sobrevir", embora não "intervenha", na atividade neuronal. No entanto, ambos pareceres permanecem teorias filosóficas, com poder explanatório mas sem formatos experimentalmente testáveis.

Como uma solução possível experimentalmente testável a ambas as características do relacionamento mente-cérebro, eu proporia que podemos ver experiência subjetiva consciente como se fosse um campo, produzido por atividades neuronais apropriadas embora multiformes do cérebro.

O Campo Mental Consciente (CMF)

Uma qualidade principal ou atributo do campo mental consciente (CMF) seria uma experiência subjetiva unificada ou unitária. Um segundo atributo seria uma capacidade causal afetar ou alterar as funções neuronais. O significado adicional ou poder explanatório para descrever a experiência subjetiva em termos de um CMF tornar-se-á mais evidente com a prova experimental proposta da teoria. Isso é, o CMF é proposto como mais que somente outro termo para referir a 'experiência subjetiva unificada'.

O CMF putativo não estaria em qualquer categoria de campos físicos conhecidos, tais como o eletromagnético, gravitacional, etc. O campo mental consciente estaria num categoria fenomenologicamente independente; não é descritível em termos de quaisquer acontecimentos físicos externamente observáveis nem de qualquer teoria física conhecida como atualmente constituída. No mesmo sentido quanto a todos acontecimentos subjetivos, o CMF seria detectável só em termos da experiência subjetiva, acessível só ao indivíduo que tem a experiência. Um observador externo só pode ganhar evidência direta válida sobre o campo mental consciente de um relatório introspectivo pelo sujeito individual. Neste quesito o campo mental consciente diferiria de todos campos físicos conhecidos, cuja existência e características são derivadas de observações físicas.

Por outro lado, o CMF proposto deve ser visto como um fenômeno operacional, i.e. como uma atuante e testável característica da função do cérebro. Não é proposto como uma visão de origem metafísica e natural da mente; de fato, poderia ser mostrado ser potencialmente compatível com praticamente qualquer teoria filosófica da mente-cérebro. O CMF pode ser visto como algo análogo a campos físicos conhecidos. Por exemplo, um campo magnético é produzido por uma corrente elétrica fluindo num condutor, mas pode em volta influenciar o fluxo da corrente. No entanto, como indicado, o CMF não pode ser observado diretamente por meio físico externo.

A Interação proposta entre o cérebro e o CMF difere da 'hipótese unitária de interação mente-cérebro' proposta por Eccles (1990). Eccles postula que cada unidade putativa de função mental (um "psychon") é associada com um agregado neural específico (um 'dendron'); a teoria presente não postula tal relacionamento fixo específico. Na teoria de Eccles, a questão de como a ativação neural é traduzida num evento mental é lidada hipotetizando uma interação sináptica específica com o psychon. Ele propõe que quando um input sináptico a um dendrito torna possível para um 'psychon (a) com êxito selecionar uma (pré-sináptica) vesícula para exocitose (isso é para liberação), o 'micro-êxito' é registrado no psychon para transmissão pelo mundo mental'. Na teoria presente a apropriada (atualmente sem especificar) atividade neural diretamente contribui com alguma alteração no CMF total; a contribuição não depende sobre uma ação pela fase mental (o psychon, na teoria de Eccles) numa função sináptica.

Como é o atributo do CMF da experiência subjetiva unificada relacionado a sua produção por contribuições de áreas locais neuronais? Alterações locais no CMF seriam refletidas num campo totalmente mudado, mas aí não seria um mecanismo separadamente necessário para a transmissão e integração de tais contribuições locais. Pensar em termos de uma transmissão e processo de integração seria continuar pensando em termos dos acontecimentos neurais externamente observáveis. Fazer assim seria um equívoco da natureza do CMF proposto, que está numa categoria fenomenológica não reduzível a (embora intimamente relacionado com) processos neuronais. Não há sem dúvida regras para (ao menos o bastante) [at least much of ] o relacionamento entre o CMF e os fisicamente (externamente) processos neurais observáveis. Mas as regras não são descritas a priori, i.e. antes delas serem descobertas pelo estudo de ambos fenômenos simultaneamente (p.ex. Libet, 1987, 1989).

Parece evidente, dos estudos do 'cérebro-fendido' de Sperry et al. (1969; Sperry, 1985), que a transação das principais ligações comunicantes entre os dois hemisférios cerebrais resultam em conteúdo simultaneamente diferente da experiência para os dois lados. Evitarei aqui o argumento sobre se o isolado hemisfério direito não-falante de fato ‘tem’ ou não tem experiência consciente. O que está claro, no entanto, é que o conteúdo de acontecimentos mentais conscientes do hemisfério direito não está disponível no hemisfério esquerdo nesta condição. Isto implicaria que quaisquer contribuições de atividade do hemisfério direito a um campo mental não pode alterar diretamente o CMF do hemisfério esquerdo. Isso é, a unidade do CMF iria, nestas circunstâncias, ficar restringida a um hemisfério dado. Também implicaria que as contribuições de áreas neurais locais ao CMF total de um hemisfério são eficientes só quando contíguo com aqueles de outras áreas; i.e. as contribuições não seriam eficientes através de lacunas substanciais de espaço nem de barreiras não-neurais.

Design Experimental para Testar a Teoria

A teoria de um CMF faz predições cruciais que podem, ao menos em princípio, ser testadas experimentalmente. Se áreas locais de córtex cerebral independentemente podem contribuir ou alterar o CMF unitário maior, deve ser possível demonstrar tais contribuições quando (A) essa área cortical está isolada completamente ou desligada das comunicações neuronais com o resto do cérebro, mas (B) as áreas restantes in situ, vivas e mantidas funcionantes de alguma maneira conveniente para que suficientemente assemelhem-se em seu comportamento normal. A predição experimental a ser testada seria como segue: Ativação elétrica e/ou química do tecido isolado deve produzir ou deve afetar uma experiência consciente, mesmo que o tecido não tenha nenhuma conexão neural com o restante do cérebro. As possibilidades de extensão de influências do bloco isolado via caminhos não-neurais físicos (p.ex. fluxo de corrente elétrica) teriam que ser controladas. Se uma experiência subjetiva é induzida e reportada dentro de um segundo ou assim [or so], isso tenderia a excluir a extensão por difusão química ou por mudanças na circulação vascular ou no conteúdo de sangue circulante como uma causa (ver Ingvar, 1955b).

O isolamento neuronal conveniente poderia ser alcançado tanto por (A) cortando cirurgicamente todas conexões do resto cérebro, mas deixando conexões vasculares suficientes e circulação intacta, ou (B) por temporariamente bloqueando toda a condução de nervos dentro e fora de uma área. O isolamento cirúrgico (A) será discutido mais adiante. O isolamento funcional (B) poder ser alcançável injetando agentes bloqueantes em quantidades pequenas a fim de formar um anel de bloqueio ao redor de e sob um bloco selecionado de córtex cerebral. Um agente de anestesia local pode ser usado, tal como procaína convenientemente amortecida a pH 7,4 em solução de Ringer. Ou, o bloqueador seletivo de potenciais de ação conduzidas por sódio, tetrodotoxina, podia ser combinado com um bloqueador de canal de cálcio como verapamil (assegurar que a ação dos potenciais mediados por cálcio não escapariam ao bloqueio; ver Garcia Ramos e Ibarra, 1973).[Or, the selective blocker of sodium-conducted action potentials, tetrodotoxin, could be combined with a calcium-channel blocker like verapamil (to ensure that calcium-mediated action potentials would not escape blockade; see Garcia Ramos and Ibarra, 1973).] A vantagem do método farmacológico (B) para o isolamento é sua reversibilidade; isto permitiria seu uso em áreas de córtex não programadas para excisão cirúrgica, assim grandemente aumentando a amostra potencial de indivíduos (se os fatores de risco apropriados são encontrados). As desvantagens do método (B) são (i) a dificuldade de limitar o bloqueio a uma faixa estreita ao redor da placa, por causa da difusibilidade, (ii) a necessidade provar que um bloqueio completo foi alcançado; (iii) uma capacidade reduzida introduzir inputs neurais na placa isolada pela excitação de ascendentes fibras nervosas dentro da placa mas perto de suas fronteiras mais baixas.

Placa cirurgicamente Isolada de Córtex, In Situ

Uma placa de córtex cerebral pode ser neuralmente isolada cirurgicamente, permanecendo no lugar mas viável por reter seu estoque de sangue como a única conexão com o restante do cérebro. Isto é conseguido pela feitura de todos os cortes [subpially]. Os estudos da atividade eletrofisiológica de tal córtex isolado in situ foram informados (Kristiansen and Courtois, 1949; Burns, 1951, 1954; Echlin et al., 1952; Ingvar, 1955a, 1955b; Goldring et al., 1961). O método básico envolveu a introduão uma lâmina curvada estreita por uma abertura numa área vascular da membrana pia-aracnóide. Isto pode cortar por baixo um bloco ou placa de córtex e, trazendo sua ponta até encontrar o pia em alguma distância longe, também cortando as conexões ao córtex adjacente. Num estudo anterior (de como cortes verticais em conexões cortico-cortical podem afetar a função organizada integrada do córtex sensório-motor em macacos) Sperry (1947) tinham usado uma técnica um tanto diferente. O instrumento cortante era uma lâmina de dois gumes extremamente fina feita de um fio bom ou agulha de costura. O final afiado deste fio foi dobrado a um ângulo correto; esta porção terminal da lâmina podia ser afundada verticalmente no córtex de modo que seu braço horizontal fica justamente sob o pia. Quando a faca vertical é empurrada adiante corta pelo córtex enquanto sua horizontal carrega declives de braço somente sob o pia. [The sharpened end of this wire was bent to a right angle; this terminal portion of the blade could be sunk vertically into the cortex so that its horizontal arm lay just below the pia. When the vertical knife is pushed forward it cuts through the cortex while its horizontal carrying arm slides just below the pia]. Esta técnica facilmente podia ser organizada para produzir cortes por baixo do córtex também. A vantagem potencial do método de Sperry reside na linha muito fina de estrago de tecido criado por esta faca, capaz de produzir cicatrizes crônicas menores que 100 um de grossura. Isso seria particularmente desejável se a placa isolada permanecesse in situ por razões terapêuticas.

O isolamento de uma placa de cortical também foi executado em indivíduos humanos, por Echlin et al. (1952), com anestesia tanto geral e local (paciente acordado). Informaram uma redução imediata mas não completa abolição de atividade elétrica rítmica (EEG) na área. Depois que 20 min., [paroxysmal bursts of high voltage activity appeared]. Esta terra do teste padrão da apreensão no cérebro normal é associada geralmente com o rompimento ou a distorção de funções normais e, na área motora, de convulsivas ações motoras. Não havia nenhuma extensão de atividade da placa isolada a áreas adjacentes. Com só cortes por baixo de uma área cortical de indivíduos inumanos sob anestesia local, Henry e Scoville (1952) também informaram atividade espontânea de autógenos mas de uma quantidade notadamente diminuída. Além do mais, estouro de ondas lentas e rápidas alternadas com períodos calmos; estes foram confinados às áreas de corte feito por baixo mesmo quando havia continuidade neural superficial com áreas adjacentes. Em um caso um período prolongado de atividade elétrica de alta-voltagem seguiu sondar para o cume do esfenóide abaixo do córtex frontal; isto indica que o estímulo (neste caso mecânico) do input de fibras já cortadas podem induzir mais atividade no córtex agudamente isolado.

As propriedades fisiológicas da placa isolada obviamente são alteradas imediatamente por causa da perda repentina de todos os inputs. Por exemplo, é bem conhecido que a destruição da ativação do sistema reticular no talo de cérebro resulta num coma; este input aferente adequadamente teria que ser animado a fim de 'acordar' a placa isolada do córtex. Alguns procedimentos para restaurar alguns níveis de atividade suficientemente normal seriam necessários. Estes podem envolver estímulo elétrico local (p.ex. Libet et al., 1964) ou a aplicação de agentes excitantes químicos. O estímulo químico do córtex isolado já foi estudado (Kristiansen and Courtois, 1949; Echlin et al, 1952; Rech e Domino, 1960). [With longer term] isolamento crônico, a fibra nervosa entra e seus contatos sinápticos com as células na placa degenerariam e não fornecem mais estes contatos estruturais normais. Os estudos propuseram neste artigo seriam melhor executados na fase aguda, durante o período inicial depois do isolamento. De fato, com o corte de axônios aferentes ainda viáveis e potencialmente funcionais, eles podiam ser utilizados para restaurar algum grau de inputs neurais estimulando-os eletricamente dentro da placa de um modo controlado altamente localizado.

Com o isolamento cirúrgico a perda irrecuperável da função neural normal para uma placa cortical limitaria os estudos a casos em que uma placa de tecido fosse designada para remoção cirúrgica terapêutica do cérebro. O estudo então seria executado no lugar operativo antes da excisão real do tecido, se outras condições também fossem encontradas. Estes incluem — o paciente está acordado e responsivo; usando anestesia local ao invés da geral; consentimento informado e pronta cooperatividade pelo paciente; aprovação de quaisquer avaliações de risco por todos os envolvidos, particularmente o comitê hospital/universitário para proteção de indivíduos humanos. De fato, muitos pacientes descobriram-se tolerar cirurgias do cérebro sob anestesia local e participar rendendo frutos em muitos estudos passados (p.ex.. Penfield, 1958; Libet et al., 1964; Libet, 1973).

Um requisito especial mais distante da experiência é que a placa cortical a ser isolada deve ser uma em que, quando esse tecido cortical está ainda íntegro antes do isolamento, um estímulo elétrico local pode extrair uma experiência subjetiva consciente que é introspectivamente informativa. Os candidatos óbvios são quaisquer das áreas sensórias primárias — somáticas, auditivas ou visuais, para quais a estimulação elétrica conveniente da superfície é conhecida para extrair uma experiência sensória primitiva (p.ex. Libet, 1973, 1982). No entanto, o estímulo de algumas outras áreas corticais, particularmente no lóbulo temporal, tem sido reportadas a extrair experiências conscientes mais complexas (p.ex. Penfield, 1958). Em qualquer caso, seria desejável que [a bit of fairly normal responding tissue be included within the slab scheduled for excision]; mas neurocirurgiões quase sempre incluem tais bits normais para alcançar uma remoção adequadamente terapêutica do tecido patológico.

A prova da existência de um CMF que pode unificar experiência subjetiva seria ver onde a estimulação elétrica ou química de uma convenientemente placa isolada cortical 'normalizada' pode extrair um relatório introspectivo de uma experiência. O local da placa cortical teria que ser um em que o estímulo elétrico conveniente extraia uma experiência informativa [reportable] quando o cérebro está íntegro. Há a possibilidade que tal local cortical secundariamente deve ativar certas outras áreas adicionais para produzir a experiência consciente. Nesse caso estas outras áreas podem ter que ser identificadas, e múltiplas placas isoladas que incluem tais áreas são incluídas na prova experimental de estímulo. Em caso de um resultado positivo, possíveis fontes de extensão física do estímulo ao restante do cérebro teriam que estar excluídas, como notado acima.

Uma prova da capacidade causal do CMF putativo a afetar funções neuronais está já implícita na prova recém descrita para a existência do CMF. Se o estímulo da placa isolada cortical pode extrair um relatório introspectivo do indivíduo, isso só pode realizar-se se o CMF pode ativar as áreas cerebrais apropriadas exigidas para produzir o relatório verbal. No entanto, outras provas específicas são também possíveis com áreas corticais que descobriu-se aumentar especificamente sua atividade quando um indivíduo com um cérebro íntegro imagina a fabricação de alguns movimentos ou imagina alguma experiência sensória. Por exemplo, a atividade neural (como indicado por medidas de fluxo regional de sangue ou índice metabólico) foi mostrado aumentar seletivamente na área suplementar motora (SMA) quando o indivíduo é pedido imaginar mover os seus dedos sem realmente move-los (Ingvar e Phillipson, 1977; Roland e Friberg, 1985). Eccles tomou isto sendo uma demonstração de uma ação mental afetando atividades neurais. Mas há dificuldades com tal conclusão dessa experiência: A) há a limitação técnica de resolução temporal pelo fluxo de sangue. A medida de metabolismo não é suficientemente boa para permitir uma conclusão definitiva sobre o que veio primeiramente — a imagem mental ou o aumento da atividade do SMA, B) Se forem mostrados que os acontecimentos mentais vieram primeiramente aqui, isso certamente seria insinuante do tipo de interpretação de Eccles; mas há sempre a possibilidade que o processo inteiro foi iniciado por alguns eventos neurais em outra parte no cérebro demais pequeno ou tão orientado para não ser registrado por um método dado de gravação [some neural events elsewhere in the brain too small or so oriented as to be not recorded by a given recording method]. A menos que o acontecimento mental (de imagem ou comando) pudesse ser mostrado preceder qualquer possível acontecimento neural especificamente relacionado ao processo estudado, sempre haverá dúvida sobre a natureza da interação causal. Com a placa cortical neuralmente isolada, não há tais dificuldades de interpretação. Por outro lado, quaisquer influências indiretas 'extra-neuronais' em outra parte no cérebro teriam que ser avaliadas e teriam que ser excluídas. Por exemplo, Ingvar (1955b) tinha informado que a estimulação do sistema de ativação reticular no talo do cérebro pode influenciar a atividade eletrofisiológica no córtex completamente isolado. Este efeito pareceu ser mediado por uma mudança na circulação de sangue mas teve um estado latente longo de 10 a 70 seg.

Se, por exemplo, alguém tiver disponível uma placa cortical neuralmente isolada no SMA, alguém podem repetir a experiência descrita acima, de pedir ao indivíduo que imagine mover seus dedos. As gravações de respostas eletrofisiológicas poderiam ser adicionadas aquelas de fluxo de sangue e metabolismo. O isolamento de uma placa de SMA é um das possibilidades mais complicadas, mas uma experiência semelhante em princípio poderia ser projetada para certas outras áreas corticais mais acessíveis ao isolamento terapêutico.

Conclusões Gerais

Suponha que os resultados experimentais provam ser positivos, i.e. estímulo conveniente do córtex neuralmente isolado extrai alguma informativa resposta subjetiva que não é atribuível a estímulos de córtex não-isolados adjacentes nem de outras estruturas cerebrais. Isso quereria dizer que a ativação de uma área cortical pode contribuir para a experiência unificada total consciente por algum modo que não [overall unified conscious experience by some mode other] por mensagens neurais entregues via condução de nervo etc. Isto forneceria apoio crucial da teoria proposta de campo, em que uma área cortical pode contribuir ou afetar o campo consciente maior. Isto forneceria uma base experimental para um campo unificado de experiência subjetiva e para a intervenção mental em funções neuronais.

Com tal achado alguém pode perguntar, qual seria o papel para todas as complexas e imensas interligações neurais, cortico-cortical, cortical-subcortical e hemisfério a hemisfério? Uma possível resposta seria — ajudar todas as funções cerebrais à exceção daquela diretamente relacionada à aparência da experiência subjetiva consciente e seu papel no desejo consciente. Deve ser anotado que todas funções cognitivas (recebimento, análise, reconhecimento de sinais etc), armazenamento de informação, aprendizagem e memória, processos de despertar e de atenção e de estados de afetos e disposição, etc, não são propostos como funções a serem organizadas nem mediadas pelo CMF postulado (campo mental consciente). Em resumo, é somente o fenômeno da experiência subjetiva consciente, associado com todas as funções cerebrais complexas, isso é modeladas no CMF, de uma maneira reconhecidamente especulativa.

Pode ser fácil descartar a possibilidade de obter resultados 'positivos' nas provas experimentais propostas, desde que tais resultados seriam completamente inesperados de pareceres predominantes de funções de cérebro baseado em conectividades físicas e interações. Mas a improbabilidade de resultados positivos é estritamente uma função de pareceres existentes que não negocia com êxito com os problemas da unidade da experiência subjetiva e de controles mentais aparentes de processos do cérebro. As implicações potenciais da teoria do CMF e dos resultados positivos que prediz são claramente profundos em natureza. Nesses terrenos, e porque as experiências propostas são em princípio praticáveis embora difíceis, o projeto experimental proposto deve merecer um lugar sério nas investigações do problema mente-cérebro.

Referências

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