REFORMA UNIVERSITÁRIA
Enviado: 20 Jun 2007, 11:38
Importante: Peguei este texto não por concordar com ele, mas por ser um resumo da loucura que eles querem fazer a universidade.
UNE participa de audiência na Câmara para discutir "Universidade Nova"
Parlamentares, reitores e representantes do MEC e de entidades ligadas à educação também compareceram ao debate, realizado na Comissão de Educação e Cultura
Rever a estrutura curricular nas Universidades é um assunto que vem sendo discutido no mundo inteiro. No Brasil, sete universidades federais (Bahia, Brasília, do ABC, Rio de Janeiro, Pará, Piauí, do Recôncavo da Bahia e Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia) elaboraram um conjunto de propostas para mudar o arcabouço do ensino superior no país. O projeto, que recebeu o nome de "Universidade Nova" –em homenagem ao educador Anísio Teixeira e seu projeto "Escola Nova"–, foi tema de audiência pública realizada na terça-feira (17), na Comissão de Educação e Cultura da Câmara.
O debate, sugestão da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), contou com a participação do presidente da UNE, Gustavo Petta e representantes do MEC e de entidades ligadas à educação. Para o reitor da UFBA, Naomar Almeida Filho, um dos articuladores da proposta, a nova conjuntura conceitual exige que a universidade faça a articulação dos saberes, por meio da inter e da transdisciplinaridade, e de paradigmas alternativos de formação, que resgatem o pensamento complexo. "Não é possível que a universidade brasileira continue a ser uma instituição inculta", disse.
Mudanças
A composição do ensino superior por três ciclos –um bacharelado interdisciplinar, de formação geral; um ciclo de formação profissional específica; e um ciclo de pós-graduação– e o fim do vestibular como forma de ingresso dos estudantes nas universidades são algumas das mudanças previstas na proposta.
De acordo com a "Universidade Nova", o primeiro ciclo do ensino superior duraria três anos e seria composto por interdisciplinas, isto é, propiciaria ao aluno uma formação nas áreas de Humanidades e Ciências em geral, além de educação para cidadania. Quem optasse por uma profissão, passaria por uma seleção específica ao final desse período e cursaria o segundo ciclo, dedicado à formação profissional. Dependendo de cada curso, esse período poderia variar entre um e quatro anos.
Já aqueles que demonstrassem vocação para a carreira científica poderiam fazer o mestrado e doutorado sem precisar cursar as disciplinas técnicas que hoje são obrigatórias em qualquer bacharelado. Desse modo, a formação de um doutor seria reduzida dos atuais 10 anos (quatro de graduação, dois de mestrado e quatro de doutorado) para um período que poderia chegar a seis anos.
A "Universidade Nova" prevê ainda a criação de cursos superiores de curta duração, que propiciem a formação de "tecnólogo", para aqueles alunos que necessitam de uma formação profissional mais rápida.
Avanços
O presidente da UNE acredita que a proposta trará avanços importantes para a educação superior. Para ele, este é um projeto que não se rende à lógica do mercado, "aquela que visa apenas uma especialização profissional exclusiva, sem uma formação geral em cultura humanística, artística e científica". Entre os aspectos positivos, ele destacou o fim do exame de vestibular. Na sua opinião, esse tipo de prova é "um mecanismo traumático, excludente e não avalia a capacidade de raciocínio e criatividade das pessoas".
"Sabemos que as formas de seleção, neste sistema hoje em que a educação foi inserida, sempre vão existir. Mas o fato é que o vestibular é um processo extremamente estressante e angustiante. Por isso, é preciso se pensar outros instrumentos. O Universidade Nova propõe avaliar os futuros universitários durante o ensino médio, através de avaliação curricular ou do Exame Nacional do Ensino Médio. Talvez este seja um bom caminho. Mas é preciso a idéia ganhar mais corpo dentro da sociedade e ser amplamente debatida com diversos setores", afirmou Petta. O presidente da UNE disse que o assunto será levado às próximas reuniões e fóruns do movimento estudantil para que a entidade aprove uma resolução sobre o tema.
Petta lembrou que o próprio reitor da UFBA fez críticas ao vestibular, afirmando que caso ele prestasse o exame, não conseguiria passar. A justificativa é que a prova se resume a um sistema de memorização, vazio e sem competência para agregar conhecimento ao aprendizado do aluno.
Em entrevista ao EstudanteNet no fim do ano passado, Naomar explicou a idéia do fim do vestibular: "Nosso projeto não tem como objetivo primeiro acabar com o vestibular. Criticamos o seu caráter socialmente excludente e distorcido em termos pedagógicos. O vestibular é hoje muito mais uma seleção para eliminar e não para identificar talentos. E é traumático, em termos psicológicos", observou. (Leia aqui)
Reforma universitária
Durante a audiência, deputados e palestrantes defenderam a necessidade de uma reforma universitária. Os representantes das universidades, contudo, ressaltaram a importância da autonomia das instituições de ensino na definição dos rumos da reforma. Para Naomar Filho, a responsabilidade pela reforma universitária é das próprias universidades. "A legislação somente dará as condições para isso".
O presidente da UNE destacou a importante participação estudantil ao longo de todo o debate e construção da proposta de reforma universitária. Ele reclamou do sucateamento das instituições públicas e da expansão desenfreada do ensino privado, sem vinculação com os interesses do País ou com as demandas regionais. Cobrou também mais investimentos nas universidades: "A reforma universitária como um todo só vai ser completa com mudanças que garantam maior investimentos nas universidade", disse.
Petta defendeu ainda a necessidade da reforma da educação superior, mas disse que o Projeto de Lei 7200/06, do Poder Executivo, que institui essa reforma, precisa avançar em alguns pontos fundamentais, historicamente defendidos pelo movimento estudantil. Entre eles: o controle da compra das instituições privadas por corporações estrangeiras e os debates sobre os conteúdos curriculares. Ele defendeu também o investimento estatal para possibilitar a expansão do ensino.
O deputado Rui Pauletti (PSDB-RS) afirmou que a reforma universitária "é necessária e urgente" e citou como exemplos as avaliações feitas por instituições internacionais que não relacionam nenhuma das universidades brasileiras entre as 500 instituições de ensino superior mais importantes no mundo.
Já o reitor da UFBA questionou, entretanto, os critérios usados nessas avaliações e lembrou que há universidades brasileiras reconhecidas internacionalmente por sua qualidade de ensino.
Problemas curriculares
O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, afirmou, durante a audiência nesta terça-feira, que a atual estrutura curricular do ensino superior é "frustrante", especialmente para os estudantes universitários que têm mais de 24 anos e que já estão inseridos no mercado de trabalho. Segundo ele, o mérito do projeto Universidade Nova "é apontar as deficiências do ensino superior, especialmente a rigidez nos currículos".
A coordenadora de Educação da Federação do Sindicato de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), Fátima Reis, afirmou que a principal pergunta sobre o ensino superior é: qual o modelo de universidade que atende às necessidades brasileiras? Ela ressaltou que, qualquer que seja a opção adotada, serão necessários mais investimentos.
De acordo com o reitor da UFBA, o ensino superior no Brasil tem uma "profusão terminológica" e evidencia sérios problemas de articulação. Segundo ele, entre os problemas gerados pelo atual modelo de estrutura curricular estão: precocidade nas escolhas de carreira profissional; seleção limitada e pontual para ingresso na graduação; elitização da educação universitária; rigidez nos currículos da graduação; incompatibilidade quase completa com modelos de arquitetura acadêmica vigentes em outros países. O Ele defendeu mudanças no processo seletivo e disse que o vestibular é inútil. "Hoje, é apenas um exame de memorização, não de capacidade potencial", avaliou.
Investimentos
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) defende a flexibilização dos currículos como forma de ampliar as vagas. O presidente da entidade Paulo Marcos Borges Rizzo, explicou que, desde 1997, as universidades federais tiveram um aumento de 40% na oferta de vagas, mas o número de professores e funcionários diminuiu no mesmo período. Ele expressou a preocupação dos professores com a expectativa do governo de ampliar a oferta sem aumentar os investimentos nas universidades.
Da Redação
Com Agência Câmara
UNE participa de audiência na Câmara para discutir "Universidade Nova"
Parlamentares, reitores e representantes do MEC e de entidades ligadas à educação também compareceram ao debate, realizado na Comissão de Educação e Cultura
Rever a estrutura curricular nas Universidades é um assunto que vem sendo discutido no mundo inteiro. No Brasil, sete universidades federais (Bahia, Brasília, do ABC, Rio de Janeiro, Pará, Piauí, do Recôncavo da Bahia e Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia) elaboraram um conjunto de propostas para mudar o arcabouço do ensino superior no país. O projeto, que recebeu o nome de "Universidade Nova" –em homenagem ao educador Anísio Teixeira e seu projeto "Escola Nova"–, foi tema de audiência pública realizada na terça-feira (17), na Comissão de Educação e Cultura da Câmara.
O debate, sugestão da deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), contou com a participação do presidente da UNE, Gustavo Petta e representantes do MEC e de entidades ligadas à educação. Para o reitor da UFBA, Naomar Almeida Filho, um dos articuladores da proposta, a nova conjuntura conceitual exige que a universidade faça a articulação dos saberes, por meio da inter e da transdisciplinaridade, e de paradigmas alternativos de formação, que resgatem o pensamento complexo. "Não é possível que a universidade brasileira continue a ser uma instituição inculta", disse.
Mudanças
A composição do ensino superior por três ciclos –um bacharelado interdisciplinar, de formação geral; um ciclo de formação profissional específica; e um ciclo de pós-graduação– e o fim do vestibular como forma de ingresso dos estudantes nas universidades são algumas das mudanças previstas na proposta.
De acordo com a "Universidade Nova", o primeiro ciclo do ensino superior duraria três anos e seria composto por interdisciplinas, isto é, propiciaria ao aluno uma formação nas áreas de Humanidades e Ciências em geral, além de educação para cidadania. Quem optasse por uma profissão, passaria por uma seleção específica ao final desse período e cursaria o segundo ciclo, dedicado à formação profissional. Dependendo de cada curso, esse período poderia variar entre um e quatro anos.
Já aqueles que demonstrassem vocação para a carreira científica poderiam fazer o mestrado e doutorado sem precisar cursar as disciplinas técnicas que hoje são obrigatórias em qualquer bacharelado. Desse modo, a formação de um doutor seria reduzida dos atuais 10 anos (quatro de graduação, dois de mestrado e quatro de doutorado) para um período que poderia chegar a seis anos.
A "Universidade Nova" prevê ainda a criação de cursos superiores de curta duração, que propiciem a formação de "tecnólogo", para aqueles alunos que necessitam de uma formação profissional mais rápida.
Avanços
O presidente da UNE acredita que a proposta trará avanços importantes para a educação superior. Para ele, este é um projeto que não se rende à lógica do mercado, "aquela que visa apenas uma especialização profissional exclusiva, sem uma formação geral em cultura humanística, artística e científica". Entre os aspectos positivos, ele destacou o fim do exame de vestibular. Na sua opinião, esse tipo de prova é "um mecanismo traumático, excludente e não avalia a capacidade de raciocínio e criatividade das pessoas".
"Sabemos que as formas de seleção, neste sistema hoje em que a educação foi inserida, sempre vão existir. Mas o fato é que o vestibular é um processo extremamente estressante e angustiante. Por isso, é preciso se pensar outros instrumentos. O Universidade Nova propõe avaliar os futuros universitários durante o ensino médio, através de avaliação curricular ou do Exame Nacional do Ensino Médio. Talvez este seja um bom caminho. Mas é preciso a idéia ganhar mais corpo dentro da sociedade e ser amplamente debatida com diversos setores", afirmou Petta. O presidente da UNE disse que o assunto será levado às próximas reuniões e fóruns do movimento estudantil para que a entidade aprove uma resolução sobre o tema.
Petta lembrou que o próprio reitor da UFBA fez críticas ao vestibular, afirmando que caso ele prestasse o exame, não conseguiria passar. A justificativa é que a prova se resume a um sistema de memorização, vazio e sem competência para agregar conhecimento ao aprendizado do aluno.
Em entrevista ao EstudanteNet no fim do ano passado, Naomar explicou a idéia do fim do vestibular: "Nosso projeto não tem como objetivo primeiro acabar com o vestibular. Criticamos o seu caráter socialmente excludente e distorcido em termos pedagógicos. O vestibular é hoje muito mais uma seleção para eliminar e não para identificar talentos. E é traumático, em termos psicológicos", observou. (Leia aqui)
Reforma universitária
Durante a audiência, deputados e palestrantes defenderam a necessidade de uma reforma universitária. Os representantes das universidades, contudo, ressaltaram a importância da autonomia das instituições de ensino na definição dos rumos da reforma. Para Naomar Filho, a responsabilidade pela reforma universitária é das próprias universidades. "A legislação somente dará as condições para isso".
O presidente da UNE destacou a importante participação estudantil ao longo de todo o debate e construção da proposta de reforma universitária. Ele reclamou do sucateamento das instituições públicas e da expansão desenfreada do ensino privado, sem vinculação com os interesses do País ou com as demandas regionais. Cobrou também mais investimentos nas universidades: "A reforma universitária como um todo só vai ser completa com mudanças que garantam maior investimentos nas universidade", disse.
Petta defendeu ainda a necessidade da reforma da educação superior, mas disse que o Projeto de Lei 7200/06, do Poder Executivo, que institui essa reforma, precisa avançar em alguns pontos fundamentais, historicamente defendidos pelo movimento estudantil. Entre eles: o controle da compra das instituições privadas por corporações estrangeiras e os debates sobre os conteúdos curriculares. Ele defendeu também o investimento estatal para possibilitar a expansão do ensino.
O deputado Rui Pauletti (PSDB-RS) afirmou que a reforma universitária "é necessária e urgente" e citou como exemplos as avaliações feitas por instituições internacionais que não relacionam nenhuma das universidades brasileiras entre as 500 instituições de ensino superior mais importantes no mundo.
Já o reitor da UFBA questionou, entretanto, os critérios usados nessas avaliações e lembrou que há universidades brasileiras reconhecidas internacionalmente por sua qualidade de ensino.
Problemas curriculares
O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Ronaldo Mota, afirmou, durante a audiência nesta terça-feira, que a atual estrutura curricular do ensino superior é "frustrante", especialmente para os estudantes universitários que têm mais de 24 anos e que já estão inseridos no mercado de trabalho. Segundo ele, o mérito do projeto Universidade Nova "é apontar as deficiências do ensino superior, especialmente a rigidez nos currículos".
A coordenadora de Educação da Federação do Sindicato de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (Fasubra), Fátima Reis, afirmou que a principal pergunta sobre o ensino superior é: qual o modelo de universidade que atende às necessidades brasileiras? Ela ressaltou que, qualquer que seja a opção adotada, serão necessários mais investimentos.
De acordo com o reitor da UFBA, o ensino superior no Brasil tem uma "profusão terminológica" e evidencia sérios problemas de articulação. Segundo ele, entre os problemas gerados pelo atual modelo de estrutura curricular estão: precocidade nas escolhas de carreira profissional; seleção limitada e pontual para ingresso na graduação; elitização da educação universitária; rigidez nos currículos da graduação; incompatibilidade quase completa com modelos de arquitetura acadêmica vigentes em outros países. O Ele defendeu mudanças no processo seletivo e disse que o vestibular é inútil. "Hoje, é apenas um exame de memorização, não de capacidade potencial", avaliou.
Investimentos
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) defende a flexibilização dos currículos como forma de ampliar as vagas. O presidente da entidade Paulo Marcos Borges Rizzo, explicou que, desde 1997, as universidades federais tiveram um aumento de 40% na oferta de vagas, mas o número de professores e funcionários diminuiu no mesmo período. Ele expressou a preocupação dos professores com a expectativa do governo de ampliar a oferta sem aumentar os investimentos nas universidades.
Da Redação
Com Agência Câmara