Contradições do Laicismo!
Enviado: 27 Jun 2007, 01:00
Contradições do laicismo
Na tentativa de calar os católicos contrários ao aborto, tem sido alegado que o Estado laico não pode levar em conta argumentos de índole religiosa. O que está por detrás dessa manobra?
Cid Alencastro
O Estado laico, tal como vem sendo interpretado por correntes neo-atéias contemporâneas, não é indiferente à religião, na verdade ele é contrário à religião
Por ocasião da visita do Papa Bento XVI ao Brasil, em maio último, o Presidente Lula declarou que o Estado brasileiro é laico. Mas, naquele contexto, parecia estar subjacente à declaração uma outra coisa. Ou seja, em matéria de moral, o Brasil não precisa seguir os Dez Mandamentos da Lei de Deus, e portanto uma lei liberando o aborto pode ser promulgada sem problemas.
De fato, o Pontífice acabara de condenar mais uma vez o aborto e de levantar o espinhoso problema da excomunhão para quem o pratica. E se é verdade que, da boca para fora, os laicistas dizem não se incomodar em ser excomungados, na verdade temem e tremem diante dessa possibilidade.
O assunto é candente e nos dá a oportunidade de fazer algumas considerações a respeito das contradições do Estado laico.
Um Estado laico contrário à religião
Quando o Estado é laico, não está na coerência de seus princípios tomar posição em questões religiosas, nem para apoiá-las nem para combatê-las. Deveria dar ampla liberdade a quem quisesse manifestar-se nesse campo. Se assim é, por que tanto medo de que os católicos defendam a doutrina da Igreja a favor da vida desde a concepção? Por que procurar negar-lhes sistematicamente o direito de opinar, sob pretexto de que se trata de uma opinião religiosa?
Na lógica do Estado laico, deveria ser permitido a cada um exprimir-se como quisesse e apresentar suas opiniões do ponto de vista católico, ateu ou filosófico, ou ainda sociológico, psicológico, artístico ou o que fosse.
Mas o Estado laico, tal como vem sendo interpretado por correntes neo-atéias contemporâneas, não é indiferente à religião, na verdade ele é contrário à religião. Seus sequazes não o dizem expressamente, mas todos os seus pronunciamentos e atos caminham nesse sentido.
Se um ateu pode defender o aborto –– dizendo, por exemplo, que se trata apenas de um problema de saúde da mulher –– por que um religioso não pode criticar a matança de inocentes?
Ou será que, por detrás do rótulo de laicismo, na verdade o que temos são defensores ferrenhos de uma anti-moral, em função da qual o aborto é um passo necessário para demolir a moral?
Cumpre lembrar que os Dez Mandamentos, comunicados a Moisés no Monte Sinai, não são apenas religiosos. Eles constituem um compêndio da Lei Natural, impressa no coração de todos os homens, e todos estão obrigados a segui-los. Transgredir os Mandamentos é ir contra a própria retidão da natureza humana. Foram, aliás, ratificados por Nosso Senhor: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passarão o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei” (Mt 5,18).
Por que então adotar alguns Mandamentos e rejeitar outros? Por que a lei civil deve proibir o assassinato do adulto, mas deve permitir o da criança no seio materno? Por que não se deve roubar, mas se pode impunemente cometer adultério?
Se o aborto pode ser aprovado pela lei civil, por que não o assassinato do adulto? Vamos pôr em votação se os assassinos devem ser punidos ou libertados?
Por mais que os laicistas neo-ateus procurem velar suas verdadeiras intenções, elas vão aflorando com clareza cada vez maior.
E-mail do autor: cidalencastro@catolicismo.com.br
http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?
Não é fácil...
Na tentativa de calar os católicos contrários ao aborto, tem sido alegado que o Estado laico não pode levar em conta argumentos de índole religiosa. O que está por detrás dessa manobra?
Cid Alencastro
O Estado laico, tal como vem sendo interpretado por correntes neo-atéias contemporâneas, não é indiferente à religião, na verdade ele é contrário à religião
Por ocasião da visita do Papa Bento XVI ao Brasil, em maio último, o Presidente Lula declarou que o Estado brasileiro é laico. Mas, naquele contexto, parecia estar subjacente à declaração uma outra coisa. Ou seja, em matéria de moral, o Brasil não precisa seguir os Dez Mandamentos da Lei de Deus, e portanto uma lei liberando o aborto pode ser promulgada sem problemas.
De fato, o Pontífice acabara de condenar mais uma vez o aborto e de levantar o espinhoso problema da excomunhão para quem o pratica. E se é verdade que, da boca para fora, os laicistas dizem não se incomodar em ser excomungados, na verdade temem e tremem diante dessa possibilidade.
O assunto é candente e nos dá a oportunidade de fazer algumas considerações a respeito das contradições do Estado laico.
Um Estado laico contrário à religião
Quando o Estado é laico, não está na coerência de seus princípios tomar posição em questões religiosas, nem para apoiá-las nem para combatê-las. Deveria dar ampla liberdade a quem quisesse manifestar-se nesse campo. Se assim é, por que tanto medo de que os católicos defendam a doutrina da Igreja a favor da vida desde a concepção? Por que procurar negar-lhes sistematicamente o direito de opinar, sob pretexto de que se trata de uma opinião religiosa?
Na lógica do Estado laico, deveria ser permitido a cada um exprimir-se como quisesse e apresentar suas opiniões do ponto de vista católico, ateu ou filosófico, ou ainda sociológico, psicológico, artístico ou o que fosse.
Mas o Estado laico, tal como vem sendo interpretado por correntes neo-atéias contemporâneas, não é indiferente à religião, na verdade ele é contrário à religião. Seus sequazes não o dizem expressamente, mas todos os seus pronunciamentos e atos caminham nesse sentido.
Se um ateu pode defender o aborto –– dizendo, por exemplo, que se trata apenas de um problema de saúde da mulher –– por que um religioso não pode criticar a matança de inocentes?
Ou será que, por detrás do rótulo de laicismo, na verdade o que temos são defensores ferrenhos de uma anti-moral, em função da qual o aborto é um passo necessário para demolir a moral?
Cumpre lembrar que os Dez Mandamentos, comunicados a Moisés no Monte Sinai, não são apenas religiosos. Eles constituem um compêndio da Lei Natural, impressa no coração de todos os homens, e todos estão obrigados a segui-los. Transgredir os Mandamentos é ir contra a própria retidão da natureza humana. Foram, aliás, ratificados por Nosso Senhor: “Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passarão o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei” (Mt 5,18).
Por que então adotar alguns Mandamentos e rejeitar outros? Por que a lei civil deve proibir o assassinato do adulto, mas deve permitir o da criança no seio materno? Por que não se deve roubar, mas se pode impunemente cometer adultério?
Se o aborto pode ser aprovado pela lei civil, por que não o assassinato do adulto? Vamos pôr em votação se os assassinos devem ser punidos ou libertados?
Por mais que os laicistas neo-ateus procurem velar suas verdadeiras intenções, elas vão aflorando com clareza cada vez maior.
E-mail do autor: cidalencastro@catolicismo.com.br
http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?
Não é fácil...
