Saramago e Israel
Enviado: 28 Dez 2005, 16:27
Críticas a Israel e acusações de anti-semitismo
Um caso que tem tido alguma repercussão relaciona-se com a posição crítica do autor em relação à posição de Israel no conflito contra os palestinianos. Por exemplo, a 13 de Outubro de 2003, numa visita a São Paulo, em entrevista ao jornal Globo, afirmou que os Judeus não merecem mais a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto... Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós. A Anti-Defamation League (ADL) (Liga Anti-Difamação), um grupo judaico de defesa dos direitos civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas. Segundo as palavras de Abraham Foxman, director da ADL, "os comentários de José Saramago são incendiários, profundamente ofensivos e mostram uma ignorância destes assuntos, o que sugere um preconceito contra os Judeus".
Em defesa de Saramago, alguns autores afirmam que ele não se insurge contra os judeus (ao contrário do que a frase citada parece denotar), mas contra a política de Israel, como, por exemplo, num artigo publicado a 3 de Maio de 2002 no jornal Público, onde, comparando o actual conflito com a cena bíblica de David e Golias, o autor diz que David, representando Israel, "se tornou num novo Golias" e que aquele "lírico David que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinos para depois negociar com o que deles restar". Note-se que outros intelectuais, sobretudo de tendência marxista ou anti-capitalista, mas não só, defendem ideias semelhantes sobre a actuação de Israel. Os detractores de Saramago fazem, contudo, comparações e, mesmo, aproximações entre as suas opiniões, de esquerda, com correntes de pensamento de extrema-direita (neo-nazis). Tais acusações omitem, contudo, que Saramago e outros pensadores marxistas repudiam completamente o Holocausto e não defendem quaisquer perseguições a judeus ou a qualquer grupo religioso ou racial, ao contrário da extrema-direita. Aliás, o discurso de Saramago pretende contrapor a dignidade dos judeus mortos pelo nazismo, apresentados como vítimas, com o governo Israelita de Ariel Sharon, apresentado como perseguidor do povo palestiniano (Os judeus que foram sacrificados nas câmaras de gás talvez se envergonhariam se tivéssemos tempo de lhes dizer como estão se portando os seus descendentes. - em entrevista a José Vericat, colaborador da BBC na Cisjordânia).
Um caso que tem tido alguma repercussão relaciona-se com a posição crítica do autor em relação à posição de Israel no conflito contra os palestinianos. Por exemplo, a 13 de Outubro de 2003, numa visita a São Paulo, em entrevista ao jornal Globo, afirmou que os Judeus não merecem mais a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto... Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós. A Anti-Defamation League (ADL) (Liga Anti-Difamação), um grupo judaico de defesa dos direitos civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas. Segundo as palavras de Abraham Foxman, director da ADL, "os comentários de José Saramago são incendiários, profundamente ofensivos e mostram uma ignorância destes assuntos, o que sugere um preconceito contra os Judeus".
Em defesa de Saramago, alguns autores afirmam que ele não se insurge contra os judeus (ao contrário do que a frase citada parece denotar), mas contra a política de Israel, como, por exemplo, num artigo publicado a 3 de Maio de 2002 no jornal Público, onde, comparando o actual conflito com a cena bíblica de David e Golias, o autor diz que David, representando Israel, "se tornou num novo Golias" e que aquele "lírico David que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a "poética" mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinos para depois negociar com o que deles restar". Note-se que outros intelectuais, sobretudo de tendência marxista ou anti-capitalista, mas não só, defendem ideias semelhantes sobre a actuação de Israel. Os detractores de Saramago fazem, contudo, comparações e, mesmo, aproximações entre as suas opiniões, de esquerda, com correntes de pensamento de extrema-direita (neo-nazis). Tais acusações omitem, contudo, que Saramago e outros pensadores marxistas repudiam completamente o Holocausto e não defendem quaisquer perseguições a judeus ou a qualquer grupo religioso ou racial, ao contrário da extrema-direita. Aliás, o discurso de Saramago pretende contrapor a dignidade dos judeus mortos pelo nazismo, apresentados como vítimas, com o governo Israelita de Ariel Sharon, apresentado como perseguidor do povo palestiniano (Os judeus que foram sacrificados nas câmaras de gás talvez se envergonhariam se tivéssemos tempo de lhes dizer como estão se portando os seus descendentes. - em entrevista a José Vericat, colaborador da BBC na Cisjordânia).