Consultório de Psicologia

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

He, he. acho que fui desmascarado. Risos. Brincadeirinha. Eu estava fazendo uma experiência psíquica, apesar de meus dados serem corretos.

Aprendi uma coisa: é de muito mau-gosto essas experiências que visam buscar as motivações inconscientes das pessoas e as nossas, inclusive. Na verdade eu já estava enjoando disso. Só estava esperando que alguém se pronunciasse para eu poder parar.

Aprendi muito colocando minhas neuras para fora, justificando-as sob o pretexto de uma experiência psíquica, pelo menos para mim.

De outra forma eu não conseguiria colocá-las para fora e elas tornar-se-iam pensamentos recorrentes em meu cérebro, sem uma solução final ou de continuidade. É como um problema de matemática que a gente não consegue resolver e fica toda hora martelando em nossa mente.

Eu da minha parte já me sinto recompensado por este trabalho duro para meu ego mas libertador para meu super-ego.

Infelizmente eu nem sou mais teísta nem ateísta. Hoje consegui chegar a essa conclusão.

Não consigo me identificar nem com a negação e nem com a afirmação. É como se nada disso realmente tivesse sentido para mim. No mês que vem volto a estudar mas sem mais essa compulsão de tentar resolver um dilema que me atormentava desde a minha juventude: ateu ou não ateu?

Optei agora por nada mesmo. A vida está cheia de possibilidades para mim e agora que me posicionei, pretendo correr atrás das minhas metas sem mais me deter com o significado da vida. Ela não tem significado mesmo. A gente que dá o significado que quiser para ela. Consiste em apenas fazer o que se gosta e nos dá prazer sem se preocupar se é moral ou imoral ou amoral. Afinal, palavras são apenas rótulos que colocamos em nós mesmos e depois ficamos tentando se tornar o próprio rótulo e não mais a si mesmo.

Por isso, já que é para agregar rótulos em minha personalidade prefiro aqueles que fazem mais sentido imediato, garantem melhor a minha sobrevivência e que aumentam minha qualidade de vida, tais como: trabalhador, estudante, curioso, inteligente, etc... Por estes rótulos sim, vale a pena lutar para dar sentido a eles em nossas vidas, ou seja, transformá-los em realidade para as nossas vidas. O resto nem sem nem com, nem ateu nem teísta, nem bom nem mau, nada disso nos agrega algo de valor à vida e, pior, ainda nos dificulta na hora de fazermos escolhas, pois nosso conceito de bom pode nos impedir de fazer uma escolha mais lucrativa profissionalmente.

Lembro-me que no tópico de educação eu critiquei o idealismo. Hoje percebo por que: porque ele é para jovens e não mais para quem já passou dos 40 anos. Ele dá sentido à vida do jovem como deu à minha no passado mas no presente ele se tornou um estorvo e tive que renunciar ao conforto moral que ele me proporcionava. Enfim, estou destruindo antigos condicionamentos em mim ou muletas que me deram confiança no passado mas agora estão servindo como tropeços no meu caminho.

Eu li uma frase interessante nesse site que dizia: é difícil a gente largar o parquinho. Pois é, nossas muletas emocionais são tão convincentes que a gente acredita que se as abandoná-las a queda será iminente e cairemos. Na verdade eu abandonei-as mas precisava desabafar de algum modo as fraquezas e a maldade que elas ocultavam de minha consciência e que vieram à tona na ausência destas muletas.

Somente depois que eu as desabafei aqui é que vi que as mesmas eram pura loucura e agora sei porque eu estava lutando contra a loucura desde criança. Se eu desse trela a essas percepções no passado eu teria ficado como meus irmãos e irmãs ficaram, ou seja, meio louco ou por inteiro. Por esse motivo procurei este site como uma forma de encontrar pessoas inteligentes que pudessem me ajudar nessa transição e pudessem me orientar nessas idéias. Só não sabia como começar até que encontrei o Edson Jr. Valeu cara, tê devendo essa.

Bem. Já falei demais para um nem ateu, nem teísta. Obrigado a todos pelo espaço concedido e daqui para a frente procurarei visitar este site pelo menos uma vez por semana. Pelo menos os assuntos científicos me interessam bastante.

Obrigado Najma. Edson Jr., Acauan e todos aqueles que colaboraram comigo neste trabalho postando suas opiniões.

Tchau!!!

Vocês podem me comparar com um velho que se apega aos seus valores ferrenhamente e teme que o mundo desmorone se as pessoas não se comportarem dessa ou daquela forma. E ainda ficava amaldiçoando quem aparentemente trabalhava feliz porque trabalho é lugar de gente séria e não de gente feliz. A felicidade para mim era falta de seriedade na vida. Eu precisava a todo custo me livrar dessas idéias mas como? Oras, desmascarando e denunciando para mim mesmo as pessoas que me ensinaram e vendo a vida miserável que elas se deram e, pior, parando de sentir inveja delas. Era o único modo de eu convencer a mim mesmo de que todas aquelas idéias eram tolas e típicas de gente doente da cabeça. Por esse motivo, criei vergonha na cara, tomei coragem, tirei forças de onde não tinha e passei estes últimos 5 anos de minha vida destruíndo esses conceitos que me impediram por anos a fio de ter uma vida decente e de qualidade pois se eu não me dei isso jamais foi por falta de dinheiro e sim, de ser muito influenciável pelas ameaças, bajulações, etc... dos outros.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Só um último comentário que me veio à mente: Freud disse certa vez que todo filho deve matar o pai para poder ser ele mesmo e se tornar um indivíduo independente. Oras, essa morte do pai em nossa mente acontece naturalmente quando se tem uma educação pouco traumática mas quando não se a tem o processo de morte do pai em nossa mente exige muito trabalho e determinação, além, é claro, de muito ódio. He, he. Pelo menos foi isso que eu estava buscando: matar meus pais dentro de mim. Felizmente, logrei êxito e sinto-me livre como um passarinho. Eu nem sequer tinha noção de que tudo isso que eu considerava maldade em mim era o meu maior bem. Isso que dá cultivar valores invertidos a fim de agradar aos outros.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
Najma
Mensagens: 9660
Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
Gênero: Feminino

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Najma »

:emoticon5:
Imagem

Avatar do usuário
Edson Jr
Mensagens: 2065
Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
Gênero: Masculino

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Edson Jr »

Olá Labrego!

Dei uma lida nos textos que você citou, especialmente o primeiro.

Sinceramente, os considero como um culto à indiferença, à individualidade extrema, que não produz felicidade alguma. Apenas momentânea e, às vezes viciante e perigosa.

Tenho um amigo de infância que acompanhei passo a passo a trajetória dele. Ele foi por esse caminho e seguiu em diante. No início parece que o cara está curtindo mais a vida e sendo mais feliz. Isso é no início. Com o tempo começou a desprezar os próprios pais e a desprezar os conselhos de seus verdadeiros amigos. Este processo contínuo e progressivo de libertação de amarras e freios psíquicos gerou nele um problema de distúrbio bipolar, na fase de mania. A pessoa acaba se tornando extremamente narcicista. Existe uma perda da noção do perigo, pois a pessoa se julga cada vez mais a tal!

Quando cultivo a felicidade, me refiro à felicidade genuína, que implica, dentre outras coisas, cultivarmos vínculos fortes e saudáveis com as pessoas, especialmente com nossa família. É preciso ter respeito e tolerância com as diferenças e ser sensível para não ferir ou magoar quem gostamos ou amamos. É necessário também respeitar profundamente os sentimentos de quem amamos. O mais nobre seria adotar tal postura com todos. E o texto citado parece insinuar justamente o contrário!

É claro que precisamos nos valorizar, mas que essa auto-valorização seja um trampolim para o cultivo e exercício da compaixão, não uma apologia ao isolamento e individualidade excessiva.

Posso me desgarrar de qualquer coisa, mas sou fiel aos bons princípios. Eles estão imprimidos na minha consciência. São guias seguros para o fortalecimento da auto-estima e construção da verdadeira felicidade.

Abraços!

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Xi. Mais uma duplicidade que estou apagando. Foi triplicidade e não duplicidade.
Editado pela última vez por LAB em 11 Jan 2006, 14:27, em um total de 1 vez.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

esta mensagem foi apagada porque minha máquina travou e acabei mandando duas. a de baixo é que vale, após algumas inclusões em seu conteúdo.
Editado pela última vez por LAB em 11 Jan 2006, 13:29, em um total de 2 vezes.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Caro Edson Jr.:

Eu sou casado e sem filhos há 12 anos. Eu acreditava que pudesse ajudar muita gente com o meu conhecimento atual mas, infelizmente, percebo, agora, que não posso. Talvez essa minha ilusão tenha sido motivada pelo meu instinto paternal também mal resolvido.

Tudo isso que você falou sobre seu amigo é realmente verdadeiro em pessoas jovens que ainda não construíram um ego forte e estão se construíndo.

Percebi, um pouco tarde, que tudo isso que aqui postei é de grande valia para quem já passou por tudo e colheu os frutos amargos de sua ignorância.

Para quem está passando ainda jamais fará sentido pois somente a qualidade de nossos sentimentos atuais poderá aferir status de valor àquilo que acreditávamos como verdadeiro.

Eu, por meu turno, por falta de referenciais melhores para a minha vida adotei os meus pais.

Nem fiz errado e nem certo mas, diante da ausência total de outros recursos, vi-me na contingência de obedecê-los e esforçar-me por ser um bom filho, já que os mesmos nunca me aceitaram como eu era e eu precisava me ajustar a eles.

Aliás nunca aceitaram nenhum filho e aqueles que mais se pareciam com eles, ou seja, adquiriam comportamentos neuróticos, eram os melhorzinhos para eles.

Eu me ressentia muito por ver todo meu esforço em ser uma pessoa normal ser criticado pelos meus pais. Isso me revoltava muito mas eu calava minha revolta pois eu não tinha o direito de contestá-los.

Afinal, o que eu já tinha feito por mim mesmo? Eles sim, tinham direito porque tiveram coragem de lutar e conquistar algo. Entende como eu confundia covardia com coragem?

Hoje, passados tantos anos, posso rever minhas motivações e encarar os fatos de frente sem prejuízo para a minha vida no presente.

Estes textos que postei referentes ao site da revista Andros expressam tudo aquilo que eu gostaria de falar para minha mãe com respeito à minha pessoa e ao que eu pensava e sentia sobre ela mas não tinha palavras nem coragem para dizer.

Quanto às novas diretrizes de minha vida, não se preocupe mais com isso pois sinto-me atualmente bastante grandinho para refazer minhas escolhas na vida (rs).

É perigoso tomar essas atitudes na juventude mas quando não se há mais nada para perder e muito menos para se construir, o desespero nos torna corajosos e destemidos na busca de nossas verdades sepultadas há muito tempo.

Por isso, eu lhe garanto que o perigo já passou.

Dizem que a vida começa depois dos 40 anos e é verdade.

A juventude é uma fase em que precisamos fazer muito esforço para nos ajustar à vida em civilização.

Depois, dos 40 anos a gente já está tão condicionado como homem civilizado que qualquer esforço mental ou emocional para ser aquilo que já se é, é desperdício de energia que podemos usar para estudar e nos aperfeiçoarmos na vida e por que não namorarmos também, mesmo sendo casados?

Eu não preciso mais me esforçar para gostar de estudar. Eu já gosto. Eu não preciso mais me esforçar para gostar de trabalhar pois, não é que eu goste, mas já consigo reconhecer a necessidade e a utilidade disso na concretização de meus desejos.

Não pense que eu já reconhecia tudo isso.

Foi com sua ajuda que percebi o que realmente a minha voz interior estava tentando me dizer.

Ela estava tentando me dizer que eu estava desperdiçando energias a fim de tentar ser o que eu já sou, inventando motivos emocionais para justificar a continuidade daquilo que eu já me tornei.

A vida, parece-me, é algo inteligente. Aquilo que não favorece a mesma é rejeitado e aquilo que favorece é mantido.

Parece-nos que somos nós que escolhemos nossa vida mas é pura ilusão.

Creio que quem escolhe mesmo é algo dentro de nós que algumas escolas de psicologia reconhecem como sendo o "Eu superior".

Esse "Eu superior" é o mais próximo que se chegou cientificamente daquilo que as pessoas sentem como se fosse Deus em suas vidas ou sentir Deus dentro de si.

Não acredito mais que você esteja buscando algo e sim tentando viver aquilo que você aprendeu a aceitar como verdadeiro e não está conseguindo. Vá em frente.

Quebrar a cara como eu quebrei não é tão doloroso assim quando se tem a coragem de enfrentar a si mesmo.

Eu quebrei a cara e estou vivo e pronto para quebrá-la de novo pois estou me lançando de novo na vida sem medo de ser feliz.

E quem quiser falar mal que fale. Eu sendo bonzinho falaram mal de mim, eu sendo mauzinho falaram mal de mim. Oras, onde estava o erro? Em mim, é claro. Eu que era sensível à opinião alheia e me doía quando as pessoas não me viam como eu gostaria de ser visto.

Quem tinha que se ver como eu queria era eu mesmo. Eu me aceitando como sou, as pessoas não mais teriam poder sobre mim e acabariam aceitando que eu realmente sou aquilo que tento mostrar.

Nossa auto-imagem é como uma árvore: o vento são as pessoas que sopram, sopram e sopram e se você se curvar cai, se não se curvar mantém-se de pé.

Oras, como se adquire essa fortaleza? Só tem um jeito: reconhecendo suas fraquezas pois é através delas que as pessoas nos atingem e nos ferem.

Foi tudo isso que tive que fazer pois minhas muletas emocionais estavam gastas, rotas e esfarrapadas, não mais me proporcionado o conforto que as mesmas me proporcionavam no passado.

O ideallismo, a caridade, a generosidade, todos esses rótulos se desgastaram em mim com a percepção da ingratidão das pessoas. Era realmente ingratidão delas? Claro que não.

Eu que errei ao tentar gostar de mim somente quando as pessoas também gostassem de mim. Eu, mesmo com dinheiro, vivia mendigando amor das pessoas e as pessoas temiam que eu colasse nelas e grudasse nelas, aceitando o que eu tinha, claro, mas rejeitando a minha pessoa.

Por isso que eu recomendei o livro "Vampiros Emocionais" para você ler. Tenho em casa, muitos livros e textos que imprimi da internet (mais de 1000 páginas impressas) e que me ajudaram nesses 5 anos de luta. Inclusive, alguma confissões que fiz para mim mesmo (que queimarei, é claro). Caso você os queira, afinal estou precisando liberar espaço na minha estante, é só combinar que eu terei prazer em lhe dá-los de presente.

Descobri por esse livro que eu te recomendei que eu não passava de um Vampiro Emocional e usava meu dinheiro para suprir minhas necessidades vampirescas comprando as pessoas à minha volta.

Foi duro reconhecer isso mas estou me libertando gradativamente desse distúrbio de personalidade que adquiri devido à falta de amor na infância.

Parece-me que eu tinha vários distúrbios de personalididade pois me identifiquei com vários deles em todos ou alguns pontos.

Posso afirmar com certeza que a vida ou meu "Eu superior" me encaminhou certinho para um dia poder compreender estas coisas. Até mesmo minhas aptidões profissionais foram úteis na cura de mim mesmo.

E posso garantir que estou melhorando a olhos vistos com a simples tomada de consciência de minhas mazelas, sem medicamentos e sem nada.

Por isso, viva a sua vida sem medo pois aquilo que pensamos ser loucura muitas vezes não é e aquilo que pensamos ser normalidade muitas vezes é loucura. A gente só vai saber depois de viver.

Abraços....
Editado pela última vez por LAB em 11 Jan 2006, 13:06, em um total de 1 vez.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
Najma
Mensagens: 9660
Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
Gênero: Feminino

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Najma »

E... o que você vai fazer agora... vai encontrar deus? :emoticon5:
Imagem

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Que nada! Vou cuidar da minha vida, agora! Deixei-a ao deus dará e agora pretendo correr atrás do prejuízo. (risos). Sei lá se me pareço mais com deus ou com o demônio. a infelicidade dói e a o papel do ser-humano é procurar novos horizontes quando vê que aqueles que escolheu não passam de racionalizações estúpidas e sem sentido de gente que se cagava de medo da vida. Fui homem para acreditar mas fui muito mais homem para desacreditar e não mais ficar defendendo causas estúpidas e sem sentido para mim.

REALMENTE A IDÉIA DESTE CONSULTÓRIO FUNCIONOU!!! PELO MENOS PARA MIM.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Caro Edson Jr.:

Gostaria de fazer um último adendo às minhas tentativas de compreensão daquilo que entendo por vida.

Muitos admiram as pessoas corajosas mas nem percebem a armadilha que isso significa: viver com coragem é viver com medo.

Oras, só precisa de coragem quem é medroso pois quem não é medroso simplesmente vai lá e faz o que é necessário, não fica pensando se vai dar certo ou errado.

Erroneamente, projetamos nossos medos nas outras pessoas e chamamo-las de corajosas, sem perceber que isso está apenas eternizando nossos medos, tentando copiar o modelo de pessoas corajosas por invejarmos elas.

Ora, para que eu quero ser corajoso? Para me exibir? Se for para isso eu sempre terei que pintar o mundo como perigoso e assustador, senão como eu poderia convencer as pessoas de que eu sou corajoso?

Quando nossos medos tendem a nos paralizar na vida é bom a gente usar essa fantasia de herói lutando contra a vida mas se não temos medo ou pelo menos não damos bola pra ele, essa fantasia não nos serve mais.

Certa vez, estava eu no trem e um jovem se esgoelava pregando a palavra de deus.

Não sei muito por que mas talvez eu tenha cara de crente pois quando eu fui saindo do trem ele mudou a pregação e disse que se precisava de coragem para servir a deus e aceitar Jesus como salvador.

Eu com base nessa minha definição de coragem fiquei pensando sobre as palavras dele e concluí o seguinte: se coragem é uma forma de se viver agindo com medo o certo seria viver agindo sem medo.

Portanto, se é necessário coragem para aceitar Jesus ele deve dar uma vida bem desgraçada para esses infelizes.

Para que eu vou entrar num castelo que dizem que é assombrado se tenho medo? Só para dar uma de corajoso?

Se ao menos nesse castelo houvesse algum tesouro que seria de quem o encontrasse eu até me armaria de coragem para entrar no castelo.

Percebe as falácias que essa gente comete em nome de valores que erroneamente endossamos?

Comparando com o exemplo do castelo assombrado que tesouro seria esse que eles oferecem? Uma vida sem medo, oras.

Mas se para aceitar Jesus é preciso evocar nossos medos inconscientes ou conscientes, coisas que eles fazem constantemente, e a partir disso criar coragem canalizando-a para o servilismo a Deus, o que realmente se ganha com isso?

Não seria melhor termos coragem para trabalhar, estudar, crescer, etc...

Por que será que somos tão valentes e corajosos para darmos uma de estúpido e bobo e para as coisas que nos proporcionam bem-estar na vida somos tão covardes ou nos fazemos de covardes?

Será que somos tão negativos a ponto de preferirmos estar sempre no fundo do poço do que tentar alçar vôo e levarmos um tombo?

Afinal, todo mundo iria saber de nosso tombo mas enquanto ficarmos no fundo do poço ninguém estará com os olhos sobre a gente.

Percebe como nossos medos não são oriundos do mundo em si mas das pessoas? Somos gente com medo de gente e ainda dizemos amar nosso próximo. Como se o medo é a negação do amor? O medo nos arma e o amor nos desarma?

Onde será que a gente aprendeu a temer o nosso próximo? Com nossos pais é claro. Eles nos rejeitavam tanto para nos transformar à imagem e semelhança deles: bundões, covardes e infelizes, que era impossível não sentirmos uma dor atroz chamada rejeição.

Pior, quando conseguíamos superar um desafio que eles mesmos impunham sem nem sequer haver uma meta ou um objetivo para isso, eles imediatamente já criavam outros desafios, aprisionando-nos para sempre na rede de suas exigências inúteis e sem sentido.

A cada desafio imposto por eles que alcançávamos nem sequer uma palavra de aprovação nós ouvíamos pois nunca estava bom o suficiente.

Pensamos que tornamo-nos felizes pois conseguimos algo na vida como profissão, dinheiro, etc. obedecendo nossos pais mas realmente sentimo-nos felizes?

Será que foi por obedecê-los que tornamo-nos profissionais de verdade? Não.

Tornamo-nos profissionais por nossas escolhas mas tornamo-nos infelizes e medrosos porque obedecemos nessa vampiragem que praticaram com a gente, nossos pais na tentativa de tornarmo-nos iguais a eles .

Não sei se esse é o seu caso mas pelo menos é o meu.

Abraços...
Editado pela última vez por LAB em 11 Jan 2006, 16:57, em um total de 1 vez.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
aknatom
Mensagens: 3071
Registrado em: 25 Out 2005, 13:10
Gênero: Masculino

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por aknatom »

Para se desfazer das coisas que fazem sua vida medíocre é necessário coragem, afinal, ela é medíocre, mas eu sei exatamente como ela é.
É preciso coragem porque não conhecemos o outro lado da situação... no caso do castelo assombrado, o que causa o medo não são os fantasmas mas o não saber o que estes fantasmas vão fazer, e nem se realmente existe um tesouro.
Coragem é extremamente necessária pra se viver, principalmente para se viver sem estar acorrentado por dogmas ou pela vontade de um ser superior.
The Pensêitor admitindo que estava enganado: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=53315#53315
Eu concordando plenamente em algo com o VM: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=239579#239575

Imagem

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Caro Aknaton:

Fico feliz por você expressar sua opinião e gosto quando mais gente discute esses temas aparentemente absurdos para muita gente, já que estamos tentando transformar subjetivismo em objetivismo.

Nosso mundo interior é fantástico mas mal conhecemos um décimo dele.

Sentimos coisas que nem mesmo sabemos dar nome ou correlacionar com a realidade.

A isso eu chamo de ignorância emocional e por isso somos muitas vezes vítimas de falácias que nos tocam emocionalmente.

Tudo isso porque não compreendemos o que sentimos e não temos um vocabulário emocional para saber o que está nos faltando.

Pelo que venho discutindo nesse tópico você já deve ter notado o quanto eu busco na infância as origens de emoções reprimidas que ainda se manifestam em nós. Quando conseguimos sentí-la e compreendê-la ela não desaparece mas se transforma em outra mais adequada a nossa idade.

Por exemplo, a raiva é um sentimento que nosso instinto de defesa manifesta quando sentimo-nos invadidos de alguma forma quando criança. Essa mesma raiva, por não ser compreendida por nossos pais, é reprimida muitas vezes duramente.

A criança aprende a auto-reprimir sua raiva. Com isso ela se transforma em ódio no futuro adolescente ou adulto.

Oras, o que uma criança com raiva pode fazer? No máximo dar uns tapas na pessoa que provocou a mesma. Se essa raiva é reprimida e a criança não a experimenta em si ela não saberá lidar com esse sentimento no futuro.

Ou ela temerá sua própria raiva ficando covarde e medrosa, temendo a si mesma e brigando consigo mesma para não sentir a raiva tentando substituí-la por idéias de medo de apanhar, culpa por se sentir má ou vergonha de sua mãe ou pai perceberem o que está sentindo.

Com isso, o adulto sofrerá bastante porque se sua raiva tivesse sido manifestada e experimentada quando não oferecia nenhum perigo mais grave ele teria aprendido com suas experièncias que a mesma poderia ser substituída por uma atitude de ficar de mal da pessoa ou simplesmente de indiferença para quem a provocou. Afinal, sentir raiva não é motivo nem para se bater nem para se matar ninguém. A raiva bem assimilada e aprendida tende a se transformar no sentimento de coragem e determinação para atingir seus objetivos na vida.

Essa raiva transformada em ódio na fase adulta pode se manifestar num momento de fraqueza da pessoa e transformá-la num assassino.

Eu, todo ano, participo do júri popular de minha cidade e julgo casos de homicídios onde o réu sofreu um ataque de loucura temporária.

Eu entendo isso porque já senti muitas vezes um animus necandis intenso, principalmente quando eu resolvi desbloquear minhas emoções recalcadas para poder entendê-las.

Incrível mas eu construí uma personalidade baseada principalmente no ódio ou na fuga do mesmo.

Por isso que eu era tão negativo e crítico das pessoas e do mundo e me apoiava no moralismo para justificar estes sentimentos.

O medo para mim nada mais era do que medo de minha própria raiva.

Um amigo que considero neurótico me falou que se ele não sentisse medo de cair num buraco ele tinha certeza de que cairia pois não o evitaria.

O pior de tudo é que esse amigo manifesta uma agressividade intensa com as palavras e eu percebo que ele está demonstrando raiva.

Quando eu lhe digo que ele está com raiva ele fica com mais raiva ainda dizendo que eu que estou interpretando desse jeito as palavras dele. Pior, não estou interpretando as palavras e sim as emoções demonstradas por ele.

É como se ele combatesse a raiva com mais raiva ainda da própria raiva dele. Nem sei onde esse cara vai parar desse jeito. Talvez num hospício. Torço para que ele perceba esse comportamento neurótico nele e pare de negá-lo como sempre fez, desde que eu o conheço.

Por isso, o que a gente espera é que mais pessoas deixem sua contribuição nesse tópico.

Quanto à coragem eu a entendo como necessária se vivemos num ambiente altamente estressante e que constantemente nos assusta e produz medo.

Oras, se temos consciência disso e não ficarmos negando nosso medo e suas causas, um dia, quando tivermos condições, sairemos desse ambiente e iremos para outro.

O problema é que esse medo é desviado pelas pessoas que nos cercam e transferidos para outras causas.

Por isso que quase ninguém se lembra da raiva que sentiu do pai ou da mãe quando apanhava ou quando era repreendido sem direito à defesa.

Como moralmente devemos amar os nossos pais, transferimos a raiva para outra coisa, afinal, era perigoso sentir raiva das pessoas das quais dependíamos tanto para sobreviver.

Com isso, essa raiva é transferida para algo impessoal como a sociedade, por exemplo. Por isso que os bandidos odeiam a sociedade e falam mal dela mas não conseguem dar nome a um só elemento dessa sociedade que eles tanto odeiam.

Se fossem dar nomes se surpreenderiam por citar o pai e a mãe em primeiro lugar. Por isso que a vida fica tão difícil para essa gente. Como eles vão trabalhar ou estudar se as pessoas da sociedade são odiadas por eles, ou melhor, não as pessoas e sim a sociedade, um ser abstrato?

Tenho uma irmã que procurou psicólogo e ficou 3 anos fazendo psicoterapia. Eu já tinha feito a minha durante 2 anos. Creio que eu abri caminho para ela também procurar, tendo em vista minhas melhoras.

Um dia conversando com ela, ela me confessou que sentia muito medo da cuca quando criança. Eu lhe perguntei que forma tinha essa cuca.

Ela me disse que não tinha forma nem cara. Aí lhe disse para ela colocar a cara da mãe nessa cuca.

Ela ficou impressionada com a experiência e descobriu que o medo infantil dela era da própria mãe mas na época nem poderia atribuí-lo à minha mãe pois isso colocaria em risco suas chances de ser amparada, alimentada e cuidada pelos pais.

Nem preciso dizer que essa irmã passou a vida inteira fugindo de casa e só agora com 50 anos está tendo uma compreensão de suas neuroses e se dando uma chance de vida melhor.

Bem, como eu convivi com pessoas altamente problemáticas em minha própria família, inclusive eu, compreender esse processo se tornou uma obsessão em minha vida, pois eu temia a loucura ou aquilo que eu chamava de loucura muito mais do que a própria morte.

Por esse motivo tornei-me um vicidado em trabalho no intuito de fugir de mim mesmo e de minhas emoções desencontradas pois elas eram vistas como loucura por mim. Esse sim, era o meu maior medo e por que não dizer terror?

Acredito que muita gente crente tem esses mesmos problemas pois conheci vários que chegam a falar com os dentes rangendo na boca e somente os lábios se movendo, numa clara demonstração de raiva e ódio reprimidos quando eles vinham me evangelizar e eu expunha as minhas dúvidas.

Sei como é difícil para essa gente sentir que suas defesas são facilmente contestadas e destruídas. Suas convicções oriundas da fuga de si mesmos ficam abaladas e toda aquela carga emocional negativa contida durante anos pode se manifestar se o dique for aberto. Por isso que muitos crentes dizem que se uma coisa não é verdade não importa. Para eles é verdade e pronto. E se a ciência provasse que Deus não existe eles inventariam outro Deus.

Na verdade um culto religioso é uma catarse coletiva dos sentimentos de ira, ódio e raiva recalcados. Por isso que as pessoas saem tão leves da igreja e precisam voltar constantemente a ela para extravasar suas emoções negativas que tanto temem.

Sei disso porque já tomei desse remédio e eu me sentia como se estivesse flutuando no ar, tal era o alívio que eu sentia.

Servir a Deus e manifestar as emoções numa catarse coletiva tem o significado emocional de perdoar o pai pelas surras que levou e pelas injustiças das quais se foi vítima por parte dele. A catarse é como se a pessoa estivesse brigando com o pai e expondo suas razões emocionais diante dele sem ser castigada por ele, e o pai-Deus, ainda, aceitando como justas as emoções de ódio e raiva do filho.

Quem é que teve um pai assim? Ninguém. Por isso que Deus é chamado de pai bom, pai clemente, pai misericordioso pois ele deixa o filho brigar com ele não com palavras mas sim apenas demonstrando suas emoções negativas que são aceitas por ele como normais. As pessoas nesse estágio não podem ter consciência de que estão manifestando ódio e raiva, senão elas se auto-reprimiriam e a fantasia não surtiria o efeito curativo desejado. Elas tem que acreditar que aquelas emoções são de amor, reverência e respeito pelo pai-Deus, senão suas consciências, percebendo o engodo sentiriam-se culpadas e medrosas e abandonariam a igreja.

Tudo isso parece absurdo para alguns que lerem estas palavras mas tudo está dentro dos conformes das ciências psicológicas e é uma tentativa de objetivar aquilo que é subjetivo em nós. É para isso que a dialética serve. Para especular pois não existem verdades absolutas, mas relativamente gerais. A filosofia é a ciência da especulação.

Sem mais, despeço-me e agradeço novamente pela sua colaboração.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
Najma
Mensagens: 9660
Registrado em: 14 Out 2005, 16:31
Gênero: Feminino

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Najma »

Que poder de síntese M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O... :emoticon69:

Parecem textos criacionistas... :emoticon69:
Imagem

Avatar do usuário
Edson Jr
Mensagens: 2065
Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
Gênero: Masculino

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Edson Jr »

Nossa, Labrego!

Você caprichou nessas suas últimas mensagens. Está dando um show!

Avatar do usuário
Edson Jr
Mensagens: 2065
Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
Gênero: Masculino

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Edson Jr »

Labrego, vou responder as mensagens dirigidas para mim amanhã. Depois da meia-noite eu posto. Sabe como é né?! Meu acesso é discado e preciso economizar ao máximo para poder pagar as dívidas...rsrs...

...tô rindo, mas é sério! :emoticon16:
Editado pela última vez por Edson Jr em 12 Jan 2006, 01:14, em um total de 1 vez.

Avatar do usuário
Flavio Costa
Mensagens: 4307
Registrado em: 25 Out 2005, 07:32
Localização: Brasilia, DF
Contato:

Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Flavio Costa »

Najma escreveu:Que poder de síntese M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O... :emoticon69:

Parecem textos criacionistas... :emoticon69:

:emoticon12: :emoticon12: :emoticon12:
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Cara Najma:

Talvez a aparência de texto criacionista se deva ao fato de confundirmos os termos criação com educação.

Oras, não fomos criados pela natureza para sermos perigosos para nós mesmos e contrários à nossa própria sobrevivência. Fomos sim, educados pelos nossos pais para sermos maus e perigosos para nós mesmos.

Isso se deve ao fato de em algum momento histórico da humanidade, nos tempos primitivos, um grupo de pessoas mentalmente desequilibradas passou a ser divinizado ou beatificado pelos demais que não compreendiam aquela loucura e por isso a temiam chamando-a de coragem.

Creio que essa loucura primitiva tenha sido causada por disfunções orgânicas/genéticas no cérebro e não exatamente por causas psicológicas.

Com isso, certos valores foram incorporados à cultura humana e deu-se o nome de religião a eles.

Aprendeu-se cedo que aquilo que não se compreende deve ser respeitado (temido) pois o senso de verdade e de realidade de milhares de pessoas pode ser adulterado por uma única pessoa que demonstre muita energia e força (afinal, todos os loucos possuem uma força sobre-humana).

Oras, por que estas pessoas se deixaram levar pela loucura de uma só ou de uma minoria?

Por que todos eles desejavam vencer os seus medos e conquistar novos horizontes e posses para si mesmos, ou seja, a ganância e a ambição.

Vendo aquela força que a loucura proporcionava, endossaram esses valores absurdos e os incorporaram na cultura, chamando a educação de criação dos filhos como se eles, os pais, fossem deuses e tivessem o dever de criar seus filhos à sua imagem e semelhança.

Por isso que a palavra criacionismo nos causa tanto ódio e revolta pois evoca em nós lembranças duramente inconscientizadas em nossa psique de um tempo em que nossos pais ou educadores citavam a frase "é assim que se cria os filhos" confundindo a educação para a vida com o esforço de tornarem-nos exatamente a sua imagem e semelhança.

Oras, como se pode exigir de uma criança que nem bem experimentou a vida direito e já se vê cobrada em comportamentos sem sentido para ela e que são impossíveis de serem atendidos por ela?

O que a criança poderá fazer é usar sua capacidade de imitação dos adultos, ou seja, macaquear para agradar os adultos e não ser punida por eles.

Já um pai neurótico, sentindo a tentativa da criança de enganá-lo, já que percebe a bajulação infantil por trás dessas atitudes da criança, a recriminará ainda mais e, muitas vezes, chamando-a de maricas, de bobona, etc..

Oras, mas o que esse pai queria que a criança fizesse? Eles, os pais, levaram muitas vezes uma vida inteira para se darem um comportamento regrado e querem que a criança que nem sequer acabou de nascer já nasça feita e igual a eles?

Entende por que levamos a vida inteira o complexo de não sermos perfeitos como nossos pais e que eles é que eram bons e a gente uma porcaria?

Por isso que o pai-Deus nos alivia tanto. Ele nos aceita com nossas raivas, ódios e negatividades e ainda nos deixa mostrarmo-nos como realmente somos, ou seja, loucos e, realmente, é isso que somos. Esse louco, se não manifestado tornar-nos-á amargos e infelizes, pois a criança interior está sufocada por tantos bloqueios mentais para não se manifestar.

Por isso que Jesus (e novamente eu torno a repetir que foi um grande homem e não o fundador de uma religião) nos disse que aquele que não se tornar como uma criança, ou seja, não se aceitar como criança que deseja viver suas emoções para amadurecê-las, jamais poderá ver o reino de Deus.

Oras, o reino de Deus é este mundo mesmo. Fomos criados para sermos naturalmente felizes e trabalharmos contentes com a vida, sentindo que somos úteis e admirados pelos nossos iguais.

O que realmente ocasionou essa reviravolta em nossa cultura? O crédito que demos à loucura de uns poucos que foram admirados pelas suas bravatas de coragem e destemor.

O povo, admirando a força e coragem sobre-humanas desses poucos indivíduos, que eram mutantes inaptos, segundo Darwin (mutantes porque possuíam uma disfunção cerebral), para a sobrevivência em sociedade e, se fosse na natureza os mesmos seriam destruídos sem conseguirem chegar à época do acasalamento para perpetuar seus genes pois eram incapazes de se juntarem aos demais para lutar pela sobrevivência na caça e querendo fazer tudo sozinhos para se exibirem e perderem suas vidas de forma corajosa e nobre, acabou por introjetar seus valores e comportamentos em sua psicologia.

Com essa valorização esses mutantes conseguiram perpetuar seus genes até mesmo muito mais que o comum dos mortais.

Oras, quem são esses fenótipos negativos que estão gritando nas igrejas e brigando com o mundo, tentando dominar as massas e se darem uma vida de reis, julgando-se melhores filhos de Deus que os demais?

Oras, são os mesmos que foram os nobres da idade média e que nada faziam além de guerrear e caçar. Por isso tornaram-se tão inaptos à vida em sociedade na atualidade.

Os fenótipos servos que duramente construíam sua cultura tornaram-se a classe trabalhadora que luta por seu conforto e segurança na vida procurando proporcionar à sua prole um mundo melhor que o que ele encontrou quando nasceu.

Já o fenótipo patronal são aqueles burgueses que com o seu trabalho criaram condições para si e para sua prole de promover o progresso e a riqueza para todos.

Tudo isso, como eu faço questão de frisar, são especulações meramente de fundo subjetivo, tentando dar voz à emoções de revolta que ainda insistem em se manifestar em meu corpo físico.

Essa revolta é oriunda da raiva recalcada e por isso tento dar voz a ela para que a mesma se transforme na próxima fase emocional que é a coragem, determinação e disposição para superar as dificuldades de auto-realização que ainda carrego dentro de mim.

A isso chamo de amadurecimento: darmos voz às nossas emoções e não suprimi-las como se elas não existissem.

Uso meu vocabulário científico, cultural, religioso, enfim, tudo aquilo que existe de bom em cada conceito, a fim de dar voz a essas emoções e as mesmas me conduzirem para um caminho melhor e mais feliz na vida.

O mais difícil já passou. Agora é só deixar o processo correr naturalmente.

Sem mais, agradeço a sua atenção e os seus elogios.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
Edson Jr
Mensagens: 2065
Registrado em: 25 Nov 2005, 21:34
Gênero: Masculino

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Edson Jr »

Olá Labrego!

Labrego escreveu:Eu sou casado e sem filhos há 12 anos. Eu acreditava que pudesse ajudar muita gente com o meu conhecimento atual mas, infelizmente, percebo, agora, que não posso. Talvez essa minha ilusão tenha sido motivada pelo meu instinto paternal também mal resolvido.


É claro que pode, Labrego! Apenas continue revelando seu conhecimento, sem grandes expectativas. Não o oculte não. Eu, por exemplo, leio tudo que você escreve e me identifico bastante com uma série de colocações que você faz. Aprendo muito com você. Muitos outros também aprendem e aprenderão. Talvez as pessoas beneficiadas, inclusive eu, não saibam como expressar gratidão como deveria. Desculpe-me.

Algumas vezes questiono algumas coisas que você diz, mas não significa, de forma alguma, que você esteja errado. Uma das coisas que estou percebendo ultimamente é que duas pessoas podem ter pensamentos diferentes e ambas estarem certas, pois cada um de nós possuímos uma maneira bastante peculiar de enxergar o mundo.

Para entendê-lo, faço um esforço no sentido de observar as coisas através de suas lentes, mas mesmo assim sei que mesmo com todo meu esforço haverá falhas, pois é uma coisa muito pessoal. Quando discordo de você, não estou exatamente dizendo que você está errado. Estou apenas expondo minhas lentes pela qual enxergo o mundo, que são distintas em determinados aspectos das suas.

Nessa troca de visões distintas, inevitavelmente aprendemos uns com os outros, de tal forma que podemos alterar alguns aspectos de nossa visão ou até mesmo substituí-las totalmente, como também não alterá-las. Eu, por exemplo, procuro manter minhas lentes um tanto flexíveis e abertas às mudanças à medida que for achando conveniente.

Labrego escreveu:Não acredito mais que você esteja buscando algo e sim tentando viver aquilo que você aprendeu a aceitar como verdadeiro e não está conseguindo. Vá em frente.

Quebrar a cara como eu quebrei não é tão doloroso assim quando se tem a coragem de enfrentar a si mesmo.

Eu quebrei a cara e estou vivo e pronto para quebrá-la de novo pois estou me lançando de novo na vida sem medo de ser feliz.


Existe uma diferença, Labrego. O que eu aceito hoje como verdadeiro, aceito de coração, por amor. O caminho que sigo é um caminho que realmente escolhi. Entenda que já fui religioso, evangélico e muito reprimido também. Precisei quebrar esses grilhões e desenvolver um estilo de vida totalmente novo e mais saudável.

Antes, buscava viver dentro daquilo que não queria. Hoje é o contrário. Posso quebrar a cara? É claro que sim, mas isso não me preocupa, pois o caminho que trilho é um caminho de prazer. E não é um caminho inflexível, pois sempre deixo um espaço para a dúvida, mantendo um perpétuo canal de abertura para o novo, o que me oferece a oportunidade de sempre me aperfeiçoar com o tempo. Infelizmente, ainda tenho problemas, como os de ansiedade, mas são resíduos de meu estilo de vida anterior que aos poucos vão deixando de existir.

A mesma coisa é com você agora. Você está buscando um caminho que lhe proporcione prazer e felicidade, através de novas lentes que, através de muita reflexão, você adquiriu. Antes, assim como eu, as lentes nos foram impostas, não escolhidas. E desejo, sinceramente, que você seja muito feliz em sua jornada.

Labrego escreveu:O ideallismo, a caridade, a generosidade, todos esses rótulos se desgastaram em mim com a percepção da ingratidão das pessoas. Era realmente ingratidão delas? Claro que não.

Eu que errei ao tentar gostar de mim somente quando as pessoas também gostassem de mim. Eu, mesmo com dinheiro, vivia mendigando amor das pessoas e as pessoas temiam que eu colasse nelas e grudasse nelas, aceitando o que eu tinha, claro, mas rejeitando a minha pessoa.


Você diz que perdeu o gosto de determinadas qualidades nobres em função da ingratidão das pessoas (que você mesmo afirma não ter existido). Isso demonstra, com todo o respeito, que sua caridade, generosidade e idealismo não foram genuínos, autênticos, mas sim uma tentativa de se autopromover.

Toda essa compreensão que você tem me parece ser suficiente para resgatar tais qualidades, mas com você o efeito é oposto, o que indica que a “ingratidão das pessoas” exerceram e ainda exercem um grande poder sobre você.

Idealismo, caridade e generosidade autênticos e verdadeiros não dependem de gratidão. Dessa forma, não acho que você tenha perdido a caridade, generosidade e idealismo. Você nunca os teve realmente. Não estou querendo ser duro, meu amigo. É que a lógica parece ser realmente essa.

Sua dificuldade talvez seja a de perdoar ou ter compaixão pela fraqueza e ingratidão das pessoas, mas nós também não somos muitas das vezes fracos e ingratos?

Somente agora, se libertando do poder que as fraquezas alheias exercem sobre você é que você terá a chance de desenvolver essas nobres qualidades. E isso só depende de você. Não perderia essa chance se estivesse no seu lugar!

Labrego escreveu:Tenho em casa, muitos livros e textos que imprimi da internet (mais de 1000 páginas impressas) e que me ajudaram nesses 5 anos de luta. Inclusive, alguma confissões que fiz para mim mesmo (que queimarei, é claro). Caso você os queira, afinal estou precisando liberar espaço na minha estante, é só combinar que eu terei prazer em lhe dá-los de presente.


Você realmente não vai precisar desse material? Pois se não precisar mesmo, ficarei muito agradecido pelo presente. Sou louco por leitura. Se pudesse compraria uma livraria inteira, mas infelizmente não dá. Do jeito que sou leria um livro por dia, mas como estou financeiramente apertado, leio muito menos do que gostaria.

Quero sim, Labrego. Como que poderíamos combinar isso?

Labrego escreveu:Muitos admiram as pessoas corajosas mas nem percebem a armadilha que isso significa: viver com coragem é viver com medo.

Oras, só precisa de coragem quem é medroso pois quem não é medroso simplesmente vai lá e faz o que é necessário, não fica pensando se vai dar certo ou errado.


Como bem disse Mark Twain: “Coragem é a resistência ao medo, domínio do medo, e não a ausência do medo”.

Ou seja, podemos ter medos, mas se tivermos coragem, nós o sobrepujaremos e faremos deles nosso escravo, não nosso senhor.

Uma pessoa que vive corajosamente pode viver com medo, mas o controla, o subjuga. Uma pessoa não corajosa é pior, pois vive com medo e é controlada por ele.

Existe um outro ditado (não me lembro de quem): “Não foi a libertação do medo, mas o equilíbrio do medo, que tornou possível a sobrevivência da nossa civilização”.

Sempre teremos medos. É normal, humano e inevitável, desde que tenhamos esperança, pois só não teme aquele que não tem esperanças. E é simplesmente impossível ser feliz sem ter esperança.

O importante é o medo estar sob controle, não extinto.

Abraços!
"Três paixões, simples mas irresistivelmente fortes, governam minha vida: o desejo imenso de amar, a procura do conhecimento e a insuportável compaixão pelo sofrimento da humanidade." (Bertrand Russel)

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Errata:

Em meu texto anterior eu não percebi um erro de raciocínio que estava valorizando muito mais a loucura do que a coragem da razão.

É isso mesmo que eu percebi. Parece-me que para pautar a vida em função da razão é necessária a coragem para vencer os medos.

Este foi um erro que Nietsche cometeu em sua filosofia e eu, por tê-lo lido, passei a desprezar a filosofia de Sócrates.

Sim foi um erro que eu estava cometendo e só agora entendi um dos textos do Edson Jr. que não estava fazendo sentido para mim.

Oras, eu estava dizendo que todos expressam diante de Deus aquilo que eles realmente são, ou seja, loucos e estava justificando a coragem em se assumir esse nosso outro lado da personalidade em detrimento da personalidade que estamos tentando construir socialmente.

Oras, se valorizarmos demais nosso lado louco acabaremos por nos alienar do restante da humanidade que se esforçou para vencer esse lado obscuro de suas psiques a fim de passarem modelos melhores de comportamento a seus filhos, nem que seja por mera imitação dos adultos ou o que se pode chamar de macaquices.

Competirá ao filho já adulto selecionar os comportamentos e emoções que mais funcionam consigo mesmo para garantir a sua sobrevivência e passar, para seus filhos, que o copiarão de alguma forma, o mesmo trabalho. É por isso que a humanidade evolui constantemente e se torna cada vez mais requintada em seus gostos e preferências.

Aos crentes que preferem manifestar o seu lado louco ao invés de fazer um esforço no sentido de se ajustarem socialmente mantendo relações sociais saudáveis tipo fazendo amizades, falando mal da vida dos outros, tirando barato da cara de pessoas que não se ajustam às normas do bom-viver, etc., eu posso dizer que os filhos destes, segundo uma pessoa que trabalha em escola pública em minha cidade, são os mais desajustados na escola e são os que mais brigam com os demais.

Já os filhos de não-crentes são os mais inteligentes e interessados pela vida social e pela escola, se sociabilizando e aprendendo com mais facilidade.

Coincidência? Sei não mas essas crianças são treinadas logo cedo para serem insociáveis pois as emoções que levam uma criança a sentir desejo de se relacionar com as outras do mesmo sexo são duramente castradas pela família crente que não quer que seus filhos se misturem com os não-crentes.

Segundo a psicologia toda criança é homossexual em suas preferências para que sinta prazer em se relacionar exclusivamente com as outras do mesmo sexo. Tanto a menina quanto o menino. Com o advento da adolescência os hormônios canalizam essa homossexualidade para a heterossexualidade a fim de garantir a procriação da espécie.

Aqueles que encontram dificuldades nessa fase alimentarão comportamentos afeminados e desejos por pessoas do mesmo sexo, pois a sua inadequação social para o jogo da sedução amorosa será gritante. Muita carência, muito grude, muita fantasia.

Com a permissividade social para estes tipos de comportamento de adultos homossexuais, cada vez mais essas pessoas estão encontrando espaço para manifestarem seus comportamentos originados de uma má formação familiar e desmoralizando esse tipo de moral evangélica que tornam seus filhos verdadeiros não-homens.

Falo isso pois alguns primos meus, inclusive os que eu mais admirava, tornaram-se homossexuais, virando motivo de vergonha para seus pais.

Onde foi que eu errei? Fiz tudo certo! Dirão os pais. Sim, um dia não mais sentiremos raiva desses pais crentes que se dizem tão santos. Seus próprios filhos os farão sofrer moralmente pelas besteiras que eles colocaram na cabeça. E assim a cultura e a educação só tem a ganhar.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Caro Edson Jr.:

Quanto às duras que já levei de mim mesmo não se preocupe.

Hoje estou calejado e nem dói mais. Só para ilustrar, estava eu um dia no trem e um cego passou pedindo esmola.

Eu da minha parte, não vejo mais sentido em dar esmola para os outros pois já concluí que isso nada mais é que auto-promoção.

Só que nesse dia havia uma garota bonita ao meu lado e eu quis me aparecer para ela.

Percebi a minha mancada interior mas a vontade de se passar por bonzinho foi maior que a minha relutância moral. Por isso, tirei a carteira e peguei todas as moedas que tinha e dei ao mendigo, cerca de R$ 1,50.

Pela primeira vez senti prazer por dar esmola pois estava atendendo um interesse meu.

Parece-me que antes eu o fazia por medo de algo dar errado em minha vida ou para que eu continuasse a ter sorte na vida ou simplesmente por obediência mecânica ao evangelho. Nunca tirei tanto prazer de dar esmolas como nesse dia. (RISOS)....
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Avatar do usuário
Sky
Mensagens: 136
Registrado em: 12 Jan 2006, 13:10

Mensagem por Sky »

ZZZZzzzzZZZZZZzzzzZZZ

Psicologismo...

Avatar do usuário
Sky
Mensagens: 136
Registrado em: 12 Jan 2006, 13:10

Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Sky »

Labrego escreveu:Cara Najma:

Oras, não fomos criados pela natureza para sermos perigosos para nós mesmos e contrários à nossa própria sobrevivência. Fomos sim, educados pelos nossos pais para sermos maus e perigosos para nós mesmos.



Ah... isso é uma afirmação muito banal e muito errada, porque há pessoas educadas em ambientes horriveis que se tornam seres humanos maravilhosos. E outras que tem tudo e são uma merda de gente e autodestrutivos.

Avatar do usuário
Sky
Mensagens: 136
Registrado em: 12 Jan 2006, 13:10

Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Sky »

Labrego escreveu:Só um último comentário que me veio à mente: Freud disse certa vez que todo filho deve matar o pai para poder ser ele mesmo e se tornar um indivíduo independente. Oras, essa morte do pai em nossa mente acontece naturalmente quando se tem uma educação pouco traumática mas quando não se a tem o processo de morte do pai em nossa mente exige muito trabalho e determinação, além, é claro, de muito ódio. He, he. Pelo menos foi isso que eu estava buscando: matar meus pais dentro de mim. Felizmente, logrei êxito e sinto-me livre como um passarinho. Eu nem sequer tinha noção de que tudo isso que eu considerava maldade em mim era o meu maior bem. Isso que dá cultivar valores invertidos a fim de agradar aos outros.


O Freud só dizia meda e era tarado sexual... mas acho que era muit importante saber que relação edipiana ele tinha com a mae para perceber melhor as suas teorias taradas sexuais... :emoticon12:

Avatar do usuário
Sky
Mensagens: 136
Registrado em: 12 Jan 2006, 13:10

Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Sky »

Labrego escreveu: E posso garantir que estou melhorando a olhos vistos com a simples tomada de consciência de minhas mazelas, sem medicamentos e sem nada.



Então, morte ao Prozac?

Avatar do usuário
LAB
Mensagens: 140
Registrado em: 29 Nov 2005, 15:51

Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Caro Sky:

Não é minha intenção neste tópico estar certo ou errado mas o que tento expor aqui são minhas motivações subjetivas às quais desconheço racionalmente.

Por isso que eu falo muita merda, justamente porque essas merdas refletem os conteúdos emocionais que fui adquirindo durante a vida.

Isso me faz bem porque no momento em que escrevo tudo isso eu sinto tudo como a mais pura verdade mas, passado algum tempo, releio o que escrevi e percebo que aquelas emoções que justificavam tanta besteira não mais existem dentro de mim e por isso, essas merdas perdem o sentido. Oras, o que significa fazer sentido? É uma atitude racional? Não.

É quando você lê ou ouve algo que desperta uma emoção dentro de você.

Essa emoção é como um combustível que seu cérebro libera, comandado pelo inconsciente, ordenando a você que leve a sério aquele tema e pense sobre ele.

Com isso, sentimo-nos guiados por algo que está além de nossa percepção (dou o nome de "Eu Superior"), e com esse guia, sentimo-nos compelidos a ler e estudar mais sobre aquele assunto ou tema até conseguirmos obter aquela síntese que nossa mente está avidamente buscando.

Com isso a gente sente um grande regozijo interior quando consegue chegar na síntese. Já li livros inteiros de 300 páginas somente para aproveitar uma ou duas frases que fizeram sentido para mim. O resto do livro era como se fosse escrito apenas para justificar e co-substanciar àquelas poucas frases.

Por isso que exponho aqui todo esse lixo mental justamente para conhecê-lo e modificar minhas predisposições interiores, ou seja, eliminá-las de minha personalidade.

Às vezes, sinto um pouco de receio de estar influenciando pessoas negativamente, principalmente aquelas que se identificam emocionalmente com o conteúdo de meus textos. Pelo que percebi isso não acontece por serem os ateus pessoas de pensamento crítico elevado e que sabem apontar as minhas falácias de raciocínio.

De qualquer forma, agradeço suas observações apesar de acrescentarem muito pouco.

Quanto ao lado moral de Freud, isso não é levado em conta pelas pessoas inteligentes e sim, as suas idéias que devem ser defendidas ou atacadas no campo da razão e da observação, ou seja, no campo científico. Como eu não sou cientista aceito as teorias que de alguma forma me ajudem a encontrar aquilo que estou procurando mas quando vejo que essas teorias não me levam a compreensão nenhuma, descarto-as para a lata de lixo. Procuro então não criticá-las pois para mim o que não serve para outro deve servir. Senão já estaria condenada à lata de lixo da humanidade.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

Trancado