Consultório de Psicologia

Fórum de discussão de assuntos relevantes para o ateísmo, agnosticismo, humanismo e ceticismo. Defesa da razão e do Método Científico. Combate ao fanatismo e ao fundamentalismo religioso.
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LAB
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Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Este tópico é destinado a todos aqueles que tem dúvidas e curiosidade de conhecerem melhor a si mesmos.

Aqueles que forem sensíveis ao conteúdo catársico desse tópico, por favor, não entrem nele. Nele só há lixos mentais expurgados do inconsciente das pessoas.

Por favor, não tirem barato das postagens contidas neste tópico pois não é objetivo do mesmo ridicularizar aqueles que o procuram tentando se libertar de suas cristalizações egóticas que o impedem de se tornar um puro e perfeito ser-humano, independentemente de serem partidários do teísmo ou ateísmo, pois ambos são caminhos que nos levam a um único objetivo na vida: sermos felizes neste mundo de acordo com a nossa capacidade, aptidão e nível de consciência de nós mesmos.

Sei muito bem que todos aqueles que nos criticam sentem muita vontade de se tornarem como nós, ou seja, livres e desimpedidos de moralismos que não os ajudam a viver melhor (como nós que eu digo não por sermos ateus mas por sermos livres - todo teísta pode se sentir livre também mesmo seguindo uma doutrina religiosa) mas não o conseguem devido às suas crenças inconscientes que lhes causam culpa e medo, sem necessariamente serem culpados ou covardes.

É justamente para sanar essas dificuldades que as pessoas tem de se libertarem de seus medos e culpas, que as impedem de fazerem escolhas mais adequadas para a sua vida, que este tópico foi criado por mim e desejo de coração e mente que outras pessoas deixem suas postagens aqui a fim de colaborarem com as pessoas que delas necessitarem.

Sem mais para o momento, deixo minhas boas-vindas a todos que aqui postarem suas mensagens.

Observação: Esta mensagem de boas-vindas está sujeita a alterações conforme sugestões apresentadas. A intenção não é excluir ninguém mas, pelo contrário, incluir a todos.
Editado pela última vez por LAB em 09 Jan 2006, 13:39, em um total de 3 vezes.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

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Edson Jr
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Edson Jr »

Olá Labrego!

Sua iniciativa é excelente e nunca vi aqui neste site uma proposta similar. Imagino, inclusive, que muitos poderão ridicularizar este tópico por puro orgulho, que é um grande obstáculo para o auto-conhecimento.

O único trecho que me soou estranho foi o terceiro parágrafo. Soa como se o ideal para as pessoas fosse se tornar ateu. Será que o autoconhecimento nos leva inevitavelmente ao ateísmo? Talvez não! De qualquer forma, a proposta é muito boa!

Bom, como lhe disse, vou deixar meus comentários para o fim de semana. Esse tópico promete... :emoticon7:

Vou apenas deixar, na próxima postagem, um texto inicial para reflexão, que acho que têm tudo a ver!

Um grande abraço, amigo!

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Edson Jr
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Edson Jr »

SOBRE A ESCUTA

Quando lhe peço para ouvir e você começa a dar conselhos, você não o faz o que estou pedindo.

Quando lhe peço que me ouça e você começa a me dizer porque eu não deveria sentir-me assim, você está pisando nos meus sentimentos.

Quando lhe peço que me escute e você pensa que tem que fazer alguma coisa para resolver meu problema, você me desaponta, por mais estranho que possa parecer.

Escute! Tudo o que pedi foi que você me ouvisse; não que falasse ou fizesse - ouça-me apenas...eu posso fazer. Não sou incapaz. Talvez desanimado e vacilante, mas não incapaz.

Quando você faz por mim algo que eu posso e preciso fazer sozinho, você contribui para meu medo e meu sentimento de inadequação. Mas quando aceita como um fato que eu sinto o que estou sentindo, por mais irracional, então posso deixar de tentar convencer você e posso tentar entender o que está por trás desse sentimento irracional.

E quando ficar claro, a resposta é óbvia e eu não preciso de conselhos.

RALPH ROUGHTON, médico

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rapha...
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Mensagem por rapha... »

Chamem o Dante, ele gosta de psicologia.

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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Caro Edson Jr.:

Gostei desse texto. Bom começo!

Abraços...
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Aurelio Moraes
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Mensagem por Aurelio Moraes »

Alguém poste isso tudo no fórum comunista.

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LAB
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Caro Edson Jr.:

Percebo agora, através desse seu t45exto o quanto eu agia como um crente, apesar de não o sê-lo.

Quando alguém se aproximava de mim a fim de falar do que sentia eu ficava racionalizando os sentimentos e sensações da pessoa pois eu tinha uma forte empatia pelas dores alheias que eram as minhas próprias.

Por isso eu me afastava das pessoas na tentativa de fugir de meus próprios sentimentos, buscando na razão e no entorpecimento dos sentidos uma fuga.

Por isso que sua postagem referente á síndrome do pensamento acelerado fez tanto sentido para mim.

Como as mulheres são muito mais emotivas ou pelo menos mais assumidas em suas emoções, a linguagem delas e as razões que as levavam a agir como agiam era um mistério para mim, pois eu havia me tornado uma máquina pensante para não sofrer mais com a pressão de meu inconsciente.

Imagine viver 20 anos nesse processo como eu vivi.

As emoções das pessoas evocavam em mim sentimentos e emoções do passado não resolvidos e eu criticava as pessoas achando-as loucas.

Agora que ressucitei os meus sentimentos, depois de ser obrigado a catarsear e compreender muitas emoções negativas super-dolorosas, percebo o quanto eu agi errado mas não era para menos: aprendi com pais portugueses e, culturalmente, eles são frios e insensíveis na forma como se apresentam às pessoas, mas no fundo, eles são tão humanos e carentes quanto à gente, afinal, eles também foram reprimidos ou castrados no passado em suas emoções e sentimentos.

Agora consigo entender muita coisa que eu não entendia mas percebo que se eu vivesse tudo que vivi de novo eu faria tudo igual novamente pois a ignorância emocional era uma marca registrada de minha família.

Por isso que eu falei que o meu super-ego já me dizia tudo aquilo que a Salgueiro disse no tópico "Escola Pública".

Eu me sentia constrangido de expor meus problemas devido a esse super-ego social que prefere racionalizar nossos sentimentos com conceitos imediatistas como os crentes o fazem.

Hoje sinto até raiva de conversar com crentes porque eles não se importam nem um pouco com você.

Quando se vai conversar com eles sobre algo emocional eles nos cortam o assunto e enfiam suas idéias estereotipadas em nossas mentes fazendo com que nos sintamos envergonhados ou culpados de nossas fraquezas e ignorâncias.

Aí para entrar na deles é fácil porque com tanta demonstração de falsa empatia fica fácil para a gente cair na de qualquer um.

Por isso que eu não queria tomar consciência de quanto eu era bobo.

Perdi muito dinheiro na vida com pessoas que evocavam meus sentimentos fantasiosos da infância e sabiam me manipular, deixando-me alegre com suas palavras.

Quando digo que foi muito dinheiro foi mesmo pois nesses últimos 20 anos sempre ganhei acima de R$ 2000,00.

Hoje, com esta percepção e não mais buscando resolver meus problemas através de racionalizações atalhistas, procuro me expor o máximo possível.

Muitas pessoas se afastam de mim pois o meu modo de ser não bate mais com aquele modo bobo de eu me comportar, onde a vontade dos outros era a minha própria.

Hoje digo não quando eu quero dizer não.

Digo muitos poucos sim's porque os interesses das pessoas com as quais convivo não mais são os mesmos que os meus e não alimento mais empatia.

Só que para desmontar todo esse comportamento racionalmente foi trabalhoso mas consegui, o difícil foi justificá-lo pois meu super-ego estava me acusando de preconceituoso para com as pessoas.

Reconhecendo a SPA como uma doença, reconfortei-me pois percebi que eu sou uma pessoa doente em busca da cura e não uma pessoa preconceituosa.

Você me tirou um grande peso da consciência com aquele seu texto e se, possível, poste-o aqui que será muito bem-vindo.

Abraços.

Abraços.
Editado pela última vez por LAB em 10 Jan 2006, 12:41, em um total de 1 vez.
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Edson Jr
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Mensagem por Edson Jr »

Valorize seu livre-arbítrio!


Uma das coisas mais fascinantes que eu aprendi foi a de valorizar o livre-arbítrio. Durante boa parte da vida somos influenciados pelo nosso meio, nossa criação e nossos gens. Tudo isso nos gera uma série de condicionamentos que parece determinar nossa atual condição. Embora as influências do meio, dos pais e da sociedade sejam de fato poderosas, nós temos liberdade de escolha, que se revela entre o estímulo e resposta.

A grande maioria das pessoas são reativas. Reagem a um determinado estímulo automaticamente, como se não fossem livres para escolherem suas reações. Acredito que tais pessoas tenham livre-arbítrio, mas não fazem o uso dele.

“Eu sou assim e pronto! Não mudo”.
“Essa mulher ainda vai me deixar louco”.
“Se você continuar assim, serei capaz de cometer uma loucura!”
“Sou um fracassado, não tenho mais esperanças.”

Frases desse tipo são típicas de quem é reativo. Mas ser reativo não é o modelo ideal. O ideal seria termos a consciência de que existe um espaço entre o estímulo e resposta. É neste espaço que se encontra nossa liberdade de escolha. Isso implica que nossas reações não precisam ser determinadas como cartas marcadas de um baralho. Nossas reações podem ser escolhidas por nós mesmos.

Dessa forma, somos livres para responder com brandura a quem nos agride. Somos livres para mudar nosso comportamento e atitudes quando percebermos que estão sendo inconvenientes. Somos livres para perdoar a quem nos magoou. Somos livres para ter compaixão pelas fraquezas e falhas das pessoas. Somos livres para controlar nossos pensamentos, mudar nossas atitudes equivocadas, alterar nossos hábitos nocivos e construir nosso próprio destino.

Com essa consciência, não mais seremos tão vulneráveis as fraquezas alheias, não nos abateremos nem nos incomodaremos com as diferenças, quaisquer que sejam. Toda reação negativa só nos atingirá se nós permitirmos. Tudo isso porque somos os construtores de nossas reações e do nosso destino. Somos livres!

O primeiro passo rumo à liberdade é o de assumir a responsabilidade por nossa própria vida e pela condição atual, pois não seremos mais escravos dos estímulos externos, nem sempre vítimas dos mesmos tipos de reações.

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Edson Jr
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Edson Jr »

SPA – UMA SÍNDROME CADA VEZ MAIS PRESENTE

Atualmente, considero a mídia a maior escravizadora de todas. Existem motivos para se pensar assim. Antigamente, as pessoas tinham menos acesso as informações e não eram bombardeadas por tantos estímulos quanto agora. As pessoas pensavam menos, mas era uma freqüência de pensamento mais saudável e qualitativamente superior.

Hoje, o bombardeio de estímulos e informações (que na grande maioria não servem para nada) aumentam consideravelmente a freqüência dos pensamentos. As pessoas pensam demais. Esse excesso de pensamentos produz resultados desastrosos. Como o efeito de uma droga, a pessoa fica viciada por estímulos cada vez mais intensos. A dosagem do estímulo de hoje precisa ser maior que a de ontem. A dosagem do estímulo de amanhã precisa ser superior que a de hoje. O pensamento fica cada vez mais acelerado, produzindo uma hiperatividade de causa não-genética.

Pensar é bom, mas pensar demais é ruim, pois pode produzir um distúrbio cada vez mais comum chamado SPA (síndrome do pensamento acelerado). Essa síndrome diminui a concentração e vai tirando da pessoa o prazer pelas coisas simples da vida, que são as fundamentais. A simplicidade vai perdendo seu brilho e charme.

A criatividade, que é uma das maiores marcas humanas, diminui, pois é preciso um tempo de introspecção, um certo espaçamento entre os pensamentos para que a criação surja. Sem esse período de latência, a criatividade é afetada profundamente. O potencial criativo só se desenvolve plenamente quando não somos afetados pelo excesso de pensamentos.

A mídia já percebeu, por exemplo, que imagens sobre tragédias e violências provocam um forte registro em nossa memória e tende a nos prender mais. Sendo assim, é assimilado no registro da memória um monte “lixo”, alavancando o medo e a posição cada vez mais defensiva entre as pessoas. Não estou dizendo que as tragédias e violências não existam, mas que são transmitidas de uma forma excessiva e exagerada. Os estímulos da TV também estimulam o consumismo, seduzindo as pessoas a comprar cada vez mais coisas que não são necessárias. O mesmo diria aos apelos eróticos que atingem cada vez mais as pessoas, principalmente as mais jovens, contribuindo para atividades sexuais sem terem o devido preparo psicológico, a gravidez precoce, dentre outros. Até mesmo adultos se deixam seduzir por isso, trocando uma esposa com quem convive há décadas por menininhas de 20. A TV gosta de mostrar isso como uma coisa interessante, mas ocultam as cicatrizes e feridas profundas que costumam surgir dessa atitude. O culto atual é do ter, não do ser. E o ser é muito mais importante.

Se isolar por um bom tempo dos excessos de estímulos da TV ou, para quem tem melhores condições, assistir aos canais fechados mais instrutivos, é um ótimo passo para desacelerar o pensamento. Igualmente importante é freqüentar lugares onde se tenha um maior contato com a natureza, como sítios, fazendas, praias. A princípio haverá ansiedade, pois o cérebro está viciado por mais e mais estímulos, mas com o tempo os pensamentos serão menos intensos, menos freqüentes e com maior qualidade. A concentração vai se normalizando conforme a ansiedade for diminuindo.

Somente assim a paciência, paz e serenidade poderão ser resgatadas, tornando possível a construção de nossa felicidade.

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Edson Jr
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Edson Jr »

Olá Labrego!

Uma das coisas que percebi é que não lhe dei respostas precisas para suas dúvidas. Apenas dei um ponta pé inicial que, de alguma forma, desencadeou uma série de reflexões em sua mente que, sinceramente, estou aprendendo e até mesmo me identificando com muitas delas. Admiro sua exposição corajosa e bastante sincera dos seus sentimentos, o que inclui suas fraquezas e decepções. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, isso é sinal de força, pois é necessário se esvaziar do orgulho e isto é uma tarefa bastante difícil.

Acredito que todos nós temos uma história de vida que necessitamos contar. Principalmente quando envolve conflitos e decepções. Infelizmente são poucos os que se dispõe a ouvir e compreender. Ultimamente tenho percebido, inclusive, que as pessoas necessitam muito mais de compreensão do que de aceitação, desde que seja uma compreensão realmente empática, natural e espontânea, não mecânica e artificial.

Minha história também envolve muitos conflitos. Tive uma criação rígida e uma formação religiosa, por parte da minha mãe. Meu pai não era religioso, mas rígido com relação ao meu comportamento. Fui disciplinado a não errar e tirar notas baixas na escola. Não subi tanto em árvores nem corria em sítios, pois meu pai não permitia por achar perigoso. É claro que tive muito amor e carinho também, mas sempre fui muito exigido. Acabei me tornando um jovem altamente perfeccionista, o que não acho nada bom. Não sou mais tão perfeccionista assim, mas ainda conservo certos traços que não são legais.

Aos 19 anos tive uma crise de pânico. Senti uma forte pressão no peito, como se o coração fosse explodir. Pensei que estivesse tendo um ataque cardíaco. Não conseguia respirar direito, a falta de ar era intensa. Sentia tonturas e parecia que iria desmaiar. Achei realmente que iria morrer. Fiz uma penosa peregrinação durante 40 dias em vários médicos, fiz vários exames e o resultado dava sempre negativo. Perdi uns 7 quilos nesse período, pois a ansiedade era tão intensa que mal conseguia comer. Cheguei a ponto de não conseguir engolir água de tanta ansiedade. Mas não sabia que era ansiedade. Como fazia exames com resultados sempre negativos e como era evangélico na época, acreditava que o problema seria espiritual. Pastores, presbíteros, diáconos, obreiros e membros de diversas denominações tentavam expulsar o demônio de mim, mas o demônio não saía com nenhuma oração.

Finalmente, os médicos falaram que o problema era emocional e que seria importante ir num médico psiquiatra. Primeiramente fui numa psicóloga, mas não conseguia nem falar direito. Até que finalmente fui num psiquiatra que disse que meu problema foi de ansiedade generalizada, com sintomas de depressão.

A partir daí comecei a fazer uso das medicações. Tais medicações afastavam esse demônio que diziam que havia em mim. Foram infinitamente superiores às inúteis orações.

Depois disso, tendo consciência que o meu problema era emocional e que a estrutura dos meus pensamentos era o que provocava esse desequilíbrio, fui obrigado a fazer uma dolorosa jornada interior, desconstruindo todo meu castelo de cartas para reconstruir meu mundo interior com estruturas mais firmes e sólidas.

Quando você diz que tenho um bom conhecimento das dores humanas é porque tudo que aprendi foi com muito sacrifício. Não foram os momentos felizes que me deram esse conhecimento. Foram os momentos de lutas, angústias e frustrações. São elas que formam e aperfeiçoam o caráter.

Um grande abraço, camarada!

Ps:. Consegui arrumar um tempinho para postar! :emoticon73:

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LAB
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por LAB »

Caro Edson Jr.:

Uau cara. Essa sua experiência de vida poderia ter sido a minha.

Em minha família, quando eu tinha 11 anos, uma irmã minha que tinha 12 anos e era a minha companheira de folguedos infantis foi internada em hospício e lá ficou até os 21 anos.

Eu não a entendia como louca mas apenas como revoltada contra a disciplina familar.

Quando ela saiu do hospício com 21 anos saiu de casa para nunca mais voltar.

A interpretação na época que dei a esses fatos aos 11 anos gerou em mim um grande medo de ser considerado louco pelos meus pais e por isso eu tentava me ajustar a eles, sem perceber que eles já eram idosos para eu fazer da experiência de vida deles a minha própria.

Por esse motivo quanto mais eu me parecia com meus pais mais desajustado eu ficava socialmente e mais era alvo de chacotas de meus colegas.

O que me restou foi me juntar aos excluídos na escola e, de repente, percebi que o papel de CDF bom em matemática me proporcionava um certo reconhecimento social.

Vesti esse papel e passe a vida inteira tentando ser o melhor até mesmo profissionalmente.

Eu sentia necessidades que culturalmente eu sentia como loucuras e rejeitava essas experiências.

Para tanto eu me afundava cada vez mais no meu comportamento profissional neurótico me esforçando para deixar na consciência somente aquilo que fazia parte da minha profissão.

Acredito que essa atitude me poupou de passar por experiências semelhantes à sua pois a loucura me livrou da loucura, ou seja, o comportamento louco que me dei livrou-me de uma possível loucura mental.

Para driblar o super-ego rígido e supersticioso eu me lançava aos finais de semana em bebedeiras de cerveja e me dava um pouco de vida social.

Sem a cerveja eu não poderia ter amigos já que amigo era dinheiro no bolso conforme fui educado.

Mulheres já era outro problema. Eu só tinha casos com algumas que frequentavam os bares que eu frequentava. Às vezes dava certo de eu sair com uma mas nunca saí com a mesma duas vezes.

Elas me evitavam depois da primeira vez. Eu me justificava dizendo que eu era muito inteligente e elas, por não terem estudo, não me compreendiam mas que se soubessem a pessoa importante que sou no serviço elas me dariam valor.

Absurdo tudo isso? Sim. Eu mesmo não me dava valor pois não fui ensinado a me dar valor.

Nas poucas vezes em que demonstrei um certo bom-gosto por alguma coisa minha mãe vinha e me criticava me dizendo se eu pensava que era grã-fino para tal coisa ou quem eu pensava que eu era.

A minha mãe sempre foi muito dominadora na família e eu sentia que se a contrariasse eu não teria sorte na vida pois meus dois irmãos mais velhos, os quais eu tentava copiar para me tornar igual, tiveram problemas psicológicos e foram internados erroneamente em hospício, ficando lá cerca de 6 meses cada um.

Eu até me orgulhava de ser o único na família que não ficou louco e hoje sei por que. Porque eu me assumi como louco ou como normal, sei lá, e passei a viver as coisas que a minha loucura permitia.

Talvez também porque eu fui o mais prejudicado na tentativa de absorver a cultura familiar.

Quanto mais eu me esforçava para me ajustar a família mais eu era criticado pois realmente eu não era um deles.

Até eles percebiam que eu não era um Labrego sincero como eles.

O máximo que eu conseguia fazer era fingir que era.

Olhando as coisas por esse prisma eu percebo que, apesar de minha incapacidade de me dar uma vida melhor, a vida que eu vivi, dentro dos parâmetros e valores que eu tinha para viver, foi a mais interessante e ilustrativa que eu poderia me dar.

Hoje tenho muito mais condições de olhar a verdade de frente do que minha própria família. Eles ainda precisam se amparar em suas fantasias e ilusões pois a percepção de suas ignorâncias lhe provocam muita raiva, culpa e vergonha.

Um dia uma espanhola da padaria me chamou para ir à igreja dela. Eu lhe disse que não precisava e que estava feliz assim mesmo. Aí ela me perguntou como eu era feliz estando desempregado. Eu lhe disse para estar feliz basta estar vivo. Aí ela me perguntou como eu poderia estar feliz se eu vivia as custas de minha mulher. Aí, de saco cheio, eu respondi:- Dona Maria. Para a gente ser feliz a gente precisa perder a vergonha na cara. Todas as pessoas que a gente chama de sem-vergonhas são felizes. No final das contas ela falou:- Gostei dessa.

Entende como a gente tem que jogar nossos chicotes mentais e emocionais no lixo?

Se a vergonha, a culpa e o medo me trouxeram até aqui não significa que terei que manter estes chicotes a vida inteira.

Eu tinha esse medo de me livrar desses chicotes. Achava que se eu não tivesse medo de morrer eu poderia me matar, se não tivesse vergonha de fazer o mal eu faria e se não me sentisse culpado pelas minhas maldades eu não me tornaria bom.

Enfim, aprendi apanhando dos pais e vivi apanhando de mim mesmo. rs.

Espero que este texto lhe seja útil. Abraços.
Editado pela última vez por LAB em 10 Jan 2006, 12:48, em um total de 1 vez.
A diferença entre um ateu e um teísta é que as abobrinhas do primeiro são mais inteligentes que as do segundo.

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Pug
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Mensagem por Pug »

Bom tópico...
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aknatom
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por aknatom »

Inicialmente não entendí a proposta do tópico.. mas está muito bom.
Agora é esperar o VideoMaker serdesbloqueado pra poder voltar dizendo que vc não pode ser feliz sendo ateu, que vc se suicidará em breve por não ter medo de morrer, e outras besteiras.
The Pensêitor admitindo que estava enganado: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=53315#53315
Eu concordando plenamente em algo com o VM: http://www.rv.cnt.br/viewtopic.php?p=239579#239575

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Vito Álvaro
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Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Vito Álvaro »

aknatom escreveu:Inicialmente não entendí a proposta do tópico.. mas está muito bom.
Agora é esperar o VideoMaker serdesbloqueado pra poder voltar dizendo que vc não pode ser feliz sendo ateu, que vc se suicidará em breve por não ter medo de morrer, e outras besteiras.

"Seja bom, pelo amor do bem"
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Aurelio Moraes
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Aurelio Moraes »

Pelo amor do bem Vito? isso não faz sentido!
Você quis dizer " bem do amor"???

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Vito Álvaro
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Vito Álvaro »

Estou falando sobre ética Aurélio.
Bem assim: Pelo amor da bondade.
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Mensagem por Aurelio Moraes »

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Najma
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Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Najma »

Edson Jr escreveu:SOBRE A ESCUTA

Quando lhe peço para ouvir e você começa a dar conselhos, você não o faz o que estou pedindo.

Quando lhe peço que me ouça e você começa a me dizer porque eu não deveria sentir-me assim, você está pisando nos meus sentimentos.

Quando lhe peço que me escute e você pensa que tem que fazer alguma coisa para resolver meu problema, você me desaponta, por mais estranho que possa parecer.

Escute! Tudo o que pedi foi que você me ouvisse; não que falasse ou fizesse - ouça-me apenas...eu posso fazer. Não sou incapaz. Talvez desanimado e vacilante, mas não incapaz.

Quando você faz por mim algo que eu posso e preciso fazer sozinho, você contribui para meu medo e meu sentimento de inadequação. Mas quando aceita como um fato que eu sinto o que estou sentindo, por mais irracional, então posso deixar de tentar convencer você e posso tentar entender o que está por trás desse sentimento irracional.

E quando ficar claro, a resposta é óbvia e eu não preciso de conselhos.

RALPH ROUGHTON, médico


Tá... quando alguém vem pedir só pra que eu escute sem opinar eu acho tão sem sentido... Talvez porque eu só desabafe quando penso em pedir algum conselho.

Eu penso que encher a cabeça do outro com problemas que não lhe dizem respeito e depois ainda vir com essa de "não preciso de conselhos" é o cúmulo do egoísmo... Melhor encarar o espelho do gabinete do banheiro.
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Najma
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Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Najma »

Vito Alvaro escreveu:
aknatom escreveu:Inicialmente não entendí a proposta do tópico.. mas está muito bom.
Agora é esperar o VideoMaker serdesbloqueado pra poder voltar dizendo que vc não pode ser feliz sendo ateu, que vc se suicidará em breve por não ter medo de morrer, e outras besteiras.

"Seja bom, pelo amor do bem"


Ser bom por amor ao bem é o melhor a ser feito. Se for sem preconceito, melhor ainda. :emoticon4:
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Darkangel
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Darkangel »

O autoconhecimento é uma coisa narcisista. Eu não me quero conhecer, eu quero dar-me a conhecer (e isso é bem mais difícil)

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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Darkangel »

Digam-me quem é mais saudável: O Tigre, ou o monge que fecha os olhos para se autocontemplar?
No caso dos ser humanos, o que é importante é a educação. Educar significa trazer cá para fora. É o primeiro passo para abrir os olhos ao mundo em vez de ficar a chuchar no dedo para sempre...

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Najma
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Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Najma »

Darkangel escreveu:O autoconhecimento é uma coisa narcisista. Eu não me quero conhecer, eu quero dar-me a conhecer (e isso é bem mais difícil)


Mas aí é que está: pra você se dar a conhecer, tem que se conhecer também, ou "vira" aquela história de encher a cabeça do outro e ainda não deixar que o outro opine... Se auto-conhecendo, a pessoa deixa de depender dos outros pra qualquer coisinha e só os procura quando realmente não tem como encontrar uma saída.
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Darkangel
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Darkangel »

Mas Najma... o seres humanos se definem em função dos outros. Eu não me posso conhecer sem interagir e me dar ao outros. Será que eu sei ser bom na cama sem praticar, apenas me auto-contemplando? O autoconhecimento parece uma ideia essencialista. é como se de repente houvesse algo mágico dentro de mim que se eu descobrir vai fazer com que tudo corra bem...
Editado pela última vez por Darkangel em 06 Jan 2006, 13:39, em um total de 1 vez.

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Darkangel
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Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Darkangel »

Sabem o que é que os Budistas descobrem quando entram em meditação? Nada... :emoticon12:

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Najma
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Re: Re.: Consultório de Psicologia

Mensagem por Najma »

Darkangel escreveu:Mas Najma... o seres humanos se definem em função dos outros. Eu não me posso conhecer sem interagir e me dar ao outros. Será que eu sei ser bom na cama sem praticar, apenas contemplando? O autoconhecimento parece uma ideia essencialista. é como se de repente houvesse algo mágico dentro de mim que se eu descobrir vai fazer com que tudo corra bem...


Pior que é exatamente pra isso mesmo... :emoticon16:

Os ocultistas é que sempre lançam mão do auto-conhecimento para a compreensão do que é a existência. A idéia é justamente compreender "onde" estão sendo geradas as impressões do mundo circundante para que a gente consiga entender de que forma essas impressões nos afetam. Tudo é um reflexo daquilo que carregamos conosco então, para entender o outro, melhor começar a entender a si mesmo.

No caso de "ser bom na cama", é uma boa pedida saber primeiro o que dá prazer a você e depois encontrar pessoas que se afinem a isso. A sintonia só é possível quando se conhece uma das estações... :emoticon4:
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