Pobre Uruguai, até Quando?
Enviado: 12 Set 2007, 19:29
- Um imenso painel do Banco Itaú ilumina desde março a Rambla Gran Bretaña, um dos cartões postais da capital uruguaia. O surgimento da marca do banco por toda Montevidéu (há 14 agências) e em Punta del Este coincide com um inédito desembarque de empresas brasileiras que assusta os uruguaios. Eles gostaram quando a Petrobras e a AmBev chegaram entre 2003 e 2004 e se juntaram à Gerdau. Era um sinal da retomada da confiança na economia depois da crise de 2002. Mas se preocuparam quando Marfrig e Bertin compraram quatro frigoríficos locais e passaram a dominar um terço do setor da carne bovina no país.
Em agosto, a arrozeira brasileira Camil anunciou a compra da Saman, responsável por 45% da produção de arroz no Uruguai. Criou-se então um clima de comoção. A desnacionalização é tema diário na imprensa e o embaixador do Brasil, José Eduardo Felício, não pára de responder à pergunta: "Até onde vão os brasileiros?"
O subsecretário de pecuária do Ministério da Agricultura, Ernesto Agazzi, em entrevista ao jornal "El Observador", disse que a desnacionalização de empresas agroindustriais tem um aspecto que considera perigoso: "Nossa produção, em determinados elos da cadeia, pode ficar refém de decisões que se tomam fora do país". Em nota, a Comissão Nacional de Fomento Rural (CNFR), entidade que representa centenas de pequenos e médios agricultores, pediu à Câmara dos Deputados e ao Senado que revertam o processo de concentração e de "estrangeirização" da propriedade da terra e das cadeias agroindustriais.
Para o embaixador Felício, essa reação tem uma "carga emocional" por razões históricas, vindas do século XIX, quando o Uruguai foi invadido e anexado ao Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarve, até conseguir sua independência em 1828.
O investimento brasileiro no Uruguai deu um salto nos últimos três anos. Saiu de US$ 12 milhões em 2004 para US$ 20 milhões em 2005 e atingiu US$ 320 milhões no ano passado. Outras duas empresas brasileiras já manifestaram intenção de se instalar no país: o grupo de construção e infra-estrutura Odebrecht e a montadora de ônibus Marcopolo.
FONTE: PANTANALNEWS