Políticos “sangue bom”
Enviado: 18 Set 2007, 13:46
Plinio Chartuni
Com a absolvição de Renan Calheiros, quarenta e seis senadores (incluindo os seis das abstenções) deram um importante recado à nação neste último dia 11 de setembro:
- Somos bandidos sim e daí? Alguém vai encarar?
Não é a primeira vez que escrevo, alertando que o povo brasileiro se encontra refém de políticos canalhas, de indivíduos da pior espécie. Abjetos oportunistas, discípulos exímios de Maquiavel, que jamais lutam por alguma coisa que não sejam os próprios interesses.
Que a sociedade não se iluda com aqueles que hoje estão ao lado da justiça, pois isto é meramente casual. São poucos os que tomam esta posição por possuírem boa índole, na verdade, a maioria pretende apenas derrubar seus opositores.
A forte ignorância das massas e a memória fraca dos mais esclarecidos são as maiores aliadas desta corja inescrupulosa. Quando, dias atrás, o caso do mensalão esteve na pauta do STJ, tivemos a impressão de que estavam desenterrando coisas de um passado remoto, no entanto este foi o assunto principal da, ainda recente, eleição para presidência da república, realizada no final do ano passado.
Poucos também se lembram que todas as testemunhas do caso Celso Daniel foram assassinadas, incluindo o médico legista que discordava do laudo oficial. Crimes que comprovam estar nossa vergonhosa política não somente cheia de ladrões, mas também de mafiosos assassinos.
A facção que hoje está no poder, já foi oposição no governo de Fernando Henrique Cardoso. Entre 1996 e 1998 este presidente, praticamente, paralisou todas as decisões importantes, para as quais o país exigia máxima presteza e se focou, quase que exclusivamente, no projeto da sua reeleição. Foi quando estourou o escândalo da compra de votos dentro do congresso. Ficando comprovado que pelo menos cinco parlamentares, receberam R$ 100.000,00, cada um, para votarem no "sim". Contudo, sabe-se que este número de congressistas corruptos era muito maior, só que não havia provas mais contundentes e nem grandes interesses em procurá-las.
Naquele momento, o impeachment de FHC era tudo o que a nação menos queria. O PT aliado a outros partidos de esquerda aguardava qualquer deslize do governo para dominar o poder, acabar com o "plano real" e afundar o país numa crise política sem precedentes. Prosseguindo com a velha estratégia usada por este partido, a do "quanto pior melhor".
Entre punir a safadeza da compra de votos e entrarmos em total desgraça, nós optamos pelo bom senso e fingimos não estarmos vendo nada.
O governista Renan Calheiros pelo menos é coerente, pois nunca se posicionou ao lado da decência. No passado ele fez parte da famosa "tropa de choque" que partiu em defesa de Fernando Collor de Melo e agora também esteve solidário ao bando de corruptos do caso do mensalão e dos correios. Claro que os motivos dessas tomadas de posição sempre foram óbvios, ou seja, ele não trai aos seus semelhantes. Assim como, lhes são semelhantes todos aqueles que o defendem e estão votando a seu favor no senado. Ou seja, pelo menos quarenta e seis senadores podem ser considerados companheiros de safadeza, pilantras ou, como se diz na marginalidade: manos de "sangue bom".
Plinio Chartuni é escritor e pesquisador de sistemas sociais alternativos.
E-mail: plinio@chartuni.com
Com a absolvição de Renan Calheiros, quarenta e seis senadores (incluindo os seis das abstenções) deram um importante recado à nação neste último dia 11 de setembro:
- Somos bandidos sim e daí? Alguém vai encarar?
Não é a primeira vez que escrevo, alertando que o povo brasileiro se encontra refém de políticos canalhas, de indivíduos da pior espécie. Abjetos oportunistas, discípulos exímios de Maquiavel, que jamais lutam por alguma coisa que não sejam os próprios interesses.
Que a sociedade não se iluda com aqueles que hoje estão ao lado da justiça, pois isto é meramente casual. São poucos os que tomam esta posição por possuírem boa índole, na verdade, a maioria pretende apenas derrubar seus opositores.
A forte ignorância das massas e a memória fraca dos mais esclarecidos são as maiores aliadas desta corja inescrupulosa. Quando, dias atrás, o caso do mensalão esteve na pauta do STJ, tivemos a impressão de que estavam desenterrando coisas de um passado remoto, no entanto este foi o assunto principal da, ainda recente, eleição para presidência da república, realizada no final do ano passado.
Poucos também se lembram que todas as testemunhas do caso Celso Daniel foram assassinadas, incluindo o médico legista que discordava do laudo oficial. Crimes que comprovam estar nossa vergonhosa política não somente cheia de ladrões, mas também de mafiosos assassinos.
A facção que hoje está no poder, já foi oposição no governo de Fernando Henrique Cardoso. Entre 1996 e 1998 este presidente, praticamente, paralisou todas as decisões importantes, para as quais o país exigia máxima presteza e se focou, quase que exclusivamente, no projeto da sua reeleição. Foi quando estourou o escândalo da compra de votos dentro do congresso. Ficando comprovado que pelo menos cinco parlamentares, receberam R$ 100.000,00, cada um, para votarem no "sim". Contudo, sabe-se que este número de congressistas corruptos era muito maior, só que não havia provas mais contundentes e nem grandes interesses em procurá-las.
Naquele momento, o impeachment de FHC era tudo o que a nação menos queria. O PT aliado a outros partidos de esquerda aguardava qualquer deslize do governo para dominar o poder, acabar com o "plano real" e afundar o país numa crise política sem precedentes. Prosseguindo com a velha estratégia usada por este partido, a do "quanto pior melhor".
Entre punir a safadeza da compra de votos e entrarmos em total desgraça, nós optamos pelo bom senso e fingimos não estarmos vendo nada.
O governista Renan Calheiros pelo menos é coerente, pois nunca se posicionou ao lado da decência. No passado ele fez parte da famosa "tropa de choque" que partiu em defesa de Fernando Collor de Melo e agora também esteve solidário ao bando de corruptos do caso do mensalão e dos correios. Claro que os motivos dessas tomadas de posição sempre foram óbvios, ou seja, ele não trai aos seus semelhantes. Assim como, lhes são semelhantes todos aqueles que o defendem e estão votando a seu favor no senado. Ou seja, pelo menos quarenta e seis senadores podem ser considerados companheiros de safadeza, pilantras ou, como se diz na marginalidade: manos de "sangue bom".
Plinio Chartuni é escritor e pesquisador de sistemas sociais alternativos.
E-mail: plinio@chartuni.com