O Budismo e suas aplicações Terapêuticas
Enviado: 02 Jan 2006, 15:12
O Budismo e suas aplicações terapêuticas.
Por Cristiane Leporace
Eu estava lendo uns artigos que foi me dado pela minha terapeuta sobre atenção plena na respiração, e sobre as aplicações terapêuticas da mesma através da Shamata. E o artigo dizia que na visão budista, todos nós estamos no samsara, todos nós estamos em sofrimento, devido às nossas aflições mentais. Estamos todos doentes, nossas mentes estão contaminadas pelo como é chamado no budismo de Klesas, aflições mentais, tais como apegos, hostilidade, desilusões.
Assim sendo, toda a prática do Darma é desenhada para curar a mente de tendências aflitivas. E isso claramente forma através das Quatro Nobres verdades.
A primeira das Quatro Nobres Verdades é a do sofrimento, que está diretamente ligada a segunda Nobre Verdade que seria a origem do sofrimento, que são as aflições mentais, e todos nós temos estas “aflições”. A terceira Nobre Verdade nos aponta para a possibilidade de uma cura completa e a quarta Nobre Verdade é simplesmente o caminho para alcançar essa cura. De nos curar do comportamento negativo que nos traz sofrimentos e conflitos. E a meditação é um aspecto muito importante neste processo de cura.
Toda a prática do Darma consiste em trazer um equilíbrio à nossa mente, estabilidade, a prática consiste em liberar nossa mente até o ponto de encontramos este equilíbrio.
Acho por enquanto, um exercício difícil de ser aplicado no meu dia a dia, apesar de fazê-lo sempre que me é possível. Nos meus estudos com a Shamaya, aprendi que o mais importante é não cair na armadilha de querer que eu tenha o resultado imediato,e ela deixou muito claro que não era para eu me isolar do mundo, até nisso teria que haver equilíbrio.
Ela mesma diz que a tendência é as pessoas se afastarem do seu ambiente natural, o que é algo contrário à prática do Dharma, e que o certo é se alguém se dedica aos estudos do Darma, é importante interagir e integrar as práticas em minha vida, ao invés de ignorar nossas próprias vivências , que o certo é devo levar as práticas diárias aonde eu estiver, e de estar atenta a não fugir das circunstâncias difíceis, e ter a motivação de por em prática o que venho compreendendo, mesmo indo para um retiro, onde se aprende a aplicar no cotidiano práticas como meditar e ter sensibilidade para perceber nossa agitação interior.
Dentro da meditação temos uma prática muito interessante pela qual venho desenvolvendo um interesse muito grande que é a meditação silenciosa. E onde percebo aonde estão minhas dificuldades e aonde está a saída para elas. Desenvolver o silêncio é uma tarefa difícil, principalmente quando se é agitado por natureza. E procuro integrar a prática mesmo tendo uma vida social ativa.
O artigo também falava sobre que razão e fé e que assim como os cientistas, muitos tibetanos têm fé no caminho budista, nos estudiosos do passado e do presente. E que similarmente, a fé budista é apoiada pela razão e pela fé em que as pessoas se empenharam aos estudos budistas, como também se tornaram iogues, intérpretes, que passaram horas treinando-se na meditação.
E que estas pessoas, mestres, fizeram descobertas que são muito similares às descobertas científicas. Assim, não se trata apenas de fé ou razão, uma vez que a ciência precisa dos dois, da mesma forma que o budismo também precisa dos dois.
Ainda assim , a fé não deve ser cega, ela não deve violar a razão ou a experiência. E este é o tipo que precisamos não só no budismo, mas em todos os aspectos da nossa vida.
Mais uma vez, porém, a fé não pode violar a razão; a fé não pode violar as experiências do Darma. Se imaginarmos um navio composto de três partes: a fé, a razão e a experiência, navegando pelo oceano da sabedoria, a fé seria a parte posterior do barco, seguido pela razão e, depois, pela experiência. Mas os três vêm juntos, e se a fé violar a razão ou a experiência, não será mais fé, mas um dogma, o que de forma alguma é encorajado no budismo.
Eu já acho complicado a questão da fé,e ainda penso que não é preciso ter fé para por em prática o que tenho aprendido no budismo. O que tenho aprendido é que a mente, ou seja nossas atitudes, nossas emoções, pensamentos, desejos claramente influenciam o corpo.
E do mesmo modo que a mente, exerce grande influência sobre o nosso corpo, a prática de meditação influencia a mente, acima de tudo a cultivação da mesma.
A meditação é apenas uma prática de disciplina preparada para ajustar a mente que, quando bem utilizada, traz benefícios reais , que gradualmente, vão dando forma ao equilíbrio e os pensamentos e as emoções aflitivas e estes diminuem.
Pensamentos benéficos e emoções positivas são progressivamente adicionados,e isto exerce uma grande influência sobre o corpo , especialmente quando, à prática de meditação, adicionamos uma boa dieta e bons exercícios físicos que é o que estou fazendo atualmente. Da mesma forma dormir o suficiente, e cultivar a mente de forma benéfica, de modo que venha aliviar as causas do sofrimento e aumentar as causas da felicidade plena e genuína.
Desta forma, os sintomas da aflição são gradativamente reduzidos, porque as circunstâncias do sofrimento são simplesmente sintomas de uma mente que se encontra em estado de desequilíbrio.
A meditação pode ser também vista como medicação, claramente para curar a mente. E consequentemente, também pode contribuir para o bem estar físico. Eu já uso a meditação como complemento das minhas medicações e infelizmente eu não posso ficar sem nenhuma delas.
É bem verdade que o budismo tem sido visto como um meio de terapia, o que na minha opinião ele pode estar sendo associado de uma maneira deturpada. Até entendo que a função do budismo está dentre tantas que tenho aprendido, ajudar a encontrar o equilíbrio entre a mente e o corpo, e não a simples acomodação ao mundo moderno e às aflições mentais.
O budismo é, internamente, muito mais do que uma simples terapia. Da mesma forma que suas práticas têm sido simplificadas. As pessoas estão agindo assim, porque isso torna o budismo muito mais atraente, além de torná-lo menos difícil de ser compreendido.
O caminho do meio deve ser aplicado diariamente e a importância de identificar e preservar a essência do Darma também. Eu sei que existe o budismo japonês, tibetano, tailandês. Escolas tibetana, Theravada , e a cada estudo vou aprendendo mais.
Há muitas formas diferentes de meditação e se praticarmos seriamente, todas elas exigem energia. Sem energia não é possível prática-las. Mesmo com a vida agitada de RP que estou começando a levar de novo, procuro praticar mesmo sem estar num ambiente adequado, através da respiração, e procuro pelo menos duas horas ao dia permanecer em silêncio, para buscar a energia que eu preciso para trabalhar, para desenvolver os projetos, é uma disciplina é bem verdade, mas não substitui as medicações.
Apenas quero deixar claro que ainda que eu use as práticas do budismo diariamente, isso em minha vida eu vejo como um complemento para encontrar o equilíbrio necessário que eu preciso. Tenho visto no budismo fonte de busca para todas as coisas, deixando claro que não tenho no budismo uma fonte de terapia, mas têm sido uma fonte muito rica para o meu crescimento pessoal e espiritual.
Por Cristiane Leporace
Eu estava lendo uns artigos que foi me dado pela minha terapeuta sobre atenção plena na respiração, e sobre as aplicações terapêuticas da mesma através da Shamata. E o artigo dizia que na visão budista, todos nós estamos no samsara, todos nós estamos em sofrimento, devido às nossas aflições mentais. Estamos todos doentes, nossas mentes estão contaminadas pelo como é chamado no budismo de Klesas, aflições mentais, tais como apegos, hostilidade, desilusões.
Assim sendo, toda a prática do Darma é desenhada para curar a mente de tendências aflitivas. E isso claramente forma através das Quatro Nobres verdades.
A primeira das Quatro Nobres Verdades é a do sofrimento, que está diretamente ligada a segunda Nobre Verdade que seria a origem do sofrimento, que são as aflições mentais, e todos nós temos estas “aflições”. A terceira Nobre Verdade nos aponta para a possibilidade de uma cura completa e a quarta Nobre Verdade é simplesmente o caminho para alcançar essa cura. De nos curar do comportamento negativo que nos traz sofrimentos e conflitos. E a meditação é um aspecto muito importante neste processo de cura.
Toda a prática do Darma consiste em trazer um equilíbrio à nossa mente, estabilidade, a prática consiste em liberar nossa mente até o ponto de encontramos este equilíbrio.
Acho por enquanto, um exercício difícil de ser aplicado no meu dia a dia, apesar de fazê-lo sempre que me é possível. Nos meus estudos com a Shamaya, aprendi que o mais importante é não cair na armadilha de querer que eu tenha o resultado imediato,e ela deixou muito claro que não era para eu me isolar do mundo, até nisso teria que haver equilíbrio.
Ela mesma diz que a tendência é as pessoas se afastarem do seu ambiente natural, o que é algo contrário à prática do Dharma, e que o certo é se alguém se dedica aos estudos do Darma, é importante interagir e integrar as práticas em minha vida, ao invés de ignorar nossas próprias vivências , que o certo é devo levar as práticas diárias aonde eu estiver, e de estar atenta a não fugir das circunstâncias difíceis, e ter a motivação de por em prática o que venho compreendendo, mesmo indo para um retiro, onde se aprende a aplicar no cotidiano práticas como meditar e ter sensibilidade para perceber nossa agitação interior.
Dentro da meditação temos uma prática muito interessante pela qual venho desenvolvendo um interesse muito grande que é a meditação silenciosa. E onde percebo aonde estão minhas dificuldades e aonde está a saída para elas. Desenvolver o silêncio é uma tarefa difícil, principalmente quando se é agitado por natureza. E procuro integrar a prática mesmo tendo uma vida social ativa.
O artigo também falava sobre que razão e fé e que assim como os cientistas, muitos tibetanos têm fé no caminho budista, nos estudiosos do passado e do presente. E que similarmente, a fé budista é apoiada pela razão e pela fé em que as pessoas se empenharam aos estudos budistas, como também se tornaram iogues, intérpretes, que passaram horas treinando-se na meditação.
E que estas pessoas, mestres, fizeram descobertas que são muito similares às descobertas científicas. Assim, não se trata apenas de fé ou razão, uma vez que a ciência precisa dos dois, da mesma forma que o budismo também precisa dos dois.
Ainda assim , a fé não deve ser cega, ela não deve violar a razão ou a experiência. E este é o tipo que precisamos não só no budismo, mas em todos os aspectos da nossa vida.
Mais uma vez, porém, a fé não pode violar a razão; a fé não pode violar as experiências do Darma. Se imaginarmos um navio composto de três partes: a fé, a razão e a experiência, navegando pelo oceano da sabedoria, a fé seria a parte posterior do barco, seguido pela razão e, depois, pela experiência. Mas os três vêm juntos, e se a fé violar a razão ou a experiência, não será mais fé, mas um dogma, o que de forma alguma é encorajado no budismo.
Eu já acho complicado a questão da fé,e ainda penso que não é preciso ter fé para por em prática o que tenho aprendido no budismo. O que tenho aprendido é que a mente, ou seja nossas atitudes, nossas emoções, pensamentos, desejos claramente influenciam o corpo.
E do mesmo modo que a mente, exerce grande influência sobre o nosso corpo, a prática de meditação influencia a mente, acima de tudo a cultivação da mesma.
A meditação é apenas uma prática de disciplina preparada para ajustar a mente que, quando bem utilizada, traz benefícios reais , que gradualmente, vão dando forma ao equilíbrio e os pensamentos e as emoções aflitivas e estes diminuem.
Pensamentos benéficos e emoções positivas são progressivamente adicionados,e isto exerce uma grande influência sobre o corpo , especialmente quando, à prática de meditação, adicionamos uma boa dieta e bons exercícios físicos que é o que estou fazendo atualmente. Da mesma forma dormir o suficiente, e cultivar a mente de forma benéfica, de modo que venha aliviar as causas do sofrimento e aumentar as causas da felicidade plena e genuína.
Desta forma, os sintomas da aflição são gradativamente reduzidos, porque as circunstâncias do sofrimento são simplesmente sintomas de uma mente que se encontra em estado de desequilíbrio.
A meditação pode ser também vista como medicação, claramente para curar a mente. E consequentemente, também pode contribuir para o bem estar físico. Eu já uso a meditação como complemento das minhas medicações e infelizmente eu não posso ficar sem nenhuma delas.
É bem verdade que o budismo tem sido visto como um meio de terapia, o que na minha opinião ele pode estar sendo associado de uma maneira deturpada. Até entendo que a função do budismo está dentre tantas que tenho aprendido, ajudar a encontrar o equilíbrio entre a mente e o corpo, e não a simples acomodação ao mundo moderno e às aflições mentais.
O budismo é, internamente, muito mais do que uma simples terapia. Da mesma forma que suas práticas têm sido simplificadas. As pessoas estão agindo assim, porque isso torna o budismo muito mais atraente, além de torná-lo menos difícil de ser compreendido.
O caminho do meio deve ser aplicado diariamente e a importância de identificar e preservar a essência do Darma também. Eu sei que existe o budismo japonês, tibetano, tailandês. Escolas tibetana, Theravada , e a cada estudo vou aprendendo mais.
Há muitas formas diferentes de meditação e se praticarmos seriamente, todas elas exigem energia. Sem energia não é possível prática-las. Mesmo com a vida agitada de RP que estou começando a levar de novo, procuro praticar mesmo sem estar num ambiente adequado, através da respiração, e procuro pelo menos duas horas ao dia permanecer em silêncio, para buscar a energia que eu preciso para trabalhar, para desenvolver os projetos, é uma disciplina é bem verdade, mas não substitui as medicações.
Apenas quero deixar claro que ainda que eu use as práticas do budismo diariamente, isso em minha vida eu vejo como um complemento para encontrar o equilíbrio necessário que eu preciso. Tenho visto no budismo fonte de busca para todas as coisas, deixando claro que não tenho no budismo uma fonte de terapia, mas têm sido uma fonte muito rica para o meu crescimento pessoal e espiritual.