Texto cubanófilo de 1 "professor" de história
Enviado: 26 Set 2007, 20:09
Cuba e a solidariedade socialista
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CUBA E A SOLIDARIEDADE SOCIALISTA
Ruy Guimarães
Professor de História
Diretor da E.E.E.M. Padre Reus
No penúltimo dia dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro assistimos a um verdadeiro festival de mentiras e manipulações da Rede Globo acerca da deserção de dois pugilistas da equipe cubana, manipulados e subornados a peso de dólares e euros por uma máfia européia. Aliás, o caso recente do Corinthians expõe todas as nuances das máfias transnacionais que “investem” no esporte para lavar dinheiro sujo. Como escreveu Frei Beto em recente artigo (“O Globo, a Revolução Cubana e o Pan”), a cobertura do Pan feita pela imprensa brasileira foi “ridícula” particularmente a da “Rede Globo”. “Não era uma cobertura do Pan como espetáculo”, continua Frei Beto. “Era a cobertura das vitórias do Brasil no Pan. Uma competição indisfarçável com os cubanos pelo segundo lugar nas medalhas”.
Beto inicia o referido artigo lembrando que as “organizações Globo comemoram 50 anos de luta sem tréguas contra a Revolução Cubana”, lembrando as manipulações mesmo antes da entrada triunfal dos barbudos em Havana, em 1.º de janeiro de 1959. Durante estes anos todos “secaram” Cuba mais do que os ianques e os exilados de Miami. Basta rememorar a recente torcida descarada pela morte de Fidel e o indisfarçável desconforto e frustração com a recuperação vigorosa do comandante.
Qualquer pessoa com conhecimento mediano de história contemporânea sabe das dificuldades enfrentadas pela Revolução Cubana, na pequena ilha localizada a cem quilômetros de Miami que sofre há quase cinqüenta anos um criminoso embargo econômico por parte do imperialismo norte-americano. É tão doentia a situação que, conforme um texto que circula pela rede mundial de computadores (ver http://info.abril.com.br/ferramentas/), a Dell Computadores exigiu recentemente do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense a assinatura de um termo no qual a instituição se comprometia a não compartilhar hardwares e softwares com “pessoas ligadas a países definidos como ‘hostis aos Estados Unidos’”, nomeadamente “Cuba, Irã, Coréia do Norte, Sudão e/ou Síria” (http://pt.wikipedia.org/wiki/dell).
O que a maioria das pessoas, o senso comum, não percebe e não querem perceber é que apesar de todas as gigantescas dificuldades da Revolução Cubana, o país caribenho tem a educação e a medicina mais desenvolvidas do mundo comparadas às potências imperialistas. Não percebem que Cuba “exporta” médicos aos borbotões para atuarem junto às populações pobres do mundo todo.
A Escola Latino-Americana de Medicina - ELAM, em Cuba, recebe todos os anos centenas de jovens do mundo inteiro. Com ou sem condições de pagar. Na última sexta-feira, 21 de setembro, dezenas de jovens brasileiros embarcaram em São Paulo para uma estada de seis anos e meio na Elam. Dentre esses estavam o Jeferson de Oliveira e a Gisele Antunes Rodrigues. Jeferson foi aluno aqui da nossa escola. Foi diretor de Formação Política do Grêmio Estudantil. Estudava à noite. De dia trabalhava no frigorífico de um grande supermercado de Porto Alegre. Quando recebeu a notícia da bolsa na Elam, trabalhava de cozinheiro numa empresa que terceirizava serviços no Colégio Anchieta, uma grande escola para crianças e jovens bem nascidos. O pai do Jeferson trabalha como vigilante particular de rua. A Gisele, soube pelo jornal da Bandeirantes da noite de ontem, 24 de setembro, uma ex-menina de rua que lutou muito para abandonar as drogas.
Agora me respondam sincera e honestamente: que país capitalista teria a generosidade de oferecer bolsas para cursos de uma das melhores medicinas do mundo para um trabalhador humilde formado em escola pública e para uma excluída social, bem como para dezenas de sem-terra? No Brasil, qual a chance de um desses jovens ingressarem num curso de medicina de uma universidade pública?
Isto é a solidariedade cubana! A solidariedade socialista!
Aqui há que se fortalecer a luta para que o governo brasileiro convalide os diplomas dos médicos formados pela Elam. Há uma forte pressão dos Conselhos Regionais e do Conselho Federal de Medicina no sentido contrário. Por preconceito anticomunista, elitismo e, claro, corporativismo e reserva de mercado. Imaginem como barateariam os serviços médicos com mais profissionais com formação de excelente qualidade e concepção social e humanista e antimercantilista?!
Viva Cuba! Viva o socialismo!
Fico aqui torcendo orgulhoso pelo Jeferson e pela Gisele!
Porto Alegre, 25/09/07
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