da Folha Online

Os funcionários da Caixa Econômica Federal devem manter a greve até a próxima segunda-feira, segundo orientação da Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), após reunião com a diretoria do banco realizada na noite de ontem. Com a falta de acordo, a greve na instituição pode ter um desfecho na Justiça.
Segundo o diretor da Contraf e representante da entidade nas negociações da Caixa, Plínio Pavão, o banco deu por encerrada, ontem, a rodada de negociações e prometeu ajuizar dissídio no TST (Tribunal Superior do Trabalho) na próxima segunda-feira. A Caixa não confirma a medida. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, o banco disse esperar a resolução do impasse ainda neste fim de semana.
"Não aceitamos uma postura dessas, principalmente vinda de um banco público. Essa ameaça é um retrocesso sem precedentes para o processo de negociação e uma postura digna de um regime ditatorial", afirma Pavão. Segundo ele, os funcionários propuseram retomar as negociações na segunda-feira, mas o banco se recusou.
Os funcionários da Caixa reivindicam um novo PCS (Plano de Cargos e Salários) e de uma PLR (Participação nos Lucros e Resultados) maior. Conforme Pavão, os avanços propostos pelo banco foram insuficientes e não atendem à demanda dos trabalhadores.
Segundo ele, a Caixa se dispôs a flexibilizar o pagamento do PLR (Participação nos Lucros e Resultados) --de 50% da primeira parcela do adiantamento do salário (R$ 878), após o fechamento de acordo, ante proposta da Fenaban (Federação dos Bancos) de antecipar 40% agora-- além de uma parcela extra de R$ 600. "Mas o adiantamento será descontado de qualquer forma da segunda parcela, em março", protesta Pavão.
Quanto a outras reivindicações específicas dos funcionários, o banco ofereceu a ampliação do número de bolsas de incentivo à graduação (de 4.000 para 4,1 mil) e o pagamento do auxílio-creche na data do nascimento do filho (hoje é pago a partir do terceiro mês).
Conforme o representante da Contraf, a Caixa não avançou, no entanto, na definição do PCS, embora já tenha manifestado disposição em propor um novo plano. "Em 2003, a Caixa prometeu mexer no plano de cargo e salário e, depois, o governo não autorizou. Não vamos fazer um acordo sem conhecer os detalhes."
Segundo o último balanço da Contraf, feito até às 22h de ontem, a paralisação atingia 75% das agências no país. Segundo a entidade, o número de bancários de braços cruzados subiu de 3,5 mil no primeiro dia para 4,5 mil no segundo dia em São Paulo, Osasco e Região.