http://oglobo.globo.com/economia/miriam/
Os erros de Gore são mínimos; a certeza do IPCC, alta
O Premio Nobel acertou em cheio na escolha deste ano. O grupo dos três mil cientistas - entre eles vários brasileiros - que há anos se debruça sobre os complexos problemas científicos nos quais se desdobra a questão da mudança climática merece todos os aplausos. Eles estão abrindo uma janela ao mundo, abrindo uma chance ao usar todo o seu conhecimento para calcular os riscos que corremos. E assim, quem sabe, evitá-los. O ex-vice-presidente Al Gore tem feito notáveis esforços para popularizar esse conhecimento, traduzir as complexidades científicas para palavras e conceitos que todos os não cientistas podem entender.
Alguns erros pontuais foram apontados por especialistas no documentário de Gore. Isso não compromete em nada o sentido geral do documentário. Um dos erros apontados é dizer que alguns eventos como o furacão Katrina são resultado da mudança climática. Quando se diz que os cientistas não provaram isso é porque para os cientistas é preciso ter um alto grau de certeza antes de se fazer essa afirmação. Mas há uma grande chance sim de ter sido. A seca na Amazonia em 2005 também ninguém pode dizer que foi resultado da mudança climática, mas já há indícios fortes que neste momento estão sendo estudados por cientistas brasileiros.
Cientistas envolvidos profundamente nos estudos do assunto criaram um blog chamado Real Climate em que acompanham cada passo dessa discussão num debate que pode ser acompanhado em alguns pontos por não cientistas. Lá a maioria dos comentários é amplamente favorável ao documentário. Eles também apontam pequenos erros, mas eles mesmo dizem que em nada comprometem o conjunto do trabalho. Veja esse trecho de uma análise: "Como o documentário lidou com a ciência? Admiravelmente, eu penso, ele é extraordinariamente atualizado, faz referência a algumas das pesquisas mais recentes e a discussão das mudanças recentes na Antártica e na Groenlândia é feita com expertise e também faz um bom trabalho na relação entre a temperatura da superfície do mar e a intensidade dos furacões (...). Há alguns erros científicos no filme que são importantes. Em um determinado ponto, Gore afirma que se pode ver mudanças na concentração de aerosóis em amostras de gelo em apenas dois anos, por causa do US Clean Air Act. Não se pode ver poeira em aerosóis em amostras da Antártica a olho nu e eu duvido que definitivamente se possa falar da influência do Clean Air Act", diz o cientista Erik Steig, geoquímico de isotopos da Universidade de Washington em Seattle, especialista na história geológica das placas de gelo e química atmosférica.
A mudança climática é a grande questão da nossa era. Ficar prisioneiro de questiúnculas para dizer que não se tem certeza do fenômeno, dos riscos e das ameaças é uma das mais estúpidas atitudes. O problema é real e ameaça a humanidade. E os cientistas que se debruçaram sobre o problema debaixo do guarda-chuva da ONU e os que trabalham, como Gore, para a popularização do debate estão prestando um serviço à humanidade. Há um grupo de cientistas que tem negado o problema em certas dimensões. Eles são minoritários e estão cada vez mais sozinhos. Principalmente porque há um sem número de evidências de que sim o problema existe e é ameaçador e há um princípio que deve ser seguido em casos assim: o princípio da precaução. Ninguém precisa ter 100% de certeza de que terá um acidente de carro para fazer um seguro, basta uma probabilidade. E o que o IPCC concluiu no último relatório de que há 95% de certeza de que as mudanças detectadas no clima na intensidade da acumulação de dióxido de carbono na atmosfera são resultados da ação humana. Esperar a comprovação absoluta de um evento pode significar perder a change que temos de agir; depois pode ser tarde demais.
No caso do Brasil o que mais nos ameaça e o que mais ameaça o clima do planeta é a destruição da Amazônia. Por isso das notícias que acompanho de longe, nas minhas férias, a que mais me entusiasmou foi o pacto assinado por algumas associações não governamentais, especialistas e até autoridades pelo desmatamento zero da Amazonia. Os maiores perdedores com o desmatamento somos nós os brasileiros, em seguida, o planeta inteiro. O desmatamento não tem levado a mais desenvolvimento como amplamente provado em pesquisas como a feita recentemente pelo Imazon. E o desmatamento representa 75% da nossa contribuição para os gases do efeito estufa. Nossa tarefa mais importante, pelo Brasil, pelo planeta, é lutar contra o desmatamento da Amazônia.
Os erros de Gore são mínimos; a certeza do IPCC, alta
Os erros de Gore são mínimos; a certeza do IPCC, alta
Onde há dúvida,há liberdade!
Reencarnação na Bíblia
Reencarnação na Bíblia