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STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 25 Out 2007, 13:51
por spink
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STALINISMO E NAZISMO

Não se admite, em debate algum, alguém que se denomine “Hitlerista”. Imediatamente, e com acerto, o entusiasta de Adolf Hitler é qualificado como o que de fato é: “nazista”; ou seja, alguém que prega segregação racial e genocídio como meios legítimos para afirmação de uma “sociedade de raça pura”.

Mas e os “stanlinistas”? Embora, na prática, Joseph Stálin tenha perpetrado os mais bárbaros e inaceitáveis crimes, há quem coloque o “stalinismo” como se fosse uma corrente filosófica digna de debate.

Não, não é. Não há como tratar um “stalinista” de forma diversa daquela que dispensamos aos nazistas (e com acerto).

Guardadas proporções racistas - e acrescentadas outras proporções regionalistas e políticas - o stalinismo e o nazismo são farinhas do mesmo saco: o saco do totalitarismo e do genocídio.

Outro dia fui obrigado a ouvir o seguinte: “uma coisa são os atos de Stálin, outra coisa é o ’stalinismo’”. Putamerda! Como assim? Não estamos falando de uma teoria pura e simples, de uma abstração ou coisa do gênero, mas sim dos atos de um ditador sanguinário.

É perfeitamente plausível ser esquerdista e repudiar o stalinismo, ou até mesmo ser socialista e condenar as práticas de Stálin. Mas não se pode admitir um “stalinista” que não concorde com os atos do “patrono” das atrocidades.

Aliás, alguns socialistas costumam usar manobras retóricas evasivas, do tipo “nunca houve o verdadeiro socialismo no mundo” ou “não adianta um único país ser socialista”, entre outras máximas que transformam teoria em crença e texto supostamente acadêmico em pajelança sociológica.

Como é admissível a liberdade de culto, não há nada contra os socialistas “puros”, ou seja, aqueles que acreditam em algum Jardim do Éden, Paraíso, ou Shangri-Lá bolchevique, no qual, basicamente, os humanos deixam de ser humanos para se adequar a um ideário que eles juram ser o melhor para todos.

Religião é religião, não adianta discutir. Cada um com suas crenças, sua fé, seus santos devotos e até mesmo suas práticas místicas.

Mas não podemos admitir que alguém separe “stalinismo” de Joseph Stálin. O truque dos “stalinistas” é usar o nome do ditador não para representar seus atos cruéis, mas sim para idealizar o que ele supostamente faria se fosse um governante minimamente humano.

É risível.

Para se ter uma idéia do que significa se dizer “stalinista”, é preciso ter noção do que o dito cujo aprontou. E não foi pouco. Segundo o escritor russo Vadim Erlikman, o total de mortes vai a 9 milhões, ao qual ainda devemos somar as 4,5 milhões de vítimas do “Holomor”, a fome-genocídio imposta à população ucraniana.

São quase 14 milhões de pessoas dizimadas por um único regime do qual um único homem era o grande ditador! Nenhuma delas morreu por conta de batalhas ou guerras, mas sim por ação governamental deliberada.

Se Hitler tinha campos de concentração (para judeus, ciganos e homossexuais), Stálin também tinha os seus, os Gulags (mas para adversários políticos). Um é pior que o outro? Talvez. Mas ambos são definitivamente inaceitáveis. Não há como discordar disso dentro de uma conversa minimamente civilizada.

Ou Seja…
Não é possível ser “stalinista” sem concordar com os atos de Stálin. Que dêem um novo nome a essa crença, talvez, mas não usem o nome do ditador para pregar algo que ele nunca fez e jamais faria.

E tendo em vista que Stálin e Hitler são dois genocidas, não há diferença prática entre um nazista e um “stalinista”.

Só espero que ninguém se ofenda com essa obviedade. Juro que não é uma constatação imperialista e neoliberal. É o óbvio do óbvio.

Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 25 Out 2007, 14:36
por Adrianoped
Nunca vejo ninguém citar o Stalinismo como ideal, embora seja sempre criticado a esquerda como sendo assim. Isso é culpa do Friedman que não consegue separar o joio do trigo.

"Como o liberalismo social (social-democracia) certamente não pode desejar parar, nem mesmo reduzir a formação de capital - e muito menos, provocar a depreciação do capital -, fatalmente terá de escolher entre capitalismo e socialismo. Tertium non datur (não há terceira opção)". (Ludwig von Mises)*


E Hayek segue a mesma linda com a sua idéia do capitalismo ser uma ordem espontânea e não uma luta política dos liberais clássicos. Assim ele, Mises, Nosick e o Friedman colocam anulam a evolução do estado, como sendo uma ordem espontânea também, por fazer parte da sociedade. Faz uma naturalização do capitalismo e uma artificialidade do estado.

Esse é o senso comum que ficou disseminado pelo neoliberalismo. Os valores de mercado são inquestionáveis por serem bons e o estado é inquestinável por ser mal. Por isso essa religião não aceita discussão e o credo é estado mínimo sempre, não importa o que se diga.

Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 25 Out 2007, 15:00
por spink
é outra verdade que merecia um tópico à parte.

Enviado: 25 Out 2007, 17:12
por Acauan
Não se admite, em debate algum, alguém que se denomine “Hitlerista”. Imediatamente, e com acerto, o entusiasta de Adolf Hitler é qualificado como o que de fato é: “nazista”; ou seja, alguém que prega segregação racial e genocídio como meios legítimos para afirmação de uma “sociedade de raça pura”.
Mas e os “stanlinistas”? Embora, na prática, Joseph Stálin tenha perpetrado os mais bárbaros e inaceitáveis crimes, há quem coloque o “stalinismo” como se fosse uma corrente filosófica digna de debate.


Mais alguém notou uma coisa esquisita no texto de abertura deste tópico?

Por que cargas d'água o autor concorda com a correlação óbvia, direta e imediata entre hitlerismo e nazismo, mas em nenhum momento em seu texto admite que tão óbvia, direta e imediata quanto é a relação entre stalinismo e comunismo?

Este texto é um engodo tão cara-de-pau que pode levar incautos a crer que sua intenção seja criticar o comunismo, quando na verdade se esforça para livrar-lhe a cara, fazendo crer que os crimes de Stalin eram obras de um "stalinismo" individual e isolado, deixando no ar a idéia de que o comunismo nada teve a ver com isto.

Coisa de doido.
Primeiro que os crimes de Stalin não foram obra apenas de um psicopata demoníaco, foram obra de um psicopata demoníaco comunista, sendo que é difícil separar o que mais lhe motivou a matar dezenas de milhões, se a psicopatia demoníaca ou a ideologia comunista revolucionária.
Quem conhece a História do período sabe que antes de Stalin, Lênin já havia lançado as bases da mortífera estrutura de repressão do regime e que após a morte do assassino bigodudo, este foi sucedido no poder por seus auxiliares diretos, os quais se apressaram a repudiá-lo e denunciar seus crimes, mas se esqueceram dos detalhes de que eles próprios haviam assinado sua cota de sentenças de morte e deportações, necessária para ser considerados comunistas o bastante ou stalinistas o suficiente.

Antes que venham com "Acauan isto ou Acauan aquilo", confiram:
Caso fizesse sentido atribuir o genocídio soviético a um stalinismo restrito à pessoa de Stalin e separado da ideologia que o criou, teríamos então que repetir a farsa tantas vezes quantas líderes comunistas fizeram as mesmas malvadezas:

- O genocídio soviético foi obra do stalinismo, não do comunismo;
- O genocídio chinês foi obra do maoísmo, não do comunismo;
- O genocídio cambojano foi obra do polpotismo não do comunismo etc, etc, etc

Mas o que é que havia de comum entre Stalin, Mao, Pol Pot e etc?
Ah é..., eram todos ditadores comunistas...
Claro que isto é apenas uma coincidência.


Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 25 Out 2007, 17:48
por Soviete Supremo
Desculpe-me mais não concordo com sua analogia. Se sua comparação fosse válida, poderíamos associar também todos os direitistas a Hitler.

Re: Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 25 Out 2007, 18:55
por Adrianoped
O erro desses estado não foi o comunismo, isso poderia ocasionar apenas uma falência do estado e não os genocídios. Os genocídios são causados pela forma política que é a ditatorial. Por isso que os atuais movimentos socialista buscam a via democrática e não revolucionária, na base da violência.

Esse é o limite do estado, o das liberdades individuais, dos direitos humanos.

Mas esse discurso de misturar tudo é típico do que postei acima, é jogar tudo no mesmo saco, um espantalho, assim fica mais fácil de bater.

Como se o estado não pudesse ser social e democrático, ao mesmo tempo que permite um livre mercado. Isso só não pode no pensamento dos neoliberais, dos discípulos de Hayek e Mises.

Re: Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 25 Out 2007, 19:09
por Acauan
Adrianoped escreveu:O erro desses estado não foi o comunismo, isso poderia ocasionar apenas uma falência do estado e não os genocídios. Os genocídios são causados pela forma política que é a ditatorial. Por isso que os atuais movimentos socialista buscam a via democrática e não revolucionária, na base da violência.


Ditaduras sempre houve ao longo da História, mas o massacre sistemático de populações inteiras como instrumento de implantação de uma nova ordem civilizacional é exclusivo dos regimes totalitários do século XX.

O que determina o caráter genocida do comunismo e do nazismo é sua essência niilista mística, a firme convicção de que o partido é uma força depuradora, com a missão histórica de destruir uma ordem corrompida e implantar uma nova, destinada a criar uma Idade do Ouro em algum tempo futuro indeterminado, sendo que ao longo do processo construirão não apenas uma nova sociedade, mas também um novo homem.
Como profetas e construtores deste futuro grandioso, os líderes totalitários entendem que o morticínio de milhões é uma questão menor quando comparada com o significado de sua missão redentora.

A busca do poder pela via democrática em nada impede o caráter revolucionário nos partidos em que tal é intrínseco, como prova o exemplo da Alemanha nazista, onde o NSDAP chegou ao poder pelo voto democrático.

Da mesma forma, os sistemas econômicos são um meio e não um fim para o movimento revolucionário totalitarista, que bem pode se servir da economia de mercado ou planejada, conforme a época determine qual opção melhor atende a seus propósitos.

Vide China.

Enviado: 25 Out 2007, 21:53
por Acauan
Usuário deletado escreveu:Acauan, mas e quanto à colonização da América? Não seria mais um exemplo de massacre sistemático de populações inteiras como instrumento de implantação de uma nova ordem civilizacional?


Não.

A colonização das Américas foi mais um episódio histórico de conquista territorial, o que é muito diferente do massacre sistemático totalitário.

A primeira, e mais importante diferença, é que quando a conquista territorial se consolida, os massacres cessam, enquanto que no totalitarismo, comunista ou fascista, a conquista territorial marca apenas o início da matança, que a partir de então nunca cessa, pois sua continuidade é uma necessidade intrínseca ao próprio funcionamento do regime totalitário.

Quando portugueses, espanhóis, ingleses e americanos consolidaram sua conquista dos territórios até então ocupados por povos indígenas, impuseram a eles uma política de dominação, mas não de assassinato em massa.

Quando os alemães consolidaram sua conquista territorial da Polônia, o massacre sistemático de judeus e poloneses apenas se iniciou.
Quando a revolução bolchevique consolidou a conquista territorial da Rússia, começaram também as deportações e execuções em larga escala.
Idem China.

A segunda diferença é que a conquista territorial das Américas tinha caráter militar.
Principalmente nos Estados Unidos, onde o confronto com as populações nativas pode ser dividida, a grosso modo, em três etapas, a guerra contra franceses e os Índios, a conquista do oeste e a guerrilha indígena, principalmente a dos Apaches.

Fora eventos isolados, este conflito era essencialmente contra povos guerreiros e armados.
Após a derrota militar estes povos eram submetidos ou segregados, mas não exterminados.

O massacre sistemático totalitarista se dá contra populações civis, desarmadas e indefesas, sendo que em alguns casos a matança só termina quando aquela população é completamente exterminada.

Uma terceira, e importantíssima diferença, é que enquanto a conquista das Américas foi um confronto entre diferentes povos e nações, o massacre sistemático totalitário, PRINCIPALMENTE O COMUNISTA, é primeiro uma política de morte movida por um Estado contra o seu próprio povo.

Importante lembrar que se a colonização das Américas tivesse sido de fato baseada em massacres sistemáticos de populações inteiras, eu não estaria aqui escrevendo isto, assim como não existiriam como são hoje as nações do México, Colômbia, Bolívia, Paraguai e outras.

Finalmente, na colonização da Américas o objetivo não era instituir uma nova ordem civilizacional, mas levar uma civilização já existente a terras então dominadas por culturas primitivas tribais.
No totalitarismo nazista e comunista, a instituição da nova ordem é um imperativo ideológico, um processo que extirparia os elementos considerados impuros por motivos de raça, classe ou posição política em prol da pureza social necessária à construção do paraíso futuro.

Deu no que deu.


Enviado: 25 Out 2007, 23:05
por Soviete Supremo
Acauan escreveu:no totalitarismo, comunista ou fascista, a conquista territorial marca apenas o início da matança, que a partir de então nunca cessa, pois sua continuidade é uma necessidade intrínseca ao próprio funcionamento do regime totalitário.


Num Regime nazista pode ser até verdade. Mas isto não se aplica ao comunismo. O Stalin e o Mao que eram radicais mesmo.
No governo de Krushev cessaram os massacres. E depois do Mao também não ouvi falar de grandes matanças.

Enviado: 25 Out 2007, 23:10
por Soviete Supremo
Também não consegui entender porque o massacre dos colonizadores seria diferente... Os europeus sempre consideraram os índios inferiores. Que nem os alemães, quando consideravam os judeus um povo degenerado.

Hoje, 500 anos após a descoberta das américas, o preconceito permanece.

Índios dizem que declaração do Papa foi arrogante

Líderes indígenas disseram na segunda-feira ter ficado ofendidos pelas declarações "arrogantes e desrespeitosas" do papa Bento XVI de que a Igreja Católica os havia purificado, e que retomar suas religiões originais seria um retrocesso.

Em discurso para os bispos latino-americanos e do Caribe no encerramento de sua visita ao Brasil, o Pontífice afirmou que a Igreja não havia se imposto aos povos indígenas das Américas. Segundo o Papa, os índios receberam bem os padres europeus, já que "Cristo era o salvador que esperavam silenciosamente".

Acredita-se que milhões de índios tenham morrido no continente americano em consequência da colonização européia, depois da chegada de Cristóvão Colombo, em 1492. "É arrogante e desrespeitoso considerar nossa herança cultural menos importante que a deles", disse Jecinaldo Satere Mawe, coordenador-chefe da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).

Vários grupos indígenas escreveram uma carta para o Papa na semana passada pedindo o apoio dele na defesa de suas terras e de sua cultura. Eles disseram que os índios vêm sofrendo um "processo de genocídio" desde a chegada dos colonizadores europeus.

Os conquistadores contavam com a bênção dos sacerdotes católicos, embora alguns destes depois tenham defendido os índios e muitos hoje estão entre os mais eloquentes aliados dos índios. "O Estado usou a Igreja para fazer o trabalho sujo na colonização dos índios, mas eles já pediram perdão ... quer dizer que o Papa está voltando atrás com a palavra da Igreja?", questionou Dionito José de Souza, líder da tribo Makuxi, de Roraima.

Em 1992, o papa João Paulo II falou dos erros na evangelização dos povos nativos das Américas. As declarações do papa Bento XVI não desagradaram só aos índios, mas também aos padres católicos que os apóiam em sua luta, disse Sandro Tuxa, que comanda o movimento das tribos do Nordeste.

"Repudiamos as declarações do Papa. Dizer que a dizimação cultural de nosso povo representa uma purificação é ofensivo e, francamente, assustador", disse Tuxa. "Acho que (Bento XVI) tem sido mal assessorado", acrescentou.

O próprio grupo católico que defende os índios no Brasil, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), distanciou-se de Bento XVI. "O Papa não entende a realidade dos índios daqui, sua declaração foi equivocada e indefensável", disse o padre Paulo Suess. "Eu também fiquei aborrecido".

Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 25 Out 2007, 23:15
por Adrianoped
O óbvio é que o comunismo sempre foi a aspiração dos trabalhadores ao poder, com o intuito de uma revolução para esse fim. Se Stalin fez diferente e passou para um ditadura isso não se deve as teorias de Marx e nem de outros. Pelo contrário todos criticam a ditadura Stalinista, o qual consideram um capitalismo de estado, pois a mesma subjugação opressora dos capitalistas até então foi feita através do estado, sendo esse que controlou os meios de produção e são uma sociedade voltada para os trabalhadores.

Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 25 Out 2007, 23:53
por Apo
Fui trabalhadora e nunca almejei comunismo algum. O desejo de sair de condições sub-humanas de trabalho não significa necessariamente ser subjugado aos desígnios do Estado e perder as liberdades em nome de algo que não é palpável , apenas um ente que se diz responsável pelo bem estar comum e que na verdade dita as normas de forma que todas a individualidade é ignorada, onde a iniciativa pessoal de crescimento diferenciado( que pode florescer numa sociedade individualista - individualismo não precisa ser igual e egoísmo ) é posta em segundo plano ou até extinta. Não vejo vantagem em sair de um escravagismo e cair em outro.

Como uma sociedade madura e saudável pode ser voltada para os trabalhadores apenas? O que são eles? A famigerada classe operária? E o resto? Perde a liberdade? Precisa-se baixar as condições de vida a um nível mínimo de sobrevivência e direitos de escolha, onde um pão é a cota diária e entra-se numa fila para conseguir esta porção. Mais do que isto é luxo e especulação capitalista.
O que se vê na verdade, é que os "trabalhadores " são levados a pensar e desejar uma saída para sua rotina de trabalho ( que é dura de uma forma ou de outro para todo aquele que realmente trabalha ) e depois de entrar em contato com a realidade das limitações a que precisa se submeter em nome do comunismo, viu que trocou seis por meia dúzia. É uma arapuca, onde apenas o Estado e seus governantes ( que eu prefiro chamar de executores ) saem ganhando ( como nos regimes capitalistas com administrações ineficientes, burocratizadas e corruptas).

Comunismo e democracia são palavras antagônicas.

Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 26 Out 2007, 00:48
por Adrianoped
O comunismo foi uma utopia por ter pretensões revolucionárias de buscar igualdade social. O socialismo é geralmente diferente por buscar através da democracia melhores condições de vida.

A nossa realidade é que o dinheiro que manda. Quem tem mais pode mais. A grande maioria das pessoas pode se esforçar o máximo que puder que não há grandes mudanças significativas. Há as melhorias em relação ao crescimento econômico, mas a desigualdade em nosso país é imensa.

Embora essas questões ninguém discorda, mas as soluções que são divergentes. Cada um acha sua proposta melhor e a do outro utópica.

Enviado: 26 Out 2007, 09:37
por Samael
Acauan escreveu:
Não se admite, em debate algum, alguém que se denomine “Hitlerista”. Imediatamente, e com acerto, o entusiasta de Adolf Hitler é qualificado como o que de fato é: “nazista”; ou seja, alguém que prega segregação racial e genocídio como meios legítimos para afirmação de uma “sociedade de raça pura”.
Mas e os “stanlinistas”? Embora, na prática, Joseph Stálin tenha perpetrado os mais bárbaros e inaceitáveis crimes, há quem coloque o “stalinismo” como se fosse uma corrente filosófica digna de debate.


Mais alguém notou uma coisa esquisita no texto de abertura deste tópico?

Por que cargas d'água o autor concorda com a correlação óbvia, direta e imediata entre hitlerismo e nazismo, mas em nenhum momento em seu texto admite que tão óbvia, direta e imediata quanto é a relação entre stalinismo e comunismo?

Este texto é um engodo tão cara-de-pau que pode levar incautos a crer que sua intenção seja criticar o comunismo, quando na verdade se esforça para livrar-lhe a cara, fazendo crer que os crimes de Stalin eram obras de um "stalinismo" individual e isolado, deixando no ar a idéia de que o comunismo nada teve a ver com isto.

Coisa de doido.
Primeiro que os crimes de Stalin não foram obra apenas de um psicopata demoníaco, foram obra de um psicopata demoníaco comunista, sendo que é difícil separar o que mais lhe motivou a matar dezenas de milhões, se a psicopatia demoníaca ou a ideologia comunista revolucionária.
Quem conhece a História do período sabe que antes de Stalin, Lênin já havia lançado as bases da mortífera estrutura de repressão do regime e que após a morte do assassino bigodudo, este foi sucedido no poder por seus auxiliares diretos, os quais se apressaram a repudiá-lo e denunciar seus crimes, mas se esqueceram dos detalhes de que eles próprios haviam assinado sua cota de sentenças de morte e deportações, necessária para ser considerados comunistas o bastante ou stalinistas o suficiente.

Antes que venham com "Acauan isto ou Acauan aquilo", confiram:
Caso fizesse sentido atribuir o genocídio soviético a um stalinismo restrito à pessoa de Stalin e separado da ideologia que o criou, teríamos então que repetir a farsa tantas vezes quantas líderes comunistas fizeram as mesmas malvadezas:

- O genocídio soviético foi obra do stalinismo, não do comunismo;
- O genocídio chinês foi obra do maoísmo, não do comunismo;
- O genocídio cambojano foi obra do polpotismo não do comunismo etc, etc, etc

Mas o que é que havia de comum entre Stalin, Mao, Pol Pot e etc?
Ah é..., eram todos ditadores comunistas...
Claro que isto é apenas uma coincidência.



Eu acho que isto se deve ao fato de Hitler personificar, nele mesmo, o nazismo, ao passo que Stálin representava apenas mais uma das tendências de Estado totalitário que os comunistas adotaram para fazer valer sua utopia.

A questão é que, em se tratando de comunismo, a coisa se subdivide em trocentas vertentes. Algumas mais cruéis, outras menos, mas todas, à exceção da alemã, que resultou na social democracia posteriormente, transformaram a moral num ente utilitário onde se poderia, "no fim do túnel" ser alcançada a dita igualdade.

Enviado: 26 Out 2007, 12:21
por Acauan
Apo escreveu:Fui trabalhadora e nunca almejei comunismo algum.


Nem você e nem trabalhador algum, Apo.

Ninguém normal acorda de manhã e descobre que é um trabalhador explorado pela burguesia, que sua missão histórica é fazer a revolução e instaurar uma ditadura do proletariado que construirá o socialismo e a futura sociedade comunista onde todos serão livres e iguais.

Isto é, claro, uma maluquice que só entra na cabeça do trabalhador via propaganda, doutrinação e, o que é quase a mesma coisa, mentira, manipulação e enganação, uma vez que gente normal pondera suas ambições contra suas capacidades e disposições e, partir daí, traça seus projetos de vida baseados em trabalho honesto.
Trabalhadores, além de normais, são em sua maioria pessoas conservadoras.

O comunismo marxista é um pensamento completamente estranho à mentalidade operária e nem poderia ser de outra forma, uma vez que, como ideologia complexa, seu domínio é competência exclusiva dos intelectuais que a estudaram e interpretaram.

São estes intelectuais que dominam a ideologia que decidem se tornar os protagonistas da História e conduzir a classe operária para seu glorioso destino, mesmo sem perguntar às pessoas desta classe se é isto que querem, uma vez que eles, como intelectuais, estão convencidos que sabem mais que os operários sobre o que é melhor para eles mesmos.

Feito isto, funda-se o partido revolucionário e inicia-se a subversão do regime político vigente, sempre a partir de elementos engajados ideologicamente, instruídos pelas lideranças intelectuais, que se infiltram nos meios de comunicação, educação, sindicatos e de divulgação artística e cultural.

Uma vez estabelecido o controle ideológico destas instituições, o movimento revolucionário planeja e incita greves e manifestações públicas diversas de oposição ao regime, que em geral não surgem espontaneamente das classes operárias, mas para as quais estes são aliciados via propaganda, lideranças de classe e, se não funcionar, violência intimidadora.

Feito isto, basta inverter toda a ordem seqüencial narrada acima e pregar o mito de que estes movimentos planejados e incitados por uma coordenação revolucionária surgiram das lutas populares, da conscientização da classe operária e outros jargões de propaganda política.

Aqueles líderes intelectuais que desde o início do movimento trataram os operários como marionetes que manipulam de longe, decidindo em reuniões clandestinas o que estes operários deveriam fazer para servir aos seus propósitos, obviamente, quando chegarem ao poder, não verão esta massa de manobra com mais respeito, sendo que quando completam seu projeto de tomada do poder absoluto, se sentem no direito de dispor das vidas e mortes destas pessoas, como antes dispuseram de suas ações e consciências.



Enviado: 26 Out 2007, 12:34
por Fernando Silva
Acauan escreveu:A colonização das Américas foi mais um episódio histórico de conquista territorial, o que é muito diferente do massacre sistemático totalitário.

Exatamente.
Os índios desapareceram por dois motivos principais:
-Doenças trazidas pelos brancos contra as quais não tinham imunidade.
-Miscigenação com negros e brancos, que se iniciou em 1500 quando o primeiro português bateu os olhos na primeira índia. As tribos desaparecidas somos nós, descendentes deles.

O resto foi enfrentamento aqui e ali, e não massacre sistemático.

Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 26 Out 2007, 12:51
por Azathoth
A URSS faliu. O modelo econômico planificado é insustentável a médio-longo prazo, e isso os levou a bancarrota. Mas o fracasso jamais fez loucos virarem sãos, e portanto não devemos esperar que o comunismo russo tenha tombado logo após o muro de Berlin. Ele apenas se adaptou a uma nova situação.

O presidente atual da Rússia é um ex-diretor da KGB, ou seja, um grande criminoso comunista (desculpe-me pelo pleonasmo).

Acreditar nessa farsa do fim da URSS é justamente o que eles querem que os outros façam, para poderem continuar a empilhar milhões de crânios no futuro.

Re: Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 26 Out 2007, 12:54
por Fernando Silva
Azathoth escreveu:A URSS faliu. O modelo econômico planificado é insustentável a médio-longo prazo, e isso os levou a bancarrota.

Até hoje o Brasil ainda é maior que a Rússia, economicamente.

Re: Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 26 Out 2007, 13:07
por Acauan
Azathoth escreveu:A URSS faliu. O modelo econômico planificado é insustentável a médio-longo prazo, e isso os levou a bancarrota.


A economia planejada soviética já era insustentável a curtíssimo prazo. Imediatamente após instalado o comunismo, a economia russa, em crescimento por um longo período anterior à Primeira Guerra, entrou em colapso e caiu na depressão, o que obrigou Lenin a voltar atrás e fazer algumas concessões de caráter capitalista aos produtores rurais.

O que sustentou o regime foi única e exclusivamente o terror, condenando a fome às populações e fuzilando quem ousava protestar.

Por estas e outras que massacres sistemáticos não são um acidente no sistema totlitário, são uma necessidade intrínseca de sobrevivência do modelo.

Após a Segunda Guerra, a União Soviética se sustentou a partir de uma política de exploração de seus satélites, administrando a economia daqueles conforme interesses da sua própria.

Quando estes satélites resolveram sair da órbita da Rússia, a União Soviética virou poeira em apenas dois anos.


Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 26 Out 2007, 13:47
por Adrianoped
As atuais teorias neomarxistas, da qual István Mészaros, um dos seus principais teóricos e que esteve presente no fórum social mundial, tem a teoria do sistema metabólico do capital, no qual dissocia o capitalismo dos capitalistas, através do movimento desordenado do capital, sempre buscando se reproduzir e ignorando as questões sociais. Isso na minha opinião é fácil de se observar no mercado de capitais mundiais. Muito se fala de uma certa regulamentação para evitar as suas ocilações normalmente associadas com "nervosismo".

Outro ponto contundente é a nova teoria dos mecanismos econômicos, que mostras novos caminhos de intervenção, sendo técnicas científicas baseadas em modelos matemáticos. Assim como a teoria da assimetria da informação já tinha demonstrado as externalidades negativas do livre mercado.

Assim o argumento contra o estado, de que seja um ente movido por interesses ideológicos cai por agua a baixo. São as diversas as teorias, além das econômicas, que buscam analisar de maneira matemática as possibilidades de atuação do estado e destas as que são prejudiciais. São teorias baseadas nos princípios da análise econômica do mercado.

Exemplos dessas teorias são a da escolha pública e a análise econômica da democracia. Tem ainda a economia constitucional, que busca de forma comparativa estabelecer princípios que determinam a melhor constituição política de um estado para sua eficiência econômica e social.

Essas discussões sobre Stalinismo e comunismo estão superadas nas teorias de Mészaros, Lucaks, Rosa Luxemburdo e ainda na escola de Frakfurt. Mas ainda é usado como um bom espantalho para se falar da esquerda.

Enviado: 26 Out 2007, 15:08
por Soviete Supremo
Acauan escreveu:Isto é, claro, uma maluquice que só entra na cabeça do trabalhador via propaganda, doutrinação e, o que é quase a mesma coisa, mentira, manipulação e enganação, uma vez que gente normal pondera suas ambições contra suas capacidades e disposições e, partir daí, traça seus projetos de vida baseados em trabalho honesto.
Trabalhadores, além de normais, são em sua maioria pessoas conservadoras.


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Quantos intelectuais reunidos. :emoticon12:

Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 28 Out 2007, 15:26
por Fernando Silva
Soviete Supremo escreveu:Quantos intelectuais reunidos. :emoticon12:

Sabe o que é "massa de manobra" ?

Quando eu estava na universidade, de vez em quando aparecia um grupinho chamado "Convergência Socialista" e avisava que a aula tinha terminado porque todo mundo tinha que participar de uma manifestação não sei aonde.

Parece também a tal votação contra a privatização da Vale: um bando de babacas informa ao povão que a Vale foi roubada e pergunta se eles querem protestar contra o roubo. Que se pode esperar do resultado de uma "votação" tão direcionada: "Isso é muito ruim. Vote aqui para acabar com isso"?

Re: Re.: STALINISMO E NAZISMO

Enviado: 28 Out 2007, 16:11
por André
Fernando Silva escreveu:
Soviete Supremo escreveu:Quantos intelectuais reunidos. :emoticon12:

Sabe o que é "massa de manobra" ?

Quando eu estava na universidade, de vez em quando aparecia um grupinho chamado "Convergência Socialista" e avisava que a aula tinha terminado porque todo mundo tinha que participar de uma manifestação não sei aonde.

Parece também a tal votação contra a privatização da Vale: um bando de babacas informa ao povão que a Vale foi roubada e pergunta se eles querem protestar contra o roubo. Que se pode esperar do resultado de uma "votação" tão direcionada: "Isso é muito ruim. Vote aqui para acabar com isso"?


Sabe o que respeitar a decisão dos indivíduos?

Que existe propaganda, e gente tentando manipular de tudo quanto é lado, é óbvio (Como seu exemplo e conheço tantos). Mas caracterizar todos como "massa de manobra" apenas pq eles estão defendendo algo que vc não concorda é pura e simplesmente estratégia de desmoralização. E rouba os indivíduos de em um sociedade livre decidirem apoiar qualquer movimento. Teria como vc saber que eles não querem? Teria vc direito de determinar por eles quais movimentos podem ou não se filiar? Não.

Esse "argumento" poderia muito bem ser utilizado pelos patrões do inicio do séc. XX no Brasil e das lutas trabalhistas contra semi-escravidão. Jornadas de trabalho de 14 h, pagamento em comida...Ah foi usado esse "argumento". Sempre que trabalhadores se organizam para buscar melhorias, alguém diz, "massa de manobra" de comunistas. Não teriam os trabalhadores direito de se organizar para buscar melhores condições? Não querem uma sociedade livre que permita isso?

Ou qualquer organização de trabalhadores tem que ser fechada? A liberdade de contrato tem que ser absoluta, e direitos trabalhistas é besteira?

Enviado: 28 Out 2007, 20:16
por Soviete Supremo
:emoticon3:

Massa de manobra são aqueles sujeitos que, conscientes da exploração que sofrem, ficam em casa assistindo novela da globo.

Enviado: 28 Out 2007, 20:31
por zencem
Soviete Supremo escreveu::emoticon3:

Massa de manobra são aqueles sujeitos que, conscientes da exploração que sofrem, ficam em casa assistindo novela da globo.


Pois é, Soviete!

Que baita mau gosto dessa gente!

...Tendo a opção de fazer uma caminhada, até ao próximo comitê, para ouvir um pastor comunista.

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