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Discordo totalmente de Nirode Mohanty, que afirma que a culpa pelos problemas de Índia é seu passado colonial (agosto 2007). A Índia se tornou independente em 1947. Acho que 60 anos bastam para o país ter se livrado de seu passado colonial e seguir um caminho independente. Acusar os ingleses pelas dificuldades da Índia é injusto. Os problemas do país se devem a 3 causas: Superpopulação, corrupção disparada, e nepotismo. O mais básico é o fato de que a Índia tem 3 vezes a população dos EUA num território que é um terço do deles.
A verdade é que os ingleses nos deixaram muitos benefícios, ainda que não necessariamente intencionais. A posição indiana de maior democracia do mundo se deve em grande parte à infraestrutura deixada pelos colonizadores. Eles também deixaram uma rede ferroviária cobrindo o país, um sistema de justiça e leis seculares, um sistema de ensino de primeiro mundo, um governo parlamentarista e mais.
Antes do Raj, a Índia era uma federação desunida de reinos perpetuamente em guerra entre si devido a diferenças de religião, língua etc.
Os moguls eram o poder predominante e a Índia provavelmente teria hoje se tornado um país islâmico se os britânicos não tivessem chegado, ainda que à força.
Vittal P. Pyatti
Acauan escreveu: Postado em 02/10/2007
Fale-se o que quiser, e há muito o que se falar, sobre a colonização inglesa da Índia, mas duas das mais eficientes organizações de todos os tempos encontraram seu apogeu naquele lugar e época:
Imperial Civil Service e British Indian Army.
O serviço civil foi o mais notável e bem sucedido modelo de administração pública dos quais já ouvi falar. Seus funcionários tinham a responsabilidade de prover a populações enormes e miseráveis os serviços sob responsabilidade da coroa britânica. Eram escalados para os mais remotos fins de mundo onde recrutavam, selecionavam e treinavam seus auxiliares entre a população local, analisavam necessidades, estabeleciam prioridades, destinavam recursos e com dedicação quase sacerdotal lograram estabelecer a presença da ordem britânica em cada fração do território da índia, coisa que nunca foi conseguido por nenhum império nos milênios de história daquela civilização.
Como exceção a regra geral, foram ao mesmo tempo os mais poderosos e os menos corruptos dos funcionários públicos, homens que diariamente tomavam decisões que influenciavam a vida de milhões de pessoas, comandavam operações milionários e em geral, no fim da carreira, voltavam para a Inglaterra para uma aposentadoria modesta e sem regalias.
Se o Serviço Civil já era surpreendente, o Exército Indiano era quase um milagre.
A simples idéia de formar tropas armadas compostas por nativos hindus, sikhs e muçulmanos parecia uma loucura cujo melhor resultado que se podia esperar era que os oficiais ingleses tivessem a chance de fugir enquanto os soldados das etnias e religiões rivais se matavam uns aos outros.
Houve que aqueles oficiais construíram um dos mais disciplinados e corajosos exércitos já criados, cujo valor só não foi plenamente reconhecido por conta dos preconceitos de raça vigentes entre os colonizadores.
Com todos os males que se pode apontar na colonização britânica na Índia, o fato é que os ingleses fizeram por lá em algumas décadas mais do que os marajás fizeram em séculos e muito melhor do que qualquer Nehru faria, tivesse o tempo que fosse a disposição.