Cogito ergo Sum
Cogito ergo Sum
Descartes, ao pensar sobre o Cogito, o eu, fica convencido que é a coisa mais certa que existe. O Pensamento é algo que brota diretamente desse eu. E conclui que num cenáruio imaginário em que um génio maligno nos quer enganar, o pensamento sobre o eu é menos falível do que qualquer coisa que se baseie nos sentidos do corpo.
Mas, e se não existir nenhum eu de onde brotam pensamentos? E se o génio maligno nos consegue enganar simplesmentefazendo com que prestemos atenção a pensamentos enganadores, como " Penso, logo existo" ?Neste caso podemos mesmo duvidar que haja um eu, mesmo que não possamos dizer que não há algo, porque afinal há um demónio a divertir-se com alguma coisa.
O Filósofo Simon Blackburn, diz que pensar é como trovejar. O trovejar refere-se a quê concretamente? A nada de especifico. Trovejar é simplesmente algo que acontece na atmosfera. É um processo que decorre das propriedades dessa atmosfera. Da mesma forma pensar é algo que acontece no cérebro e não se refere a nada de especifico, a um EU. Pensar é trovejar numa atmosfera composta de neurónios.
No entanto, na segunda pergunta que faço há um problema.. Eu digo que o génio maligno nos engana fazendo com que presyemos atenção a pensamentos enganadores. Mas quem está a prestar atenção? linguagem atraiçoa-nos. Porquê? Porque temos uma poderosa intuição de termos um eu a quem se referem os pensamentos e experiências, e isto reflete-se na nossa linguagem. mesmo se não queiramos.
Será a nossa intuição verdadeira? Haverá mesmo um eu de onde saem pensamentos? Ou será om pensamento somente um processo como o trovejar? E neste caso o eu seria apenas uma ideia parasita que domina o cérebro e puxa todos os outros pensamentos a si?
Há pelo menos um Filósofo que acha que a nossa intuição sobre o eu é demasiado poderosa para ser uma mera ideia parasita que atrai pensamentos que trovejam no cérebro: O Nicholas Humphrey. Mas ele prefere a expressão "Sinto, logo existo". Segundo ele, as nossa sensações, são aquilo que sentimos antes de qualquer ideia ser formulada. A razão porque achamos que o pensamento é primário tem a ver com o fato de o sentir e o pensar sobre o sentir serem quase simultâneos. Mas é lógico que não podem ser... e este fato da psicologia cognitiva é muito esquecido pelos filósofos da mente, segundo ele.
Se "Sinto logo existo, então os pensamentos poderão ser vistos não como algo que brota de um EU central, mas antes como algo que nasce das tempestades do cérebro (o tal processo de que Blackburn fala) mas que é atraído pelo EU que sente. Mas então o que é o EU? Ficamos na mesma. Talvez seja a tal alma imaterial e inefável de Descartes. Ou talvez seja a totalidade do cérebro. O cérebro é o EU e o pensamento brota mesmo do EU, o que invalida muito do que falei antes.
Meu, que confusão... não sirvo para Filósofo...
Mas, e se não existir nenhum eu de onde brotam pensamentos? E se o génio maligno nos consegue enganar simplesmentefazendo com que prestemos atenção a pensamentos enganadores, como " Penso, logo existo" ?Neste caso podemos mesmo duvidar que haja um eu, mesmo que não possamos dizer que não há algo, porque afinal há um demónio a divertir-se com alguma coisa.
O Filósofo Simon Blackburn, diz que pensar é como trovejar. O trovejar refere-se a quê concretamente? A nada de especifico. Trovejar é simplesmente algo que acontece na atmosfera. É um processo que decorre das propriedades dessa atmosfera. Da mesma forma pensar é algo que acontece no cérebro e não se refere a nada de especifico, a um EU. Pensar é trovejar numa atmosfera composta de neurónios.
No entanto, na segunda pergunta que faço há um problema.. Eu digo que o génio maligno nos engana fazendo com que presyemos atenção a pensamentos enganadores. Mas quem está a prestar atenção? linguagem atraiçoa-nos. Porquê? Porque temos uma poderosa intuição de termos um eu a quem se referem os pensamentos e experiências, e isto reflete-se na nossa linguagem. mesmo se não queiramos.
Será a nossa intuição verdadeira? Haverá mesmo um eu de onde saem pensamentos? Ou será om pensamento somente um processo como o trovejar? E neste caso o eu seria apenas uma ideia parasita que domina o cérebro e puxa todos os outros pensamentos a si?
Há pelo menos um Filósofo que acha que a nossa intuição sobre o eu é demasiado poderosa para ser uma mera ideia parasita que atrai pensamentos que trovejam no cérebro: O Nicholas Humphrey. Mas ele prefere a expressão "Sinto, logo existo". Segundo ele, as nossa sensações, são aquilo que sentimos antes de qualquer ideia ser formulada. A razão porque achamos que o pensamento é primário tem a ver com o fato de o sentir e o pensar sobre o sentir serem quase simultâneos. Mas é lógico que não podem ser... e este fato da psicologia cognitiva é muito esquecido pelos filósofos da mente, segundo ele.
Se "Sinto logo existo, então os pensamentos poderão ser vistos não como algo que brota de um EU central, mas antes como algo que nasce das tempestades do cérebro (o tal processo de que Blackburn fala) mas que é atraído pelo EU que sente. Mas então o que é o EU? Ficamos na mesma. Talvez seja a tal alma imaterial e inefável de Descartes. Ou talvez seja a totalidade do cérebro. O cérebro é o EU e o pensamento brota mesmo do EU, o que invalida muito do que falei antes.
Meu, que confusão... não sirvo para Filósofo...
- Flavio Costa
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Re: Cogito ergo Sum
K U R T escreveu:O Filósofo Simon Blackburn, diz que pensar é como trovejar. O trovejar refere-se a quê concretamente? A nada de especifico. Trovejar é simplesmente algo que acontece na atmosfera. É um processo que decorre das propriedades dessa atmosfera. Da mesma forma pensar é algo que acontece no cérebro e não se refere a nada de especifico, a um EU. Pensar é trovejar numa atmosfera composta de neurónios.
Eu já discuti isso com o Fernando, que é fã de Decartes.
Eu entendi a colocação dele e ele ainda chamou o "eu" de "alma". Mas aí eu lhe perguntei se essa "alma" à qual ele está se referindo poderia ser, até mesmo, uma mera configuração de elétrons nos neurônios e ele disse que sim. Eu então, satisfeito com tanta flexibilidade na definição de alma, concordei e acabou o assunto.

Naturalmente, eu não concebo nenhum eu que pensa, que esteja por detrás da conturbada ação de simplesmente pensar. O eu é apenas o pensar, independentemente dos suportes materiais ou psicológicos que permitam que isso aconteça, e assim como o pensamento, o eu é impreciso e indefinível.
The world's mine oyster, which I with sword will open.
- William Shakespeare
Grande parte das pessoas pensam que elas estão pensando quando estão meramente reorganizando seus preconceitos.
- William James
Agora já aprendemos, estamos mais calejados...
os companheiros petistas certamente não vão fazer as burrices que fizeram neste primeiro mandato.
- Luis Inácio, 20/10/2006
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Flávio,
Mas aí eu lhe perguntei se essa "alma" à qual ele está se referindo poderia ser, até mesmo, uma mera configuração de elétrons nos neurônios e ele disse que sim. Eu então, satisfeito com tanta flexibilidade na definição de alma, concordei e acabou o assunto.
Nesse caso vcs concordaram com o Dualismo de propriedades. A mente é diferente do cérebro mas têm a mesma substância. A massa de um corpo também é diferente da velocidade desse corpo. Mas a substância das duas coisas é a mesma.
Mas aí eu lhe perguntei se essa "alma" à qual ele está se referindo poderia ser, até mesmo, uma mera configuração de elétrons nos neurônios e ele disse que sim. Eu então, satisfeito com tanta flexibilidade na definição de alma, concordei e acabou o assunto.
Nesse caso vcs concordaram com o Dualismo de propriedades. A mente é diferente do cérebro mas têm a mesma substância. A massa de um corpo também é diferente da velocidade desse corpo. Mas a substância das duas coisas é a mesma.
Re.: Cogito ergo Sum
Problema do dualismo de Propriedades:
Da mesma forma que não se pode comparar a massa de um corpo á sua velocidade, porque se tratam de grandezas com unidades difrentes, também não se pode comparar, ou reduzir a mente ao cérebro. E assim, parece que são duas coisas distintas que podem viver uma sem a outra. A velocidade de um corpo, por exemplo, pode "viver" noutro corpo, porque a velocidade pode ser igual em corpos diferentes. Poderá a "mente" viver noutro corpo? O Dualismo de propriedades não consegue responder a isto.
Da mesma forma que não se pode comparar a massa de um corpo á sua velocidade, porque se tratam de grandezas com unidades difrentes, também não se pode comparar, ou reduzir a mente ao cérebro. E assim, parece que são duas coisas distintas que podem viver uma sem a outra. A velocidade de um corpo, por exemplo, pode "viver" noutro corpo, porque a velocidade pode ser igual em corpos diferentes. Poderá a "mente" viver noutro corpo? O Dualismo de propriedades não consegue responder a isto.
- Flavio Costa
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Re.: Cogito ergo Sum
Que bom que depois você mandou outra mensagem comentando melhor a que você se referia no dualismo de propriedades.
Não sei se o Fernando pensa da mesma maneira que eu, o que eu concordei é que podemos sim aceitar a existência de uma alma, se a definição de alma for tão abrangente e não específica como o Fernando tinha aceitado.
Para mim a "mente" não pode viver em outro corpo, pois ela é determinada inclusive por funções fisiológicas do cérebro e pela percebção de identidade corporal. Mudando-se o corpo, tanto no aspecto externo quanto na estrutura cerebral, a mente muda e já não se pode mais dizer que é a mesma.
Não sei se o Fernando pensa da mesma maneira que eu, o que eu concordei é que podemos sim aceitar a existência de uma alma, se a definição de alma for tão abrangente e não específica como o Fernando tinha aceitado.
Para mim a "mente" não pode viver em outro corpo, pois ela é determinada inclusive por funções fisiológicas do cérebro e pela percebção de identidade corporal. Mudando-se o corpo, tanto no aspecto externo quanto na estrutura cerebral, a mente muda e já não se pode mais dizer que é a mesma.
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- Flavio Costa
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Re.: Cogito ergo Sum
Ou seja, a mente não é igual ao cérebro, mas depende inclusive (mas não exclusivamente) deste.
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Re: Re.: Cogito ergo Sum
Flavio Costa escreveu:Que bom que depois você mandou outra mensagem comentando melhor a que você se referia no dualismo de propriedades.
Não sei se o Fernando pensa da mesma maneira que eu, o que eu concordei é que podemos sim aceitar a existência de uma alma, se a definição de alma for tão abrangente e não específica como o Fernando tinha aceitado.
Para mim a "mente" não pode viver em outro corpo, pois ela é determinada inclusive por funções fisiológicas do cérebro e pela percebção de identidade corporal. Mudando-se o corpo, tanto no aspecto externo quanto na estrutura cerebral, a mente muda e já não se pode mais dizer que é a mesma.
Bem, existe um avanço em relação ao dualismo de propriedades chamado funcionalismo. O Funcionalismo diz que a mente é um algoritmo é como tal não depende de nenhum substrato. Por exemplo, vc pode fazer 2+2 em papel e pode fazer num computador usando electrões como substrato. Mas o resultado final será o mesmo. 4. Nesta perpectiva a mente poderia manter a identidade se mudasse de corpo. Mas seria afetada por outras experiências daí para a frente. Mas isso acontece sempre mesmo que a mente fique no mesmo corpo. daqui a 7 anos, todos os átomos do meu corpo serão dierentes. A minha mente terá acumulado experiências que a mudam. Mas continua a ser a mesma mente... Eu não vou perder a identidade daqui a 7 anos ou amanhâ..´.
- Flavio Costa
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Re: Re.: Cogito ergo Sum
Darkangel escreveu:Bem, existe um avanço em relação ao dualismo de propriedades chamado funcionalismo. O Funcionalismo diz que a mente é um algoritmo é como tal não depende de nenhum substrato. Por exemplo, vc pode fazer 2+2 em papel e pode fazer num computador usando electrões como substrato. Mas o resultado final será o mesmo. 4.
Apenas especulações, não há como testar essa idéia para saber se é real ou não.
Darkangel escreveu:Mas isso acontece sempre mesmo que a mente fique no mesmo corpo. daqui a 7 anos, todos os átomos do meu corpo serão dierentes. A minha mente terá acumulado experiências que a mudam. Mas continua a ser a mesma mente... Eu não vou perder a identidade daqui a 7 anos ou amanhâ..´.
E quando a pessoa tem, por exemplo, mal de Alzheimer e começa a ter dificuldade em identificar fatos e pessoas, inclusive a si próprio? Nessa situação, outra pessoa pode saber mais sobre o paciente que ele próprio e terá uma noção de sua individualidade muito mais clara do que a própria pessoa.
Mudanças pequenas causam maior perda da individualidade, mudanças maiores causam perda maior. Cada um se identifica e reconhece uma série de atributos como sendo próprios seus, mas não há um atributo único e específico a partir do qual a individualidade é definida. Isso quer dizer que a individualidade é uma percepção difusa, apesar que se observarmos apenas superficialmente temos a impressão que a individualidade é algo bem definido.
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Re.: Cogito ergo Sum
No caso do Alzheimer podemos nos socorrer de Nicholas Humphrey. A identidade não está nos pensamentos sobre mim, mas no sentir-me a mim. Há teorias que dão para escapar a tudo... 

- Flavio Costa
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Re: Re.: Cogito ergo Sum
Darkangel escreveu:No caso do Alzheimer podemos nos socorrer de Nicholas Humphrey. A identidade não está nos pensamentos sobre mim, mas no sentir-me a mim. Há teorias que dão para escapar a tudo...
Infelizmente, sentimentos e sensações são algo tão subjetivo que não dá para para se determinar muita coisa a respeito delas. E será que uma pessoa inconsciente tem individualidade?
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