Guardando o quê?
Sua SegurançaO secretário da Segurança Pública, José Francisco Mallmann, o comandante da Brigada Militar, Nilson Bueno, e o subcomandante, Paulo Roberto Mendes, passaram a manhã de ontem respondendo e-mails e telefonemas. Eram porto-alegrenses desejosos de retransmitir seu alívio com a repressão aos flanelinhas, desencadeada nos últimos dias.
Há tempos uma operação da BM não gerava unanimidade. Quando os PMs desferem cacetadas nos camelôs ilegais do Centro, muita gente lembra, com razão, que aquelas pessoas estão trabalhando - podem até estar vendendo produtos ilegais, mas é um tipo de trabalho.
Quando PMs reprimem manifestações de sem-terra, mesmo quando os militantes bloqueiam uma estrada, sempre surge alguém dizendo que se trata de criminalização de um movimento social legítimo. Já no caso dos flanelinhas, as vozes contrárias se calaram.
Não é difícil perceber o porquê. Quando uma criança descalça e vestindo farrapos pede dinheiro, séculos de misericórdia cultivada por nossos antepassados cristãos desabam sobre nossa consciência. Acabamos atendendo ao pedido. O mesmo quando um idoso ou inválido se aproxima, pires na mão.
Muito diferente é a reação popular ante a visão de flanelinhas fortes, adultos e em plena forma para o trabalho, extorquindo motoristas e exibindo cara feia quando recebem moedas para o pagamento de serviço algum. Sim, porque a vaga que ele diz guardar é propriedade pública, e o auxílio prestado, inexistente.
Para reforçar a má impressão do desserviço prestado pela maioria dos flanelas, surge agora a informação de que 23 dos 25 detidos junto ao Estádio Olímpico têm antecedentes criminais. É por essas e outras que alguns PMs foram aplaudidos por motoristas ao retirar os guardadores do Centro, no fim de semana.
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