Emmanuel realmente existiu?

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Alexandre
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Emmanuel realmente existiu?

Mensagem por Alexandre »

Emmanuel, o guia de Chico Xavier

Este artigo busca fornecer fortes evidências de que Emmanuel, principal controle ou guia do alegado médium Chico Xavier, na verdade nunca existiu.

Emmanuel, o mais constante guia ou controle do médium Chico Xavier, responsável pela confecção de dezenas de livros, afirma em sua obra “Há Dois Mil Anos” ter sido em uma vida passada o senador Públio Lentulus Cornelius, que conviveu com Jesus Cristo.

Houve de fato alguns “Públios Lentulus” na história de Roma, mas nenhum deles se encaixa na personagem referida no romance “Há Dois Mil Anos”. De fato, o único indício de sua existência seria uma famosa carta que descreve Jesus. Segundo o site espírita http://www.guia.heu.nom.br/retrato_de_jesus.htm há ao menos quatro versões da carta. Não vou reproduzir aqui todas as diferentes versões da carta, apenas a mais abrangente delas e outra. Os interessados podem ir ao site indicado para ver as demais. Eis a primeira delas:

“SABENDO que desejas conhecer quanto vou narrar, existindo nos nossos tempos um homem, que vive atualmente, de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade; e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas coisas que nela se acham ou, que nela tenham estado; em verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas deste Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, numa palavra, - é um homem de justa estatura e muito belo no aspecto e, há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a temê-lo ou amá-lo. Tem os olhos da cor da amêndoa bem madura, são distendidos até a orelha e, da orelha até os ombros, são da cor da terra, porém, mais reluzentes. Tem no meio da sua fronte uma linha separando o cabelo, na forma de uso entre os Nazarenos. O seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, […] [muito parecido com sua mãe, que é de peregrina beleza, uma das belas mulheres da Palestina]

“A BARBA é espessa, semelhante ao cabelo, não muito longa, mas, separada pelo meio; seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, [o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol …] [porém ninguém pode olhar fixamente o seu semblante porque, quando resplende, apavora, quando ameniza, chora; faz-se amar e é alegre com gravidade].

“DIZEM que nunca ninguém o viu rir [em público], mas, antes, chorar. […] Na palestra, contenta muito, mas, o faz raramente e, quando dele nos aproximamos, verificamos que é muito modesto na presença e na pessoa. Se a majestade tua, ó César, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível. [… ] [tenho sido grandemente molestado por estes judeus] Caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, mas, em sua presença, falando com ele, tremem e admiram. Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas regiões. Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram jamais tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus; muitos judeus o têm como divino, mas, outros me querelam, afirmando que é contra a lei da tua majestade […] Dizem que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário: aqueles que o conhecem e que com ele têm praticado afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém, à tua obediência estou prontíssimo, aquilo que tua majestade ordenar será cumprido. Salve. Da tua majestade, fidelíssimo e obrigadíssimo. Publius Lentulus, presidente da Judeia. Indicção sétima, lua segunda.”

A Catholic Encyclopedia, iniciada em janeiro de 1905 e terminada em abril de 1914, fornece os seguintes motivos para a carta ser fraudulenta:

“Nunca houve um Governador de Jerusalém; não se sabe de nenhum Procurador da Judéia que tenha se chamado Lentulus e um governador romano não teria se dirigido ao Senado no modo representado. Por último um escritor romano não teria empregado as expressões, “profeta da verdade”, “filhos de homens” ou “Jesus Cristo”. Os dois primeiros são idiomas hebreus, o terceiro é tomado do Novo Testamento. A carta, portanto, dá uma descrição de Jesus tal como a religiosidade cristã concebeu-o.”

Lembro que a própria Igreja Católica teria todo o interesse em aceitar tal carta como autêntica, já que forneceria uma prova material da existência de Jesus. O fato da própria Igreja considerar a carta fraudulenta em que pese interesses contrários mostra grande honestidade de pesquisa neste caso. O livro “Há Dois Mil Anos” não reproduz o conteúdo da carta, mas diz na página 96:

“Naquele dia, Públio Lentulus ocupou-se tão somente de encher numerosos rolos de pergaminho, para mandar ao companheiro de luta notícias minuciosas de todas as ocorrências. Entre elas estava a boa-nova do restabelecimento da filhinha, atribuído ao clima adorável da Galileia. Mas, como possuía naquele valoroso descendente dos Severus uma alma de irmão dedicado e fiel, a cujo coração jamais deixara de confiar as mais recônditas emoções do seu espírito, escreveu-lhe longa carta, em suplemento. com vistas ao Senado Romano, sobre a personalidade de Jesus-Cristo, encarando-a serenamente, sob o estrito ponto de vista humano sem nenhum arrebatamento sentimental.”

Das quatro versões, penso que a que possui menos arrebatamento sentimental é esta (outras pessoas podem discordar, mas isso não será problema, já que todas as versões possuem praticamente os mesmos problemas):

“[…] ULTIMAMENTE, apareceu na Judeia um homem de estranho poder, cujo verdadeiro nome é Jesus [Cristo], mas, a quem o povo chama ”O Grande Profeta” e seus discípulos, ”O Filho de Deus”. Diariamente contam-se dele grandes prodígios: ressuscita os mortos, cura todas as enfermidades e traz assombrada toda Jerusalém com sua extraordinária doutrina. É um homem alto e de majestosa aparência […]; cabelo da cor do vinho, desce ondulado sobre os ombros; dividido ao meio, ao estilo nazareno. […] Barba abundante, da mesma cor do cabelo; […] as mãos, finas e compridas; olhos claros, [plácidos e brilhantes]. É grave, comedido e sóbrio em seus discursos. Repreendendo e condenando, é terrível; instruindo e exortando, sua palavra é doce a acariciadora. Ninguém o viu rir, mas, muitos o viram chorar. Caminha com os pés descalços e a cabeça descoberta. Vendo-o à distância, há quem o despreze, porém, em sua presença não há quem não estremeça com profundo respeito. Quantos se acerquem dele, afirmam haver recebido enormes benefícios, mas há quem o acuse de ser um perigo para a tua majestade, porque afirma publicamente que os reis e escravos são iguais perante Deus”’ (do ciclo de Pilatos, achado em Aquileia em 1580).

Evidentemente, como a carta não está reproduzida no livro, não é possível afirmar com base na carta que o livro em si seja uma fraude histórica, mas continuamos com o problema da falta de evidência de tal personagem. O que poderia ajudar-nos a resolver de vez a questão?

O nome das personagens. Um senador romano jamais erraria a construção romana dos nomes. O nome da filha de Lentulus, Flávia Lentúlia, é uma verdadeira aberração nesse sentido, segundo o pesquisador José Carlos Ferreira Fernandes. Eis o que foi-me informado a respeito disso:

“A menina era filha de um Cornélio Lêntulo e de uma Lívia; se o pai seguisse o uso patrício tradicional, ela chamar-se-ia Cornélia, e nada mais. Admitindo-se, contudo, que os pais fossem menos “tradicionalistas”, e mais abertos a algumas novidades já presentes na onomástica romana na primeira época imperial, algumas possibilidades poderiam ser consideradas para a denominação dessa menina; em ordem decrescente de probabilidade, seriam elas:

a) Cornélia, a denominação mais provável, utilizando apenas o gentílico paterno, ainda atestada entre os Cornélios da época imperial, inclusive entre os próprios Cornélios Lêntulos;

b) Cornélia Livila, na qual ao gentílico paterno acrescentar-se-ia uma forma diminutiva “cognominizada” do gentílico materno, indicando que a moça em questão era filha de um Cornélio e de uma Lívia;

c) Cornélia Lívia, uma polinomia, na qual, ao gentílico paterno acrescentar-se-ia o gentílico materno, também para se indicar que a moça em questão era filha de um Cornélio e de uma Lívia;

d) Lívia Lentulina (ou Lentulila), na qual, ao gentílico materno, acrescentar-se-ia uma forma feminina conveniente (no diminutivo afetuoso) do cognome “Lêntulo”; dar-se-ia ênfase ao fato de a menina ter em suas veias sangue dos Lívios, sem desdenhar o fato de que também tinha sangue dos Cornélios Lêntulos;

e) Cornélia Lentulina (ou Lentulila), na qual, ao gentílico paterno, acrescentar-se-ia uma forma feminina conveniente (no diminutivo afetuoso) do cognome “Lêntulo”;

f) Cornélia Lívia Lentulina (ou Lentulila), mesmo caso anterior, mas com o uso de dois gentílicos, o paterno e o materno (polinomia); enfim,

g) Cornélia Livila Lentulina (ou Lentulila), na qual, ao gentílico paterno, acrescentar-se-iam como cognomes uma forma “cognominizada” do gentílico materno e uma forma conveniente (no diminutivo afetuoso) do cognome paterno.

Todas essas opções são, ao menos, plausíveis (sendo que a mais provável é a tradicional “Cornélia”, sem mais nada); no entanto, o nome escolhido foi a aberração “Flávia Lentúlia”, em termos onomásticos romanos uma autêntica monstruosidade: por que utilizar como nome gentílico da criança a forma gentílica feminina “Flávia”, se ela era uma Cornélia, e não uma Flávia, e se, além do mais, sua mãe era uma Lívia, e não uma Flávia? E (horror dos horrores!), por que acrescentar a esse gentílico extemporâneo uma forma adjetivada do cognome paterno (“Lentúlia”), de forma a torná-lo como que um gentílico, algo jamais atestado no meio e na época? Mas essa monstruosidade tem a sua razão de ser se se considera como raciocinaria alguém que tentasse adaptar elementos “romanos” à estrutura onomástica moderna, para fins de criar um nome feminino. Pois, sendo filha de “Públio Lentulus”, a menina “tinha que ter” uma forma feminina de seu “nome de família” – daí a criação “Lentúlia”; a essa forma feminina do “nome de família” deveria anteceder o seu “primeiro nome”; e, do repertório de “elementos romanos”, escolheu-se o nome “Flávia” (considerado como um “primeiro nome”, e não como aquilo que era, a forma feminina do nome gentílico “Flávio”). “Flávia Lentúlia” é um dos melhores exemplos, se não o melhor, em todo o livro, da ignorância do autor acerca das mais elementares regras onomásticas vigentes na sociedade romana que diz retratar.”

Discussão

Dado que o livro é uma fraude histórica e que Públio Lentulus não existiu, quem ou o quê se manifestou em Chico por décadas escrevendo dezenas de livros?

Há várias opções:

a) Um espírito mistificador.

b) Uma criação inconsciente do médium.

c) Uma personalidade secundária do médium.

Gauld informa em seu livro “Mediunidade e Sobrevivência” vários casos de controles ou guias considerados fictícios, com estudos apontando serem aspectos da personalidade do médium. Em um dos exemplos, diz:

Um desses médiuns foi “Hélène Smith”, de Genebra (Catherine Elise Muller), sobre quem o psicólogo suíço Theodore Flournoy escreveu um notável estudo From India to Planet Mars [Da Índia ao Planeta Marte]. A conclusão de Flournoy é que os controles de Hèléne são construções de uma camada onírica um tanto infantil de sua personalidade, e, de fato, não estão separados de sua consciência “por uma barreira impenetrável, mas ocorrem trocas osmóticas de uma para outra”.

Penso que a opção mais parcimoniosa sobre Emmanuel/Públio Lentulus é de que ele não passa de uma personalidade secundária do médium, já que há muitos estudos dando base a tal idéia. Não vejo por que Chico seria uma exceção à regra. O fato é que controles fictícios não são desconhecidos da literatura psíquica.

Conclusão

Há evidência razoável de que Emmanuel não passa de um aspecto da personalidade do próprio médium, e há evidências extremamente fortes de que sua alegada encarnação passada nunca existiu, ao menos como descrita no livro “Há Dois Mil Anos”, que fica sendo, portanto, uma fraude histórica, feita talvez de forma inconsciente, isentando assim o médium de qualquer culpa.



A Suposta Materialização de Emmanuel

Este artigo fornece a evidência de fraude mais forte contra Chico Xavier e outros integrantes do Movimento Espírita Brasileiro.



Introdução

No artigo “Emmanuel, o guia de Chico Xavier”, tratei de demonstrar a inexistência de Públio Lentulus, e consequentemente, de Emmanuel. Poderia ter acrescentado muitas outras provas, mas as expostas no artigo anterior considerei suficientes para o propósito. Baseado nisto, surgem questões muitíssimo complicadas sobre certos episódios da vida de Chico Xavier. Há um relato em “Chico Xavier - o santo dos nossos dias”, livro de R.A. Ranieri editado pela Ed. Eco, às págs. 158-60, de uma materialização do senador Públio Lentulus.

Certa ocasião, não sabemos explicar como, resolveu o Chico, talvez influenciado por companheiros de trabalho espiritual, servir como médium de efeitos físicos.

Para isso, foram organizadas algumas reuniões especiais.

Elementos selecionados compuseram o grupo.

(…)

Luzes e vozes, através de sua prodigiosas mediunidade, encheram o ambiente.

Um silêncio sagrado percorreu os expectadores. Ali estava o Chico, na sua simplicidade e no seu carinho, entregue às vibrações poderosas de entidades que penetravam o recinto.

Maravilhosa espanhola, exibindo o véu diáfano que lhe compunha a mantilha, estalando imprevistas castanholas, deliciou os ouvintes com sua presença inconfundível. Outros espíritos vieram, um após outro, ao recinto, relembrando alguns as reencarnações que o Chico e outras pessoas, que ali estavam, viveram na Espanha de Fernando e Isabel.

(…)

Eis, porém, sem que se esperasse, em plena sala, se destaca a figura serena, mas enérgica, do espírito de um senador. Alto, majestoso, túnica imponente, ligeiramente atirada sobre os ombros. Faixa característica em forma de cinturão cingindo-lhe a cintura. Cabeça olímpica, olhar vivo. Uma onda de respeito e de temor percorreu os corações (…)

Ali, diante deles, esta Emmanuel, o campeão do Evangelho em terras da América e do Brasil, o senador redivivo no “Há dois mil anos…”

Era qualquer coisa de sério e de importante. Do fundo dos séculos retornava ele para falar da vida eterna e da glória espiritual.

Foi um momento de grande impressão.

Porém, ocorreu o imprevisto.

Emmanuel dirigiu-se solenemente à feliz assembléia e declarou:

– Eu não quero! Eu não quero que o Chico sirva de médium de materialização. A sua missão é a missão do Livro! Não é médium com tarefas de efeitos físicos…

Aquelas palavras caíram sobre os assistentes como verdadeira bomba.

Cada um sentiu dentro da alma a responsabilidade de ter arrastado para aqueles trabalhos o médium de Pedro Leopoldo.

(Págs. 158-60 de “Chico Xavier - o santo dos nossos dias”, 4a. ed., s.d., R.A. Ranieri)(O relato acima foi fornecido ao autor por dona Esmeralda Bittencourt, cf. p. 162 do livro mencionado)

O livro “Mandato de Amor”, da União Espírita Mineira, conta de forma um tanto diferente a materialização de Emmanuel, segundo o link http://www.saindodamatrix.com.br/archiv ... zacao.html

“Já era bem tarde, Chico ainda estava na cabine, quando se materializou uma entidade, cujo porte e luminosidade demonstraram-nos grande superioridade. A porta por onde adentrou o recinto evidenciou-lhe a estatura elevada. Profundo silêncio se fez, embora sussurros se fizessem ouvir:

— Emmanuel?!?

Ali estava o abnegado servidor de Cristo, o ex-senador romano!

Arnaldo Rocha assim descreve a profunda emoção causada pela materialização daquela singular e inesquecível presença:

“A materialização de Emmanuel foi magnífica! Emmanuel é um belíssimo tipo de homem. Atlético, alto, provavelmente 1 metro e 90 centímetros de altura. Sua voz clara, forte, baritonada, suave mas enérgica, impressionou-nos muito. O andar e os gestos elegantes, simples, porém aristocráticos. No grande e largo tórax um luzeiro multicolorido. Na mão direita, erguida, trazia uma tocha luminescente e sua presença sempre irradiava paz, harmonia, beleza e felicidade.”

E ele falou a todos:

- Amigos, a materialização é fenômeno que pode deslumbrar alguns companheiros e até beneficiá-los com a cura física. Mas o livro é chuva que fertiliza lavouras imensas, alcançando milhões de almas. Rogo aos amigos a suspensão destas reuniões a partir desse momento .”

Este relato também aparece em “As Vidas de Chico Xavier”, livro de Marcel Souto Maior. No livro “Chico Xavier - o santo de nossos dias”, conta-se que as palavras de Emmanuel foram:

- Eu não quero! Eu não quero que o Chico sirva de médium de materialização. A sua missão é a missão do Livro! Não é médium com tarefas de efeitos físicos…

Em um livro temos um Emmanuel mais calmo, evangélico, no outro, mais enérgico, mais “mandão”. Ou alguém está mentindo ou está com sérios problemas de memória. Essas discordâncias nas palavras de exatas de Emmanuel mostram ao menos que não houve um registro no dia dos fenômenos, só sendo feitos tempos depois, o que talvez facilite memória defeituosa dos informantes. Ainda assim, a discordância nas palavras é brutal! Também não vi nos trechos mencionados as medidas de controle, se é que existiram. Tais problemas tornam tais relatos, a meu ver, cientificamente de pouco valor ou mesmo inválidos. E também sugerem fraude.

Alan Gauld menciona em seu livro Mediunidade e Sobrevivência sobre materializações:

“[…] muitos desses fenômenos exigiam escuridão parcial ou total para serem produzidos (as delicadas estruturas ectoplásmicas, dizia-se, eram sensíveis à luz, especialmente às ondas curtas do azul), fato que levou os céticos a sugerir que a escuridão era meramente a cobertura para uma fraude. Esta sugestão foi reforçada especialmente a partir da década de 1870, por uma série de desagradáveis desmascaramentos.”

Então temos os seguintes fatos:

a) Públio Lentulus não existiu (ao menos como mostrado no livro “Há Dois Mil Anos”).

b) Chico Xavier “materializou” uma entidade que alegava ser um senador que nunca existiu.

c) Há discordância brutal nos relatos sobre como se deu a “materialização” dessa entidade.

d) A literatura psíquica registra muitíssimos casos de fraude em supostos fenômenos de materialização.

E temos as seguintes hipóteses para explicar os fatos:

a) A sessão de materialização seria uma fraude perpetrada pelo próprio Chico Xavier ao lado de cúmplices.

b) Não teríamos um fenômeno de materialização, e sim o que a literatura psíquica registra como um teleplasma ou ideoplastia, uma materialização do pensamento, e não de um espírito. O site “Survival After Death” mostra várias fotos de fenômenos produzidos por Eva Carriére ou Helen Duncan que seriam ou fraudes ou fenômenos anímicos: http://www.survivalafterdeath.org/photographs.htm

c) Pode ainda ser um espírito mistificador ou inferior que se fazia passar pelo senador romano Publio Lentulus - que não existiu, ao menos como descrito no livro “Há Dois Mil Anos”.

Qual dessas 3 hipóteses é a mais parcimoniosa?

Comecemos pela última, ou seja, a opção “c”. Será que um espírito inferior poderia moldar sua aparência de forma a se parecer com um senador romano do século I, com tocha na mão e outros acessórios? Não há nenhum registro disso na literatura psíquica, de tal embuste por uma entidade espiritual. Além da falta de evidências, isso, se aceito, traria uma terrível conseqüência: mostraria que qualquer espírito poderia se passar por qualquer outro numa materialização (considerando o fenômeno verdadeiro), o que impediria por completo qualquer tentativa de identificação espírita, numa situação idêntica à dos católicos que afirmam serem tais manifestações espíritas nada mais que a atuação do demônio capaz de assumir qualquer forma para enganar, inclusive de seres de luz. Essa explicação não é nem um pouco parcimoniosa.

Passemos agora à opção “b”. Assumir que um pensamento pode se materializar em um ser falante também não encontra registro na literatura psíquica. Para quem viu as fotos do site “Survival After Death”, considerando que não houve fraude, nota diferenças gritantes entre o episódio narrado e as fotos, que lembram desenhos ou recortes de jornais. Além disso, se aceita tal hipótese, isso arruinaria novamente qualquer tentativa de identificação espírita. Como diferenciar entre um pensamento materializado pelo médium numa entidade de um espírito real? Essa explicação também não é nem um pouco parcimoniosa.

Ficamos com a letra “a”. Chico fraudou. É impossível que Chico não estivesse envolvido na fraude já que ele era o médium que materializou o suposto espírito. Agora vem a pergunta: por que Chico fraudaria?

Eu imagino que nesse episódio as pessoas em seu círculo o deviam estar atormentando pedindo uma série de fenômenos físicos da parte dele, e para que tais pessoas o deixassem em paz, armou um esquema com um ator para se passar por Emmanuel para que o próprio Emmanuel transmitisse a notícia que não queria que o Chico fosse médium de materialização. Um recado transmitido por um suposto espírito de luz certamente seria muito mais eficaz para acabar com o pedido de fenômenos físicos do que se viesse do próprio Chico. Seria a forma encontrada por ele para que parassem com os pedidos. De fato, isso é evidenciado no início do primeiro registro:

Certa ocasião, não sabemos explicar como, resolveu o Chico, talvez influenciado por companheiros de trabalho espiritual, servir como médium de efeitos físicos.

As discordâncias nos relatos seriam devido ao esquema mal organizado dos envolvidos na fraude ou – mais improvável – à memória defeituosa dos informantes, sendo que nessa última opção seriam inocentes.

Conclusão

Baseado no fato que Públio Lentulus não existiu, fica atestada a primeira fraude de Chico Xavier, talvez para parar com os tormentos psicológicos que os constantes pedidos pela produção de fenômenos físicos lhe causassem, minimizando assim a culpa do médium.

Mais Provas de que Emmanuel Não Existiu

Este artigo busca fornecer mais provas de que Públio Lentulus, vida passada de Emmanuel (guia de Chico Xavier), jamais existiu.



Introdução

Resolvi apresentar aqui mais uma parte – longe de ser a totalidade – das provas que me foram apresentadas pelo senhor José Carlos quanto à inexistência do senador Públio Lentulus como retratado no livro “Há Dois Mil Anos”, de Chico Xavier. Ei-las:

Não há nenhum indício de um Públio Lêntulo, que fosse “governador” ou “procurador” da Judéia (nomear um aristocrata romano para o governo de uma província procuratoriana de segunda classe, como era o caso da Judéia após a deposição de Arquelau em 6 dC, e ainda mais um da alta aristocracia patrícia republicana, seria um insulto inimaginável[1]; Pilatos não era um aristocrata, um “nobilis”, era um “éqüites”, um “cavaleiro”, espécie de classe média, e o pretenso Lêntulo seria seu superior social e hierárquico; jamais o trataria como igual, e, se acaso estivesse na Judéia, daria ordens a Pilatos…). Em todo o livro perpassa uma TOTAL IGNORÂNCIA das estruturas político-administrativas, e mesmo militares, romanas (por exemplo, não havia legiões estacionadas na Judéia naquela época, somente tropas auxiliares); também, não há nenhum registro de que um Lêntulo estivesse no estado-maior de Vespasiano e Tito na guerra judaica; e assim por diante… Isso sem contar que o pretenso Públio Lêntulo jamais poderia (como diz) ser descendente direto por linha masculina de Públio Cornélio Lêntulo Sura, o conspirador catilinário, cônsul 71 aC, expulso do Senado por imoralidade em 70 aC, pretor em 63 aC para poder reentrar no Senado, e nesse ano executado por Cícero por envolvimento na conjuração de Catilina. Todas as evidências apontam para o fato de que Lêntulo Sura não teve descendentes masculinos que lhe sobrevivessem; ele foi, aliás, o padrasto, e pai de criação, de Marco Antônio, o triúnviro, que teve que interceder junto a Cícero para obter o seu corpo a fim de lhe prestar as honras fúnebres – sinal de que Sura não tinha filhos, a quem caberia, pelo costume romano, esse sagrado dever. A inimizade de Antônio para com Cícero, entre outras coisas, muito teve a ver com o fato de Cícero ter condenado a morte, sem apelação, Lêntulo Sura, segundo marido de Júlia, a mãe de Antônio, e que o havia criado. Tudo aponta, pois, para uma fraude, quer tenha sido ela consciente, quer inconsciente.

Discussão

Algumas pessoas tem-me citado como evidência da existência do senador Públio Lentulus o site http://br.geocities.com/cepak2001br/car ... ntulo.html. No entanto, sinto dizer que o site absolutamente nada prova com relação à existência do senador. Eis o que o pesquisador José Carlos disse a respeito de seu conteúdo:

De meu conhecimento, nenhum autor clássico, ou Padre da Igreja, cita a carta de Públio Lêntulo. Se ele diz que Tertuliano a menciona, deve dizer em que obra de Tertuliano está tal menção. Igualmente, se ele diz que algum escritor eclesiástico a menciona (e, para que se tivesse ao menos um mínimo de credibilidade, teria de ser Eusébio de Cesaréia, ou os bizantinos do séc. V dC), deve indicar o nome do historiador e a obra (incl. capítulos). Do mesmo modo, diz-se que São João de Damasco (séc. VIII dC) teria citado a carta - mas ninguém, até agora, disse em que obra está essa citação. Todas as citações conhecidas por mim são espúrias, do séc. XIII ou de além, e mais, ocidentais. Isso não quer dizer que não possa haver citações mais antigas, mas, mais uma vez, eu pergunto: quem citou, e em que obra, e em que data, e qual a tradição do manuscrito que chegou até nossos dias? Coisa bem direta, e simples de responder - se se tiver a resposta.

Então até que o autor do referido site aponte as referências em que vinculou tais informações, só posso dizer que seu conteúdo é completamente inválido como uma pesquisa séria. Ademais, a carta é só uma pequena parte dos problemas do livro. Ainda que existisse – o que considero altamente improvável – há uma miríade de erros no livro “Há Dois Mil Anos” que permaneceriam sem solução.

Algumas pessoas, infelizmente, tem-me acusado de querer denegrir a imagem de Chico. Não é verdade. Meu objetivo é simplesmente conhecê-lo em sua totalidade, com seus erros e acertos. A idolatria sempre considerei o primeiro passo para o fanatismo, e penso que o Movimento Espírita Brasileiro (MEB) sofre muito de ambos. Meu trabalho não é para destruir o Espiritismo, pelo contrário, é uma tentativa de salvar o MEB de cair em tais armadilhas geradas pela falta de senso crítico.

Outras pessoas, ainda, apelam para possíveis lacunas da História alegando que nem todos os registros foram descobertos ou sobreviveram ao tempo. Para o período e a maior parte das pessoas retratadas no romance, considero tal argumento inválido. Nas palavras do senhor José Carlos:

“Mesmo que algumas causas dos fenômenos sociais não sejam ainda conhecidas, ou o sejam somente de modo incompleto, ou mesmo tenham um caráter polêmico, a factualidade daquela sociedade, daquela época e lugar, é suficientemente conhecida para se poder apresentar como um plano de comparação para a ambiência exibida pelo livro.

Tal factualidade, no caso específico de “Há Dois Mil Anos”, exibe-se como um tríptico: a estrutura dos nomes; a estrutura da personagem principal, seus antepassados e seus descendentes; enfim, a estrutura social, política e administrativa do Império e de sua província da Judéia. Tem-se, por um lado, um tríptico que se pode obter do consenso histórico; e, por outro, um tríptico que se pode obter a partir da ambiência do romance. Deve-se-os comparar, para ver se, em termos de verossimilhança histórica, é factível dizer que o romance foi escrito por alguém (“alguém” que pode ser uma entidade, um ET, um maluco-beleza um falsário, etc.) que poderia ter sido testemunha ocular dos acontecimentos. Uma vez que se tenha conseguido chegar a tal ponto, passar-se-ia a tentar descobrir quem seria esse alguém: poderia ser uma entidade? Ou um ET? Ou alguém que, sabe-se lá como, capte “fluidos energéticos” de várias centenas de anos, de modo a ter conhecimentos aos quais não poderia normalmente ter acesso? Ou um bom fraudador?

Não se chegou ainda à segunda fase, e nela apenas se há de chegar, dedicando-lhe a nossa atenção, o nosso tempo e os nossos esforços, se o livro “passar”, por assim dizer, no crivo da primeira fase (a da verossimilhança histórica). Não há sentido algum em se começar (no caso específico de “Há Dois Mil Anos”) as investigações referentes à segunda fase antes de se terminar satisfatoriamente a primeira. O livro é histórico, e pinta (ou diz pintar) um retrato histórico de uma época e lugar, e de algumas personagens. Se esse quadro não encontra respaldo no “estado da arte” do que se sabe, por via estritamente histórica, acerca dessa época, lugar e personagens, então não há necessidade de se ir além.

A menos que se considere que o “estado da arte” atual seja incompleto, ou falso. Mas, nesse caso, deve-se inicialmente provar, e provar circunstanciadamente, que o consenso atual dos estudos acerca da sociedade romano-judaica da época Júlio-Cláudia, e da família dos Lêntulos, é efetivamente incompleto ou equivocado. Sem querer ser dogmático, isso é, para todos os efeitos práticos, virtualmente impossível: o “estado da arte” atual é fruto de várias gerações de estudos realizados sobre fontes históricas literárias, arqueológicas, numismáticas e (muito importante, e quase sempre esquecido por quem não é do ramo!!!) epigráficas; estudos esses realizados por uma miríade de especialistas, de várias nacionalidades, de várias convicções religiosas, que não estavam particularmente interessados em afirmar ou negar a mediunidade, ou a espiritualidade, mas simplesmente em reconstituir, do ponto-de-vista histórico, e do modo mais confiável possível, a sociedade mediterrânica do Império Romano no séc. I dC, e as famílias da nobreza dirigente romana no período.”

Conclusão

Foram apresentados muitos mais erros constantes no livro “Há Dois Mil Anos”, que tornam cada vez mais inverídico o relato do livro. Foram respondidas as críticas mais comuns que buscavam aumentar a chance da existência de tal senador. Foram respondidas as acusações quanto às intenções deste trabalho. Qualquer pesquisa que se pretenda séria deve citar devidamente os documentos que permitiriam a existência de tal senador do séc. I. e solucionar os demais vários erros presentes na obra. Por fim, devo dizer que poderia apresentar muitíssimos outros problemas constantes na obra, mas para não ser muito extenso, resolvi revelar apenas alguns, que já fornecem enorme dificuldade para considerar a obra minimamente plausível.

Outros artigos: Erros de Física Encontrados no Livro "Mecanismos da Mediunidade" (1960), de Chico Xavier e Waldo Vieira

A Leitura de Chico Xavier

Livro Mecanismos da Mediunidade (1960) de Chico Xavier e Waldo Vieira

Site: Obras psicografadas
"Desisti de ser feliz. Agora me sinto muito menos infeliz."
Micítaus do ISSÁS

"Um rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem."
Bertold Brecht

O que estou ouvindo?
Jeff Buckley-Hallelujah"

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betossantana
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Re.: Emmanuel realmente existiu?

Mensagem por betossantana »

FASCINANTE, já conhecia esse site mas nem tinha me tocado que era do VITOR MOURA!! Uau!!
É um problema espiritual, chupe pau!

Flavio Checker
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Registrado em: 05 Mai 2007, 14:59

Mensagem por Flavio Checker »

.


Até onde eu sei, o site base do Vitor Moura é :

http://br.geocities.com/existem_espiritos


Alexandre, você poderia, por favor, colocar aqui o endereço completo, com base no site acima, onde estaria esse texto do Vitor Moura, ou seja a fonte específica contida na HP do Vitor?


Os sites indicados ao final do tópico, não carregaram ( tentei de dois computadores diferentes e de lugares diferentes ) e deram o aviso :


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Unable to determine IP address from host name for obraspsicografadas.haaan.com





Desculpe-me, posso estar enganado, mas não parecem ser do Vitor Moura.



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Alexandre
Mensagens: 342
Registrado em: 12 Fev 2007, 19:53

Mensagem por Alexandre »

http://obraspsicografadas.haaan.com/2007/

Checker, na base da página principal há um prólogo e abaixo dele o nome do autor do site.
"Desisti de ser feliz. Agora me sinto muito menos infeliz."
Micítaus do ISSÁS

"Um rio que tudo arrasta se diz violento, mas não se dizem violentas as margens que o oprimem."
Bertold Brecht

O que estou ouvindo?
Jeff Buckley-Hallelujah"

Flavio Checker
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Registrado em: 05 Mai 2007, 14:59

Mensagem por Flavio Checker »

Alexandre escreveu:http://obraspsicografadas.haaan.com/2007/

Checker, na base da página principal há um prólogo e abaixo dele o nome do autor do site.

Obrigado. Não sabia que o Vitor Moura tinha dois endereços de sites. Achei que ele poderia colocar todos os textos dele no site base, o qual ele sempre divulgou.


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Jeanioz
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Registrado em: 27 Set 2006, 16:13
Gênero: Masculino
Localização: Curitiba - Paraná

Re.: Emmanuel realmente existiu?

Mensagem por Jeanioz »

Vitor Moura é um pseudo-cético, por negar a existência de Deus.

Malditos espiritualistas!!!
"Uma sociedade sem religião é como um navio sem bússola."
Napoleão Bonaparte


"Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas."
Napoleão Bonaparte

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O ENCOSTO
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Mensagem por O ENCOSTO »

Emmanuel existiu pois Chico Xavier ajudava muitas criancinhas.
O ENCOSTO


http://www.manualdochurrasco.com.br/
http://www.midiasemmascara.org/
Onde houver fé, levarei a dúvida.

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas infundadas, e a certeza da existência das coisas que não existem.”

Trancado