Poucos anos atrás, seria um ato de enorme coragem declarar-se ateu e afirmar que as crenças religiosas não passam de ilusões infantis, um falso conforto contra a dura realidade do sofrimento e da morte. Mais que isso ? afirmar que as religiões são maléficas e estão colocando em risco a civilização e a sobrevivência da humanidade.
Mas é exatamente o que Sam Harris faz neste livro. Sem meias palavras, argumenta contra o suposto bem que as religiões exercem sobre o ser humano, contra a existência de um Deus onipotente e misericordioso, e contra o "Design Inteligente", novo nome dado ao criacionismo pelos conservadores religiosos.
Simples e bem escrito, o livro conquistou o grande público e ganhou também muitos inimigos. E não poderia deixar de ser com uma lógica certeira, Sam Harris faz o que poucos têm a coragem de fazer: afirma que todas as religiões são irracionais, e que os devotos religiosos são um perigo para o futuro da ciência e para a sobrevivência da humanidade.
Se você também está preocupado com o excesso de influência da religião na sociedade leiga, se é uma pessoa religiosa mas tem dúvidas quanto à verdade literal da Bíblia, ou se, simplesmente, aprecia o debate racional e uma argumentação bem apresentada, leia este livro. Seu modo de pensar nunca mais será o mesmo.
Os americanos reagiram ao 11 de Setembro com fé. Atacados em nome de Deus, procuraram conforto em Deus... Sam Harris teve uma outra reacção: no dia 12 de Setembro, começou a escrever um livro...
Em «O Fim da Fé», Sam Harris propõe-nos uma viagem histórica da qual emerge a nossa propensão para suspender o uso da razão em prol das crenças religiosas, mesmo quando estas inspiram as piores atrocidades humanas. Harris defende que, face à proliferação das armas de destruição maciça, não podemos esperar que a humanidade sobreviva indefinidamente às divergências religiosas. A fé é apresentada como a principal fonte de violência mundial, na medida em que é ela que lança as bases para a intolerância dogmática e que «justifica» o tratamento inumano das populações que professam (ou que não professam) outros credos. A «moderação» religiosa ou ateísta é igualmente contestada, pois contém em si perigos consideráveis. Já nos acostumámos a viver numa sociedade em que a fé não é questionada e se encontra protegida numa espécie de santuário, abrigada do debate público e alheia aos critérios de análise próprios da razão humana.
Sam Harris escreve no «Posfácio»: «Para qualquer pessoa com olhos de ver, não restam dúvidas de que a fé religiosa continua a ser uma fonte permanente de conflito entre os seres humanos.»