MATERIALISMO X TERMODINÂMICA
Enviado: 06 Jan 2006, 14:23
Este tópico é uma crítica relativo a este texto, cujo conteúdo foi referenciado no tópico “Continuação da Discussão sobre Espiritismo”:
http://geocities.yahoo.com.br/criticand ... apples.htm
Recebi o texto pelo Vitor Moura em referencia a meu comentário à postagem do Júlio Siqueira, no referido tópico, quando ele afirma que o Materialismo contraria a Termodinâmica.
Não vou abordar a primeira parte do texto, onde você mostra sua refutação àquilo que você chamou de Principais Críticas ao Espiritismo, e nem vou me ater se essas críticas procedem ou não, por entender que não fazem parte do escopo principal deste tópico, portanto, vou me centrar exclusivamente em suas afirmações sobre o Materialismo.
Contudo, quero destacar esta frase que encontramos de cara, na primeira crítica:
os estados mentais (ou conscienciais) se mostram tão intimamente associados aos estados cerebrais que parece inegável uma relação pura e simples de causalidade no sentido "Cérebro Criando a Mente" (consciência).
A qual você rebate com:
Contudo, há de fato motivos para dúvidas quanto a uma real "causalidade pura e simples" do tipo a consciência sendo criada pelo cérebro e não persistindo sem ele. Fenômenos como a mediunidade, as lembranças de vidas passadas, e as experiências de quase morte, parecem oferecer um certo questionamento à visão neurológica tradicional da relação cérebro-consciência.
Vamos manter em mente este destaque em vermelho, e sua réplica, que será citado mais à frente.
Ao chegarmos à parte do Materialismo, logo de início, nos deparamos com esta afirmação:
Acontece que o materialismo seria de fato perfeito, e perfeitamente harmonizado com os nossos conhecimentos físicos e biológicos, se não fosse por um pequeno detalhe... A Consciência! E, por "consciência", quero dizer basicamente a "experiência subjetiva"que creio que todos têm e devem saber o que é.
Aqui começa o ponto. Primeiramente temos que você iguala (ou define) Consciência como Experiência Subjetiva, e parte do pressuposto que todos devem saber o que é.
A seguir, você expõe as três Componentes da Experiência Subjetiva:
As Qualias, o Sentimento da Intencionalidade, e o chamado Momento Eureka! E acrescenta que: O primeiro é perceptivo. O segundo é "proto-ativo". E o terceiro é associativo
Vamos manter isto em mente, também.
A seguir, temos:
De onde diabos surgiu esse treco de "consciência" (esperiência subjetiva), e quando isso ocorreu? E também, qual a função disso?
Mais um para a nossa coleção.
Em seguida você apresenta três hipóteses para isso. Curiosamente, na hipótese B, a Consciência EMERGE do Cérebro, encontramos:
A consciência "emergiu" (é uma propriedade emergente do Universo, ou seja, uma entidade diferente daquilo que lhe deu origem, não equivalendo a mera soma das partes) em um dado momento da história evolutiva universal, devido a determinadas condições físico-biológicas bem específicas. A consciência emegente poderia ser um epifenômeno, ou, alternativamente, ser uma "entidade" de fato interativa
Os primeiros problemas sérios começam a parecer agora. Temos a colocação:
É inescapável reparar aqui e ali que muitos pensadores dessa área (da área dos estudos da consciência) assinalam direta ou indiretamete problemas com a visão da "consciência emergente" (o que, para bom entendedor, equivale a dizer: problemas com o materialismo)
Muitos... quantos? O texto da maneira que está redigido não transmite que a esmagadora maioria dos pesquisadores e profissionais da área de Neurociências tem uma posição, se não do Epifenomenalismo, algo muito similar. O mesmo se dá dentro da área de Psicologia, Psiquiatria e mesmo, Psicanálise, salvo, talvez, dentro das chamadas Terapias Alternativas que, como o próprio nome diz, é uma alternativa às linhas dominantes.
E a seguir temos:
Um sintoma disso é a própria visão epifenomenalista, segundo a qual a consciência não serve para nada
Mas de onde você tirou tal conclusão?? Você coloca um link e apresenta este comentário do link:
Nesse link, da Stanford Encyclopedia of Philosophy, é dito que "O epifenomenalismo é a visão segundo a qual os eventos mentais são causados por eventos físicos no cérebro, mas não exercem nenhum efeito em qualquer evento físico (Epiphenomenalism is the view that mental events are caused by physical events in the brain, but have no effects upon any physical events).
a menos que eu me engane totalmente, aí está escrito taxativamente:
...eventos mentais são causados por eventos físicos no cérebro, mas não exercem nenhum efeito em qualquer evento físico.
Desde quando isso quer dizer CONSCIÊNCIA NÃO SERVE PARA NADA? Ao que me parece, esta conclusão é sua e não do Epifenomenalismo.
Perceba que há um porque em termos assinalado todos aqueles trechos em vermelho e tem tudo a ver com esta sua conclusão, também. Em breve vou mostrar o porque.
Ora, pergunta-se lógicamente sob uma perspectiva neo-darwinista: se a consciência, conforme vista pelo epifenomenalismo, não serve para nada, então por quê existe? A resposta seria: porque sim!
A pergunta, assim como a resposta não tem o menor sentido. Você cita alguns céticos e técnicos, mas não creio que isso faça muita diferença, uma vez que não fica claro (e pelo que sei não é) se esta é a visão dominante entre os Neurocientistas.
Seja como for, você vem com duas conclusões a seguir. A primeira:
Esse "porque sim" nos leva a uma conclusão inescapável: a existência de consciência (ou seja, de experiência subjetiva) não é uma característica biológica necessária para a sobrevivência de qualquer espécie, nem mesmo do ser humano.
Parece-me bastante sensata a conclusão. Contudo, a seguir temos a outra conclusão apresentada:
Então, ela é uma característica neutra
Por quê? Nada leva a esta conclusão. A mim me parece que isto é o que você acha, mas não é uma conclusão lógica.
e como tal deve ser facultativa, ou mesmo rara. Ou seja, pelo epifenomenalismo, deveríamos esperar que muitas das pessoas à nossa volta (talvez quase todos...) sejam meros zumbis, criaturas que se comportam em todos os sentidos como se de fato tivessem experiências subjetivas, mas que na verdade não a possuem.
Por quê?? Você chega a esta conclusão partindo da premissa anterior, mas essa premissa não é válida. O fato da Consciência não ser uma característica biológica necessária para a sobrevivência de qualquer espécie, nem mesmo do ser humano, não implica que ela seja neutra. Pelo seu entendimento, a Consciência só serviria para isso, sobrevivência?
Note este comentário do artigo de Owen Flanagan de ‘Inessencialismo da Consciência’, mais à frente:
“A teoria da mente filosoficamente dominante, funcionalismo computacional, estava (e ainda está) associada à visão do Inessencialismo da Consciência. Segundo essa visão qualquer atividade mental ‘M’ realizada em qualquer domínio cognitivo ‘D’, mesmo se ‘M’ for realizada com presença concomitante de consciência, ‘M’ pode em princípio ser realizada sem presença concomitante de consciência".
Perfeito. E aqui podemos começar a concluir que esta definição entra em conflito com o que você acha que é Consciência, e não o que os Neurocientistas ou defensores do Epifenomenalismo acham.
Veja sua conclusão a respeito deste trecho:
Ou seja, Flanagan disse em 1991 que a teoria filosoficamente dominante da mente, que ele chamou de funcionalismo computacional, incorpora a noção da Inessencialidade da Consciência: qualquer atividade mental possível e imaginável que seja acompanhada de consciência (experiência subjetiva) pode ser também realizada, presumivelmente, SEM que tal acessório venha acompanhando. Isso é uma forma "soft" de epifenomenalismo. Talvez os sistemas biológicos do planeta Terra ainda não tenham descoberto o "truque" de como colocar um cérebro humano para funcionar sem que venha junto a DESNECESSÁRIA E INÚTIL CONSCIÊNCIA. Mas a idéia é que o truque é possível. Mas se é possível, então quem garante que o truque já não foi descoberto? Então: zumbis, talvez, por todos os lados.
Ainda dentro daquilo onde quero chegar, veja também este seu comentário:
Agora vem a questão: se dois sistemas funcionam, e eles são idênticos, com a única diferença que um deles "produz" consciência (experiência subjetiva), então o sistema que "produz" consciência deve ser, pelas visões tradicionais da ciência moderna (neo-darwinismo e lei da conservação de energia), mais dispendioso energeticamente. Alguma forma de energia ou massa em especial deve ser produzida e dissipada, e isso então seria a consciência (que um sistema tem e outro não).
Energia? Massa? Novamente, me parece ser conclusão sua e não dos pesquisadores, mas estamos chegando ao ponto que quero.
Após comentários que a Consciência como defendida, NO SEU ENTENDER, pela Neurociência, viola o Neo-Darwinismo e a lei de Ação e Reação (Mecânica Clássica, não Primeira Lei da Termodinâmica), finalmente temos:
Quanto de energia estaria desaparecendo do Universo devido ao materialismo epifenomenalista?
Usa-se o termo "qualia" para se referir aos itens de experienciação subjetiva, como a vermelhidão que percebemos na maçã ou o azul que percebemos no céu, ou a sensação de odor doce que percebemos em algumas frutas, ou alguma determinade tonalidade sonora que percebemos em uma música, etc. Os qualia seriam as "unidades" (não necessariamente quantificáveis) da experiência subjetiva. Seriam a essência da consciência.
Imagino que podemos presumir que o corpo "produz" qualia (qualia visual) a uma taxa semelhante à produzida em um sistema de vídeo do tipo DVD (pelo menos!)
Acho que agora já é suficiente. Note o que você está fazendo aqui. Você está pegando algo, chamado de Qualia, que por definição seria “unidade de experiência subjetiva” e está dando a isso PROPRIEDADES FÍSICAS!
Perceba ao longo de todas as marcações que fiz até aqui em vermelho que você faz o mesmo com a Consciência, ou seja, emergente ou não, você a trata como “algo”, com propriedades físicas, tais como em “Alguma forma de energia ou massa em especial deve ser produzida e dissipada, e isso então seria a consciência.
Até onde sei, a esmagadora maioria dos Nerocientistas que defendem a Consciência emergindo do Cérebro NÃO a vê como algo físico ou que tenha Propriedades Físicas. Por sinal, ao meu ver, isso não tem sentido.
No seu exemplo, vamos deixar essa coisa de Qualia de lado; isso é tão somente um conceito. Vamos falar de Física:
Primeiro, uma curiosidade: um computador, quando gera imagens de um DVD, consome 1 kev / s por bit de informação????? Tem certeza? Que fantástica energia consumida somente para gerar uma imagem!!! Fora o processamento de outros bits de informações em geral! Haja conta de luz, não?
Segundo: qual a energia consumida pelo Cérebro para processar as informações referente à função visão? Você tem certeza de que é 1 kev / s por bit de informação?
Parece que temos certos disparates de dados por aqui.
Note como todos os seus cálculos parte do princípio não só de que a Consciência é algo, mas que também possui QUALIDADES FÍSICAS, como podemos perceber aqui:
CONCLUSÃO FINAL DESSES CÁLCULOS: Se considerarmos somente os seres humanos do nosso planeta, estamos "produzindo consciência" pelo menos a uma taxa de 10 milhões de Joules por dia.
Mais um exemplo:
É muito difícil pensar em qual seria a função (biológica) da experiência subjetiva
Porque algo que você define como EXPERIÊNCIA, que é o mesmo que VIVÊNCIA, por exemplo, teria que ter uma função BIOLÓGICA?
Consciência não é algo que tem a capacidade de processar; Consciência é “resultado” de um processo, ou processos, estes sim, que têm a capacidade de processar informações.
Não é a Consciência que processa os bits de informação, é o Cérebro!
Atribuir tal característica à Consciência é o mesmo que dizer que o Medo nos causa medo! O Medo não nos causa nada; o Medo é o resultado de eventos FÍSICOS (no caso, Químico-Biológicos) que desencadeiam uma série de processos cujo resultado final é a SENSAÇÃO DE MEDO, ou seja, como percebemos o somatório daqueles impulsos registrados pelos nossos sentidos.
Consciência deve ser vista como a “percepção de nossa própria computabilidade”. Neste sentido, quando foi dito que a Consciência é causada por eventos físicos no cérebro, mas não exercem nenhum efeito em qualquer evento físico, isto em nada fere a Lei da Ação e Reação, até porque esta lei é válida para objetos ou entes FÍSICOS.
Talvez a Consciência seja a “linguagem” que o Cérebro utiliza para nos transmitir seus processamentos, mas de fato, note que, nossas reações se dão muito mais rapidamente do que nossa “percepção consciente”, quando, por exemplo, você, em uma emergência, freia por reflexo e só depois, se dá consciência disso. Nesse sentido, somos zumbis, sim, e milhares de pessoas estão vivas por reagirem prontamente nessas situações como zumbis e não como “seres conscientes”.
Agora, independentemente disso tudo, concluir que a Consciência não serve para nada, é muito forçado. Poderíamos dizer que através dela, podemos “tomar a iniciativa de raciocinar” em diversas questões, por exemplo; de “expressarmos nossa criatividade”, através da música ou outro gênero, etc, mas note que, mo fundo, tudo isso nada mais é do que exercer deliberadamente nossa capacidade de computar e mesmo expressando a criatividade, o Cérebro executa funções, ou seja, ele computa.
Mas se é o Cérebro que faz tudo isso, o que é a Consciência? Como eu disse, muito provavelmente apenas nossa própria percepção do Cérebro computando.
Posso estar errado? Posso, mas uma coisa é certa: Consciência não é algo FÍSICO, ou é tão físico quanto a tristeza, o medo, o amor, etc.
Se fala muito em Estados de Consciência. Talvez, Consciência seja apenas isso, um estado.
Para mim, um ótimo paralelo é o Alfabeto, que só tem existência em relação à existência de seus componentes, as letras. Um Alfabeto per si, sem as letras, não tem sentido, assim como a Consciência só tem sentido em razão da funcionalidade do Cérebro.
Repetindo para finalizar: a Consciência não raciocina, não computa; quem computa é o Cérebro. A Consciência não tem a capacidade de processar; ela é a percepção de uma série de processos, estes sim, com plena capacidade de processar informações.
http://geocities.yahoo.com.br/criticand ... apples.htm
Recebi o texto pelo Vitor Moura em referencia a meu comentário à postagem do Júlio Siqueira, no referido tópico, quando ele afirma que o Materialismo contraria a Termodinâmica.
Não vou abordar a primeira parte do texto, onde você mostra sua refutação àquilo que você chamou de Principais Críticas ao Espiritismo, e nem vou me ater se essas críticas procedem ou não, por entender que não fazem parte do escopo principal deste tópico, portanto, vou me centrar exclusivamente em suas afirmações sobre o Materialismo.
Contudo, quero destacar esta frase que encontramos de cara, na primeira crítica:
os estados mentais (ou conscienciais) se mostram tão intimamente associados aos estados cerebrais que parece inegável uma relação pura e simples de causalidade no sentido "Cérebro Criando a Mente" (consciência).
A qual você rebate com:
Contudo, há de fato motivos para dúvidas quanto a uma real "causalidade pura e simples" do tipo a consciência sendo criada pelo cérebro e não persistindo sem ele. Fenômenos como a mediunidade, as lembranças de vidas passadas, e as experiências de quase morte, parecem oferecer um certo questionamento à visão neurológica tradicional da relação cérebro-consciência.
Vamos manter em mente este destaque em vermelho, e sua réplica, que será citado mais à frente.
Ao chegarmos à parte do Materialismo, logo de início, nos deparamos com esta afirmação:
Acontece que o materialismo seria de fato perfeito, e perfeitamente harmonizado com os nossos conhecimentos físicos e biológicos, se não fosse por um pequeno detalhe... A Consciência! E, por "consciência", quero dizer basicamente a "experiência subjetiva"que creio que todos têm e devem saber o que é.
Aqui começa o ponto. Primeiramente temos que você iguala (ou define) Consciência como Experiência Subjetiva, e parte do pressuposto que todos devem saber o que é.
A seguir, você expõe as três Componentes da Experiência Subjetiva:
As Qualias, o Sentimento da Intencionalidade, e o chamado Momento Eureka! E acrescenta que: O primeiro é perceptivo. O segundo é "proto-ativo". E o terceiro é associativo
Vamos manter isto em mente, também.
A seguir, temos:
De onde diabos surgiu esse treco de "consciência" (esperiência subjetiva), e quando isso ocorreu? E também, qual a função disso?
Mais um para a nossa coleção.
Em seguida você apresenta três hipóteses para isso. Curiosamente, na hipótese B, a Consciência EMERGE do Cérebro, encontramos:
A consciência "emergiu" (é uma propriedade emergente do Universo, ou seja, uma entidade diferente daquilo que lhe deu origem, não equivalendo a mera soma das partes) em um dado momento da história evolutiva universal, devido a determinadas condições físico-biológicas bem específicas. A consciência emegente poderia ser um epifenômeno, ou, alternativamente, ser uma "entidade" de fato interativa
Os primeiros problemas sérios começam a parecer agora. Temos a colocação:
É inescapável reparar aqui e ali que muitos pensadores dessa área (da área dos estudos da consciência) assinalam direta ou indiretamete problemas com a visão da "consciência emergente" (o que, para bom entendedor, equivale a dizer: problemas com o materialismo)
Muitos... quantos? O texto da maneira que está redigido não transmite que a esmagadora maioria dos pesquisadores e profissionais da área de Neurociências tem uma posição, se não do Epifenomenalismo, algo muito similar. O mesmo se dá dentro da área de Psicologia, Psiquiatria e mesmo, Psicanálise, salvo, talvez, dentro das chamadas Terapias Alternativas que, como o próprio nome diz, é uma alternativa às linhas dominantes.
E a seguir temos:
Um sintoma disso é a própria visão epifenomenalista, segundo a qual a consciência não serve para nada
Mas de onde você tirou tal conclusão?? Você coloca um link e apresenta este comentário do link:
Nesse link, da Stanford Encyclopedia of Philosophy, é dito que "O epifenomenalismo é a visão segundo a qual os eventos mentais são causados por eventos físicos no cérebro, mas não exercem nenhum efeito em qualquer evento físico (Epiphenomenalism is the view that mental events are caused by physical events in the brain, but have no effects upon any physical events).
a menos que eu me engane totalmente, aí está escrito taxativamente:
...eventos mentais são causados por eventos físicos no cérebro, mas não exercem nenhum efeito em qualquer evento físico.
Desde quando isso quer dizer CONSCIÊNCIA NÃO SERVE PARA NADA? Ao que me parece, esta conclusão é sua e não do Epifenomenalismo.
Perceba que há um porque em termos assinalado todos aqueles trechos em vermelho e tem tudo a ver com esta sua conclusão, também. Em breve vou mostrar o porque.
Ora, pergunta-se lógicamente sob uma perspectiva neo-darwinista: se a consciência, conforme vista pelo epifenomenalismo, não serve para nada, então por quê existe? A resposta seria: porque sim!
A pergunta, assim como a resposta não tem o menor sentido. Você cita alguns céticos e técnicos, mas não creio que isso faça muita diferença, uma vez que não fica claro (e pelo que sei não é) se esta é a visão dominante entre os Neurocientistas.
Seja como for, você vem com duas conclusões a seguir. A primeira:
Esse "porque sim" nos leva a uma conclusão inescapável: a existência de consciência (ou seja, de experiência subjetiva) não é uma característica biológica necessária para a sobrevivência de qualquer espécie, nem mesmo do ser humano.
Parece-me bastante sensata a conclusão. Contudo, a seguir temos a outra conclusão apresentada:
Então, ela é uma característica neutra
Por quê? Nada leva a esta conclusão. A mim me parece que isto é o que você acha, mas não é uma conclusão lógica.
e como tal deve ser facultativa, ou mesmo rara. Ou seja, pelo epifenomenalismo, deveríamos esperar que muitas das pessoas à nossa volta (talvez quase todos...) sejam meros zumbis, criaturas que se comportam em todos os sentidos como se de fato tivessem experiências subjetivas, mas que na verdade não a possuem.
Por quê?? Você chega a esta conclusão partindo da premissa anterior, mas essa premissa não é válida. O fato da Consciência não ser uma característica biológica necessária para a sobrevivência de qualquer espécie, nem mesmo do ser humano, não implica que ela seja neutra. Pelo seu entendimento, a Consciência só serviria para isso, sobrevivência?
Note este comentário do artigo de Owen Flanagan de ‘Inessencialismo da Consciência’, mais à frente:
“A teoria da mente filosoficamente dominante, funcionalismo computacional, estava (e ainda está) associada à visão do Inessencialismo da Consciência. Segundo essa visão qualquer atividade mental ‘M’ realizada em qualquer domínio cognitivo ‘D’, mesmo se ‘M’ for realizada com presença concomitante de consciência, ‘M’ pode em princípio ser realizada sem presença concomitante de consciência".
Perfeito. E aqui podemos começar a concluir que esta definição entra em conflito com o que você acha que é Consciência, e não o que os Neurocientistas ou defensores do Epifenomenalismo acham.
Veja sua conclusão a respeito deste trecho:
Ou seja, Flanagan disse em 1991 que a teoria filosoficamente dominante da mente, que ele chamou de funcionalismo computacional, incorpora a noção da Inessencialidade da Consciência: qualquer atividade mental possível e imaginável que seja acompanhada de consciência (experiência subjetiva) pode ser também realizada, presumivelmente, SEM que tal acessório venha acompanhando. Isso é uma forma "soft" de epifenomenalismo. Talvez os sistemas biológicos do planeta Terra ainda não tenham descoberto o "truque" de como colocar um cérebro humano para funcionar sem que venha junto a DESNECESSÁRIA E INÚTIL CONSCIÊNCIA. Mas a idéia é que o truque é possível. Mas se é possível, então quem garante que o truque já não foi descoberto? Então: zumbis, talvez, por todos os lados.
Ainda dentro daquilo onde quero chegar, veja também este seu comentário:
Agora vem a questão: se dois sistemas funcionam, e eles são idênticos, com a única diferença que um deles "produz" consciência (experiência subjetiva), então o sistema que "produz" consciência deve ser, pelas visões tradicionais da ciência moderna (neo-darwinismo e lei da conservação de energia), mais dispendioso energeticamente. Alguma forma de energia ou massa em especial deve ser produzida e dissipada, e isso então seria a consciência (que um sistema tem e outro não).
Energia? Massa? Novamente, me parece ser conclusão sua e não dos pesquisadores, mas estamos chegando ao ponto que quero.
Após comentários que a Consciência como defendida, NO SEU ENTENDER, pela Neurociência, viola o Neo-Darwinismo e a lei de Ação e Reação (Mecânica Clássica, não Primeira Lei da Termodinâmica), finalmente temos:
Quanto de energia estaria desaparecendo do Universo devido ao materialismo epifenomenalista?
Usa-se o termo "qualia" para se referir aos itens de experienciação subjetiva, como a vermelhidão que percebemos na maçã ou o azul que percebemos no céu, ou a sensação de odor doce que percebemos em algumas frutas, ou alguma determinade tonalidade sonora que percebemos em uma música, etc. Os qualia seriam as "unidades" (não necessariamente quantificáveis) da experiência subjetiva. Seriam a essência da consciência.
Imagino que podemos presumir que o corpo "produz" qualia (qualia visual) a uma taxa semelhante à produzida em um sistema de vídeo do tipo DVD (pelo menos!)
Acho que agora já é suficiente. Note o que você está fazendo aqui. Você está pegando algo, chamado de Qualia, que por definição seria “unidade de experiência subjetiva” e está dando a isso PROPRIEDADES FÍSICAS!
Perceba ao longo de todas as marcações que fiz até aqui em vermelho que você faz o mesmo com a Consciência, ou seja, emergente ou não, você a trata como “algo”, com propriedades físicas, tais como em “Alguma forma de energia ou massa em especial deve ser produzida e dissipada, e isso então seria a consciência.
Até onde sei, a esmagadora maioria dos Nerocientistas que defendem a Consciência emergindo do Cérebro NÃO a vê como algo físico ou que tenha Propriedades Físicas. Por sinal, ao meu ver, isso não tem sentido.
No seu exemplo, vamos deixar essa coisa de Qualia de lado; isso é tão somente um conceito. Vamos falar de Física:
Primeiro, uma curiosidade: um computador, quando gera imagens de um DVD, consome 1 kev / s por bit de informação????? Tem certeza? Que fantástica energia consumida somente para gerar uma imagem!!! Fora o processamento de outros bits de informações em geral! Haja conta de luz, não?
Segundo: qual a energia consumida pelo Cérebro para processar as informações referente à função visão? Você tem certeza de que é 1 kev / s por bit de informação?
Parece que temos certos disparates de dados por aqui.
Note como todos os seus cálculos parte do princípio não só de que a Consciência é algo, mas que também possui QUALIDADES FÍSICAS, como podemos perceber aqui:
CONCLUSÃO FINAL DESSES CÁLCULOS: Se considerarmos somente os seres humanos do nosso planeta, estamos "produzindo consciência" pelo menos a uma taxa de 10 milhões de Joules por dia.
Mais um exemplo:
É muito difícil pensar em qual seria a função (biológica) da experiência subjetiva
Porque algo que você define como EXPERIÊNCIA, que é o mesmo que VIVÊNCIA, por exemplo, teria que ter uma função BIOLÓGICA?
Consciência não é algo que tem a capacidade de processar; Consciência é “resultado” de um processo, ou processos, estes sim, que têm a capacidade de processar informações.
Não é a Consciência que processa os bits de informação, é o Cérebro!
Atribuir tal característica à Consciência é o mesmo que dizer que o Medo nos causa medo! O Medo não nos causa nada; o Medo é o resultado de eventos FÍSICOS (no caso, Químico-Biológicos) que desencadeiam uma série de processos cujo resultado final é a SENSAÇÃO DE MEDO, ou seja, como percebemos o somatório daqueles impulsos registrados pelos nossos sentidos.
Consciência deve ser vista como a “percepção de nossa própria computabilidade”. Neste sentido, quando foi dito que a Consciência é causada por eventos físicos no cérebro, mas não exercem nenhum efeito em qualquer evento físico, isto em nada fere a Lei da Ação e Reação, até porque esta lei é válida para objetos ou entes FÍSICOS.
Talvez a Consciência seja a “linguagem” que o Cérebro utiliza para nos transmitir seus processamentos, mas de fato, note que, nossas reações se dão muito mais rapidamente do que nossa “percepção consciente”, quando, por exemplo, você, em uma emergência, freia por reflexo e só depois, se dá consciência disso. Nesse sentido, somos zumbis, sim, e milhares de pessoas estão vivas por reagirem prontamente nessas situações como zumbis e não como “seres conscientes”.
Agora, independentemente disso tudo, concluir que a Consciência não serve para nada, é muito forçado. Poderíamos dizer que através dela, podemos “tomar a iniciativa de raciocinar” em diversas questões, por exemplo; de “expressarmos nossa criatividade”, através da música ou outro gênero, etc, mas note que, mo fundo, tudo isso nada mais é do que exercer deliberadamente nossa capacidade de computar e mesmo expressando a criatividade, o Cérebro executa funções, ou seja, ele computa.
Mas se é o Cérebro que faz tudo isso, o que é a Consciência? Como eu disse, muito provavelmente apenas nossa própria percepção do Cérebro computando.
Posso estar errado? Posso, mas uma coisa é certa: Consciência não é algo FÍSICO, ou é tão físico quanto a tristeza, o medo, o amor, etc.
Se fala muito em Estados de Consciência. Talvez, Consciência seja apenas isso, um estado.
Para mim, um ótimo paralelo é o Alfabeto, que só tem existência em relação à existência de seus componentes, as letras. Um Alfabeto per si, sem as letras, não tem sentido, assim como a Consciência só tem sentido em razão da funcionalidade do Cérebro.
Repetindo para finalizar: a Consciência não raciocina, não computa; quem computa é o Cérebro. A Consciência não tem a capacidade de processar; ela é a percepção de uma série de processos, estes sim, com plena capacidade de processar informações.